Repertório de Alice Maria
Passam varinas com a giga em arco
Sobre a airosa cabeça sobranceira
No chão enlameado da Ribeira
A água negra fez um grande charco;
Lembram a quilha dum barco
As tamancas das peixeiras
Saias rodadas são velas
Que o vento alarga e fustiga
São asas de caravelas
São asas de caravelas
Em corpos de rapariga
As pernas altas são mastros
As pernas altas são mastros
Que nenhum vento quebranta
Os olhos são negros astros
Os olhos são negros astros
Dois faróis em terra santa
Saias verdes, saias finas
Saias verdes, saias finas
Saias rubras, saias pretas
Os cordões são as grilhetas
Os cordões são as grilhetas
Nos corpos das ovarinas
Num colear de gaivota
Num colear de gaivota
A peixeira de Lisboa
Levanta ao sol a canastra
Levanta ao sol a canastra
Das sardinhas que apregoa