José Fernandes Castro / Alfredo Mendes *fado latino*
Repertório de Manuel Barbosa
Aqui, neste refúgio da saudade
Onde vão desfilando sons dispersos
Há vestígios reais de felicidade
Na alma mensageira dos meus versos
Aqui, neste refúgio do fado
Os sonhos vão marcando o ritual
E na voz do poeta amargurado
Há rimas de pecado divinal
Aqui, nesta maré de sentimento
Navegam mil guitarras geniais
Há poemas rimando com tormento
No tormento das rimas mais reais
Aqui, o tempo passa tão depressa
Que já não nos dá tempo p’ra sonhar
Mas não há coração que não mereça
O refúgio do fado, p’ra cantar
Teus olhos são duas fontes
Amália Rodrigues / Fontes Rocha
Repertório de Amália
Teus olhos são duas fontes
Que eu queria ver chorar
Água a correr pelos montes
Que chegasse até ao mar
Teus olhos são dois pecados
Repertório de Amália
Teus olhos são duas fontes
Que eu queria ver chorar
Água a correr pelos montes
Que chegasse até ao mar
Teus olhos são dois pecados
Teus olhos pecados são
Que eu mesmo d’olhos fechados
Que eu mesmo d’olhos fechados
Sei onde teus olhos estão
Teus olhos são andorinhas
Teus olhos são andorinhas
Que aparecem com o calor
Meu amor vê se adivinhas
Meu amor vê se adivinhas
O que já sabes de cor
Teus olhos duas asinhas
Teus olhos duas asinhas
Que tu bates de mansinho
Teus olhos são andorinhas
Teus olhos são andorinhas
Que perderam o caminho
Sol de Agosto
José Fernandes Castro / Raúl Ferrão *fado carriche*
Repertório de Nelson Duarte
Quero apenas mil sorrisos
Morando no rosto meu
Quero ter do corpo teu
O sumo dos paraísos
Quero ter mil primaveras
Repertório de Nelson Duarte
Quero apenas mil sorrisos
Morando no rosto meu
Quero ter do corpo teu
O sumo dos paraísos
Quero ter mil primaveras
Com milhões de roseirais
Quero ser, até demais
Quero ser, até demais
Tudo o que da vida esperas
Tens no olhar, fantasia
Tens no olhar, fantasia
Do mais lindo sol de Agosto
Tens doçura de sol posto
Tens doçura de sol posto
Quando a noite principia
Tens no corpo, tempestade
Tens no corpo, tempestade
De marés de encantamento
E no meu deslumbramento
E no meu deslumbramento
Vejo em ti a felicidade
Sedento de ti
Jorge Fernando / Francisco Viana *fado vianinha*
Repertório de Fernando Maurício
Sedento de ti, amor
Fiz destes versos ternura
Como quem gera uma flor
Num campo de pedra dura
Sedento de ti, amor
Repertório de Fernando Maurício
Sedento de ti, amor
Fiz destes versos ternura
Como quem gera uma flor
Num campo de pedra dura
Sedento de ti, amor
Do corpo que me oferecias
Onde voguei ao sabor
Onde voguei ao sabor
Das marés que me trazias
Sedento de ti, amor
Sedento de ti, amor
Andei na neve dos sonhos
Num trenó feito de dor
Num trenó feito de dor
Puxado por cães medonhos
Sedento de ti, amor
Sedento de ti, amor
Encontrei-me abandonado
Embriagado na dor
Embriagado na dor
Do teu fado que é meu fado
Lisboa é um cais de chegada
José Luís Gordo / Manuel Mendes
Repertório de Vasco Rafael
Lisboa é o cais de quem não quer partir
Lisboa é o cais de quem só quer chegar
Lisboa é uma mulher sempre a sorrir
Que veste a ternura em seu olhar
Lisboa é um rio á beira-mar
Tem gritos de gaivotas nas entranhas
Cacilheiros de amor a navegar
Num Tejo que nasceu ali em Espanha
Lisboa é uma avenida no meu peito
Coração dentro do meu coração
Lisboa é uma estrela sempre a jeito
Que eu guardo sempre aqui na minha mão
Lisboa tem paredes côr-de-rosa
E jardins salpicados de luar
Lisboa é uma pomba sempre nova
E nunca mais se cansa de voar
Repertório de Vasco Rafael
Lisboa é o cais de quem não quer partir
Lisboa é o cais de quem só quer chegar
Lisboa é uma mulher sempre a sorrir
Que veste a ternura em seu olhar
Lisboa é um rio á beira-mar
Tem gritos de gaivotas nas entranhas
Cacilheiros de amor a navegar
Num Tejo que nasceu ali em Espanha
Lisboa é uma avenida no meu peito
Coração dentro do meu coração
Lisboa é uma estrela sempre a jeito
Que eu guardo sempre aqui na minha mão
Lisboa tem paredes côr-de-rosa
E jardins salpicados de luar
Lisboa é uma pomba sempre nova
E nunca mais se cansa de voar
Saudades do fado antigo
Óscar Martins Caro / Carlos dos Santos
Da revista *Maravilhas da nossa terra*
Ai que saudade
Da revista *Maravilhas da nossa terra*
Ai que saudade
Do fado de antigamente
Tinha mais realidade
Vibrava a alma da gente
Tanta tristeza
Tinha mais realidade
Vibrava a alma da gente
Tanta tristeza
Quando a guitarra gemia
Mas a alma portuguesa
Vibrava quando o ouvia
Ai Mouraria
Mas a alma portuguesa
Vibrava quando o ouvia
Ai Mouraria
Capelão e Benformoso
Onde a guitarra gemia
Onde a guitarra gemia
Nos dedos do Vimioso
Ai Mouraria
Ai Mouraria
Vai chorando pela Severa
Que ao morreu levou também
Que ao morreu levou também
O fado da sua era
Tudo morreu
Tudo morreu
Até parece castigo
Só há guitarras no céu
Soluçando o fado antigo
Talvez lembrando
Só há guitarras no céu
Soluçando o fado antigo
Talvez lembrando
Essa glória do passado
Que se ouve de quando em quando
Mas já não parece fado
Que se ouve de quando em quando
Mas já não parece fado
Filho noite
José Luís Gordo / Franklim Godinho *fado franklim*
Repertório de Artur Batalha
Sou da noite um filho noite
E traga a noite na alma
Na pele, o sangue das mãos
As estrelas são mais fortes
Parecem dar outros nortes
Ás ruas do coração
É a noite que me serve
De refúgio aos sofrimentos
Repertório de Artur Batalha
Sou da noite um filho noite
E traga a noite na alma
Na pele, o sangue das mãos
As estrelas são mais fortes
Parecem dar outros nortes
Ás ruas do coração
É a noite que me serve
De refúgio aos sofrimentos
Que a memória quer esquecer
A razão nada de deve
Sou filho dos pensamentos
A razão nada de deve
Sou filho dos pensamentos
Sem vozes de eu entender
É a noite que me cobre
Com seu manto de negrura
É a noite que me cobre
Com seu manto de negrura
Os sentidos dos meus passos
Que loucos, como dois pobres
Querem esquecer a ternura
Que loucos, como dois pobres
Querem esquecer a ternura
Que tive nos teus abraços
Formosa Lisboa
Óscar Martins Caro / Carlos dos Santos
Repertório de Tony Quim
Do alto do teu castelo
Repertório de Tony Quim
Do alto do teu castelo
Brasão e rara beleza
Temos o quadro mais belo
Temos o quadro mais belo
Pintado p’la natureza
Nos teus telhados velhinhos
Nos teus telhados velhinhos
Há poesia e calor
E por isso os passarinhos
E por isso os passarinhos
Fazem lá, ninhos de amor
Linda Lisboa...
Linda Lisboa...
És sentinela do Tejo
Que ao passar atira um beijo
Num adeus de saudação
Linda Lisboa...
Que ao passar atira um beijo
Num adeus de saudação
Linda Lisboa...
Das graciosas varinas
Dos namoros p’las esquinas
Quando chega o São João
Só beleza Deus te deu
Dos namoros p’las esquinas
Quando chega o São João
Só beleza Deus te deu
E tradições das mais belas
Estás tão perto do céu
Estás tão perto do céu
P’ra brilhar com as estrelas
Turista que te visita
Turista que te visita
Jamais te pode esquecer
Leva a imagem bonita
Leva a imagem bonita
Do que nunca pode ver
Soluço d’amante
José Fernandes Castro / Raúl Pinto *fado raúl pinto*
Repertório de Maria José Assunção
Neste soluçar distante
Que ao longe se faz ouvir
Te envio a minha saudade;
Neste soluço d'amante
Vai a dor de me sentir
Mais poema e mais verdade
Neste soluçar tristonho
Vai a raiva que me impede
Repertório de Maria José Assunção
Neste soluçar distante
Que ao longe se faz ouvir
Te envio a minha saudade;
Neste soluço d'amante
Vai a dor de me sentir
Mais poema e mais verdade
Neste soluçar tristonho
Vai a raiva que me impede
De ser fado em oração
Vai toda a força do sonho
Que tem, quem morre de sede
Vai toda a força do sonho
Que tem, quem morre de sede
Mas de sede de razão
Não vou eu, porque não quero
Transportar-me ao paraíso
Não vou eu, porque não quero
Transportar-me ao paraíso
De mentiras e fracassos
Fico cá, porque t'espero
E porque vai ser preciso
Fico cá, porque t'espero
E porque vai ser preciso
Alguém que te abra os braços
Lisboa formosa
Moita Girão / Adelino dos Santos
Repertório de Fernando Maurício
És de todas as cidades
A cidade mais vistosa
Tens a cor maravilhosa
Repertório de Fernando Maurício
És de todas as cidades
A cidade mais vistosa
Tens a cor maravilhosa
Com que se pintam saudades
Tens craveiros à janela
Beijados pelo luar
És rica, desde a chinela
Tens craveiros à janela
Beijados pelo luar
És rica, desde a chinela
Ao sol que te vem beijar
Lisboa formosa
Lisboa formosa
Menina mimada que sabe cantar
Tens graça de rosa
Tens graça de rosa
Linda perfumada, aberta ao luar
Lisboa formosa
Lisboa formosa
Menina risonha de lindo passado
Lisboa saudosa
Lisboa saudosa
Lisboa que sonha, Lisboa do fado
São teus bairros diamantes
Com que vaidosa te enfeitas
Sempre que à noite te deitas
São teus bairros diamantes
Com que vaidosa te enfeitas
Sempre que à noite te deitas
Vestes estrelas de brilhantes
Em carícia apaixonada
O Tejo beija-te os pés
Lisboa cidade amada
Em carícia apaixonada
O Tejo beija-te os pés
Lisboa cidade amada
Lisboa tão linda és
Fui ao mar buscar sardinhas
Amália Rodrigues / Carlos Gonçalves
Repertório de Amália
Fui ao mar buscar sardinhas
Para dar ao meu amor
Perdi-me nas janelinhas
Que espreitavam do vapor
A espreitar lá do vapor
Repertório de Amália
Fui ao mar buscar sardinhas
Para dar ao meu amor
Perdi-me nas janelinhas
Que espreitavam do vapor
A espreitar lá do vapor
Vi a cara dum francês
E seja lá como for
E seja lá como for
Eu vou ao mar outra vez
Eu fui ao mar outra vez
Eu fui ao mar outra vez
Ia o vapor de abalada
Já lá não vi o francês
Já lá não vi o francês
Vim de lá toda molhada
Saltou de mim toda a esperança
Saltou de mim toda a esperança
Saltou do mar a sardinha
Salta a pulga da balança
Salta a pulga da balança
Não faz mal, não era minha
Vou ao mar buscar sardinha
Vou ao mar buscar sardinha
Já me esqueci do francês
A ideia não é minha
A ideia não é minha
Nem minha nem de vocês
Coisas que eu tenho na ideia
Coisas que eu tenho na ideia
Depois de ter ido ao mar
Será que me entrou areia
Será que me entrou areia
Onde não devia entrar?
Pode não fazer sentido
Pode não fazer sentido
Pode o verso não caber
Mas o que eu me tenho rido
Mas o que eu me tenho rido
Nem vocês queiram saber
Não é para adivinhar
Não é para adivinhar
Que eu não gosto de adivinhas
Já sabem que eu fui ao mar
Já sabem que eu fui ao mar
E fui lá buscar sardinhas
Sardinha que anda no mar
Sardinha que anda no mar
Deve andar consoladinha
Tem água, sabe nadar
Tem água, sabe nadar
Quem me dera ser sardinha
A Lucinda camareira
Henrique Rego / Alfredo Duarte *fado bailarico*
Repertório de Fernando Maurício
A Lucinda camareira
Era a moça mais ladina
Mais formosa, mais brejeira
Do café da Marcelina
De maneira graciosa
Repertório de Fernando Maurício
A Lucinda camareira
Era a moça mais ladina
Mais formosa, mais brejeira
Do café da Marcelina
De maneira graciosa
Sobre um lindo penteado
Trazia sempre uma rosa
Trazia sempre uma rosa
Cor de rosa avermelhado;
Eu vivi enfeitiçado
Eu vivi enfeitiçado
Por aquela feiticeira
Que airosamente ligeira
Que airosamente ligeira
Servia de mesa em mesa;
Tinha feições de princesa
Tinha feições de princesa
A Lucinda camareira
Primando pela brancura
Primando pela brancura
O seu avental de folhos
Realçava-lhe a negrura
Realçava-lhe a negrura
Encantadora dos olhos;
Nem desgostos nem abrolhos
Nem desgostos nem abrolhos
Sofrera desde menina
Que apesar de libertina
Que apesar de libertina
Orgulhosa e perturbante;
No velho café cantante
No velho café cantante
Era a moça mais ladina
Os marialvas em tipóias
Os marialvas em tipóias
Iam da baixa num salto
Ver a mais linda das jóias
Ver a mais linda das jóias
Ao café do Bairro Alto;
A camareira que exalto
A camareira que exalto
De tão singular maneira
Era amada pela cegueira
Era amada pela cegueira
Que a palavra amor requer;
Para mim era a mulher
Para mim era a mulher
Mais formosa e mais brejeira
Certa noite de fim d’ano
Certa noite de fim d’ano
Em que certo cantador
Cantava ao som do piano
Cantava ao som do piano
Cantigas feitas de amor;
Um cigano alquilador
Um cigano alquilador
De têz bronzeada e fina
Por afortunada sina
Por afortunada sina
A Lucinda conquistou;
E para sempre a levou
E para sempre a levou
Do café da Marcelina
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
Nalguns raros casos, talvez influenciado pela incontestável qualidade e aceitação do estilo
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
Nalguns raros casos, talvez influenciado pela incontestável qualidade e aceitação do estilo
dos «reis do descritivo» seus contemporâneos (Linhares Barbosa e Carlos Conde)
Henrique Rego esqueceu o pendor rústico que o caracterizou e cultivou letras de puro
recorte lisboeta, citadino e castiço, provando a sua versatilidade e o grande mestre
que também era, como quem diz: «Também sou capaz». É o caso de outro ex-libris:
Gostava de ser quem era
Amália Rodrigues / Carlos Gonçalves
Repertório de Amália
Tinha alegria nos olhos
Tinha sorrisos na boca
Tinha uma saia de folhos
Tinha uma cabeça louca
Tinha uma louca esperança
Repertório de Amália
Tinha alegria nos olhos
Tinha sorrisos na boca
Tinha uma saia de folhos
Tinha uma cabeça louca
Tinha uma louca esperança
Tinha fé no meu destino
Tinha sonhos de criança
Tinha sonhos de criança
Tinha um mundo pequenino
Tinha toda a minha rua
Tinha toda a minha rua
Tinha as outras raparigas
Tinha estrelas, tinha a lua
Tinha estrelas, tinha a lua
Tinha rodas de cantigas
Gostava de ser quem era
Gostava de ser quem era
Pois quando eu era menina
Tinha toda a primavera
Tinha toda a primavera
Só numa flor pequenina
Se deixas de ser quem és
Amália Rodrigues / Carlos Gonçalves
Repertório de Amália
Meu amor de Alfazema
Alecrim e Rosmaninho
Queria fazer-te um poema
Mas perco-me no caminho
Nossa senhora das Dores
Repertório de Amália
Meu amor de Alfazema
Alecrim e Rosmaninho
Queria fazer-te um poema
Mas perco-me no caminho
Nossa senhora das Dores
Meu raminho de oliveira
Eu ando cega d’amores
Eu ando cega d’amores
Não me cureis a cegueira;
Nossa Senhora das Dores
Nossa Senhora das Dores
Sê-de a minha padroeira
Entra em mim um mar gelado
Entra em mim um mar gelado
Em dias que te não vejo
Sou um barco naufragado
Sou um barco naufragado
Mesmo sem sair do Tejo
Ai de mim que ando perdida
Ai de mim que ando perdida
Que ando perdida d’amores
Perdida ente temores
Perdida ente temores
Perdida entre as marés;
Ai de mim, fico perdida
Ai de mim, fico perdida
Se deixas de ser quem és
Tens mãos macias de gato
Tens mãos macias de gato
Meio manso, meio bravio
Olhas às vezes regato
Olhas às vezes regato
Outras mar e outras rio
Confessando
Jorge Fernando / Alfredo Duarte *fado cravo*
Repertório de Fernando Maurício
Esta carta minha mãe
É o espelho onde o teu filho
Se desnuda totalmente;
O fogo que o vinho tem
Acendeu este rastilho
E a coragem de ser gente
É por ela, sim confesso
Que de segundo a segundo
Repertório de Fernando Maurício
Esta carta minha mãe
É o espelho onde o teu filho
Se desnuda totalmente;
O fogo que o vinho tem
Acendeu este rastilho
E a coragem de ser gente
É por ela, sim confesso
Que de segundo a segundo
Bebo a febre de morrer
Mas quando a vires só te peço
Não lhe contes o meu mundo
Mas quando a vires só te peço
Não lhe contes o meu mundo
Não lhe dês esse prazer
Neste meu quarto isolado
O vinho que vou bebendo
Neste meu quarto isolado
O vinho que vou bebendo
A sua imagem retém
Sobrevivo neste fado
Muito embora eu a perdendo
Sobrevivo neste fado
Muito embora eu a perdendo
Continuo a ter-te mãe
Mesmo que não seja
José Fernandes Castro / António dos Santos
Repertório de João Cruz
Mesmo que não seja amor
Aquilo que me consome
Decerto, terá o nome
Dum poema redentor
Mesmo que não seja pranto
Repertório de João Cruz
Mesmo que não seja amor
Aquilo que me consome
Decerto, terá o nome
Dum poema redentor
Mesmo que não seja pranto
O brilho do meu olhar
Decerto, farei chorar
Decerto, farei chorar
Teu olhar, enquanto canto
Mesmo que não tenha tempo
Mesmo que não tenha tempo
Para te roubar um beijo
Vou pôr no teu pensamento
Vou pôr no teu pensamento
As rimas do meu desejo
E mesmo que minha voz
E mesmo que minha voz
Cante sopros magoados
Haverá sol nos meus fados
Haverá sol nos meus fados
Cantados, só para nós
Na Mouraria
Gabriel de Oliveira / Alfredo Mendes *fado latino*
Repertório de Fernando Maurício
Na velha Mouraria é onde eu moro
Qual jóia sem valor em áureo cofre
Agora é lá que eu sofro, canto e choro
Como um fadista chora, canta e sofre
Embala-me à janela o sonho lindo
Do Fado suspirando à luz da lua
E as lágrimas que choro vão caindo
Quais pérolas de mágoa sobre a rua
Perpassa o sentimento português
Naquelas ruas tristes e bizarras
E sobre as tuas pedras muita vez
Eu julgo ouvir trinar, velhas guitarras
Na minha vida encalma de fadista
Eu sinto dentro d’alma noite e dia
Vibrar alegremente a fé bairrista
De quem sabe sofrer na Mouraria
Repertório de Fernando Maurício
Na velha Mouraria é onde eu moro
Qual jóia sem valor em áureo cofre
Agora é lá que eu sofro, canto e choro
Como um fadista chora, canta e sofre
Embala-me à janela o sonho lindo
Do Fado suspirando à luz da lua
E as lágrimas que choro vão caindo
Quais pérolas de mágoa sobre a rua
Perpassa o sentimento português
Naquelas ruas tristes e bizarras
E sobre as tuas pedras muita vez
Eu julgo ouvir trinar, velhas guitarras
Na minha vida encalma de fadista
Eu sinto dentro d’alma noite e dia
Vibrar alegremente a fé bairrista
De quem sabe sofrer na Mouraria
Ai esta pena de mim
Amália Rodrigues / José António Serôdio
Repertório de Amália
Ai esta angústia sem fim
Ai este meu coração
Ai esta pena de mim
Ai a minha solidão
Ai minha infância dorida
Repertório de Amália
Ai esta angústia sem fim
Ai este meu coração
Ai esta pena de mim
Ai a minha solidão
Ai minha infância dorida
Ai o meu bem que não foi
Ai minha vida perdida
Ai minha vida perdida
Ai lucidez que me dói
Ai esta grande ansiedade
Ai esta grande ansiedade
Ai este não ter sossego
Ai passado sem saudade
Ai passado sem saudade
Ai minha falta de apego
Ai de mim que vou vivendo
Ai de mim que vou vivendo
Em meu grande desespero
Ai tudo o que não entendo
Ai tudo o que não entendo
Ai o que entendo e não quero
Eu, ela e o fado
Moita Girão / Armando Machado *fado marana*
Repertório de Fernando Maurício
Põe as tuas argolas nas orelhas
Calça chinela e leva meia branca
Sobre o cabelo põe rosas vermelhas
Que vamos à toirada a Vila Franca
Hás-de ir a trajar bem p’ra dar nas vistas
E dizer mal de ti, que ninguém pense
Quero mostrar a todos os fadistas
Que a mais bela fadista me pertence
Quando a praça estiver de todo à cunha
Que vamos a marcar ninguém o nega
Depois quando tocar pró boi à unha
Eu hei-de oferecer-te a melhor pega
Havemos de cear fora de portas
Onde a minha guitarra vai dar brado
Ali de canjirão a horas mortas
Hás-de mostrar como se canta o fado
Repertório de Fernando Maurício
Põe as tuas argolas nas orelhas
Calça chinela e leva meia branca
Sobre o cabelo põe rosas vermelhas
Que vamos à toirada a Vila Franca
Hás-de ir a trajar bem p’ra dar nas vistas
E dizer mal de ti, que ninguém pense
Quero mostrar a todos os fadistas
Que a mais bela fadista me pertence
Quando a praça estiver de todo à cunha
Que vamos a marcar ninguém o nega
Depois quando tocar pró boi à unha
Eu hei-de oferecer-te a melhor pega
Havemos de cear fora de portas
Onde a minha guitarra vai dar brado
Ali de canjirão a horas mortas
Hás-de mostrar como se canta o fado
Dá-me um beijo
Este fado é também conhecido com o título: És tudo para mim
Frederico de Freitas / Silva Tavares
Repertório de Amália
Talvez por muito amar a liberdade
Invejo a vida livre dos pardais
Mas prende-me em teus braços sem piedade
E eu juro da prisão não sair mais
Não posso ouvir o fado sem vibrar
E não domino em mim a febre de o cantar
Mas dá-me um beijo teu fremente
Verás que fico assim, calada eternamente
Adoro a luz do sol que me alumia
Por grata e singular mercê de Deus
Mas fecha-me num quarto noite e dia
E eu troco a luz do sol pelos olhos teus
Baixinho aqui pra nós, muito em segredo
Eu sempre fui medrosa até mais não
Mas pra que sejas meu não tenho medo
Nem mesmo de perder a salvação
Frederico de Freitas / Silva Tavares
Repertório de Amália
Talvez por muito amar a liberdade
Invejo a vida livre dos pardais
Mas prende-me em teus braços sem piedade
E eu juro da prisão não sair mais
Não posso ouvir o fado sem vibrar
E não domino em mim a febre de o cantar
Mas dá-me um beijo teu fremente
Verás que fico assim, calada eternamente
Adoro a luz do sol que me alumia
Por grata e singular mercê de Deus
Mas fecha-me num quarto noite e dia
E eu troco a luz do sol pelos olhos teus
Baixinho aqui pra nós, muito em segredo
Eu sempre fui medrosa até mais não
Mas pra que sejas meu não tenho medo
Nem mesmo de perder a salvação
O beijo que não se deu
Clemente Pereira / Casimiro Ramos *fado pinóia*
Repertório de Fernando Maurício
Tanta ternura em desejo
Nos lábios pode ficar
A lembrar aquele beijo
Repertório de Fernando Maurício
Tanta ternura em desejo
Nos lábios pode ficar
A lembrar aquele beijo
Que não se chegou a dar
Quando um beijo é prometido
Quando um beijo é prometido
Fica-nos sempre o ensejo
De haver em nosso sentido
De haver em nosso sentido
Tanta ternura em desejo
E aquele que a nossa boca
E aquele que a nossa boca
Em promessa quis pagar
Às vezes por coisa pouca
Às vezes por coisa pouca
Nos lábios pode ficar
Se é de sincera amizade
Se é de sincera amizade
E nunca um simples gracejo
Sentimos sempre vontade
Sentimos sempre vontade
A lembrar aquele beijo
No nosso amor sempre nele
No nosso amor sempre nele
Há beijos pra recordar
Mas nunca se esquece aquele
Mas nunca se esquece aquele
Que não se chegou a dar
Madrugadas
José Fernandes Castro / Frederico de Brito *fado azenha*
Repertório de Artur Lobo
Na madrugada da vida
Sou imagem repartida
Pelos momentos dispersos;
Na madrugada do sonho
E nos sonhos que transponho
Sou a alma dos meus versos
Na madrugada do mundo
Sou poeta moribundo
Repertório de Artur Lobo
Na madrugada da vida
Sou imagem repartida
Pelos momentos dispersos;
Na madrugada do sonho
E nos sonhos que transponho
Sou a alma dos meus versos
Na madrugada do mundo
Sou poeta moribundo
Sou corpo desencontrado
Na madrugada do amor
Sou corpo, em sonho maior
Na madrugada do amor
Sou corpo, em sonho maior
Sonhando amor compensado
Na madrugada da paz
Sou muitas vezes capaz
Na madrugada da paz
Sou muitas vezes capaz
De cantar minha saudade
Na madrugada do tempo
Sou força de pensamento
Na madrugada do tempo
Sou força de pensamento
Sou marca de felicidade
O meu desejo
José Fernandes Castro / Miguel Ramos *fado alberto*
Repertório de Leonor Santos
Quero que sejas o mar da minha vida
P’ra me afogar em ti, de quando em vez
Eu quero ser a onda em ti perdida
E ter de ti, a força das marés
Eu quero ser o barco que naufraga
Na força dessa tua tempestade
E ficar para sempre em tua água
Mergulhar nesta paixão sem ter idade
Quero acordar ao som da tua voz
E despertar em ti paixões sem fim
Quero viver contigo um sonho a sós
E dar-te todo o mel que há em mim
Não negues meu amor este desejo
Nem penses que o meu sonho já morreu
Dá-me o calor e a força do teu beijo
E deixa que teu mundo seja eu
Repertório de Leonor Santos
Quero que sejas o mar da minha vida
P’ra me afogar em ti, de quando em vez
Eu quero ser a onda em ti perdida
E ter de ti, a força das marés
Eu quero ser o barco que naufraga
Na força dessa tua tempestade
E ficar para sempre em tua água
Mergulhar nesta paixão sem ter idade
Quero acordar ao som da tua voz
E despertar em ti paixões sem fim
Quero viver contigo um sonho a sós
E dar-te todo o mel que há em mim
Não negues meu amor este desejo
Nem penses que o meu sonho já morreu
Dá-me o calor e a força do teu beijo
E deixa que teu mundo seja eu
Tão mentirosa
Moita Girão / Frederico de Brito *fado artilheiro*
Repertório de Fernando Maurício
Não sejas cabeça tonta
Tem maneiras, tem juízo
Nunca digas mais que a conta
Nem menos do que é preciso
De cada vez que beijava
Repertório de Fernando Maurício
Não sejas cabeça tonta
Tem maneiras, tem juízo
Nunca digas mais que a conta
Nem menos do que é preciso
De cada vez que beijava
A tua boca mimosa
Confesso que não esperava
Confesso que não esperava
Que fosses tão mentirosa
Que eras só minha, juravas
Que eras só minha, juravas
De mãos em cruz sobre o peito
Ao outro dia quebravas
Ao outro dia quebravas
A jura que tinhas feito
É verdade confirmada
É verdade confirmada
Nesta vida infelizmente
Quem mente por tudo e nada
Quem mente por tudo e nada
Quanto mais jura mais mente
Aquela boca
Moita Girão / Frederico de Brito *fado dos sonhos*
Repertório de Fernando Maurício
Conheço como os meus dedos
Os traços daquela boca
Que me beijou tanta vez;
Ouvi-lhe tantos segredos
E tanta palavra louca
Em tanta jura que fez
É tão meiga apetitosa
Tão formosa, sedutora
Repertório de Fernando Maurício
Conheço como os meus dedos
Os traços daquela boca
Que me beijou tanta vez;
Ouvi-lhe tantos segredos
E tanta palavra louca
Em tanta jura que fez
É tão meiga apetitosa
Tão formosa, sedutora
Cheia de perfume e cor
É a boca mais mimosa
Mas a mais enganadora
É a boca mais mimosa
Mas a mais enganadora
A trocar beijos d’amor
Não há boca mais travessa
Provocante, sorridente
Não há boca mais travessa
Provocante, sorridente
E atraente, não há
Como eu quem a conheça
Sabe que essa boca mente
Como eu quem a conheça
Sabe que essa boca mente
Em cada beijo que dá
Encantadora sensível
Quando não beija revela
Encantadora sensível
Quando não beija revela
A forma dum coração
Até parece impossível
Que uma boca como aquela
Até parece impossível
Que uma boca como aquela
Não saiba dizer perdão
O tempo
José Fernandes Castro / Jaime Santos *fado alfacinha*
Repertório de José Fernandes
O tempo é o justiceiro
Da vida que nos domina
E o amor verdadeiro
Só o tempo nos destina
O tempo avança depressa
Repertório de José Fernandes
O tempo é o justiceiro
Da vida que nos domina
E o amor verdadeiro
Só o tempo nos destina
O tempo avança depressa
De encontro à realidade
E se na vida tropeça
E se na vida tropeça
Aumenta a nossa saudade
O tempo corre apressado
O tempo corre apressado
Impondo a sua verdade
E eu, fadista com fado
E eu, fadista com fado
Sou um fado sem idade
E é no tempo, afinal
E é no tempo, afinal
Que temos novas marés
Porque só de quando em vez
Porque só de quando em vez
O tempo é tempo real
Voltei ao cais
António Rocha / Cavalheiro Júnior *fado porto*
Repertório de Fernando Maurício
Voltei ao cais da partida
Voltei e sinto que sonhei
Que voltavas nesse dia;
E que trazias a vida
Que há tempo ao cais te levei
Ficando d’alma vazia
Meu olhar iluminou-se
Quando te vi acenando
Repertório de Fernando Maurício
Voltei ao cais da partida
Voltei e sinto que sonhei
Que voltavas nesse dia;
E que trazias a vida
Que há tempo ao cais te levei
Ficando d’alma vazia
Meu olhar iluminou-se
Quando te vi acenando
Corri para te abraçar
Mas o sonho dissipou-se
E acordei mesmo quando
Mas o sonho dissipou-se
E acordei mesmo quando
Ia teus lábios beijar
Vi fugir o doce enleio
Que envolveu teu regressar
Vi fugir o doce enleio
Que envolveu teu regressar
É triste a realidade
Tu não vens e eu receio
Que me possa habituar
Tu não vens e eu receio
Que me possa habituar
A viver com a saudade
Abalara
Letra e música de Miguel Carvalhinho
Repertório de Cristina Branco
Abalara cedo, sem certezas
Com o olhar sem fundo, turvo até
Lágrimas de um rio sem represas
Desafio ao mundo do convés
Abalara lesto, como um vento
Incerto na forma de soprar
Sem leme que corte as vagas feitas
Barco de papel a velejar
Pensara ligeiro, vendo á frente
Imagens que ficam tempo atrás
Descobre quem anda em rumo incerto
Que voltar não é partir p’ra trás
Repertório de Cristina Branco
Abalara cedo, sem certezas
Com o olhar sem fundo, turvo até
Lágrimas de um rio sem represas
Desafio ao mundo do convés
Abalara lesto, como um vento
Incerto na forma de soprar
Sem leme que corte as vagas feitas
Barco de papel a velejar
Pensara ligeiro, vendo á frente
Imagens que ficam tempo atrás
Descobre quem anda em rumo incerto
Que voltar não é partir p’ra trás
A chave da minha porta
João Nobre / Aníbal Nazaré
Repertório de Amália Rodrigues
Eu vi-te pelo São João
Repertório de Amália Rodrigues
Eu vi-te pelo São João
Começou o namorico
E dei-te o meu coração
E dei-te o meu coração
Em troca de um manjerico
O nosso amor começou
O nosso amor começou
No baile da minha rua
Quando o São Pedro chegou
Quando o São Pedro chegou
Tu eras meu e eu era tua
Esperava por ti
Esperava por ti
Como é dever de quem ama
Tu vinhas tarde p'ra casa
Eu ia cedo p'rá cama
P'ra me enganar
Tu vinhas tarde p'ra casa
Eu ia cedo p'rá cama
P'ra me enganar
Que a esperança em mim estava morta
Deixava a chave a espreitar
Debaixo da minha porta
Passou tempo e noutro baile
Deixava a chave a espreitar
Debaixo da minha porta
Passou tempo e noutro baile
Tu sempre conquistador
Lá foste atrás de outro xaile
Lá foste atrás de outro xaile
E arranjaste outro amor
Fiquei louca de ciúme
Fiquei louca de ciúme
Porque sei que esta paixão
Não voltará a ser lume
Não voltará a ser lume
P’ra te aquecer o coração
Palavras proibidas
Maria Duarte / Custódio Castelo
Repertório de Cristina Branco
Levou-te a noite e partiu
Em duas, uma palavra;
Ficam sempre retalhadas
As palavras que são ditas
Para ser adivinhadas
Porque o avesso das palavras
Repertório de Cristina Branco
Levou-te a noite e partiu
Em duas, uma palavra;
Ficam sempre retalhadas
As palavras que são ditas
Para ser adivinhadas
Porque o avesso das palavras
Que em duas são divididas
É o eco distorcido
Daquilo que não dizemos
É o eco distorcido
Daquilo que não dizemos
Das palavras proibidas
Levou-te a noite e deixou-me
Levou-te a noite e deixou-me
Memórias inacabadas
E segredos pressentidos
E o silêncio no lugar
E segredos pressentidos
E o silêncio no lugar
Das palavras murmuradas
E o silêncio das palavras
E o silêncio das palavras
Mal esboçadas entre nós
Anda a gritar o teu nome
Pelas esquinas das ruas
Anda a gritar o teu nome
Pelas esquinas das ruas
Por detrás da minha voz
Minha mãe meu dia belo
José Fernandes Castro / Joaquim Campos *fado tango*
Repertório de Artur Lobo
Minha mãe, meu dia belo
Meu verso falando amor
Tu és meu sol tão singelo
És meu sopro, meu louvor
Minha mãe, meu dia belo
Ai que saudades eu tenho
Repertório de Artur Lobo
Minha mãe, meu dia belo
Meu verso falando amor
Tu és meu sol tão singelo
És meu sopro, meu louvor
Minha mãe, meu dia belo
Ai que saudades eu tenho
Do calor do teu regaço
Do teu amor sem tamanho
Do teu amor sem tamanho
Acolhendo meu cansaço
Ai que saudades eu tenho
Minha mãe, meu céu aberto
Ai que saudades eu tenho
Minha mãe, meu céu aberto
Meu canto cheio de encanto
Quando de ti, não estou perto
Quando de ti, não estou perto
Sou verso feito de pranto
Minha mãe, meu céu aberto
Minha mãe, meu paraíso
Minha mãe, meu céu aberto
Minha mãe, meu paraíso
Minha vida, meu poema
Na flor do teu sorriso
Na flor do teu sorriso
Eu sinto a força suprema
Minha mãe, meu paraíso
Minha mãe, meu paraíso
Teus olhos são passarinhos
Mote de António Feijó / Glosa de Linhares Barbosa
Alberto Lopes *fado dois tons*
Repertório de Tristão da Silva
Teus olhos são passarinhos
Que ainda não sabem voar
Cuidado que andam aos ninhos
Os rapazes do lugar
Deus salve, Maria Rita
A ti e maila aos teus bois
Tão pachorrentos os dois
Presos á tua mãozita;
A tua boca bonita
Quando te dá p’ra cantar
É uma rosa a sangrar
Poemas pelos caminhos
Teus olhos são passarinhos
Que ainda não sabem voar
Cautela moça boieira
Olha que pelas estradas
Há muitas redes armadas
E tu és linda e solteira;
Teme qualquer ratoeira
Porque os rouxinóis a par
Aninhados nesse olhar
São inocentes maninhos
Cuidado que andam aos ninhos
Os rapazes do lugar
Maria toma cuidado
Vê como pisas o chão
Se dás um passo mal dado
Pisas o meu coração
Confissão
Domingos Gonçalves da Costa / Alfredo Duarte
Repertório de Lino Manuel
Oh minha mãe santa e bela
Perdoa se te desgosta
A minha resolução;
Mas eu não gostava dela
E a gente quando não gosta
Não engana o coração
Das coisas mais sublimes
É ter em nós um cantinho
Repertório de Lino Manuel
Oh minha mãe santa e bela
Perdoa se te desgosta
A minha resolução;
Mas eu não gostava dela
E a gente quando não gosta
Não engana o coração
Das coisas mais sublimes
É ter em nós um cantinho
P’ra guardar a nossa dor
Mas um dos mais graves crimes
É aceitar um carinho
Mas um dos mais graves crimes
É aceitar um carinho
Pagando com falso amor
Não minha mãe, não a quero
São tantos os teus esforços
Não minha mãe, não a quero
São tantos os teus esforços
Mas vê, a vida é assim
Não a querendo, sou sincero
E não sentirei remorsos
Não a querendo, sou sincero
E não sentirei remorsos
De a ver perdida por mim
Oh minha mãe, vais saber
Qual o enorme desgosto
Oh minha mãe, vais saber
Qual o enorme desgosto
Que me faz falar assim
É porque eu vivo a sofrer
Por outra de quem eu gosto
É porque eu vivo a sofrer
Por outra de quem eu gosto
Mas de que não gosta de mim
Não oiças a minha voz
Maria Manuel Cid / Custódio Castelo
Repertório de Cristina Branco
O vento gritava à noite...
Vai-te embora, que loucura
Pois já não há quem se afoite
No teu manto de negrura
O vento gritava à luz...
Repertório de Cristina Branco
O vento gritava à noite...
Vai-te embora, que loucura
Pois já não há quem se afoite
No teu manto de negrura
O vento gritava à luz...
Vai antes p’ró meu jardim
As sombras da minha rua
As sombras da minha rua
Andam chorando por mim
O vento gritava ao sol...
O vento gritava ao sol...
Deixa a noite vaguear
Ao canto do rouxinol
Ao canto do rouxinol
Abraçada ao luar
O vento gritava à vida...
O vento gritava à vida...
Não oiças a minha voz
Se a razão anda perdida
Se a razão anda perdida
Fala o silêncio por nós
Poema de vida
José Fernandes Castro / Samuel Cabral
Repertório de Adelaide Madrugada
Longe de ti
E perto da solidão
Rasguei o tempo
Que não me deixa viver
Logo senti
Como a força o vulcão
Surgir o vento
E levar o meu sofrer
Tudo mudou
A saudade já se foi
Já não me dói
A realidade perdida
Vou dar-te um céu
Com estrelas e luar
Todo o tempo é de amar
E de viver nova vida
Sou de novo feliz
Já sorrio como dantes
Olho as estrelas no céu
E vejo o sol namorando
Sou do amor a raiz
Sou a força dos amantes
Já sou tua, já és meu
Já oiço as aves cantando
Sem abrir caminhos
Maria Manuel Cid / Custódio Castelo
Repertório de Cristina Branco
Despi-me de lamentos, de vaidades
Onde julguei haver eternidades
De falsos pensamentos deformados;
Fiquei liberta de forjar ideias
Rasguei fronteiras e abri cadeias
E lavei-me dos céus enevoados
Guardei meus sonhos dos olhares alheios
Enterrei em mim loucos devaneios
De criar impérios e amar riqueza
E voando no espaço sem traçar caminhos
Pude rir-me dos pobres adivinhos
Que a um destino me disseram presa
E cansada de mim, eu não me iludo
São negras minhas assas de veludo
Á procura de novas ansiedades
Fugindo da terra que me viu nascer
Eu sou aquilo que não queria ser;
Andorinha perdida de saudades
Repertório de Cristina Branco
Despi-me de lamentos, de vaidades
Onde julguei haver eternidades
De falsos pensamentos deformados;
Fiquei liberta de forjar ideias
Rasguei fronteiras e abri cadeias
E lavei-me dos céus enevoados
Guardei meus sonhos dos olhares alheios
Enterrei em mim loucos devaneios
De criar impérios e amar riqueza
E voando no espaço sem traçar caminhos
Pude rir-me dos pobres adivinhos
Que a um destino me disseram presa
E cansada de mim, eu não me iludo
São negras minhas assas de veludo
Á procura de novas ansiedades
Fugindo da terra que me viu nascer
Eu sou aquilo que não queria ser;
Andorinha perdida de saudades
Rodrigo
José Fernandes Castro
Acróstico de homenagem a um grande senhor da cultura musical!
Roseiral que floresce
Onde floresce o fado;
Doce luar encantado
Rompendo quando amanhece
Inventando o som da prece
Ganhou um sonho doirado;
Onde o amor acontece
Acróstico de homenagem a um grande senhor da cultura musical!
Roseiral que floresce
Onde floresce o fado;
Doce luar encantado
Rompendo quando amanhece
Inventando o som da prece
Ganhou um sonho doirado;
Onde o amor acontece
... sem o mais breve pecado
Roseiral de felicidade
Orgulho da alma pura;
Doce prazer e ternura
Rio de mágoa e saudade
Inverno sem tempestade;
Ganhando tempo maior
Os sonhos da mocidade
Roseiral de felicidade
Orgulho da alma pura;
Doce prazer e ternura
Rio de mágoa e saudade
Inverno sem tempestade;
Ganhando tempo maior
Os sonhos da mocidade
... são sempre sonhos d'amor
Fado... porque sou Rodrigo
Alma de sonho e de Fado
Dá-se a vida bem comigo
O meu eterno obrigado
Fado... porque sou Rodrigo
Alma de sonho e de Fado
Dá-se a vida bem comigo
O meu eterno obrigado
Gabino Ferreira
Porto 1922 / Lisboa 2011
Acróstico de homenagem a um grande senhor do Fado
Autor: José Fernandes Castro
Autor: José Fernandes Castro
Amando sempre, sem olhar a quem
Batalhou e conseguiu com seu valor
Imortalizar a linda voz que tem;
No seu jeito de poeta sonhador
O seu fado cantou, como ninguém
Batalhou e conseguiu com seu valor
Imortalizar a linda voz que tem;
No seu jeito de poeta sonhador
O seu fado cantou, como ninguém
Guiado pela verdade
Apoiado p'la saudade
Bem cedo se fez alguém;
Inventou um fado novo
Na voz que agradou ao povo;
O povo que lhe quer bem
Ganhou a sua fama natural
Através da canção do seu país;
Bem longe do seu berço de raiz
Impôs-se como símbolo real;
Na certeza de ser fado feliz
Ostentou a bandeira nacional
Gratos ficaremos nós
Ao fado, que toda a vida
Brilhou na sua voz quente
Imortal, é essa voz
Imortal, é essa voz
Nesta cidade nascida
Orgulho da nossa gente
Alfama
Conde Sobral / Alfredo Correeiro *marcha do correeiro*
Repertório de Fernando Maurício
Também aparece com os títulos *Afama bairro velhinho* ou *Varinas*
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional
Alfama, bairro velhinho
Monumento de saudade
Sacrário de tradições
Tens um lugar de carinho
E de sincera amizade
Nas minhas recordações
Bairro de gente do mar
Varinas e marinheiros
São o fruto que nos dás
Honrados no trabalhar
Alegres e galhofeiros
No descanso e boa paz
Quando tens uma tristeza
No coração magoado
Cantando a sabes dizer
O teu fado é uma reza
E desabafas num fado
A razão do teu sofrer
Usando por garridice
Craveiros a enfeitar
O beco mais recatado
És mais velha que a velhice
Mais marinheira que o mar
E mais fadista que o fado
Os deuses do amor
José Fernandes Castro / João Blak *fado menor do porto*
Repertório de Amélia Maria
O Deus do amor chorou
Quando ouviu a tua voz
E foi então que gerou
Um paraíso p'ra nós
O Deus do sol aqueceu
Repertório de Amélia Maria
O Deus do amor chorou
Quando ouviu a tua voz
E foi então que gerou
Um paraíso p'ra nós
O Deus do sol aqueceu
A noite do nosso fado
No prazer que o beijo deu
No prazer que o beijo deu
Houve rimas sem pecado
O Deus do vento soprou
O Deus do vento soprou
Quando nos viu de mão dada
E por amor despertou
E por amor despertou
A alma da madrugada
Pelo nosso amor profundo
Pelo nosso amor profundo
Gemem guitarras sem dor
Todos os deuses do mundo
Todos os deuses do mundo
Abençoam nosso amor
Fado da cigana
Lourenço Rodrigues / Jaime Mendes
Repertório de Hermínia Silva
A cigana tem um fado que é bem triste
O fado do seu destino
Repertório de Hermínia Silva
A cigana tem um fado que é bem triste
O fado do seu destino
Sem ter pátria e sem ter lar
E se à sua negra sorte ainda resiste
É que há um poder divino
E se à sua negra sorte ainda resiste
É que há um poder divino
Que a encoraja a lutar
Escorraçada como um pobre cão vadio
Não se importa que lhe neguem
Escorraçada como um pobre cão vadio
Não se importa que lhe neguem
O direito de viver
Que a cigana haja sol ou faça frio
Foge às pragas que a perseguem
Porque a cigana também sente e tem desejos
Embora seja pelo mundo desprezada
Tal como as outras tem a boca para dar beijos
E como as outras sabe amar e ser amada
Neste mundo onde a maldade é quem domina
Que a cigana haja sol ou faça frio
Foge às pragas que a perseguem
Como a sombra até morrer
Mas neste mundo de destinos malfazejos
Toda a mulher gosta de ser acarinhada
Porque afinal sabe-lhe bem ouvir gracejos
Mesmo se além dos madrigais não for mais nada
Mas neste mundo de destinos malfazejos
Toda a mulher gosta de ser acarinhada
Porque afinal sabe-lhe bem ouvir gracejos
Mesmo se além dos madrigais não for mais nada
Porque a cigana também sente e tem desejos
Embora seja pelo mundo desprezada
Tal como as outras tem a boca para dar beijos
E como as outras sabe amar e ser amada
Neste mundo onde a maldade é quem domina
A cigana é repelida
E a ninguém tira o lugar
Só aos outros é que pode ler a sina
Porque a sua é já sabida
Só aos outros é que pode ler a sina
Porque a sua é já sabida
É a sofrer e a chorar
Corre a gente de terra em terra e de porta em porta
E ninguém de nós se importa
Corre a gente de terra em terra e de porta em porta
E ninguém de nós se importa
Só nos tratam como aos mortos
Porque é que a Humanidade nos repele
Se na cor da nossa pele
Porque é que a Humanidade nos repele
Se na cor da nossa pele
Brilha o Sol que é pai de todos
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