Repertório de Cristina Branco
Olha
És o penso na ferida
Tão pisada e dorida
Que ainda trago no peito
Sem fechar, a sangrar
E que nega o simples direito
De ir à minha vida
E virar esta página negra e vencida
Sabes
O amor é lealdade
Ou é uma meia verdade
Que em certos momentos
sai da boca sem piedade
Em fragmentos de estratégia pura
Só p'ra sobreviver á doença sem cura
Que deixa um sulco de dor e prazer
Como eu gostava de poder amar-te
Com todo o meu ser
Mas estou ocupada a sofrer
Meu querido, dá-me um abraço e
Ajuda-me a esquecer
Rega o meu pobre deserto
Que parece crescer
Quando o outro não está perto
Olha
Quero aqui prometer
Meu coração fingido
Vai fazer por merecer
Esse amor imerecido
Até lá és apenas um bálsamo
Do meu orgulho abatido
Se puderes esperar
Talvez um dia eu possa amar