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Criação do actor Álvaro Pereira na revista Coração Português.
De mais consumo e barato / Na vida dum cidadão
E ninguém se envergonhava
Toda a gente que passava / Entrava nessas vielas
A gente sentia-se bem
Sendo simples era um vintém / Trinta réis se eram com elas
Se ao longe vinha um parceiro
E o cheirinho lhes sentia
Até mesmo apetecia
Comê-las só p'lo cheiro
E a sua fama foi tal;
O povo então era vê-lo:
Travessa do Cotovelo
E Rua do Arsenal
Hoje tudo isso mudou
Os cocheiros são chauferes
Vigaristas, soutneres / E os casqueiros, papo-secos
Comessem um prato d'iscas / Daquelas bem temperadas
Morriam de indigestão
Das hortas e carrascão
Eram as iscas o prato / De mais consumo e barato
Na vida dum cidadão.
E ninguém se envergonhava
Toda a gente que passava / Entrava nessas vielas.
Sentia-se a gente bem
Sendo simples, um vintém / Trinta réis se eram com elas!
Se ao longe vinha um parceiro
E o cheirinho lhes sentia
Até mesmo apetecia
Comê-las só pelo cheiro
A sua fama foi tal
Que o povo, então, era vê-lo
Travessa do Cotovelo
E Rua do Arsenal
Hoje tudo isso passou
A taberninha acabou / Desapareceram os becos,
Os cocheiros são “chauffeurs”
Vigaristas, “souteneurs” / E o “casqueiro”, “papo-secos”
Se os “meninos-odaliscas”
Comessem um prato de iscas / Daquelas bem temperadas
Morriam de indigestão
Com a marcha do progresso
Almoça-se no Japão
Eu estou a ver os vizinhos / Do “Manel dos Passarinhos”
Aparvalhados, imóveis
Ao ver os mortos, coitados
Ao passarem despachados / Em “carretas-automóveis”
Há ainda um Fadinho das Iscas, de Ary dos Santos e Martinho d’Assunção
A letra aqui apresentada foi gravada pelo seu criador, Álvaro Pereira e também
Em ambos os casos, foi omissa a última estrofe, por motivos desconhecidos
Para as gerações mais novas, haverá a explicar que «com elas» significava com