Mote de Carlos Conde
António Vilar da Costa / Julio Proença *fado modesto*
Repertório de Alcindo de Carvalho
Na Mouraria, numa noite, a fadistagem
Cantava e ria numa sã camaradagem
Saudosamente ali estava ao nosso lado
Velho e doente, um fadista já cansado
Quando cantei, dediquei-lhe no Corrido
Uns versos em que falei num fadista já esquecido
Ele escutou, porém notei-lhe no rosto
O seu amargo desgosto, quando o passado lembrou
Ao terminar, ele sorrindo com mágoa
Veio-me abraçar, com os olhos rasos de água
E qual demente, desapertando a samarra
Nervosamente, abraçou uma guitarra
A banza trina, e ele encetou com fervor
Uma cantiga em surdina, no velho Fado Menor
Não terminou, pois coma alma em pedaços
Veio cair em braços, não pôde cantar, chorou