Versão do repertório de Rodrigo
Criação de Maria Vitória na revista *O 31* Teatro Avenida em 1913
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro: Poetas Populares do Fado-Canção
É pró fado nacional
Pró pagode e pró banzé
Como este não há nenhum
Tudo bate em Portugal
Tudo bate em Portugal
Ólari ló pistaré
O fado do 31
À porta da Brasileira
À porta da Brasileira
Dois tipos encontram dois
Juntam-se os quatro e depois
Juntam-se os quatro e depois
Lá começa a cavaqueira
Agrava-se a chinfrineira
Vai aumentando o zum-zum
Agrava-se a chinfrineira
Vai aumentando o zum-zum
Vem bomba, arrebenta, pum
Depois, agora vereis
Depois, agora vereis
24, 26, 29 e 31
Ó larilólela...
Como este não há nenhum
Tudo bate em Portugal o fado do 31
Ó larilólela...
Como este não há nenhum
Tudo bate em Portugal o fado do 31
Um homem que quer sarilhos
Por um motivo qualquer
Discute com a mulher
Discute com a mulher
E dá porrada nos filhos
A sogra nos mesmos trilhos
P'ra não ficar em jejum
A sogra nos mesmos trilhos
P'ra não ficar em jejum
Leva depois um fartum
Desata tudo ao biscoito
Desata tudo ao biscoito
24, 28, 29 e 31
Ó larilólela...
Como este não há nenhum
Tudo bate em Portugal o fado do 31
Como este não há nenhum
Tudo bate em Portugal o fado do 31
Já de de manhã, bem tachados
Bebem vinho da botija
Viram dois copos da rija
Viram dois copos da rija
De quatro em dois separados
E assim bem engraxados
P´ra não ficar em jejum
E assim bem engraxados
P´ra não ficar em jejum
Viram dois copos de rum
Vem Carcavelos e Porto
E depois está tudo torto
E rebenta o 31
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Versão original
É um fado nacional
Pró pagode e pró banzé
Como outro não há nenhum
Tudo bate em Portugal
Tudo bate em Portugal
Olarila pistaré
O fado do 31
À porta da Brasileira
À porta da Brasileira
Dois tipos encontram dois
Ficam os quatro e depois
Ficam os quatro e depois
Lá começa a chinfrineira
Azeda-se a cavaqueira
Vai aumentando o zum-zum
Azeda-se a cavaqueira
Vai aumentando o zum-zum
Vem bomba, rebenta, pum
E agora aqui o vereis
E agora aqui o vereis
24... 26...29... e 31
Ó larilólela...
Como este não há nenhum
Tudo bate em Portugal o fado do 31
Ó larilólela...
Como este não há nenhum
Tudo bate em Portugal o fado do 31
Um homem que quer sarilhos
Por um motivo qualquer
Discute com a mulher
Discute com a mulher
E dá porrada nos filhos
A sogra nos mesmos trilhos
P'ra não ficar em jejum
A sogra nos mesmos trilhos
P'ra não ficar em jejum
Leva depois um fartum
Desata tudo ao biscoito
Desata tudo ao biscoito
24... 28... 29... e 31
Ó larilólela...
Como este não há nenhum
Tudo bate em Portugal o fado do 31
Como este não há nenhum
Tudo bate em Portugal o fado do 31
Mal amanhece, os tachados
Bebem vinho da botija
Mais um copinho da rija
Mais um copinho da rija
De quatro em dois separados
Depois, assim engraxados
P´ra não ficar em jejum
Depois, assim engraxados
P´ra não ficar em jejum
Bebem dois copos de rum
Vai Carcavelos e Porto
E no fim está tudo torto
E rebenta o 31
antiguidade da peça.
Maria Vitória, ícone primordial, quase se confundindo com a Severa
(há um fado tradicional construído à volta desse paralelismo* além do mais
porque a Severa morreu com 26 anos de idade e Maria Vitória com 27), tem
um teatro de Lisboa e uma música de Fado com o seu nome, mas não uma
rua na cidade onde foi famosa, nem sequer no Bairro dos Atores, entre os
quais luziu, na dupla função de representar e cantar.
A letra faz uma jocosa evocação da gorada intentona republicana de 31 de
Janeiro de 1891, no Porto, onde a república chegou a ser proclamada, no
entusiasmo de já o ter sido no Brasil, em 1889, e da reação ao Ultimato
inglês de 1890.
Em Lisboa e no resto do País, ainda teria de esperar 9 anos para se ver
implantada mas ao sê-lo, em 1910, havia ecos ainda muito frescos
na memória do público com a distância de três anos a permitir, já, que se
brincasse com o assunto apesar dos 12 mortos e 40 feridos que «o 31»
tinha custado.
Ainda nos nossos dias, um «31» é sinónimo de complicação difícil de resolver.