José Fernandes Castro / Miguel Ramos *fado margarida*
Repertório de Eduardo Alípio
Sou filho dum País que é rei do fado
Sou fruto dum amor celestial
E na satisfação de ser amado
Grito bem alto o nome, Portugal
Nas raras situações de desconforto
Respeitamos a fé e a sensatez
Levando a nossa nau, sempre a bom porto
Inventamos também, novas marés
Na calma desta terra tão amada
Impera o doce culto do amor
O clarão alvor da madrugada
Simboliza a nossa noite d´esplendor
A alma cristalina da paixão
É a mesa do pão da honradez
Eu canto com a voz do coração
Sou gente, sou feliz, sou português
Fiz para ti este fado
*palminho de cara linda*
João Mário Veiga / Joaquim Campos *fado amora
Repertório de Joana Amendoeira
Palminho de cara linda
Carinha de lindo jeito
Que linda medalha davas
P’ra gente trazer ao peito
Nos teus olhos, meu amor
Repertório de Joana Amendoeira
Palminho de cara linda
Carinha de lindo jeito
Que linda medalha davas
P’ra gente trazer ao peito
Nos teus olhos, meu amor
Vive o meu amor, ainda
Neles descobri a cor
Neles descobri a cor
Palminho de cara linda
Fiz para ti este fado
Fiz para ti este fado
Por não te encontrar defeito
Quero-te sempre a meu lado
Quero-te sempre a meu lado
Carinha de lindo jeito
Naquela noite, sem querer
Naquela noite, sem querer
Nos versos que tu cantavas
Descobri logo ao te ver
Descobri logo ao te ver
Que linda medalha davas
Hei-de guardar toda a vida
Hei-de guardar toda a vida
E sempre do mesmo jeito
Essa medalha tão linda
Essa medalha tão linda
P’ra gente trazer ao peito
Senhora do Monte
Gabriel de Oliveira / Alfredo Duarte Marceneiro
Repertório de Alfredo Marceneiro
Naquela casa de esquina
Mora a Senhora do Monte
E a providência divina
Mora ali, quase defronte
Por fazer bem à desgraça
Repertório de Alfredo Marceneiro
Naquela casa de esquina
Mora a Senhora do Monte
E a providência divina
Mora ali, quase defronte
Por fazer bem à desgraça
Deu-lhe a desgraça também
Aquela divina graça
Aquela divina graça
Que Nossa Senhora tem
Senhora tão benfazeja
Senhora tão benfazeja
Que a própria Virgem Maria
Não sei se está na igreja
Não sei se está na igreja
Se naquela moradia
Co'a mágoa que desconsola
Co'a mágoa que desconsola
A pobreza se conforta
Na certeza duma esmola
Na certeza duma esmola
Quando bate àquela porta
E o luar da lua cheia
E o luar da lua cheia
Ao bater-lhe na janela
Reforça a luz da candeia
Reforça a luz da candeia
No alpendre da capela
Vai lá muita pecadora
Vai lá muita pecadora
Que de arrependida, chora
Mas não é Nossa Senhora
Mas não é Nossa Senhora
Que naquela casa mora
O manjerico
Linhares Barbosa / Adriano Batista *fado macau*
Repertório de Lucília do Carmo
O meu bem anda zangado
Já não vai ao bailarico
Mandei-lhe um beijo embrulhado
Na folha dum manjerico
Ou por troça ou por pirraça
Repertório de Lucília do Carmo
O meu bem anda zangado
Já não vai ao bailarico
Mandei-lhe um beijo embrulhado
Na folha dum manjerico
Ou por troça ou por pirraça
O que já acho engraçado
Sempre que há festa na praça
Sempre que há festa na praça
O meu bem anda zangado
Vou para as marchas da rua
Vou para as marchas da rua
Em casa também não fico
Sei que quando ele se amua
Sei que quando ele se amua
Já não vai ao bailarico
Já tenho um cravo, um balão
Já tenho um cravo, um balão
Um grande cravo encarnado
Ou pelo sim, pelo não
Ou pelo sim, pelo não
Mandei-lhe um beijo embrulhado
Podendo a noite chuvosa
Podendo a noite chuvosa
Manchá-lo com algum salpico
Embrulhei-o, carinhosa
Embrulhei-o, carinhosa
Na folha dum manjerico
Só amor
José Fernandes Castro / Miguel Ramos *fado margaridas*
Repertório de Nelson Duarte
Inventarei palavras de magia
Para marcar o som da minha voz
E cantarei mil versos de alegria
Ilustrando o amor que vive em nós
Colocarei mais sol no teu olhar
Colocarei luar, no teu sorriso
No amor que contigo vou trocar
Te mostrarei a cor do paraíso
Mais tarde te darei uma flor
Cheirando a madrugada de paixão
E gritarei palavras de louvor
Ditadas pela voz do coração
Então, um novo mundo surgirá
Acolhendo a paixão que nos domina
E o nosso futuro brilhará
No brilho do amor que nos fascina
Repertório de Nelson Duarte
Inventarei palavras de magia
Para marcar o som da minha voz
E cantarei mil versos de alegria
Ilustrando o amor que vive em nós
Colocarei mais sol no teu olhar
Colocarei luar, no teu sorriso
No amor que contigo vou trocar
Te mostrarei a cor do paraíso
Mais tarde te darei uma flor
Cheirando a madrugada de paixão
E gritarei palavras de louvor
Ditadas pela voz do coração
Então, um novo mundo surgirá
Acolhendo a paixão que nos domina
E o nosso futuro brilhará
No brilho do amor que nos fascina
Lisboa da minha saudade
Eduardo Olímpio / Arlindo de Carvalho
Repertório de Nuno da Câmara Pereira
Sonhando andei por Lisboa
Lembrando tempo passado
O dorso duma canoa
A doce mágoa do fado
E a Rosa da Madragoa
Que não me quis namorado
Alguém da noite cantando
E a lua espreitando num velho telhado
Um cheiro a jornais
O peixe no cais
Um céu sem idade
É esta a Lisboa da minha saudade
Pregões matinais
Que acordam pardais
Num hino à cidade
É esta a Lisboa da minha saudade
Lisboa das caravelas
Com brancas velas em oração
Cidade noiva do fado
Que eu amo e trago no meu coração
Lisboa de quando havia
Gaivotas em consoada
Num Tejo azul que parecia
Feito de prata lavada
Lembrança de quem partia
Nos olhos da madrugada
E a proa duma traineira
Bailando ligeira em cada largada
Os meus olhos cor de sonho
Ana Vidal / João Mário Veiga
Repertório de Joana Amendoeira
Nos meus olhos de criança
Nestes olhos cor de sonho
Trago promessas de esperança
E trago um mundo risonho
Trago nos olhos a vida
Repertório de Joana Amendoeira
Nos meus olhos de criança
Nestes olhos cor de sonho
Trago promessas de esperança
E trago um mundo risonho
Trago nos olhos a vida
Sem saber o que vai dar
A minha vida vivida
A minha vida vivida
Em cores de céu e de mar
Vivida em nuvens de fumo
Vivida em nuvens de fumo
À margem da realidade
Numa corrida sem rumo
Numa corrida sem rumo
Em busca de novidade
Olhos verdes que não sabem
Olhos verdes que não sabem
Quanto têm de profundo
Olhos meus aonde cabem
Olhos meus aonde cabem
Todos os sonhos do mundo
Minha cidade
José Fernandes Castro / Lino Bernardo Teixeira *fado ginguinhas*
Repertório de José Fernandes
Nasci no Porto, sou tripeiro, e com vaidade
Fiz este fado, ao meu cantinho tão feliz
Cantinho humilde, mas tão cheio de verdade
Cidade minha que deu nome ao meu País
Da imponência majestosa do teu Douro
À tradição do bairro mais popular
És tu a jóia mais bonita do tesouro
Deste País, que tem raiz, p´ra lá do mar
Tua Ribeira, Miragaia e Banharia
A tua Sé, o Pelourinho e teu S.Bento
São a memória desta história que nos guia
E que nos diz que és um mundo em movimento
Não tens riqueza, mas tens fado e lealdade
E tens uns filhos que te querem muito bem
Tens a nobreza da mais bonita cidade
Tu és meu Porto, a minha cidade mãe
Repertório de José Fernandes
Nasci no Porto, sou tripeiro, e com vaidade
Fiz este fado, ao meu cantinho tão feliz
Cantinho humilde, mas tão cheio de verdade
Cidade minha que deu nome ao meu País
Da imponência majestosa do teu Douro
À tradição do bairro mais popular
És tu a jóia mais bonita do tesouro
Deste País, que tem raiz, p´ra lá do mar
Tua Ribeira, Miragaia e Banharia
A tua Sé, o Pelourinho e teu S.Bento
São a memória desta história que nos guia
E que nos diz que és um mundo em movimento
Não tens riqueza, mas tens fado e lealdade
E tens uns filhos que te querem muito bem
Tens a nobreza da mais bonita cidade
Tu és meu Porto, a minha cidade mãe
Romance das horas paradas
Fernando Peres / João Maria dos Anjos
Repertório de Carlos do Carmo
Romance de horas paradas
Teus olhos são madrugadas
De ilusão desvanecida;
Perdi-me no teu passado
Onde há versos doutro fado
Que faz falta á minha vida
Corpo e alma d’agonia
Tem esta saudade fria
Repertório de Carlos do Carmo
Romance de horas paradas
Teus olhos são madrugadas
De ilusão desvanecida;
Perdi-me no teu passado
Onde há versos doutro fado
Que faz falta á minha vida
Corpo e alma d’agonia
Tem esta saudade fria
Que faz a minha loucura
No desejo de te querer
No medo de te perder
No desejo de te querer
No medo de te perder
Há pedaços de ternura
Esperança d’amor num sorriso
E nada mais é preciso
Esperança d’amor num sorriso
E nada mais é preciso
Para voltar a viver
É corpo a sofrer desejo
É boca a pedir um beijo
É corpo a sofrer desejo
É boca a pedir um beijo
A vontade de te querer
Uma rua para dois
José Fernandes Castro / Francisco Viana *fado vianinha*
Repertório de João Manuel
Na rua aonde tu moras
Meu pensamento flutua
E eu vou gastando as horas
Ao passar na tua rua
Passo tempos infinitos
Repertório de João Manuel
Na rua aonde tu moras
Meu pensamento flutua
E eu vou gastando as horas
Ao passar na tua rua
Passo tempos infinitos
Defronte do teu jardim
P’ra ver teus olhos bonitos
P’ra ver teus olhos bonitos
Que às vezes, olham p’ra mim
Qualquer dia te darei
Qualquer dia te darei
A mais perfumada flor
E com ela te farei
E com ela te farei
Uma promessa d'amor
E depois, de mão na mão
E depois, de mão na mão
Agarradinhos e sós
Inventarei, porque não?
Inventarei, porque não?
Uma rua para nós
O fado é apenas isto
Júlio Vieitas / Francisco José Marques *fado zé negro*
Repertório de Júlio Vieitas
O fado é um estado d’alma
Misto de dor e tristeza
Onde a saudade se agarra;
Enquanto a dor não acalma
A alma fica suspensa
Nas cordas duma guitarra
Vejam bem porque razão
Um fadista por excelência
Repertório de Júlio Vieitas
O fado é um estado d’alma
Misto de dor e tristeza
Onde a saudade se agarra;
Enquanto a dor não acalma
A alma fica suspensa
Nas cordas duma guitarra
Vejam bem porque razão
Um fadista por excelência
Não canta bem quando quer
Canta sim, se o coração
Vibra e sente a influência
Canta sim, se o coração
Vibra e sente a influência
Dos olhos de uma mulher
São nesses belos momentos
Em que as almas torturadas
São nesses belos momentos
Em que as almas torturadas
Se encontram na mesma luta
Expandindo sentimentos
Como setas apontadas
Expandindo sentimentos
Como setas apontadas
Ao coração de quem escuta
De afirmar, nunca desisto
O fado é puro lamento
De afirmar, nunca desisto
O fado é puro lamento
Num coração magoado
O fado é apenas isto
Onde não há sofrimento
O fado é apenas isto
Onde não há sofrimento
Jamais pode existir fado
Preciso de ti, amor
José Fernandes Castro / Nel Garcia
Repertório de João Manuel
Tu és
Repertório de João Manuel
Tu és
Imagem mais que perfeita
És fada por mim eleita
És fada por mim eleita
No meu sonho idealizado
Tu és
Tu és
O doce olhar que m’espreita
Quando minh’alma se deita
Quando minh’alma se deita
E eu continuo acordado
Dá-me o teu ser
Que eu dou-te a minha coragem
Partimos numa viagem
Dá-me o teu ser
Que eu dou-te a minha coragem
Partimos numa viagem
Com destino ao paraíso
Dá-me o teu peito
Deixa-me sonhar contigo
Eu quero um sonhar amigo
Dá-me o teu peito
Deixa-me sonhar contigo
Eu quero um sonhar amigo
Pois é d’amor que eu preciso
Tu és
Tu és
O meu andar moribundo
És o ruir do meu mundo
És o ruir do meu mundo
És dia novo a nascer
Tu tens
Tu tens
Nesse teu olhar profundo
O avançar do segundo
O avançar do segundo
Quando anseio por te ver
Fado do cartaz
Manuel de Andrade / Alfredo Duarte *marceneiro*
Repertório de Joana Amendoeira
Numa tasca bem castiça
De paredes de caliça
Um cartaz se destacava
Foi uma grande toirada
Disse da mesa avinhada
Um campino que ali estava
De manhã o sol nascia
E já ao longe se ouvia
Os foguetes a estalar
Veio a tarde sorridente
Foi aos toiros toda a gente
Estava a praça a abarrotar
O Simão, alegre e vivo
Cravou seis ferros ao estribo
Num toiro dos de Bandeira
Mascarenhas, meia praça
Pega com a fina graça
Desse Marquês de Fronteira
Depois, o mestre João
Arrancou grande ovação
Com o seu novo tourear
E num toiro de Salgueiro
Foi Ricardo, o sernelheiro
Jorge Duque a rabejar
Quando o campino acabou
Toda a gente reparou
Que estava quase a chorar
Ficou na tasca castiça
Destacado entre a caliça
Um cartaz p’ra recordar
Repertório de Joana Amendoeira
Numa tasca bem castiça
De paredes de caliça
Um cartaz se destacava
Foi uma grande toirada
Disse da mesa avinhada
Um campino que ali estava
De manhã o sol nascia
E já ao longe se ouvia
Os foguetes a estalar
Veio a tarde sorridente
Foi aos toiros toda a gente
Estava a praça a abarrotar
O Simão, alegre e vivo
Cravou seis ferros ao estribo
Num toiro dos de Bandeira
Mascarenhas, meia praça
Pega com a fina graça
Desse Marquês de Fronteira
Depois, o mestre João
Arrancou grande ovação
Com o seu novo tourear
E num toiro de Salgueiro
Foi Ricardo, o sernelheiro
Jorge Duque a rabejar
Quando o campino acabou
Toda a gente reparou
Que estava quase a chorar
Ficou na tasca castiça
Destacado entre a caliça
Um cartaz p’ra recordar
Descia pela rua a cantar
Letra e música de Mário Moniz Pereira
Repertório de Nuno da Câmara Pereira
Descia pela rua a cantar... descia
Falava com todos na rua... falava
Corria por toda a Lisboa... corria
Não dava pelo tempo a passar... não dava
Sentia que estava a viver... sentia
Cantava só fado corrido... cantava
Não queria ninguém a chorar... não queria
Andava feliz todo o dia... andava
A vida passa e faz viver uma mulher
A vida passa e faz sofrer uma qualquer
As fantasias já não são mais perdoadas
As alegrias são tristezas adiadas
Subia pela rua calada... subia
Não dava pelos outros na rua... não dava
Não ía para fora do bairro... não ia
Achava que a vida passara... achava
Sentia que estava a sofrer... sentia
Cantava só fado a chorar... cantava
Não via ninguém a sorrir... não via
Andava infeliz todo o dia... andava
Repertório de Nuno da Câmara Pereira
Descia pela rua a cantar... descia
Falava com todos na rua... falava
Corria por toda a Lisboa... corria
Não dava pelo tempo a passar... não dava
Sentia que estava a viver... sentia
Cantava só fado corrido... cantava
Não queria ninguém a chorar... não queria
Andava feliz todo o dia... andava
A vida passa e faz viver uma mulher
A vida passa e faz sofrer uma qualquer
As fantasias já não são mais perdoadas
As alegrias são tristezas adiadas
Subia pela rua calada... subia
Não dava pelos outros na rua... não dava
Não ía para fora do bairro... não ia
Achava que a vida passara... achava
Sentia que estava a sofrer... sentia
Cantava só fado a chorar... cantava
Não via ninguém a sorrir... não via
Andava infeliz todo o dia... andava
Fado maravilhas
Luís Miguel Oliveira
Repertório de Raúl Solnado
Fui num domingo a Cacilhas
Mais o Chico Maravilhas
Comer uma caldeirada
A gente não nada em taco
Mas vai dando pró tabaco
E p'ra regar a salada
É porque isto é mesmo assim
A gente morre e o pilim
Não vai p'rá cova co'a gente
E antes gastá-lo no tacho
Do que na farmácia, eu acho
Isto é que é principalmente
Terminada a refeição
Ao entrar na embarcação
Começou a grande espiga
Um mangas abriu o bico
Pôs-se a mandar vir com o Chico
E o Chico arriou a giga
Eu p'ra acalmar a tormenta
Ainda disse; oh Chico "auguenta"
Mas o mangas insistiu
E o Chico sem intenção
Deu-lhe um ligeiro encontrão
Atirou c'o tipo ao rio
Um sócio de outro meco
Quis-se armar em malandreco
A gente já estava quentes
Veio p'ra mim desnorteado
Eu dei-lhe c'o penteado
E pu-lo a cuspir os dentes
Veio outro, veio outra ideia
De cernelha e plateia
Mais outro, fui-lhe ao focinho
E o Chico pelo seu lado
Só para não ficar parado
Aviou quatro sózinho
Fez-se uma grande molhada
Desatou tudo à estalada
Eu e o Chico no centro
Daquela calamidade
Apareceu a autoridade
E meteu-nos todos dentro
Não tenho vida para isto
E de futuro desisto
De me meter noutra alhada
Nunca mais vou a Cacilhas
Mais o Chico Maravilhas
Comer uma caldeirada
O resto da minha esperança
Fernando Peres / Raúl Pinto
Repertório de Carlos do Carmo
Vivem na esperança perdida
Pedaços da minha vida
Farrapos d’uma ilusão;
Foi-se a vida em cada beijo
Num abraço, num desejo
Já vivo sem coração
Perdi a estrela da esperança
Chego a perecer-te criança
Repertório de Carlos do Carmo
Vivem na esperança perdida
Pedaços da minha vida
Farrapos d’uma ilusão;
Foi-se a vida em cada beijo
Num abraço, num desejo
Já vivo sem coração
Perdi a estrela da esperança
Chego a perecer-te criança
P’ra não ver que te perdi
Cada hora uma verdade
Um soluço, uma saudade
Cada hora uma verdade
Um soluço, uma saudade
Já não sei viver sem ti
Andam sombras dos meus braços
A seguir sempre os teus passos
Andam sombras dos meus braços
A seguir sempre os teus passos
Na ilusão dum sonho amigo
Na ternura dum queixume
Na tortura do ciúme
Na ternura dum queixume
Na tortura do ciúme
Só por querer sonhar contigo
Longe de ti, eu componho
Pedaços soltos dum sonho
Longe de ti, eu componho
Pedaços soltos dum sonho
Farrapos duma promessa
Apago no choro a chama
De orgulho feito de lama
Apago no choro a chama
De orgulho feito de lama
Mas volta sem que eu te peça
Vê a noite
José Fernandes Castro / Martinho d’Assunção
Repertório de Augusto José
Vê como a noite é bela com estrelas no céu
Repara como a lua sorri envaidecida
Até a cor singela que o dia escureceu
É vida que flutua na noite que é tão vida
Vê como a noite é louca nas façanhas do amor
Vê cada madrugada, a respirar desejo
E vê em cada boca, a ternura maior
Amar e ser amada, pela força dum beijo
Vê como a noite é mãe dos filhos deste mundo
Repara que o luar contém beleza infinda
A doçura que tem, o respirar profundo
É vida a retratar a noite, que é tão linda
Repertório de Augusto José
Vê como a noite é bela com estrelas no céu
Repara como a lua sorri envaidecida
Até a cor singela que o dia escureceu
É vida que flutua na noite que é tão vida
Vê como a noite é louca nas façanhas do amor
Vê cada madrugada, a respirar desejo
E vê em cada boca, a ternura maior
Amar e ser amada, pela força dum beijo
Vê como a noite é mãe dos filhos deste mundo
Repara que o luar contém beleza infinda
A doçura que tem, o respirar profundo
É vida a retratar a noite, que é tão linda
Para quê?!
Florbela Espanca / Ricardo Cruz
Repertório de Sílvia Filipe
Tudo é vaidade neste mundo vão
Tudo é tristeza, tudo é pó, é nada
E mal desponta em nós a madrugada
Vem logo a noite encher o coração
Até o amor nos mente, essa canção
Que o nosso peito ri à gargalhada
Flor que é nascida e logo desfolhada
Pétalas que se pisam pelo chão
Beijos de amor!... p’ra quê?!... tristes vaidades
Só neles acredita quem é louca
Sonhos que logo são realidades
Beijos de amor que vão de boca em boca
Que nos deixam a alma como morta
Como pobres que vão de porta em porta
Repertório de Sílvia Filipe
Tudo é vaidade neste mundo vão
Tudo é tristeza, tudo é pó, é nada
E mal desponta em nós a madrugada
Vem logo a noite encher o coração
Até o amor nos mente, essa canção
Que o nosso peito ri à gargalhada
Flor que é nascida e logo desfolhada
Pétalas que se pisam pelo chão
Beijos de amor!... p’ra quê?!... tristes vaidades
Só neles acredita quem é louca
Sonhos que logo são realidades
Beijos de amor que vão de boca em boca
Que nos deixam a alma como morta
Como pobres que vão de porta em porta
Passagem
António Ramos Rosa / Diogo Clemente
Repertório de Ana Laíns
É onde escuto agora a própria casa
Sou eu que escrevo agora este poema
Já onde estou agora nada espero
Ouço o som que vem de estar aqui lembrando
Isto que sou agora mesmo esperando
É onde escuto agora a própria casa
É onde eu pouso a mão na terra calma
Ouvindo quantos anos já vivi
Mas não aqui nem além, agora só
Num tempo em que não sou mais que este estar
Passando sem passar neste deserto
É onde pouso a mão na terra calma
É onde agora ninguém me vem chamar
E outra luta prossegue imponderável
O tempo vai chegar mas eu aqui passei
Ou algo em mim passou quando o final chegar
Deste sem fim que escuto e oiço o seu passar
É onde escuto agora a própria casa
Repertório de Ana Laíns
É onde escuto agora a própria casa
Sou eu que escrevo agora este poema
Já onde estou agora nada espero
Ouço o som que vem de estar aqui lembrando
Isto que sou agora mesmo esperando
É onde escuto agora a própria casa
É onde eu pouso a mão na terra calma
Ouvindo quantos anos já vivi
Mas não aqui nem além, agora só
Num tempo em que não sou mais que este estar
Passando sem passar neste deserto
É onde pouso a mão na terra calma
É onde agora ninguém me vem chamar
E outra luta prossegue imponderável
O tempo vai chegar mas eu aqui passei
Ou algo em mim passou quando o final chegar
Deste sem fim que escuto e oiço o seu passar
É onde escuto agora a própria casa
O meu amor anda em fama
Pedro Homem de Mello e outros / Popular *fado mouraria*
Repertório de Camané
Segundo o estudioso Joaquim Silva, apenas a primeira
estrofe pertence a Pedro Homem de Melo.
A segunda estrofe pertence a: João Mário Veiga
A terceira estrofe pertence a: Fernando Pessoa
A quarta estrofe pertence a: Carlos Conde
O meu amor anda em fama
Mesmo assim lhe quero bem
Os olhos do meu amor
Não os vejo em mais ninguém
Eu nunca pensei, na vida
Vir um dia a encontrar
A minha vida escondida
Dentro do teu olhar
Eu bem sei que me desdenhas
Mas gosto que seja assim
Que o desdém que por mim tenhas
Sempre é pensares em mim
Se algum dia me deixares
Meu amor por caridade
Entre as coisas que levares
Leva também a saudade
Negra cor
Diogo Clemente / João Pico
Repertório de Ana Laíns
Vem, quando a luz
Morrer bem p’ra lá do mar
E anoitecer em mim e no meu olhar
Vem, negra cor
Negro olhar que me vês
E a quem o amor ao chegar se desfez
Se acaso o amor
Partir sem dizer adeus
Vem, espelho meu
Repertório de Ana Laíns
Vem, quando a luz
Morrer bem p’ra lá do mar
E anoitecer em mim e no meu olhar
Vem, negra cor
Negro olhar que me vês
E a quem o amor ao chegar se desfez
Se acaso o amor
Partir sem dizer adeus
Vem, espelho meu
Sentir os teus lábios nos meus
Tarda encontrar
O lugar de um amor
Meu triste mar, negro olhar, minha cor
Vem, se a saudade
Cantar versos que escrevi
Quando à cidade cantei saudades de ti
Tarda encontrar
O lugar de um amor
Meu triste mar, negro olhar, minha cor
Vem, se a saudade
Cantar versos que escrevi
Quando à cidade cantei saudades de ti
Não sei como nem quando
José Vasconcelos e Sá / Tó Zé Brito
Repertório de António Pinto Basto
Confesso que as palavras dessa boca
Ó que doçura tão louca
No momento em que as ouvi
O amor com que as odeio
Faz-me tremer com receio
Por muito gostar de ti
Confesso, olhaste de uma maneira
E por mais que eu não queira
Ó minha flor de jardim
Teus olhos, a vida inteira
Nossa estima verdadeira
Hão-de viver sempre em mim
Confesso
Meus versos canto chorando
Eu não sei como nem quando
O teu sorriso acabou
Sinto lágrimas no rosto
Também memórias, desgosto
Que nem a morte apagou
Repertório de António Pinto Basto
Confesso que as palavras dessa boca
Ó que doçura tão louca
No momento em que as ouvi
O amor com que as odeio
Faz-me tremer com receio
Por muito gostar de ti
Confesso, olhaste de uma maneira
E por mais que eu não queira
Ó minha flor de jardim
Teus olhos, a vida inteira
Nossa estima verdadeira
Hão-de viver sempre em mim
Confesso
Meus versos canto chorando
Eu não sei como nem quando
O teu sorriso acabou
Sinto lágrimas no rosto
Também memórias, desgosto
Que nem a morte apagou
Pouco tempo
Lídia Oliveira / Diogo Clemente
Repertório de Ana Laíns
É pouco o meu tempo
Para guardar tudo
Repertório de Ana Laíns
É pouco o meu tempo
Para guardar tudo
O que trago em pensamento
Para escrever tudo
Para escrever tudo
O que sinto cada momento
É pouco o meu tempo
Para eternizar tudo
É pouco o meu tempo
Para eternizar tudo
O que corre veloz, no vento
Mostrando assim, bem mais profundo
Mostrando assim, bem mais profundo
Meu sentimento
É pouco o meu tempo
Para sentir quanta beleza
É pouco o meu tempo
Para sentir quanta beleza
Me passa ao lado
Sem alterar este meu ar preocupado
É pouco o meu tempo
Para conseguir ter
Sem alterar este meu ar preocupado
É pouco o meu tempo
Para conseguir ter
O que quero da minha vida
No que passou, alguma ilusão perdida
Mas no que resta, a esperança ainda vivida
No que passou, alguma ilusão perdida
Mas no que resta, a esperança ainda vivida
Primavera dos fadistas
José Fernandes Castro / Custódio Castelo
Repertório de Francisco Lisboa
Na minha primavera desejada
Há rosas com aromas divinais
Que vão pondo perfumes d'alvorada
No tempo onde o amor não é demais
Na minha primavera sedutora
Há cravos dum desejo de vencer
São frutos duma força sonhadora
Que nascem no mistério do prazer
Na minha primavera sempre nova
Há dálias com essências de desejo
Que vão submetendo à dura prova
O sabor tão fugaz dum longo beijo
Na minha primavera dos poemas
Os versos, são o fruto desejado
No meu desabrochar de novos temas
Há sempre primaveras no meu fado
Repertório de Francisco Lisboa
Na minha primavera desejada
Há rosas com aromas divinais
Que vão pondo perfumes d'alvorada
No tempo onde o amor não é demais
Na minha primavera sedutora
Há cravos dum desejo de vencer
São frutos duma força sonhadora
Que nascem no mistério do prazer
Na minha primavera sempre nova
Há dálias com essências de desejo
Que vão submetendo à dura prova
O sabor tão fugaz dum longo beijo
Na minha primavera dos poemas
Os versos, são o fruto desejado
No meu desabrochar de novos temas
Há sempre primaveras no meu fado
O fado que me traga
Samuel Lopes / Miguel Rebelo
Repertório de Ana Laíns
Desta luta constante
O futuro é meu alento
Numa roda gigante
Tão gigante que pára o tempo
Uma volta sem regresso
Até uma terra esquecida
E na minha sorte tropeço
Sózinha na madrugada perdida
O fado que me traga
Repertório de Ana Laíns
Desta luta constante
O futuro é meu alento
Numa roda gigante
Tão gigante que pára o tempo
Uma volta sem regresso
Até uma terra esquecida
E na minha sorte tropeço
Sózinha na madrugada perdida
O fado que me traga
O que o tempo me levou
A saudade que me abra
A saudade que me abra
O caminho do que sou
O fado que me traga
O fado que me traga
O que a saudade não deixou
O sentido das palavras
O sentido das palavras
Que o tempo apagou
Uma lágrima no mar
Perdida na voz do silêncio
Aprisiona a ternura
E adormece o meu encanto
Quando me sinto nua
Não me quero ver mais ao espelho
O destino não me quer tua
Porque o amor morreu no desejo
Uma lágrima no mar
Perdida na voz do silêncio
Aprisiona a ternura
E adormece o meu encanto
Quando me sinto nua
Não me quero ver mais ao espelho
O destino não me quer tua
Porque o amor morreu no desejo
Era tão bom ser menino
António Avelar de Pinho / Carlos Alberto Vidal
Repertório de António Pinto Basto
Esfolei os joelhos
Repertório de António Pinto Basto
Esfolei os joelhos
Rasguei os calções
E as anatomias não tinham segredo
O que eu descobria a tremer de medo
Era tão bom ser menino
Valentino ou Aladino
Fui sei lá o quê, a tudo brinquei
Aprendi o ABC do fora-da-lei
Com Os Cinco lutei
Controlei o tempo, mas o tempo voou
E como nesse tempo, nunca mais parou
Guardei bons conselhos
P’ra melhores ocasiões
Fiz mil tropelias, levei-as ao extremo
Desbravei os dias como herói supremo
Fui índio, cowboy
Desbravei os dias como herói supremo
Fui índio, cowboy
Polícia, ladrão
Mas contigo é que foi
Fui um bom cirurgião
E as anatomias não tinham segredo
O que eu descobria a tremer de medo
Era tão bom ser menino
Valentino ou Aladino
Pirata, Rei, ou Maltês
Era tão bom não ter tino
Mas chorar com o Marcelino
Era tão bom não ter tino
Mas chorar com o Marcelino
Pão e Vinho, às matinés
Era tão bom ser menino
Justiceiro, clandestino
Justiceiro, clandestino
Actor galante cortês
Tudo em grande, em pequenino
Que eu só queria ser menino
Tudo em grande, em pequenino
Que eu só queria ser menino
Ao menos mais uma vez
Trocei dos vizinhos
Trocei dos vizinhos
Assaltei quintais
Até fui aos ninhos
Até fui aos ninhos
Nas alturas dos pardais
Fui sei lá o quê, a tudo brinquei
Aprendi o ABC do fora-da-lei
Com Os Cinco lutei
Na cartilha aprendi
Até me aventurei
Até me aventurei
Com o Emílio Salgari
Controlei o tempo, mas o tempo voou
E como nesse tempo, nunca mais parou
Minha razão de vida
José Fernandes Castro / Jaime Santos *fado jaime*
Repertório de José Fernandes Castro
Minha filha meu poema
Meu doce tema, d’inspiração
Amor por mim inventado
Musa dum fado, feito paixão
Meu pedacinho de vida
Com olhos lindos, da cor do céu
Minha roseira florida
Prémio que a vida, me ofereceu
Minha filha minha amada
Minha alvorada d’encantamento
Meu respirar de alegria
Meu novo dia, meu novo alento
Tens no rosto tal beleza
Que à natureza, fazes ciúme
Tens perfil de terna flor
E o teu amor, é meu perfume
Meu quadro d’amor sublime
Por ti se exprime, meu coração
Meu sonho realizado
Fado cantado, com devoção
Meu sol de cada manhã
Meu talismã, minha verdade
Poema mais que desperto
Caminho aberto, p’ra felicidade
Minha filha meu poema
Meu doce tema, d’inspiração
Amor por mim inventado
Musa dum fado, feito paixão
Meu pedacinho de vida
Com olhos lindos, da cor do céu
Minha roseira florida
Prémio que a vida, me ofereceu
Minha filha minha amada
Minha alvorada d’encantamento
Meu respirar de alegria
Meu novo dia, meu novo alento
Tens no rosto tal beleza
Que à natureza, fazes ciúme
Tens perfil de terna flor
E o teu amor, é meu perfume
Meu quadro d’amor sublime
Por ti se exprime, meu coração
Meu sonho realizado
Fado cantado, com devoção
Meu sol de cada manhã
Meu talismã, minha verdade
Poema mais que desperto
Caminho aberto, p’ra felicidade
Clara identidade
Sílvia Filipe / Armando Machado *fado maria rita*
Repertório de Sílvia Filipe
Meus sonhos são a morada
De alegres corpos dançando
Ao som da harpa e da lira
Melodia improvisada
Onde os anjos vão cantando
A canção desconhecida
Dança sem qualquer compasso
Uma estranha harmonia
Repertório de Sílvia Filipe
Meus sonhos são a morada
De alegres corpos dançando
Ao som da harpa e da lira
Melodia improvisada
Onde os anjos vão cantando
A canção desconhecida
Dança sem qualquer compasso
Uma estranha harmonia
Nestes vales verdejantes
Não há solidão, cansaço
Tudo é pura poesia
Não há solidão, cansaço
Tudo é pura poesia
Em paisagens cintilantes
Há vastos campos floridos
Envoltos num manto d'água
Há vastos campos floridos
Envoltos num manto d'água
Onde a sede não existe
Embalando meus sentidos
Não há dor, não há mágoa
Embalando meus sentidos
Não há dor, não há mágoa
No meu sonho o amor resiste
Aqui vivem meus desejos
Despertos p'la luz divina
Aqui vivem meus desejos
Despertos p'la luz divina
Num encontro com a verdade
São perfeitos como beijos
Água pura e cristalina
São perfeitos como beijos
Água pura e cristalina
Numa clara identidade
Se tu viesses
Florbela Espanca / Diogo Clemente
Repertório de Ana Laíns
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha
A essa hora dos mágicos cansaços
Quando a noite de manso se avizinha
E me prendesses toda em teus braços
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos
O teu sorriso de fonte... os teus abraços
Os teus beijos... a tua mão na minha
Se tu viesses quando, linda e louca
Traça as linhas dulcíssimas de um beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca
Quando os olhos se me prendem de desejo
E os meus braços se estendem para ti
Repertório de Ana Laíns
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha
A essa hora dos mágicos cansaços
Quando a noite de manso se avizinha
E me prendesses toda em teus braços
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos
O teu sorriso de fonte... os teus abraços
Os teus beijos... a tua mão na minha
Se tu viesses quando, linda e louca
Traça as linhas dulcíssimas de um beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca
Quando os olhos se me prendem de desejo
E os meus braços se estendem para ti
Se te não vejo
José Fernandes Castro / Popular *fado moleirinha*
Repertório de Nelson Duarte
Não há gaivotas no céu da minha cidade
Não há luar nas noites da minha dor
Não há poemas no meu livro de saudade
Se te não vejo, a vida já não tem côr
Não há sorrisos no rosto da madrugada
Não há segredos no brilho da primavera
Não há promessas numa jura apaixonada
Se te não vejo, a minh’alma desespera
Não há flores no jardim do desalento
Não há fronteiras nas margens do meu país
Não há aromas no peito do sentimento
Se te não vejo, não consigo ser feliz
Não há sequer uma nuvem de desejo
No firmamento do teu rosto iluminado
Tu não me dás a intensidade do teu beijo
Se te não vejo, sou alma triste dum fado
Repertório de Nelson Duarte
Não há gaivotas no céu da minha cidade
Não há luar nas noites da minha dor
Não há poemas no meu livro de saudade
Se te não vejo, a vida já não tem côr
Não há sorrisos no rosto da madrugada
Não há segredos no brilho da primavera
Não há promessas numa jura apaixonada
Se te não vejo, a minh’alma desespera
Não há flores no jardim do desalento
Não há fronteiras nas margens do meu país
Não há aromas no peito do sentimento
Se te não vejo, não consigo ser feliz
Não há sequer uma nuvem de desejo
No firmamento do teu rosto iluminado
Tu não me dás a intensidade do teu beijo
Se te não vejo, sou alma triste dum fado
Não sei
Manuela de Freitas / Alfredo Duarte *fado versículo*
Repertório de Camané
Não sei que rio è este em que me banho
Repertório de Camané
Não sei que rio è este em que me banho
Que destrói todas as margens que escolhi
Que leva para o mar tudo o que tenho
E me traz da nascente o que perdi
Não sei que vento è este de repente
Que tudo o que eu desfiz ele refaz
Que me empurra com força para a frente
Quando caio desamparado para trás
Não sei que tempo è este em que carrego
Com a memória das coisas que não guardo
Que me obriga a partir sempre que chego
E a chegar cedo demais sempre que tardo
Não sei que sol è este que me abrasa
Quanto mais tapo os olhos e me abrigo
Que abre a tudo o que é estranho a minha casa
Quanto mais eu me fecho só comigo
Que não saber è este que não quer
Saber do não-saber que lhe ensinei
E que faz com que eu aprenda sem querer
Que leva para o mar tudo o que tenho
E me traz da nascente o que perdi
Não sei que vento è este de repente
Que tudo o que eu desfiz ele refaz
Que me empurra com força para a frente
Quando caio desamparado para trás
Não sei que tempo è este em que carrego
Com a memória das coisas que não guardo
Que me obriga a partir sempre que chego
E a chegar cedo demais sempre que tardo
Não sei que sol è este que me abrasa
Quanto mais tapo os olhos e me abrigo
Que abre a tudo o que é estranho a minha casa
Quanto mais eu me fecho só comigo
Que não saber è este que não quer
Saber do não-saber que lhe ensinei
E que faz com que eu aprenda sem querer
A saber cada vez mais o que não sei
Chamaste-me trigueirinha
José Lima / João do Carmo Noronha *fado joão*
Repertório de Ana Laíns
Ó que lindos olhos tem
A filha da moleirinha
Tão mal empregada ela
Andar ao pó da farinha
Trigueirinha me chamaste
Eu de sangue não o sou
Isso de andar à farinha
Foi o sol que me crestou
Trigueirinha me chamaste
Por isso não me zanguei
Trigueirinha é a pimenta
Que vai à mesa do rei
Repertório de Ana Laíns
Ó que lindos olhos tem
A filha da moleirinha
Tão mal empregada ela
Andar ao pó da farinha
Trigueirinha me chamaste
Eu de sangue não o sou
Isso de andar à farinha
Foi o sol que me crestou
Trigueirinha me chamaste
Por isso não me zanguei
Trigueirinha é a pimenta
Que vai à mesa do rei
Pera madura
Popular (1.ª quadra) e Tiago Torres da Silva / Diogo Clemente
Repertório de Ana Laíns
Oh minha pera madura
Diz-me quem te amadurou
Foi o sol, foi a geada
E o calor que ela apanhou
E o calor que ela apanhou
Repertório de Ana Laíns
Oh minha pera madura
Diz-me quem te amadurou
Foi o sol, foi a geada
E o calor que ela apanhou
E o calor que ela apanhou
Não n’o apanhou sózinha
Diz-me quem te amadurou
Diz-me quem te amadurou
Minha pera madurinha
Minha boca anda à procura
Minha boca anda à procura
Da tua boca escondida
Como uma fruta madura
Como uma fruta madura
A pedir p’ra ser colhida
Os versos do meu amor
Os versos do meu amor
Como lágrimas sorrindo
P’ra acalmar a minha dor
P’ra acalmar a minha dor
Quatro a quatro vão caindo
Oh minha pera madura
Oh minha pera madura
Diz-me quem te amadurou
Foi o sol, foi a geada
Foi o sol, foi a geada
E o calor que ela apanhou
Pecado d'amor
José Fernandes Castro / Francisco J. Marques *fado zé negro*
Repertório de Amélia Maria
Tu não és a sombra negra
Tu és sublime pecado
Cometido com fervor
Num jogo d’amor sem regra
O amor foi o culpado
Deste pecado d`amor
Se a vida não nos condena
É porque a nossa paixão
Repertório de Amélia Maria
Tu não és a sombra negra
Tu és sublime pecado
Cometido com fervor
Num jogo d’amor sem regra
O amor foi o culpado
Deste pecado d`amor
Se a vida não nos condena
É porque a nossa paixão
Por ser pura, calou fundo
P’ra que ninguém sinta pena
Troquemos de coração
P’ra que ninguém sinta pena
Troquemos de coração
Calando as vozes do mundo
Acreditando na vida
Tudo o que vier depois
Acreditando na vida
Tudo o que vier depois
Para nós será bem vindo
Deixa que o tempo decida
Se ficaremos os dois
Deixa que o tempo decida
Se ficaremos os dois
Vivendo este sonho lindo
Viver junto de ti
Hélder Moutinho / Diogo Clemente
Repertório de Ana Laíns
Viver junto de ti, perto do mar
Como se fosse o vento a melodia
Das ondas e da noite a respirar
Num canto de ternura e fantasia
Nenhuma praia pode ser perfeita
Se não tiver no ar esse perfume
Daquela madrugada que se ajeita
À chama do amor desfeito em lume
Sonhamos ter um dia a solidão
Guardada simplesmente p’ra nós dois
A força do amor não tem razão
Nem hão-de haver momentos p’ra depois
Viver junto de ti, perto do mar
Como se fosse o vento uma paixão
Como se fosse todo o teu olhar
A naufragar no meu mundo de solidão
Viver junto de ti, perto do mar
Como se fosse a noite a mensageira
É ter a noite inteira para amar
E cada uma ser sempre a primeira
Repertório de Ana Laíns
Viver junto de ti, perto do mar
Como se fosse o vento a melodia
Das ondas e da noite a respirar
Num canto de ternura e fantasia
Nenhuma praia pode ser perfeita
Se não tiver no ar esse perfume
Daquela madrugada que se ajeita
À chama do amor desfeito em lume
Sonhamos ter um dia a solidão
Guardada simplesmente p’ra nós dois
A força do amor não tem razão
Nem hão-de haver momentos p’ra depois
Viver junto de ti, perto do mar
Como se fosse o vento uma paixão
Como se fosse todo o teu olhar
A naufragar no meu mundo de solidão
Viver junto de ti, perto do mar
Como se fosse a noite a mensageira
É ter a noite inteira para amar
E cada uma ser sempre a primeira
Beatriz da Conceição
Tributo do poeta Carlos Conde
---
O fado já não lhe chega
Mas como nada lhe falta
Tanto canta numa adega
Como à luz de uma ribalta
E embora sentindo a chama
Que leva à celebridade
Não se deslumbra na fama
Nem se perde na vaidade
A Beatriz da Conceição
Não é somente fadista
Muito mais do que atração
Ela impõe-se como artista!
---
O fado já não lhe chega
Mas como nada lhe falta
Tanto canta numa adega
Como à luz de uma ribalta
E embora sentindo a chama
Que leva à celebridade
Não se deslumbra na fama
Nem se perde na vaidade
A Beatriz da Conceição
Não é somente fadista
Muito mais do que atração
Ela impõe-se como artista!
Já vives dentro de mim
José de Vasconcellos e Sá / António Pinto Basto
Repertório de António Pinto Basto
Meus pecados, teu desgosto
Repertório de António Pinto Basto
Meus pecados, teu desgosto
Teus perdões, o meu desejo
Acariciavas-me o rosto
Acariciavas-me o rosto
Também me davas um beijo
Olho no céu as estrelas
Olho no céu as estrelas
Procurando o teu olhar
A mais brilhante, entre elas
A mais brilhante, entre elas
Serás tu que hei-de encontrar
Numa manhã delicada
Quando eu ia de jornada
A meu lado vi-te assim
Tu sorrias encantada
Já vives dentro de mim
Teus devaneios dispersos
Numa manhã delicada
Quando eu ia de jornada
A meu lado vi-te assim
Tu sorrias encantada
Já vives dentro de mim
Teus devaneios dispersos
Nossos passeios de encanto
Agora canto-te versos
Agora canto-te versos
Para esquecer o meu pranto
Tu, a fonte dos meus ais
Tu, a fonte dos meus ais
Dormes em Deus, que te abriga
Não vou calar nunca mais
Não vou calar nunca mais
Que tu foste minha amiga
Eu
Florbela Espanca / Miguel Rebelo
Repertório de Ana Laíns
Eu sou a que no mundo anda perdida
Eu sou a que na vida não tem norte
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida
Sombra de névoa ténue e esvanecida
E que o destino amargo, triste e forte
Impele brutalmente para a morte
Alma de luto sempre incompreendida
Sou aquela que passa e ninguém vê
Sou a que chamam triste sem o ser
Sou a que chora sem saber porquê
Sou talvez a visão que alguém sonhou
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
Repertório de Ana Laíns
Eu sou a que no mundo anda perdida
Eu sou a que na vida não tem norte
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida
Sombra de névoa ténue e esvanecida
E que o destino amargo, triste e forte
Impele brutalmente para a morte
Alma de luto sempre incompreendida
Sou aquela que passa e ninguém vê
Sou a que chamam triste sem o ser
Sou a que chora sem saber porquê
Sou talvez a visão que alguém sonhou
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
Sopram ventos adversos
Manuela de Freitas / José Mário Branco
Repertório de Camané
Sopram ventos adversos
Junto à praia que se quis
E há sentimentos dispersos
Que são barcos submersos
No mar do que se não diz
Repertório de Camané
Sopram ventos adversos
Junto à praia que se quis
E há sentimentos dispersos
Que são barcos submersos
No mar do que se não diz
Nos mastros que vão quebrar
Soltas velas de cambraia
Soltas velas de cambraia
E é cada remo a tentar
Menos um barco no mar
Mais um cadáver na praia
O dia nunca alcançado
Menos um barco no mar
Mais um cadáver na praia
O dia nunca alcançado
Morre em todas as marés
E é sempre dia acabado
Junto ao sargaço espalhado
E é sempre dia acabado
Junto ao sargaço espalhado
De tudo o que se não fez
Meu fado meu verso triste
José Fernandes Castro / Casimiro Ramos *fado três bairros*
Repertório de Rosina Andrade
Repertório de Rosina Andrade
Gravado
por Rita Santos na música do Fado Perseguição de Carlos da Maia
Pelas notas do meu fado
Anda um sonho magoado
Carpindo mágoas d'amor;
Já nem sei dizer teu nome
Porque a dor que me consome
Tem sempre o mesmo sabor
Já não consigo sonhar
Sem ter que te procurar
Pelas notas do meu fado
Anda um sonho magoado
Carpindo mágoas d'amor;
Já nem sei dizer teu nome
Porque a dor que me consome
Tem sempre o mesmo sabor
Já não consigo sonhar
Sem ter que te procurar
Nas ruas da solidão
Sem ti, é tudo mais triste
E nada de bom existe
Sem ti, é tudo mais triste
E nada de bom existe
Na minha imaginação
As guitarras, vertem pranto
E as notas do meu canto
As guitarras, vertem pranto
E as notas do meu canto
Simbolizam nostalgia
Nem mesmo a luz do luar
Consegue reconfortar
Nem mesmo a luz do luar
Consegue reconfortar
A minha vida vazia
Esta minha condição
Define aquilo que sou
Esta minha condição
Define aquilo que sou
Quando não estás a meu lado
Ai meu louco coração
Só por ti, é que me dou
Ai meu louco coração
Só por ti, é que me dou
Aos versos dum triste fado
Fadinho do bacalhau
Ary dos Santos / Paulo de Carvalho
Repertório de Paulo de Carvalho
Dantes era o mais fiel
Agora subiu de posto
Ai pastelinhos, onde é que eles estão?
Meia-desfeita quando é que eu a faço?
E até aquilo que se faz à mão
Sem bacalhau, nunca mais faço
Quando fores à mercearia
O que é preciso é a malta
Repertório de Paulo de Carvalho
Dantes era o mais fiel
Dos amigos deste povo
Até com espinhas na pele
Marchava com couves
Até com espinhas na pele
Marchava com couves
Com alho e com ovo
Agora subiu de posto
Está pela hora da morte
Quem quiser saber-lhe o gosto
Vai pagar com juros
Quem quiser saber-lhe o gosto
Vai pagar com juros
E tem muita sorte
Ai que saudades do meu bacalhau
Das pataniscas, das postas na brasa
Com cebolinhas e com colorau
Com feijão frade à moda da casa
Ai que saudades do meu bacalhau
Das pataniscas, das postas na brasa
Com cebolinhas e com colorau
Com feijão frade à moda da casa
Ai pastelinhos, onde é que eles estão?
Meia-desfeita quando é que eu a faço?
E até aquilo que se faz à mão
Sem bacalhau, nunca mais faço
Quando fores à mercearia
Não compres por lebre gato
Se é abrótea é porcaria
Enrola no tacho
Se é abrótea é porcaria
Enrola no tacho
E não sai barato
O que é preciso é a malta
Exigir de muitos modos
Que se acabe com a falta
E haja bacalhau
Que se acabe com a falta
E haja bacalhau
Com todos, p’ra todos
Canto serena
Sílvia Filipe / João Blak *fado menor do porto*
Repertório de Sílvia Filipe
Adormeço por instantes
O som da água lá fora
Dentro de mim tão distante
Que o sono prolonga a hora
Mais uma noite morreu
Repertório de Sílvia Filipe
Adormeço por instantes
O som da água lá fora
Dentro de mim tão distante
Que o sono prolonga a hora
Mais uma noite morreu
E eu fui sua companheira
Mais o luar que desceu
Mais o luar que desceu
Paz imensa e verdadeira
O teu corpo está ausente
O teu corpo está ausente
Num futuro adiado
Apenas eu e o presente
Apenas eu e o presente
Sem presença do passado
E desperto docemente
E desperto docemente
Ao som desta chuva amena
O tempo não é urgente
Minha voz canta serena
Tragédia da Rua das Gáveas
Letra de música de Victorino
Repertório de Mísia
De rosa ao peito
Repertório de Mísia
De rosa ao peito
Sobe a rua airoso
Co'a cruz ao pescoço
Que a Rosinha lhe ofereceu
Contra o enguiço
Co'a cruz ao pescoço
Que a Rosinha lhe ofereceu
Contra o enguiço
De voltas mal dadas
Vermelhinha às tantas
Vai parar ao invejoso
Bate um fadinho
Vermelhinha às tantas
Vai parar ao invejoso
Bate um fadinho
Na rua dos mouros
Mas silêncio é oiro
Mas silêncio é oiro
Quando a autoridade aperta
Rua das Gáveas
Rua das Gáveas
Vai, passo apressado
Bom dia alegre
Dá p’ra todo o lado
Rosinha amante
Rosinha amante
Ai se eu não te encontro
Desta vez não busco
Desta vez não busco
Os beijos doutra mulher
Sinto os teus passos
Sinto os teus passos
A fugir ao canto
Teu coração trago
Teu coração trago
A tiro de revólver
Cantiga de Maio
Joaquim Pessoa / Carlos Mendes
Repertório de Carlos do Carmo
Trago dentro da garganta
Repertório de Carlos do Carmo
Trago dentro da garganta
As letras do teu nome
Quando um homem se levanta
Quando um homem se levanta
Grita fúria em vez de fome
Só a força das palavras
Só a força das palavras
Fez do medo esta verdade
Quando é teu o chão que lavras
Quando é teu o chão que lavras
O arado é liberdade
Meu país vontade
Meu país vontade
Corcel de saudade vencida
Meu povo em viagem
Meu povo em viagem
Ganhando a coragem perdida
Meu trigo, meu canto
Meu trigo, meu canto
Meu maio de espanto doendo
Meu abril tão cedo
Meu abril tão cedo
Tão tarde meu medo morrendo
Meu amor ausente
Meu amor ausente
Meu beijo por dentro queimado
Num tempo tão lento
Num tempo tão lento
Tardamos no vento até quando
Até quando?
Trago as palavras desertas
Até quando?
Trago as palavras desertas
Na canção que eu inventei
E nas duas mãos abertas
E nas duas mãos abertas
Estas veias que rasguei
Por isso o meu sangue corre
Por isso o meu sangue corre
Na seiva da primavera
Sou um homem que não morre
Sou um homem que não morre
Sou um povo que não espera
Ponto de encontro
Manuela de Freitas / Franklim Godinho
Repertório de Camané
A medida em que me meço
Mede a medida de um ponto
De encontro do que conheço
Com aquilo com que não conto
Ponto de encontro da sorte
Repertório de Camané
A medida em que me meço
Mede a medida de um ponto
De encontro do que conheço
Com aquilo com que não conto
Ponto de encontro da sorte
Com o traçado da corrida
Em que a coragem na morte
Em que a coragem na morte
Nasce do medo da vida
Veneno, punhal, saída
Veneno, punhal, saída
Porta aberta para o fim
Loucura comprometida
Loucura comprometida
Com o que conheço de mim
É nesse ponto-momento
É nesse ponto-momento
Que no limite do excesso
Me transformo no que invento
Me transformo no que invento
E finalmente apareço
Digam
Manuel de Andrade / Frederico de Brito *fado dos sonhos*
Repertório de Rodrigo da Costa Félix
Se hoje alguém, me procurar
Digam que não pode entrar
Que não estou para ninguém;
Fechem-lhe a minha janela
E mesmo que seja ela
Digam, que não estou também
Digam que a não quero ver
Que não me faça sofrer
Repertório de Rodrigo da Costa Félix
Se hoje alguém, me procurar
Digam que não pode entrar
Que não estou para ninguém;
Fechem-lhe a minha janela
E mesmo que seja ela
Digam, que não estou também
Digam que a não quero ver
Que não me faça sofrer
Os meus olhos são dois círios
Linhares Barbosa / Popular *fado menor*
Repertório Amália
Os meus olhos são dois círios
Dando luz triste ao meu rosto
Marcado pelos martírios
Da saudade e do desgosto
Quando oiço bater trindades
Repertório Amália
Os meus olhos são dois círios
Dando luz triste ao meu rosto
Marcado pelos martírios
Da saudade e do desgosto
Quando oiço bater trindades
E a tarde já vai no fim
Eu peço às tuas saudades
Eu peço às tuas saudades
Um padre nosso por mim
Mas não sabes fazer preces
Mas não sabes fazer preces
Não tens saudades nem pranto
Por que é que tu me aborreces
Por que é que tu me aborreces
Por que é que eu te quero tanto
És para meu desespero
És para meu desespero
Como as nuvens que andam altas
Todos os dias te espero
Todos os dias te espero
Todos os dias me faltas
Passarinho trigueiro
Popular
Repertório de Sílvia Filipe
Passarinho trigueiro salta cá fora
Tenho o pé queimado, não posso lá ir agora
Hei-de ir, hei-de ir e não hei-de mandar
Não quero cá coisas armadas no ar
Armadas no ar, armadas no chão
Passarinho trigueiro salta cá p'rá minha mão
P'rá minha mão, aqui p'ró meu lado
Numa cadeirinha de pau encarnado
Passarinho trigueiro, onde vais pôr os ovos
No meio da vinha ao pé dos rapazes novos
Passarinho trigueiro, oliveiras, olivais
Ó ai ó linda, pintassilgos e trigais
Repertório de Sílvia Filipe
Passarinho trigueiro salta cá fora
Tenho o pé queimado, não posso lá ir agora
Hei-de ir, hei-de ir e não hei-de mandar
Não quero cá coisas armadas no ar
Armadas no ar, armadas no chão
Passarinho trigueiro salta cá p'rá minha mão
P'rá minha mão, aqui p'ró meu lado
Numa cadeirinha de pau encarnado
Passarinho trigueiro, onde vais pôr os ovos
No meio da vinha ao pé dos rapazes novos
Passarinho trigueiro, oliveiras, olivais
Ó ai ó linda, pintassilgos e trigais
Uma nova primavera
José Fernandes Castro / Casimiro Ramos *fado três bairros*
Repertório de Amélia Maria
Quando senti que batias
Na janela do meu peito
Com o desejo de entrar
Recordei noites vazias
Cheias dum amor perfeito
Que vai teimando em ficar
Mas porém, nada mudou
Porque meu peito cansado
Repertório de Amélia Maria
Quando senti que batias
Na janela do meu peito
Com o desejo de entrar
Recordei noites vazias
Cheias dum amor perfeito
Que vai teimando em ficar
Mas porém, nada mudou
Porque meu peito cansado
Já não te quis receber
Quando tua mão parou
O meu coração, coitado
Quando tua mão parou
O meu coração, coitado
Sentiu-se desfalecer
Depois, fiquei à espera
Duma nova primavera
Depois, fiquei à espera
Duma nova primavera
Que te fizesse voltar
Porque sem o teu carinho
Não há calor no meu ninho
Porque sem o teu carinho
Não há calor no meu ninho
E nem o sol quer brilhar
Na janela do meu peito
Mora um sonho já desfeito
Na janela do meu peito
Mora um sonho já desfeito
Pelo vulcão da saudade
És o meu amor ausente
E quero que brevemente
És o meu amor ausente
E quero que brevemente
Me tragas felicidade
Antigamente
Frederico de Brito / Júlio Proença *fado modesto*
Repertório de Lucília do Carmo
Antigamente, era coito a Mouraria
Daquela gente condenada a revelia
O fado ameno, canção das mais portuguesas
Era o veneno p’ra lhes matar as tristezas
A Mouraria
Mãe do fado doutras eras
Que foi ninho da Severa
Que foi bairro turbulento
Perdeu agora
Todo o aspecto de galdéria
Está mais limpa, está mais séria
Mais fadista cem por cento
Adeus tipóia com pilecas e guizeiras
Adeus rambóia e cafés de camareiras.
Nada mais resta da Moirama que deu brado
Do que a funesta lembrança desse passado
A Mouraria
Que perdeu em tempos idos
A nobreza dos sentidos
E o pudor de uma virtude
Salvou ainda
Toda a graça que ela tinha
Agarrada à capelinha
Da Senhora da Saúde
Da Senhora da Saúde
Vaga no azul amplo solta
Fernando Pessoa / Pablo Andion
Repertório de Ana Moura
Vaga no azul amplo solta
Vai uma nuvem errando
O meu passado não volta
Não é o que estou chorando
O que choro é diferente
Repertório de Ana Moura
Vaga no azul amplo solta
Vai uma nuvem errando
O meu passado não volta
Não é o que estou chorando
O que choro é diferente
Entra mais na alma da alma
Mas como no céu sem gente
Mas como no céu sem gente
A nuvem flutua calma
E isto lembra uma tristeza
E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece
Dou à saudade a riqueza
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece
Mas, em verdade, o que chora
Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora
Mais alto que a nuvem mora
Está para além da saudade
Não sei o que é nem consinto
Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem
Visto da dor com que minto
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem
Sua voz
Sílvia Filipe / Ricardo Cruz
Repertório de Sílvia Filipe
Meu canto primeiro
Repertório de Sílvia Filipe
Meu canto primeiro
Foi choro da minh'alma, desespero
De um quero e não quero
De um quero e não quero
Um grito e a calma
Deu-me a luz, esta estrela de vida
Seu manto de amor fez esquecer a dor
Deu-me a luz, esta estrela de vida
Seu manto de amor fez esquecer a dor
Bendita e sofrida
Sua voz ensinou-me a verdade
Suas mãos, ternura e bondade
Seu olhar a minh'alma embalou
Este amor que me ensinou
O Universo em unidade
Meu passo primeiro
Sua voz ensinou-me a verdade
Suas mãos, ternura e bondade
Seu olhar a minh'alma embalou
Este amor que me ensinou
O Universo em unidade
Meu passo primeiro
Na rua do destino, desespero
De um quero e não quero
De um quero e não quero
Seguir meu caminho
Me conduz esta estrela da vida
Mostrando-me o norte
Me conduz esta estrela da vida
Mostrando-me o norte
Trazendo-me a sorte
Não me sinto perdida
Nada sou por nada ter
José Fernandes Castro / Popular *fado mouraria*
Repertório de José Fernandes
Nada sou, por nada ter
Mas sei que tenho razão
Nada tenho por não ser
Aquilo que alguns são
Sou verdade nua e crua
Repertório de José Fernandes
Nada sou, por nada ter
Mas sei que tenho razão
Nada tenho por não ser
Aquilo que alguns são
Sou verdade nua e crua
Sou razão de pensamento
Sou barco que não flutua
Sou barco que não flutua
À força de qualquer vento
Sou solidão demarcada
Sou solidão demarcada
P’la injustiça da dor
Sou raiz abandonada
Sou raiz abandonada
Na terra fria do amor
Sou vida fora da lei
Sou vida fora da lei
Que não tem lei como guia
Sou bobo triste do rei
Sou bobo triste do rei
Num mundo de fantasia
Sou o que quero e não quero
Sou o que quero e não quero
Ser diferente, só por ser
Sou fé e na fé espero
Sou fé e na fé espero
Algo ser, sem nada ter
Raminho de paixão
José Fernandes Castro / Samuel Cabral
Repertório de José Fernandes Castro
Meu raminho de oliveira
Repertório de José Fernandes Castro
Meu raminho de oliveira
Estrela em forma de gente
Minha flor de laranjeira
Minha flor de laranjeira
Meu clarão incandescente;
És a minha vida inteira
Meu futuro, meu presente
Minha luz celestial
És a minha vida inteira
Meu futuro, meu presente
Minha luz celestial
Minha promessa cumprida
Poema tão natural
Poema tão natural
Como as coisas desta vida;
Meu pecado original
Minha paixão prometida
Meu guardião do futuro
Meu pecado original
Minha paixão prometida
Meu guardião do futuro
Neste futuro risonho
Meu porto mais que seguro
Meu porto mais que seguro
Meu amor p’ra lá do sonho;
És rima que não descuro
Nos versos que te componho
Meu luar mais que bendito
És rima que não descuro
Nos versos que te componho
Meu luar mais que bendito
Meu cravo purificado
Minha luz, meu infinito
Minha luz, meu infinito
Meu sorriso imaculado;
Minha esperança, meu grito
Minha certeza, meu fado
Minha esperança, meu grito
Minha certeza, meu fado
Um fado nasce
Letra e música de: Alberto Janes
Repertório de Amália
Um fado nasce e só conseguirá viver
Andar nas asas do vento
Se quem o canta tiver sofrido a valer
P'ra lhe emprestar sentimento
Não pode cantar-se a dor
Repertório de Amália
Um fado nasce e só conseguirá viver
Andar nas asas do vento
Se quem o canta tiver sofrido a valer
P'ra lhe emprestar sentimento
Não pode cantar-se a dor
Se a dor é desconhecida
E não pode dar calor
E não pode dar calor
Se o calor não for ideia sentida
Ninguém pode cantar rindo
Se estiver sentindo as penas da vida
Cantar o fado não tem segredo, pois não?
Todos o podem fazer
Quem é fadista põe o coração na mão
E canta o que ele disser!
Dá alma vem a expressão
Ninguém pode cantar rindo
Se estiver sentindo as penas da vida
Cantar o fado não tem segredo, pois não?
Todos o podem fazer
Quem é fadista põe o coração na mão
E canta o que ele disser!
Dá alma vem a expressão
Que na dor é reflectida
E então o coração
E então o coração
Faz a confissão toda de seguida
É como quando se chora
Logo se melhora as penas da vida
Um fado nasce e só conseguirá viver
Andar nas asas do vento
Se quem o canta tiver sofrido a valer
P'ra lhe emprestar sentimento
Cantar o fado não tem segredo, pois não?
Todos o podem fazer
Quem é fadista põe o coração na mão
E canta o que ele disser
É como quando se chora
Logo se melhora as penas da vida
Um fado nasce e só conseguirá viver
Andar nas asas do vento
Se quem o canta tiver sofrido a valer
P'ra lhe emprestar sentimento
Cantar o fado não tem segredo, pois não?
Todos o podem fazer
Quem é fadista põe o coração na mão
E canta o que ele disser
Sonhar e cantar
José Fernandes Castro / Armando Machado *bolero do machado*
Repertório de Soraia Maria
Canto poemas d’espanto
Repertório de Soraia Maria
Canto poemas d’espanto
De maneira diferente
E na força com que canto
E na força com que canto
Sinto a força de ser gente
Sinto a divinal verdade
Sinto a divinal verdade
Na minha voz peregrina
Cantando a felicidade
Cantando a felicidade
Do fado que me domina
Sonhar... é marcar o pensamento
Cantar... é gerar mais sentimento
Sonho com novas marés
Sonhar... é marcar o pensamento
Cantar... é gerar mais sentimento
Sonho com novas marés
No mar da vida marcada
E sonho ter a meus pés
E sonho ter a meus pés
A pureza tão sonhada
Quero sentir o sabor
Quero sentir o sabor
Que tem a felicidade
Quero descobrir a cor
Quero descobrir a cor
Do meu amor sem idade
Sonhar... é marcar o pensamento
Cantar... é gerar mais sentimento
Eu trago fado nas veias
Sonhar... é marcar o pensamento
Cantar... é gerar mais sentimento
Eu trago fado nas veias
Trago amor no coração
E até nas minhas ideias
E até nas minhas ideias
Trago montes d’ilusão
Guitarras do meu país
Ajudai-me a ser feliz
Guitarras do meu país
Ajudai-me a ser feliz
Quem me desata
Mafalda Arnauth / Jaime Santos *fado alfacinha*
Repertório de Mafalda Arnauth
Quem me desata o mistério
Que anda a rondar-me sem trégua
Já se tornou caso sério
Mas não é mais que uma névoa
Entendo a sua presença
Repertório de Mafalda Arnauth
Quem me desata o mistério
Que anda a rondar-me sem trégua
Já se tornou caso sério
Mas não é mais que uma névoa
Entendo a sua presença
Mais do que sinto a inconstância
É todo feito de ausência
É todo feito de ausência
E é mesmo assim abundância
Se alguém me pode entender
Se alguém me pode entender
Faça-me o favor maior
De me explicar que, sem ver
De me explicar que, sem ver
Eu sei amá-lo de cor
Talvez por isso eu prefira
Talvez por isso eu prefira
Deixar o nó por inteiro
Sei que não sendo mentira
Sei que não sendo mentira
Não pode ser verdadeiro
Quantos os nós desta vida
Quantos os nós desta vida
Que ficam por entender
Como este nó sem saída
Como este nó sem saída
De amar de cor, sem o ver
O teu bom dia
José Fernandes Castro / Armando Machado *fado súplica*
Repertório de Manuel Júlio
Bom dia meu amor, minha ternura
Bom dia minha musa inspiradora
Tens sabor a luar e a frescura
Tens brilho de manhã encantadora
Bom dia minha estrela do futuro
Que brilhas com maior intensidade
Tu és fonte real dum amor puro
E tens côr de maior felicidade
Bom dia minha nuvem mensageira
Que trazes o amor que sempre quis
Por ti eu passarei a vida inteira
Lutando só para te ver feliz
Por ti inventarei novas manhãs
E não rejeitarei a nostalgia
No prazer que na vida me darás
Serei eternamente o teu bom dia
Repertório de Manuel Júlio
Bom dia meu amor, minha ternura
Bom dia minha musa inspiradora
Tens sabor a luar e a frescura
Tens brilho de manhã encantadora
Bom dia minha estrela do futuro
Que brilhas com maior intensidade
Tu és fonte real dum amor puro
E tens côr de maior felicidade
Bom dia minha nuvem mensageira
Que trazes o amor que sempre quis
Por ti eu passarei a vida inteira
Lutando só para te ver feliz
Por ti inventarei novas manhãs
E não rejeitarei a nostalgia
No prazer que na vida me darás
Serei eternamente o teu bom dia
Tu e eu
Alberto Costa / António Pinto Basto
Repertório de António Pinto Basto
Eu passo muito tempo
Repertório de António Pinto Basto
Eu passo muito tempo
Horas inteiras
A supor que te falo e vejo
A supor que te falo e vejo
E sinto o teu mimoso ser
Imagino-te então
Imagino-te então
De mil maneiras
E na tela ideal, convulso
E na tela ideal, convulso
Pinto, o que não sei dizer
Falo contigo então
Falo contigo então
E duplamente
Minha’alma se divide
Minha’alma se divide
E dentro dela escutam-se dois eus
É que de tanto amar-te
É que de tanto amar-te
Ardentemente
Nem sei se tu és eu
Também a estrela
Nem sei se tu és eu
Também a estrela
Se confunde com os céus
Parece-me falar-te
Parece-me falar-te
E quando atento
Eu oiço a tua voz melodiosa
Eu oiço a tua voz melodiosa
Escuto a minha voz
Parece-me sentir-te
E quando intento beijar
Parece-me sentir-te
E quando intento beijar
A tua mão branca e mimosa
Encontro as minhas sós
Confundo-me contigo
Encontro as minhas sós
Confundo-me contigo
E caso estranho
Nem sei se vivo ou não
Nem sei se vivo ou não
Olha procura a minha alma aí
Talvez, quem sabe?
Talvez, quem sabe?
Deste amor tamanho
Resulte o tu ser eu
E por ventura o eu viver em ti
Resulte o tu ser eu
E por ventura o eu viver em ti
Grito de paz e amor
José Fernandes Castro / Martinho d’Assunção
Repertório de Fernando João
Eu hoje quero a lua em forma de mulher
Vou deitar-me na terra e olhar o infinito
Por sobre a noite nua, eu quero ver nascer
O sol que vai brilhar no seu tom mais bonito
Eu hoje quero o dia mais longo e mais feliz
Quero a hora mais curta das horas de sofrer
Eu quero a maresia dum horizonte novo
Quero a alma dum povo contente por viver
Eu quero um amanhã cheio de poesia
Eu quero um paraíso onde não haja guerra
Quero dormir sonhando com hinos d’alegria
Quero amor reinando por sob o mar e a terra
Eu quero primaveras nos dias do futuro
Quero romper fronteiras e acabar c’oa dor
Quero milhões d’estrelas no firmamento escuro
Quero aos deuses gritar, a paz e o amor
Repertório de Fernando João
Eu hoje quero a lua em forma de mulher
Vou deitar-me na terra e olhar o infinito
Por sobre a noite nua, eu quero ver nascer
O sol que vai brilhar no seu tom mais bonito
Eu hoje quero o dia mais longo e mais feliz
Quero a hora mais curta das horas de sofrer
Eu quero a maresia dum horizonte novo
Quero a alma dum povo contente por viver
Eu quero um amanhã cheio de poesia
Eu quero um paraíso onde não haja guerra
Quero dormir sonhando com hinos d’alegria
Quero amor reinando por sob o mar e a terra
Eu quero primaveras nos dias do futuro
Quero romper fronteiras e acabar c’oa dor
Quero milhões d’estrelas no firmamento escuro
Quero aos deuses gritar, a paz e o amor
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