Repertório de Hermínia Silva
A cigana tem um fado que é bem triste
O fado do seu destino
Sem ter pátria e sem ter lar
E se à sua negra sorte ainda resiste
É que há um poder divino
E se à sua negra sorte ainda resiste
É que há um poder divino
Que a encoraja a lutar
Escorraçada como um pobre cão vadio
Não se importa que lhe neguem
Escorraçada como um pobre cão vadio
Não se importa que lhe neguem
O direito de viver
Que a cigana haja sol ou faça frio
Foge às pragas que a perseguem
Porque a cigana também sente e tem desejos
Embora seja pelo mundo desprezada
Tal como as outras tem a boca para dar beijos
E como as outras sabe amar e ser amada
Neste mundo onde a maldade é quem domina
Que a cigana haja sol ou faça frio
Foge às pragas que a perseguem
Como a sombra até morrer
Mas neste mundo de destinos malfazejos
Toda a mulher gosta de ser acarinhada
Porque afinal sabe-lhe bem ouvir gracejos
Mesmo se além dos madrigais não for mais nada
Mas neste mundo de destinos malfazejos
Toda a mulher gosta de ser acarinhada
Porque afinal sabe-lhe bem ouvir gracejos
Mesmo se além dos madrigais não for mais nada
Porque a cigana também sente e tem desejos
Embora seja pelo mundo desprezada
Tal como as outras tem a boca para dar beijos
E como as outras sabe amar e ser amada
Neste mundo onde a maldade é quem domina
A cigana é repelida
E a ninguém tira o lugar
Só aos outros é que pode ler a sina
Porque a sua é já sabida
Só aos outros é que pode ler a sina
Porque a sua é já sabida
É a sofrer e a chorar
Corre a gente de terra em terra e de porta em porta
E ninguém de nós se importa
Corre a gente de terra em terra e de porta em porta
E ninguém de nós se importa
Só nos tratam como aos mortos
Porque é que a Humanidade nos repele
Se na cor da nossa pele
Porque é que a Humanidade nos repele
Se na cor da nossa pele
Brilha o Sol que é pai de todos