Repertório
de Alfredo Marceneiro
Ainda
me lembro bem
Dessas
noites invernosas
Em que o vento sibilava
E
das lendas amorosas
Que
a minha avó que Deus tem
Junto à lareira contava
Quando
a feroz inverneira
Como
se até nos infernos
Rugia lá pelos montes
Ela
aquecia os invernos
Que
lhe pesavam nas frontes
Indo sentar-se à lareira
Meiguices
e seduções
P’ra
minha avó se alegrar
Eram certas como prendas
E
tinha que me contar
As
maravilhosas lendas
Das mouriscas tradições
Então
ela me contava
Contos
feitos de paixões
Com princesinhas formosas
Encantamentos
de moiras
E
de fontes preciosas
Que davam ledos quebrantos
Enquanto
que embevecido
Eu
escutava os encantos
Dessas lendas amorosas
Mas
o conto mais dileto
E
que mais beleza tinha
P’ra meus sonhos joviais
Era
o da terna avozinha
Que
com beijos maternais
Fora criando o seu neto
Tinha
o conto semelhança
Ao
acrisolado afeto
Que minha alma gozava
Que
eu, de gozo radiante
Solenemente
escutava;
E hoje vivo sem desdém
Era
o conto mais sentido
Que
a minha avó que Deus tem
Junto à lareira contava