-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os criadores dos temas aqui apresentados.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tenho vindo a publicar letras (de autores que já partiram) sem indicação de intérpretes ou compositores na esperança de obter informações detalhadas sobre os temas.
<> 7.670 LETRAS <> 3.654.000 VISITAS <> DEZEMBRO 2024 <>
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

.

A casa da Mariquinhas

Silva Tavares / Popular *fado mouraria* 
Repertório de Alfredo Marceneiro 

É numa rua bizarra 
A casa da Mariquinhas 
Tem na sala uma guitarra 
Janelas com tabuinhas 

Vive com muitas amigas 
Aquela de quem vos falo 
E não há maior regalo 
Que vida de raparigas; 
É doida pelas cantigas 
Como no campo a cigarra 
Se canta o fado à guitarra 
De comovida até chora 
A casa alegre onde mora 
É numa rua bizarra 

Para se tornar notada 
Usa coisas esquisitas 
Muitas rendas, muitas fitas 
Lenços de cor variada; 
Pretendida, desejada 
Altiva como as rainhas 
Ri das muitas, coitadinhas 
Que a censuram rudemente 
Por verem cheia de gente 
A casa da Mariquinhas 

É de aparência singela 
Mas muito mal mobilada 
No fundo não vale nada 
O tudo da casa dela; 
No vão de cada janela 
Sobre coluna, uma jarra 
Colchas de chita com barra 
Quadros de gosto magano 
Em vez de ter um piano 
Tem na sala uma guitarra 

P'ra guardar o parco espólio 
Um cofre forte comprou 
E como o gaz acabou 
Ilumina-se a petróleo; 
Limpa as mobílias com óleo 
De amêndoa doce, e mesquinhas 
Passam defronte as vizinhas 
P'ra ver o que lá se passa 
Mas ela tem por pirraça 
Janelas com tabuínhas

Informação retirada do Livro do poeta.
Edição Academia da Guitarra e do Fado
Embora a quadra de mote e as décimas tenham sido publicadas em livro em 1924 
e em 1927, respectivamente, tudo indica que A Casa da Mariquinhas foi escrita por 
Silva Tavares cerca de 1913, para o repertório de Alfredo Rodrigo Duarte, vulgarmente 
conhecido, no meio do Fado, como Alfredo Marceneiro (25.02.1891 - 26.06.1982). 
Isto porque, para a festa “A Madrugada do Fado”, de consagração e (suposta) 
despedida de Alfredo Marceneiro, que teve lugar no Teatro São Luís, em Lisboa
no dia 25 de Maio de 1963, Silva Tavares escreveu uma efeméride 
d’A Casa da Mariquinhas, intitulada