Repertório de Ada de Castro
O poeta só pede à vida
O direito de amar o que ama
E também de sofrer, que a dor
A dor purifica, é pólen, é chama
Solidão do poeta quando passa
Pelas ruas da desgraça
E ninguém lhe estende a mão
Onda em onda pelos cais
Caminha, vai e vem
Procura alguém, alguém
Nunca mais a dor então responde
O poeta não quer a glória
A fortuna não lhe faz falta
O poeta só quer amor
A sua ambição é sempre mais alta
Ambição, pôr a alma na garganta
Dar ao mundo quando canta
Um momento de evasão