Repertório de Gabino Ferreira
Por ter no peito uma chaga
E na alma a cicatriz
Dum amor desventurado
Venho rogar-te esta praga
Deus te faça tão feliz
Quanto eu sou de desgraçado
Que tu no mundo, mulher
Já que foste a minha cruz
Após seres o meu desvelo
Sejas mulher sem o ser
Sejas casta como a luz
Sejas mulher sem o ser
Sejas casta como a luz
Sejas fria como o gelo
Que nunca o teu corpo aqueça
Na loucura dum desejo
Que nunca o teu corpo aqueça
Na loucura dum desejo
De apaixonado fervor
Nunca tu’alma estremeça
Ao sabor quente dum beijo
Nunca tu’alma estremeça
Ao sabor quente dum beijo
Dum quente beijo d’amor
E se desta praga ris
Que ela ande sempre contigo
E se desta praga ris
Que ela ande sempre contigo
A queimar-te como fogo
Que sejas muito feliz
Mas sempre como castigo
Que sejas muito feliz
Mas sempre como castigo
Desta praga que te rogo