Canal de JOSÉ FERNANDES CASTRO apadrinhado pelo mestre RODRIGO

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AS LETRAS PUBLICADAS REFEREM A FONTE DE EXTRAÇÃO, OU SEJA: NEM SEMPRE SÃO MENCIONADOS OS LEGÍTIMOS CRIADORES
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ATINGIDO ESTE VALOR // QUE ME FAZ SENTIR HONRADO // CONTINUO, COM AMOR // A SER SERVIDOR DO FADO - - -
POIS MESMO DESAGRADANDO // A TROIANOS MALDIZENTES // OS GREGOS VÃO APOIANDO // E VÃO FICANDO CONTENTES
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Fado do 31

João Alves Coelho / José Maria Pereira Coelho
Versão do repertório de Rodrigo 
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Criação de Maria Vitória na revista *O 31* Teatro Avenida em 1913
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro: Poetas Populares do Fado-Canção
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É pró fado nacional 
Pró pagode e pró banzé
Como este não há nenhum
Tudo bate em Portugal 
Ólari ló pistaré
O fado do 31

À porta da Brasileira
Dois tipos encontram dois
Juntam-se os quatro e depois
Lá começa a cavaqueira
Agrava-se a chinfrineira
Vai aumentando o zum-zum
Vem bomba, arrebenta, pum
Depois, agora vereis
24, 26, 29 e 31 

Ó larilólela...
Como este não há nenhum
Tudo bate em Portugal o fado do 31 

Um homem que quer sarilhos
Por um motivo qualquer
Discute com a mulher
E dá porrada nos filhos
A sogra nos mesmos trilhos
P' ra não ficar em jejum
Leva depois um fartum
Desata tudo ao biscoito
24, 28, 29 e 31

Ó larilólela...
Como este não há nenhum
Tudo bate em Portugal o fado do 31 

Já de de manhã, bem tachados
Bebem vinho da botija
Viram dois copos da rija
De quatro em dois separados
E assim bem engraxados
P´ra não ficar em jejum
Viram dois copos de rum
Vem Carcavelos e Porto
E depois está tudo torto
E rebenta o 31
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Versão original

É um fado nacional / Pró pagode e pró banzé
Como outro não há nenhum
Tudo bate em Portugal / 
Ólarila pistaré
O fado do 31

À porta da Brasileira / Dois tipos encontram dois
Ficam os quatro e depois / Lá começa a chinfrineira
Azeda-se a cavaqueira
Vai aumentando o zum-zum / Vem bomba, rebenta, pum
E agora aqui o vereis / 24... 26...29... e 31 


Ó larilólela...
Como este não há nenhum
Tudo bate em Portugal o fado do 31 

Um homem que quer sarilhos / Por um motivo qualquer
Discute com a mulher / E dá porrada nos filhos
A sogra nos mesmos trilhos
P' ra não ficar em jejum / Leva depois um fartum
Desata tudo ao biscoito / 24... 28... 29... e 31

Ó larilólela...
Como este não há nenhum
Tudo bate em Portugal o fado do 31

Mal amanhece, os tachados / Bebem vinho da botija
Mais um copinho da rija... De quatro em dois separados
Depois, assim engraxados
P´ra não ficar em jejum / Bebem dois copos de rum
Vai Carcavelos e Porto
E no fim está tudo torto / E rebenta o 31
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O nome da criadora deste êxito, ainda hoje ouvido, atesta bem a 
antiguidade da peça. 
Maria Vitória, ícone primordial, quase se confundindo com a Severa 
(há um fado tradicional construído à volta desse paralelismo* além do mais
porque a Severa morreu com 26 anos de idade e Maria Vitória com 27), tem 
um teatro de Lisboa e uma música de Fado com o seu nome, mas não uma
rua na cidade onde foi famosa, nem sequer no Bairro dos Actores, entre os 
quais luziu, na dupla função de representar e cantar.

A letra faz uma jocosa evocação da gorada intentona republicana de 31 de 
Janeiro de 1891, no Porto, onde a república chegou a ser proclamada, no 
entusiasmo de já o ter sido no Brasil, em 1889, e da reacção ao Ultimato 
inglês de 1890. 
Em Lisboa e no resto do País, ainda teria de esperar 9 anos para se ver 
implantadamas ao sê-lo, em 1910, havia ecos ainda muito frescos 
na memória do público com a distância de três anos a permitir, já, que se 
brincasse com o assunto apesar dos 12 mortos e 40 feridos que «o 31»
tinha custado. 
Ainda nos nossos dias, um «31» é sinónimo de complicação difícil de resolver.