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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os criadores dos temas aqui apresentados.
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Tenho vindo a publicar letras (de autores que já partiram) sem indicação de intérpretes ou compositores na esperança de obter informações detalhadas sobre os temas.
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* FESTAS FELIZES *

Fado do trabalho

Letra de Silva Tavares, António Carneiro e José Romano
Música de Alves Coelho e Raul Portela
Repertório de Alfredo Henriques
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*

Ao fogacho da fornalha 
Donde sai o ferro quente 
Que se amolda a fantasia
O ideal de quem trabalha
É ganhar honradamente 
O seu pão de cada dia

E esse pão ganho a suar 
Para o pobre é um tesoiro
Melhor que o melhor manjar 
Servido em baixela d'oiro

Torna que torna bem compassado
Sobre a bigorna do som do malho
Ai reproduz o nosso fado bem fadado
Porque não há fado melhor que o do trabalho

Os que passam toda a vida
Trabalhando tendo em vistas 
A firmeza dos seus braços
Com a sua fronte erguida
São os grandes idealistas 
Deste mundo de madraços

E ao compasso dos martelos 
Ou das serras a serrar
O seu sonho é sempre belo 
Porque é belo trabalhar

Eis o elogio do trabalho como mais alto ideal (por oposição expressa à preguiça), 
bem ao estilo do Estado Novo, segundo o qual o operário deveria manter-se 
disciplinado, satisfeito com o seu destino e com o seu salário, numa perspetiva 
de pobreza evangélica e de renúncia aos atributos das classes ricas: o trabalho
«Melhor que o melhor manjar / Servido em baixela de oiro». 
Tanto mais de estranhar quanto Silva Tavares era alentejano, nascido 
em Estremoz, terra de endémica contestação proletária, mas este extraordinário 
poeta e autor teatral terminou a carreira como funcionário público
desempenhando funções de chefia na Emissora Nacional
a estação radiofónica do Estado.