Repertório de Carlos do Carmo
É da terra sangrenta, terra braço
Terra encharcada em raiva e em suor
Que o homem pouco a pouco
Passo a passo
Tira a matéria viva do amor
Devagar, a seara ondula as ancas
Como fêmea abrasada de desejo
E aberta ao vento e ao sol
Tira a matéria viva do amor
Devagar, a seara ondula as ancas
Como fêmea abrasada de desejo
E aberta ao vento e ao sol
Concebe as plantas
Mulher e mãe na fúria dum só beijo
Prendo os meus lábios á sede
Mulher e mãe na fúria dum só beijo
Prendo os meus lábios á sede
Mordido por um fio de água
O Alentejo não cede
O Alentejo não cede
Mesmo com olhos de mágoa
Olhos celeiros do trigo
Olhos celeiros do trigo
Semente no coração
Meu trigal de pão amigo
Meu trigal de pão amigo
Adubado no meu chão;
Além-Tejo, além-coragem
Além-Tejo, além-coragem
Com as paredes de cal
És a alma da paisagem
És a alma da paisagem
Brancura de Portugal
Depois de prenha, a terra fica tão linda
Crescem cabelos loiros como o fogo
Laços vermelhos na planície infinda
Papoilas vivas que se acendem logo
Pois quando a terra, flor de quem lhe quer
Não há mais dor no parto dos trigais
Será terra feliz, terra mulher
Com filhos de quem todos somos pais
Depois de prenha, a terra fica tão linda
Crescem cabelos loiros como o fogo
Laços vermelhos na planície infinda
Papoilas vivas que se acendem logo
Pois quando a terra, flor de quem lhe quer
Não há mais dor no parto dos trigais
Será terra feliz, terra mulher
Com filhos de quem todos somos pais