Repertório
de Rodrigo
Sei que pareço um ladrão
Mas há muitos que eu conheço
Que não parecendo o que são
São aquilo que eu pareço
Ao nascer, fui bafejado
Com duas coisas diferentes
Pertencer aos indigentes
E viver com porte honrado;
Bem ou mal recompensado
Não faço nisto, questão
Só sei dizer de antemão
Que neste mar de tristeza;
Com toda a minha pobreza
Sei que pareço um ladrão
Quem rouba não pode andar
Mal vestido, esfarrapado
Tem que andar aperaltado
Prós incautos enganar;
Só assim pode contar
Usando desse processo
Com o manifesto apreço
Que todos lhe dão, a rodos;
Não posso conhecer todos
Mas há muitos que eu conheço
Vou citar este ditado
Que já vem de muito longe
O hábito faz o monge
Que é pró caso, adequado;
Se usa um nome afidalgado
Logo excelência lhe dão
Todos lhe apertam a mão
Vivem em alto esplendor;
Enganam
seja quem for
Não parecendo o que são
Vão a festas elegantes
Como pessoas honestas
E no final dessas festas
Faltam jóias e brilhantes;
Foram os falsos importantes
Que deram na sala, ingresso
Com frases que eu desconheço
Bem vestidos, ardilosos;
Esses vulgares criminosos
São aquilo que eu pareço