António de Bragança / Francisco Viana
Repertório de Teresa Tarouca
Um malmequer desfolhei
Nunca tal tivesse feito
Não sabia o que já sei
Tinha-te ainda no peito
P’ra saber s’inda era meu
O homem que eu tanto amei
Com os olhas fitos no céu
Um malmequer desfolhei
E da flor fui arrancando
Esperanças que fora deito
E agora eu estou chorando
Nunca tal tivesse feito
Julgando ter-te na vida
E seres p’ra mim minha lei
Passava o tempo iludida
Não sabia o que já sei
Sonhava meu coração
E agora sonho desfeito
Vivendo da ilusão
Tinha-te ainda no peito
Espero a vida a cantar
*Espero a morte a cantar*
Francisco Pessoa / Joaquim Campos *fado amora*Repertório de Teresa Tarouca
Nesse teu olhar magoado
Vejo a cor dos olhos meus
Tem a dor um tom pisado
Que é o tom dos olhos teus
Sofro a dor por te querer
Esquecendo que te perdi
Mas um dia quis te ver
E louca d’amor fugi
Nos meus olhos vive ainda
Saudades do olhar teu
No meu peito vive infinda
Essa dor que em ti viveu
Hoje canto de amargura
Já cansada de te amar
E vencida p’la tortura
Eu espero a morte a cantar
Pergunta
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Se não fazes fé em mim
Se te atormentam descrenças
Faz perguntas porque assim
Pode ser que te convenças
Pergunta ao meu pensamento
Se alguma vez te esqueci
Dirá que nem um momento
Deixei de pensar em ti
Pergunta aos meus olhos s’eles
Olharam p’ra mais alguém
Eu sei que a resposta deles
É com certeza: ninguém
Pergunta ao meu coração
Se pulsou com liberdade
Há-de responder que não
Pois só bateu de saudade
Só à minha voz não vale
Fazer perguntas, que eu sei
Que dirá sempre que fale
Gostei, gosto e gostarei
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Se não fazes fé em mim
Se te atormentam descrenças
Faz perguntas porque assim
Pode ser que te convenças
Pergunta ao meu pensamento
Se alguma vez te esqueci
Dirá que nem um momento
Deixei de pensar em ti
Pergunta aos meus olhos s’eles
Olharam p’ra mais alguém
Eu sei que a resposta deles
É com certeza: ninguém
Pergunta ao meu coração
Se pulsou com liberdade
Há-de responder que não
Pois só bateu de saudade
Só à minha voz não vale
Fazer perguntas, que eu sei
Que dirá sempre que fale
Gostei, gosto e gostarei
Tarde p’ra voltar
Ricardo Maria Louro / José António Sabrosa
Repertório de Mónica Jesus
Era tarde, eu não sabia
Se tornarias a chegar
Pois há muito que não via
O teu corpo a passar
Era tarde, eu já sentia
Que tudo iria terminar
De nós dois tudo perdia
Era tarde p’ra voltar
Era tarde p’ra falar
Minha voz, silêncio é pranto
Doravante p’ra te amar
Só nos versos que não canto
Só ficou a ilusão
Que foste um dia ao chegar
Deixa em paz meu coração
Porque é tarde p’ra voltar
E em cada madrugada
Já não dói o teu desdém
Se eu p'ra ti não fui nada
Tu p’ra mim não és ninguém
Repertório de Mónica Jesus
Era tarde, eu não sabia
Se tornarias a chegar
Pois há muito que não via
O teu corpo a passar
Era tarde, eu já sentia
Que tudo iria terminar
De nós dois tudo perdia
Era tarde p’ra voltar
Era tarde p’ra falar
Minha voz, silêncio é pranto
Doravante p’ra te amar
Só nos versos que não canto
Só ficou a ilusão
Que foste um dia ao chegar
Deixa em paz meu coração
Porque é tarde p’ra voltar
E em cada madrugada
Já não dói o teu desdém
Se eu p'ra ti não fui nada
Tu p’ra mim não és ninguém
Lisboa e o fado
Mário Rainho / Fontes Rocha
Repertório de Tânia Oleiro
Dizem que Lisboa agora
Vive em estado de pecado
Pois a cidade namora
Com um velho chamado fado
Dou a quem fala um conselho
Deixem-na andar à toa
Com aquele a quem chamam velho
E é mais novo que Lisboa
Namorou sem leis
Esta Lisboa velhinha
Com Duques, Condes e Reis
Na muralha Fernandina;
Mas p’ró que lhe deu
Cair d'amores e agrado
Na cantiga dum plebeu
Um tipo chamado Fado
Idades, o amor não escolhe
É assim que diz o povo
Lisboa, os ombros, encolhe
Por ter um homem mais novo
E desde que o conheceu
Vai com ele p’ra todo lado
Foi amor que aconteceu
Entre Lisboa e o Fado
Repertório de Tânia Oleiro
Dizem que Lisboa agora
Vive em estado de pecado
Pois a cidade namora
Com um velho chamado fado
Dou a quem fala um conselho
Deixem-na andar à toa
Com aquele a quem chamam velho
E é mais novo que Lisboa
Namorou sem leis
Esta Lisboa velhinha
Com Duques, Condes e Reis
Na muralha Fernandina;
Mas p’ró que lhe deu
Cair d'amores e agrado
Na cantiga dum plebeu
Um tipo chamado Fado
Idades, o amor não escolhe
É assim que diz o povo
Lisboa, os ombros, encolhe
Por ter um homem mais novo
E desde que o conheceu
Vai com ele p’ra todo lado
Foi amor que aconteceu
Entre Lisboa e o Fado
Canto p’ra não sofrer
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Meu amor tu não me digas
Que consegues decifrar
O reverso das cantigas
Que eu canto p’ra não chorar
Cada rima é um anseio
Cada verso uma agonia
Ó meu amor eu não creio
Que entendas tal poesia
Fecho os meus olhos e faço
Por ver um pouco de mim
Canto os meus fados e passo
A sofrer menos assim
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Meu amor tu não me digas
Que consegues decifrar
O reverso das cantigas
Que eu canto p’ra não chorar
Cada rima é um anseio
Cada verso uma agonia
Ó meu amor eu não creio
Que entendas tal poesia
Fecho os meus olhos e faço
Por ver um pouco de mim
Canto os meus fados e passo
A sofrer menos assim
Porta fechada
Letra e música de Amadeu Diniz da Fonseca
Repertório de Maria João Quadros
Quando uma porta se fecha
E deixa, sozinho
Um grande amor já vivido
Perdido, pelo caminho
Tudo ao redor desmorona
Tudo parece ruir
Quanta lágrima sentida
Acaba por cair
Ó meu amor
Nunca te esqueças de mim
O meu coração esmorece
Padece, longe de ti
Quando uma porta se fecha
E deixa um lamento
É tão grande o sofrimento
Que não cala a amargura
Mas se o tempo retoma
De novo, a hora perdida
Parece então que floresce
Amanhece de novo a vida
Repertório de Maria João Quadros
Quando uma porta se fecha
E deixa, sozinho
Um grande amor já vivido
Perdido, pelo caminho
Tudo ao redor desmorona
Tudo parece ruir
Quanta lágrima sentida
Acaba por cair
Ó meu amor
Nunca te esqueças de mim
O meu coração esmorece
Padece, longe de ti
Quando uma porta se fecha
E deixa um lamento
É tão grande o sofrimento
Que não cala a amargura
Mas se o tempo retoma
De novo, a hora perdida
Parece então que floresce
Amanhece de novo a vida
Noite sem fim
Jorge Rosa / Fontes Rocha *fado isabel*
Repertório de António Mourão
Eras minha e por seres minha
Quanto feliz era eu
Queria tudo e tudo tinha
O mundo inteiro era meu
Mas no dia em que mudaste
A minha vida mudou
O bem em mal transformaste
Agora já nada sou
Sou menos que grão de areia
Perdido num areal
Folha que o vento volteia
Em dia de vendaval
Eu sou a noite sem fim
Que não espera a madrugada
O que fizeste de mim
Que era tudo e não sou nada
Eras minha e por seres minha
Quanto feliz era eu
Queria tudo e tudo tinha
O mundo inteiro era meu
Mas no dia em que mudaste
A minha vida mudou
O bem em mal transformaste
Agora já nada sou
Sou menos que grão de areia
Perdido num areal
Folha que o vento volteia
Em dia de vendaval
Eu sou a noite sem fim
Que não espera a madrugada
O que fizeste de mim
Que era tudo e não sou nada
Sou feliz
José Neto / Frederico de Brito *fado britinho*
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Meu amor, olha pró mar
Para veres a cor dos olhos
Que ao nasceres, Deus te deu
Olha bem longe e verás
Como ao longe se confundem
As cores do mar e do céu
Ó meu pobre coração
Onde tudo é escuridão
Só tem brilho um olhar teu
Gostava de ser ceguinha
Guiada na vida minha
P’los olhos que Deus te deu
Fui numa prece ao Senhor
A minha vida depor
Aos pés da sagrada cruz
Dava a minha vida a Deus
Se me desses os olhos teus
Que à minha vida dão luz
Deus ouviu minha oração
Tão feita de devoção
Tão magoada e sentida
Deu-me a luz dos olhos teus
Sou feliz graças e Deus
Tenho luz na minha vida
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Meu amor, olha pró mar
Para veres a cor dos olhos
Que ao nasceres, Deus te deu
Olha bem longe e verás
Como ao longe se confundem
As cores do mar e do céu
Ó meu pobre coração
Onde tudo é escuridão
Só tem brilho um olhar teu
Gostava de ser ceguinha
Guiada na vida minha
P’los olhos que Deus te deu
Fui numa prece ao Senhor
A minha vida depor
Aos pés da sagrada cruz
Dava a minha vida a Deus
Se me desses os olhos teus
Que à minha vida dão luz
Deus ouviu minha oração
Tão feita de devoção
Tão magoada e sentida
Deu-me a luz dos olhos teus
Sou feliz graças e Deus
Tenho luz na minha vida
Espero
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Espero horas, podes crer
Só para te ver passar
Só para poder cruzar
O meu olhar com o teu
A ventura de te ver
É já ventura bastante
Quer seja perto ou distante
Se te vejo, vejo o céu
Parece, quando tu passas
Que nasce o sol só p’ra mim
E à minha volta há um jardim
Em florida Primavera
E louvo a Deus e dou graças
P’lo momento de te ver
Que pronto me faz esquecer
As longas horas de espera
Não calculas o tormento
Com que a minha alma está
Naquele virá?, não virá?
Que antecede a tua vinda
Tenho a impressão que um momento
É quase uma eternidade
Que uma hora de ansiedade
É tormento que não finda
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Espero horas, podes crer
Só para te ver passar
Só para poder cruzar
O meu olhar com o teu
A ventura de te ver
É já ventura bastante
Quer seja perto ou distante
Se te vejo, vejo o céu
Parece, quando tu passas
Que nasce o sol só p’ra mim
E à minha volta há um jardim
Em florida Primavera
E louvo a Deus e dou graças
P’lo momento de te ver
Que pronto me faz esquecer
As longas horas de espera
Não calculas o tormento
Com que a minha alma está
Naquele virá?, não virá?
Que antecede a tua vinda
Tenho a impressão que um momento
É quase uma eternidade
Que uma hora de ansiedade
É tormento que não finda
Armazéns do matrimónio
Linhares Barbosa / Fernando Freitas
Repertório de Quinita Gomes
Pedem-se amostras p’ra ver
Quando se compra um vestido
O mesmo devia ser
P’ra se arranjar um marido
Calculem que pesadelo
Entrarmos no armazém
Escolhermos o modelo
Do homem que nos convém
A empregada exibia
As últimas novidades
Depois a gente escolhia
Conforme as necessidades
Eram altos e pequenos
Gordos e magros aos molhos
Uns loiros outros morenos
Olhando e piscando os olhos
Nas grandes liquidações
Na abundância de sortido
Por dez ou quinze tostões
Tirava-se um bom marido
Comprar homens a retalho
Era um negócio dos raros
Mas eles dão tal trabalho
Que até de graça são caros
Repertório de Quinita Gomes
Pedem-se amostras p’ra ver
Quando se compra um vestido
O mesmo devia ser
P’ra se arranjar um marido
Calculem que pesadelo
Entrarmos no armazém
Escolhermos o modelo
Do homem que nos convém
A empregada exibia
As últimas novidades
Depois a gente escolhia
Conforme as necessidades
Eram altos e pequenos
Gordos e magros aos molhos
Uns loiros outros morenos
Olhando e piscando os olhos
Nas grandes liquidações
Na abundância de sortido
Por dez ou quinze tostões
Tirava-se um bom marido
Comprar homens a retalho
Era um negócio dos raros
Mas eles dão tal trabalho
Que até de graça são caros
Dona do fado
Frederico de Brito / Ferrer Trindade
Repertório de Artur Garcia
Sempre que canto este fado sinto alegria
De recordar o passado da Mouraria
Lembrar aquelas velhinhas vielas
De tanta saudade
Que deviam ser, portanto
A graça, o encanto de toda a cidade
Velha Lisboa, dona do fado
Sabe cantigas daquelas antigas
Que fazem chorar
Duma canoa que o Tejo irado
Doido a levasse e p'ra sempre ficasse
Perdida no mar
Esta Lisboa garrida é mais Lisboa
Numa janela florida da Madragoa
No Bairro Alto do negro basalto
Mas cheio de fama
Ou naquele aspeto belo Que tem o Castelo
Vizinho de Alfama
Repertório de Artur Garcia
Sempre que canto este fado sinto alegria
De recordar o passado da Mouraria
Lembrar aquelas velhinhas vielas
De tanta saudade
Que deviam ser, portanto
A graça, o encanto de toda a cidade
Velha Lisboa, dona do fado
Sabe cantigas daquelas antigas
Que fazem chorar
Duma canoa que o Tejo irado
Doido a levasse e p'ra sempre ficasse
Perdida no mar
Esta Lisboa garrida é mais Lisboa
Numa janela florida da Madragoa
No Bairro Alto do negro basalto
Mas cheio de fama
Ou naquele aspeto belo Que tem o Castelo
Vizinho de Alfama
Rapsódia
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Sem amor não passo bem
Sem fado passo pior
Procuro o que me convém
Troco por fado o amor
Anda o ciúme metido
Entre o fado e a paixão
E quando canto é sabido
Tenho zanga, há discussão
Mas não merece censura
Peito que o ciúme aquece
Quando o amor é de loucura
É que o ciúme acontece
Zanguei-me, pronto, acabou-se
Andei triste, é de supor
Mas fosse lá p’lo que fosse
À noite cantei melhor
Mas sabe bem, apetece
A razão desse azedume
Só quando o amor acontece
Acontece haver ciúme
E se termino zangado
Às vezes com o meu amor
Ponho-me a cantar o fado
Zangado, canto melhor
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Sem amor não passo bem
Sem fado passo pior
Procuro o que me convém
Troco por fado o amor
Anda o ciúme metido
Entre o fado e a paixão
E quando canto é sabido
Tenho zanga, há discussão
Mas não merece censura
Peito que o ciúme aquece
Quando o amor é de loucura
É que o ciúme acontece
Zanguei-me, pronto, acabou-se
Andei triste, é de supor
Mas fosse lá p’lo que fosse
À noite cantei melhor
Mas sabe bem, apetece
A razão desse azedume
Só quando o amor acontece
Acontece haver ciúme
E se termino zangado
Às vezes com o meu amor
Ponho-me a cantar o fado
Zangado, canto melhor
Zeca
Letra e música de Janita Salomé
Repertório de Filipa Pais
Quero falar-te, e o coração de comovido
Perde as palavras que juntara para ti
Cantar-te sei e apenas isso faz sentido
Menino de oiro, vem sentar-te aqui
Por todo o ano é tempo de cantar janeiras
Mulher da erva, ainda agora a vi passar
Por mar profundo, terra e todas as fronteiras
Venham mais cinco mil para te saudar
Pode o sol morrer de velho
Pode o gelo arder também
Mas a voz que de ti nasce
Já não morre com ninguém
No céu cinzento, o astro mudo ainda revela
Um bater de asas, o disfarce do seu pé
Bebem do sangue, comem tudo, olhai, cautela
O que faz falta, já se sabe o que é
Junta-te a nós, ó bairro negro, vem, falua
P'la noite fora até que se erga o sol do Verão
Solta as amarras, sopra, ó vento, continua
Que este homem não se foi embora, não
Repertório de Filipa Pais
Quero falar-te, e o coração de comovido
Perde as palavras que juntara para ti
Cantar-te sei e apenas isso faz sentido
Menino de oiro, vem sentar-te aqui
Por todo o ano é tempo de cantar janeiras
Mulher da erva, ainda agora a vi passar
Por mar profundo, terra e todas as fronteiras
Venham mais cinco mil para te saudar
Pode o sol morrer de velho
Pode o gelo arder também
Mas a voz que de ti nasce
Já não morre com ninguém
No céu cinzento, o astro mudo ainda revela
Um bater de asas, o disfarce do seu pé
Bebem do sangue, comem tudo, olhai, cautela
O que faz falta, já se sabe o que é
Junta-te a nós, ó bairro negro, vem, falua
P'la noite fora até que se erga o sol do Verão
Solta as amarras, sopra, ó vento, continua
Que este homem não se foi embora, não
Fado vida
Letra e música de Cláudia Leal
Repertório da autora
Acalmo o coração ao fim do dia
Quando o sol se põe e a noite cai
Oiço o meu silêncio
Repertório da autora
Acalmo o coração ao fim do dia
Quando o sol se põe e a noite cai
Oiço o meu silêncio
A gritar dentro de mim
Se o não fizeres
Se o não fizeres
Ninguém vai fazer por ti
Tenho um esquecimento p’ra lembrar
Tenho uma lembrança p’ra esquecer
Sair desta tristeza
Tenho um esquecimento p’ra lembrar
Tenho uma lembrança p’ra esquecer
Sair desta tristeza
É ter que deixá-lo ir
Ninguém prende um amor
Ninguém prende um amor
Que teima em partir
Percorro este caminho só e distante
Pisando as amarguras que o amor me fez
Peço ao vento norte
Percorro este caminho só e distante
Pisando as amarguras que o amor me fez
Peço ao vento norte
Pois eu não sei rezar
Talvez o vento peça a Deus
Talvez o vento peça a Deus
P’ra me ajudar
Se teimas num caminho que não é o teu
A vida passa veloz, vai num instante
Agarra a tua vida
Se teimas num caminho que não é o teu
A vida passa veloz, vai num instante
Agarra a tua vida
E transforma a tua dor
Faz renascer dentro em ti
Faz renascer dentro em ti
O teu próprio amor
Lisboa é assim
José Fialho Gouveia / Luiz Caracol
Repertório de Rodrigo Costa Félix
Lisboa chora o fado e dança o samba
Sotaque e bossa nova nas vielas
De Angola vem o cheiro da Muamba
Amores que se vivem nas novelas
Cachupa e com ela um travo a morna
Mestiça, vai Lisboa na avenida
Mulata que ao dançar até transtorna
O Tejo quando a vê meio despida
Mestiça com encantos mais de mil
Jindungo e açafrão para o caril
Canções e mais sabores além do fado
Lisboa tem o mundo inteiro nela
Tem mar quando se olha da janela
No Tejo podes estar em qualquer lado;
Paris que fica ao lado de Berlim
A Graça é que Lisboa é assim
Nas ancas traz o beat do momento
Mas traz também o fado nas goelas
Às vezes há rodízio suculento
Mas há, p'ra quem quiser, iscas com elas
Da mesquita às igrejas tantas fés
Há sempre outro lugar para mais alguém
Há mais uma cadeira nos cafés
Lisboa é de quem vier por bem
Repertório de Rodrigo Costa Félix
Lisboa chora o fado e dança o samba
Sotaque e bossa nova nas vielas
De Angola vem o cheiro da Muamba
Amores que se vivem nas novelas
Cachupa e com ela um travo a morna
Mestiça, vai Lisboa na avenida
Mulata que ao dançar até transtorna
O Tejo quando a vê meio despida
Mestiça com encantos mais de mil
Jindungo e açafrão para o caril
Canções e mais sabores além do fado
Lisboa tem o mundo inteiro nela
Tem mar quando se olha da janela
No Tejo podes estar em qualquer lado;
Paris que fica ao lado de Berlim
A Graça é que Lisboa é assim
Nas ancas traz o beat do momento
Mas traz também o fado nas goelas
Às vezes há rodízio suculento
Mas há, p'ra quem quiser, iscas com elas
Da mesquita às igrejas tantas fés
Há sempre outro lugar para mais alguém
Há mais uma cadeira nos cafés
Lisboa é de quem vier por bem
Meu amor, diz-me em que esquina
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Meu amor, diz-me em que praça
Foi à praça o nosso amor
Confesso, não acho graça
Leiloar seja o que for
Meu amor, diz-me em que rua
E em que porta te escondeste
Não desisto de ser tua
Apesar do que fizeste
Meu amor, é uma calçada
A vida entre ti e mim
Ando a subi-la cansada
Mas irei até ao fim
Meu amor, diz-me em que esquina
Hei-de virar nossas vidas
Quero mudar-lhes a sina
De becos em avenidas
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Meu amor, diz-me em que praça
Foi à praça o nosso amor
Confesso, não acho graça
Leiloar seja o que for
Meu amor, diz-me em que rua
E em que porta te escondeste
Não desisto de ser tua
Apesar do que fizeste
Meu amor, é uma calçada
A vida entre ti e mim
Ando a subi-la cansada
Mas irei até ao fim
Meu amor, diz-me em que esquina
Hei-de virar nossas vidas
Quero mudar-lhes a sina
De becos em avenidas
Fado sonhado
Carlos Bessa / Júlio Proença *fado proença*
Repertório de Luísa Nascimento
Minha mãe, graças a Deus
O meu sonho de menina
Está agora consumado
Sou feliz junto dos meus
Talvez sorte, talvez sina
Entreguei-me toda ao fado
Vejo em cada madrugada
Lágrimas de uma saudade
Quem em silêncio me escuta
Esta voz vinda do nada
Onde o fado é mais verdade
Conquistando cada luta
Que pena, minha mãe que pena
Quero-te aqui ao meu lado
P'ra poder cantar p'ra ti
Nesta paz calma e serena
Minha mãe, está consumado
Foi p’ró fado que eu nasci
Repertório de Luísa Nascimento
Minha mãe, graças a Deus
O meu sonho de menina
Está agora consumado
Sou feliz junto dos meus
Talvez sorte, talvez sina
Entreguei-me toda ao fado
Vejo em cada madrugada
Lágrimas de uma saudade
Quem em silêncio me escuta
Esta voz vinda do nada
Onde o fado é mais verdade
Conquistando cada luta
Que pena, minha mãe que pena
Quero-te aqui ao meu lado
P'ra poder cantar p'ra ti
Nesta paz calma e serena
Minha mãe, está consumado
Foi p’ró fado que eu nasci
Depois de ti
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Depois de ti não sei quantas
Cruzaram o meu caminho
Foram tantas, tantas, tantas
Que nem a soma adivinho
Hoje que todas passaram
Vejo que tu continuas
Pois juntas, não me deixaram
Saudades iguais às tuas
Agora sim dou valor
Ao ditado verdadeiro
Que diz que não há amor
Que se compare ao primeiro
Depois de ti, não sei quantos
Quantos amores conheci
Foram tantos, tantos, tantos
Que a conta já lhes perdi
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Depois de ti não sei quantas
Cruzaram o meu caminho
Foram tantas, tantas, tantas
Que nem a soma adivinho
Hoje que todas passaram
Vejo que tu continuas
Pois juntas, não me deixaram
Saudades iguais às tuas
Agora sim dou valor
Ao ditado verdadeiro
Que diz que não há amor
Que se compare ao primeiro
Depois de ti, não sei quantos
Quantos amores conheci
Foram tantos, tantos, tantos
Que a conta já lhes perdi
O passeio dos tristes
Carlos Leitão / Paulo Paz
Repertório de Carlos Leitão
Batemos no peito, cantamos o hino
Ouvimos conversas à hora da bica
Juramos ‘star juntos, haja o que houver
Vendemos os sonhos a um euro destino
Que arregaça as mangas p’ra nos dar a pica
E dar cabo dos vivos, venha quem vier
À hora d'almoço, o noticiário
Diz o seu contrário num copo de vinho
Brindamos à urgência que agora fechou
E o Ronaldo, sózinho, foi quem nos salvou
Palestras d’amor e de auto-ajuda
Fiéis seguidores do mais perentório
Que posta e reposta por mais inclusão
Se é dia de greve, não há quem acuda
E a palavra d'honra é o contraditório
Dos tais veraneantes da abstenção
O jantar está na mesa, rezamos a Deus
Comemos os preços mais gordos do IVA
Amargos de boca são p’ra mastigar
É a experiência merecida por cá andar
E há uns paladinos que dizem saber
Dos novos caminhos que ‘stão por fazer
Dormimos com eles à espera que o dia
Dê graças à luz e à democracia;
E se a liberdade for condicional
Seguimos p'ra Bingo
Repertório de Carlos Leitão
Batemos no peito, cantamos o hino
Ouvimos conversas à hora da bica
Juramos ‘star juntos, haja o que houver
Vendemos os sonhos a um euro destino
Que arregaça as mangas p’ra nos dar a pica
E dar cabo dos vivos, venha quem vier
À hora d'almoço, o noticiário
Diz o seu contrário num copo de vinho
Brindamos à urgência que agora fechou
E o Ronaldo, sózinho, foi quem nos salvou
Palestras d’amor e de auto-ajuda
Fiéis seguidores do mais perentório
Que posta e reposta por mais inclusão
Se é dia de greve, não há quem acuda
E a palavra d'honra é o contraditório
Dos tais veraneantes da abstenção
O jantar está na mesa, rezamos a Deus
Comemos os preços mais gordos do IVA
Amargos de boca são p’ra mastigar
É a experiência merecida por cá andar
E há uns paladinos que dizem saber
Dos novos caminhos que ‘stão por fazer
Dormimos com eles à espera que o dia
Dê graças à luz e à democracia;
E se a liberdade for condicional
Seguimos p'ra Bingo
Viva Portugal
O Júlio pescador
Carlos Bessa / Júlio Proença *fado proença*
Repertório de José Barbosa
Fez-se ao mar pela noitinha
Foi à pesca da sardinha
No barco Maria Estela
Nome de sua mulher
Que na vida tanto quer
E não deseja perdê-la
Já bem longe d’Afurada
No pulsar da madrugada
O Júlio põe-se a pensar;
Foi tudo, p’ra ser alguém
Seus pais que Deus lá tem
Disso podem se orgulhar
Assobia um lindo fado
Por Manuel Dias cantado
"Amor de pai" que é tão lindo
E enquanto ele vai pescando
As gaivotas vão cantando
E as estrelas reluzindo
Cansado, de manhãzinha
Na lota vende a sardinha
Co’a mulher no seu pregão
Grita alto o velho Roque
Filha do Quim do reboque
Mantém viva a tradição
Chega enfim, sábado à noite
O Júlio procura acoite
Numa tasca pequenina
Nessa noite ali há fado
Com a mulher a seu lado
Faz do fado a sua sina
Repertório de José Barbosa
Fez-se ao mar pela noitinha
Foi à pesca da sardinha
No barco Maria Estela
Nome de sua mulher
Que na vida tanto quer
E não deseja perdê-la
Já bem longe d’Afurada
No pulsar da madrugada
O Júlio põe-se a pensar;
Foi tudo, p’ra ser alguém
Seus pais que Deus lá tem
Disso podem se orgulhar
Assobia um lindo fado
Por Manuel Dias cantado
"Amor de pai" que é tão lindo
E enquanto ele vai pescando
As gaivotas vão cantando
E as estrelas reluzindo
Cansado, de manhãzinha
Na lota vende a sardinha
Co’a mulher no seu pregão
Grita alto o velho Roque
Filha do Quim do reboque
Mantém viva a tradição
Chega enfim, sábado à noite
O Júlio procura acoite
Numa tasca pequenina
Nessa noite ali há fado
Com a mulher a seu lado
Faz do fado a sua sina
Espera de toiros
Mote: Carlos Conde / Glosa: Henrique Rego / Popular fado corrido
Nesse domingo de agosto
Foi linda a espera de gado
Desde manhã ao sol posto
Houve alma, Toiros e Fado
Manhã cedo ainda se ouviam
Repertório de Manuel de Almeida
Esta letra, com o título original *Tarde de toiros* sofreu algumas
alterações na gravação e para além disso a 2a estrofe não foi gravada
Nesse domingo de agosto
Foi linda a espera de gado
Desde manhã ao sol posto
Houve alma, Toiros e Fado
Manhã cedo ainda se ouviam
Os roucos cantos dos galos
Já dos fogosos cavalos
Já dos fogosos cavalos
As guizeiras retiniam;
Os retiros já se viam
Os retiros já se viam
Engalanados com gosto
E o Sol, no seu régio posto
E o Sol, no seu régio posto
Brilhante como um tesoiro;
Abria o seu leque d’oiro
Nesse domingo de agosto
Campinos de matacões
Abria o seu leque d’oiro
Nesse domingo de agosto
Campinos de matacões
Gente nobre, gente fixe
P’la Calçada de Carriche
P’la Calçada de Carriche
Eram alvo de ovações;
Sob os fortes aguilhões
Sob os fortes aguilhões
O curro vinha domado
E o povo, entusiasmado
E o povo, entusiasmado
Dizia, de orgulho cheio;
Para os anais do toureio
Foi linda a espera de gado
Já tudo sabia ao certo
Para os anais do toureio
Foi linda a espera de gado
Já tudo sabia ao certo
Que nessa tarde, Fuentes
Lidava toiros valentes
Lidava toiros valentes
Das lezírias de Roberto;
O Sol era um lírio aberto
O Sol era um lírio aberto
No manto do céu exposto
E o povoléu, bem-disposto
E o povoléu, bem-disposto
Vira passar, em tipóias;
Mulheres lindas como jóias
Desde manhã ao sol posto
Campanudo e Patusquinho
Mulheres lindas como jóias
Desde manhã ao sol posto
Campanudo e Patusquinho
No retiro do Vilar
Encontravam-se a cantar
Encontravam-se a cantar
Desde manhã, bem cedinho;
Dos tonéis corria o vinho
Dos tonéis corria o vinho
Espumante, avermelhado
Tudo estava inebriado
Tudo estava inebriado
Tudo vivia num sonho
Pois nesse dia risonho
Houve alma, Toiros e Fado
Pois nesse dia risonho
Houve alma, Toiros e Fado
Silêncio
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Silêncio, cala-te vento
Não chores mais p’lo caminho
Consente que este lamento
Feito do meu sofrimento
Chore no mundo sozinho
Silêncio, cala-te mar
P’ra quê bater nesse jeito
Se não chegas p’ra abafar
As penas do meu penar
No marasmo do meu peito
Silêncio, chuva que é tanto
O pranto dos olhos meus
Que até mesmo quando canto
É maior todo o meu pranto
Que todo o pranto dos céus
Silêncio, que a tempestade
Que em meu peito se agitou
Tem mais força, mais vontade
Porque é feita da saudade
Que um grande amor me deixou
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Silêncio, cala-te vento
Não chores mais p’lo caminho
Consente que este lamento
Feito do meu sofrimento
Chore no mundo sozinho
Silêncio, cala-te mar
P’ra quê bater nesse jeito
Se não chegas p’ra abafar
As penas do meu penar
No marasmo do meu peito
Silêncio, chuva que é tanto
O pranto dos olhos meus
Que até mesmo quando canto
É maior todo o meu pranto
Que todo o pranto dos céus
Silêncio, que a tempestade
Que em meu peito se agitou
Tem mais força, mais vontade
Porque é feita da saudade
Que um grande amor me deixou
Fado Toninho
Letra e música de Pedro da Silva Martins
Repertório do grupo *Deolinda
Dizem que é mau, que faz e acontece
Arma confusão e o diabo a sete
Agarrem-me que eu vou-me a ele
Nem sei o que lhe faço
Desgrenho os cabelos
Esborrato os lábios
Se não me seguram, dou-lhe forte e feio
Beijinhos na boca, arrepios no peito
E pagas as favas, eu digo "enfim”
Ó meu rapazinho és fraco p’ra mim
De peito feito ele ginga o passo
Arregaça as mangas e escarra pró lado
Anda lá, ó meu cobardolas
Vem cá mano a mano
Eu faço e aconteço
Eu posso, eu mando
Se não me seguram, dou-lhe forte e feio
Beijinhos na boca, arrepios no peito
E pagas as favas, eu digo "enfim”
Ó meu rapazinho sou tão má p'ra ti
Ó meu rapazinho eu digo assim
Se não me seguram dou cabo de ti
Repertório do grupo *Deolinda
Dizem que é mau, que faz e acontece
Arma confusão e o diabo a sete
Agarrem-me que eu vou-me a ele
Nem sei o que lhe faço
Desgrenho os cabelos
Esborrato os lábios
Se não me seguram, dou-lhe forte e feio
Beijinhos na boca, arrepios no peito
E pagas as favas, eu digo "enfim”
Ó meu rapazinho és fraco p’ra mim
De peito feito ele ginga o passo
Arregaça as mangas e escarra pró lado
Anda lá, ó meu cobardolas
Vem cá mano a mano
Eu faço e aconteço
Eu posso, eu mando
Se não me seguram, dou-lhe forte e feio
Beijinhos na boca, arrepios no peito
E pagas as favas, eu digo "enfim”
Ó meu rapazinho sou tão má p'ra ti
Ó meu rapazinho eu digo assim
Se não me seguram dou cabo de ti
Feitiços do fado
Carlos Baleia / Arménio de Melo
Repertório de Adriano Pina
Rua que é de não sei quem
Onde existe um pelourinho
E os passos que dou, se calam
Espaço meu e de ninguém
Esta rua onde caminho
Com silêncios que me falam
A luz baça dos recantos
Sabe histórias sem ter fim
Da rua misteriosa
E há suspeitas que num canto
Onde há bancos de jardim
A rua é mais carinhosa
Tudo pode acontecer
Nesta rua que os meus passos
Não se cansam de pisar
Pode-se amar e nascer
Num viver de estranhos laços
E fatalmente, cantar
Rua louca, doida rua
Vinda do tempo passado
Em transportes de ilusão
Em ti passo à luz da lua
Quando os feitiços do fado
Me falam ao coração
Repertório de Adriano Pina
Rua que é de não sei quem
Onde existe um pelourinho
E os passos que dou, se calam
Espaço meu e de ninguém
Esta rua onde caminho
Com silêncios que me falam
A luz baça dos recantos
Sabe histórias sem ter fim
Da rua misteriosa
E há suspeitas que num canto
Onde há bancos de jardim
A rua é mais carinhosa
Tudo pode acontecer
Nesta rua que os meus passos
Não se cansam de pisar
Pode-se amar e nascer
Num viver de estranhos laços
E fatalmente, cantar
Rua louca, doida rua
Vinda do tempo passado
Em transportes de ilusão
Em ti passo à luz da lua
Quando os feitiços do fado
Me falam ao coração
Vidas sem sentido
Fernanda do Carmo / Franklim Godinho *fado franklim*
Repertório de Artur Batalha
Se nasci sem ter idade
Recuso-me a ser quem sou
Pois só conheço a verdade
No ventre que me gerou
Meu nome nasceu na voz
Num grito bravio, oculto
Transformou-se num algoz
Que se encarnou no meu vulto
Sou estátua onde o escultor
Não pôs traços de beleza
Pedra bruta sem valor
Que a natureza despreza
Quem desconhece os dilemas
De quem vive sem sentido
Não pode entender poemas
Do autor desconhecido
Repertório de Artur Batalha
Se nasci sem ter idade
Recuso-me a ser quem sou
Pois só conheço a verdade
No ventre que me gerou
Meu nome nasceu na voz
Num grito bravio, oculto
Transformou-se num algoz
Que se encarnou no meu vulto
Sou estátua onde o escultor
Não pôs traços de beleza
Pedra bruta sem valor
Que a natureza despreza
Quem desconhece os dilemas
De quem vive sem sentido
Não pode entender poemas
Do autor desconhecido
Tempo
Fernando Pessoa / Tiago Machado
Repertório de Liana
A terra é sem vida, e nada
Vive mais que o coração
E envolve-te a terra fria
E a minha saudade não
Leve sombra, vais no chão
A passar sem teres ser
És como o meu coração
Que sente sem nada ter
Ó tempo, tu que nos trazes
Tudo o que na vida vem
Porque não vens a matar
Quem já nem saudades tem
Duas vezes jurei ser
O que não julgo que sou
Só para desconhecer
Que não sei por onde vou
Se morrendo eu acabar
E nada restar de mim
Não t' esqueças de lembrar
Que só te esqueci assim
Repertório de Liana
A terra é sem vida, e nada
Vive mais que o coração
E envolve-te a terra fria
E a minha saudade não
Leve sombra, vais no chão
A passar sem teres ser
És como o meu coração
Que sente sem nada ter
Ó tempo, tu que nos trazes
Tudo o que na vida vem
Porque não vens a matar
Quem já nem saudades tem
Duas vezes jurei ser
O que não julgo que sou
Só para desconhecer
Que não sei por onde vou
Se morrendo eu acabar
E nada restar de mim
Não t' esqueças de lembrar
Que só te esqueci assim
Natal
Vasco Lima Couto / Júlio Proença *fado esmeraldinha*
Repertorio de Jorge Baptista da Silva
A casa era uma gruta iluminada
Que falava as palavras do momento
Era o tempo da lei que se encontrava
No respirar dum terno pensamento
Os pequenos pastores riam à vida
Correndo escadas que iam ter a um rio
Abrindo a voz à sede apetecida
Brincando fomes que não tinham frio
Os velhos regressavam do céu liso
E paravam na fonte da alegria
Com seus olhos de rugas de sorriso
Para que o sol amanhecesse o dia
Era tão longo o coração do espaço
Entre animais de Deus que o barro aquece
Que a fortuna do amor era um abraço
Por isso é que o Natal nos apetece
Repertorio de Jorge Baptista da Silva
A casa era uma gruta iluminada
Que falava as palavras do momento
Era o tempo da lei que se encontrava
No respirar dum terno pensamento
Os pequenos pastores riam à vida
Correndo escadas que iam ter a um rio
Abrindo a voz à sede apetecida
Brincando fomes que não tinham frio
Os velhos regressavam do céu liso
E paravam na fonte da alegria
Com seus olhos de rugas de sorriso
Para que o sol amanhecesse o dia
Era tão longo o coração do espaço
Entre animais de Deus que o barro aquece
Que a fortuna do amor era um abraço
Por isso é que o Natal nos apetece
Até sempre
Letra de Manuel de Andrade
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Quando chegar a hora da partida
Ordenada por Deus omnipotente
Quando os anjos cantarem nova vida
O meu fado talvez seja diferente
E quando for a festa do meu dia
No mundo imaginário que sonhei
Quero beber o vinho d’alegria
E abraçar os amigos que encontrei
Suspenso no meu fado, nem reparo
No tempo de marcar a minha vez
Quero morder o pão que me foi raro
Nesta minha passagem com vocês
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Quando chegar a hora da partida
Ordenada por Deus omnipotente
Quando os anjos cantarem nova vida
O meu fado talvez seja diferente
E quando for a festa do meu dia
No mundo imaginário que sonhei
Quero beber o vinho d’alegria
E abraçar os amigos que encontrei
Suspenso no meu fado, nem reparo
No tempo de marcar a minha vez
Quero morder o pão que me foi raro
Nesta minha passagem com vocês
Pátria
Miguel Torga / Tiago Machado
Repertório de Liana
Foste um mundo no mundo e és agora
O resto que de ti
Já não posso perder
A terra, o mar e o céu
Que todo eu sei conhecer
Foste um sonho redondo e és agora
Um palmo de amargura retornada
Amargura que em mim
Também nunca tem fim
Por ter sido comigo batizada
Hoje…
Sei apenas gostar
De uma nesga de terra
Debruada de mar
Foste um destino aberto e és agora
Repertório de Liana
Foste um mundo no mundo e és agora
O resto que de ti
Já não posso perder
A terra, o mar e o céu
Que todo eu sei conhecer
Foste um sonho redondo e és agora
Um palmo de amargura retornada
Amargura que em mim
Também nunca tem fim
Por ter sido comigo batizada
Hoje…
Sei apenas gostar
De uma nesga de terra
Debruada de mar
Foste um destino aberto e és agora
Um destino fechado
Destino igual ao meu
Amortalhado nesta luz
De incerteza e de certeza
Que vem do sol presente e do passado
Destino igual ao meu
Amortalhado nesta luz
De incerteza e de certeza
Que vem do sol presente e do passado
O barco vai de saída
Letra e música de Fausto Bordalo Dias
Repertório de Fausto
O barco vai de saída
Adeus ó cais de Alfama
Se agora vou de partida
Levo-te comigo ó cana verde
Lembra-te de mim ó meu amor
Lembra-te de mim nesta aventura
P’ra lá da loucura
P’ra lá do equador
Ah! mas que ingrata ventura
Bem me posso queixar
Da pátria a pouca fartura
Cheia de mágoas. ai quebra mar
Com tantos perigos. ai minha vida
Tantos medos e sobressaltos
Que eu já vou aos saltos
Que eu vou de fugida
Sem contar essa história escondida
Por servir de criado a essa senhora
Serviu-se ela também tão sedutora
Foi pecado, foi pecado
E foi pecado sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa
Gingão de roda batida
Corsário sem cruzado
Ao som do baile mandado
Em terras de pimenta e maravilha
Com sonhos de prata e fantasia
Com sonhos da cor do arco-íris
Desvairas se os vires
Desvairas magia
Já tenho a vela enfunada
Marrano sem vergonha
Judeu sem coisa, sem fronha
Vou de viagem, ai que largada
Só vejo cores, ai que alegria
Só vejo piratas e tesouros
São pratas são ouros
São noites são dias
Vou no espantoso trono das águas
Vou no tremendo assopro dos ventos
Vou por cima dos meus pensamentos
Arrepia, arrepia
E arrepia sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa
O mar das águas ardendo
O delírio dos céus
A fúria do barlavento
Arreia a vela e vai marujo ao leme
Vira o barco e cai marujo ao mar
Vira o barco na curva da morte
Olha a minha sorte
Olha o meu azar
E depois do barco virado
Grandes urros e gritos
Na salvação dos aflitos
Esfola, mata, agarra, ai quem me ajuda
Reza, implora, escapa, ai que pagode
Reza tremem heróis e eunucos
São mouros são turcos
São mouros acode
Aquilo é uma tempestade medonha
Aquilo vai para lá do que é eterno
Aquilo era o retrato do inferno
Vai ao fundo, vai ao fundo
E vai ao fundo sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa
Repertório de Fausto
O barco vai de saída
Adeus ó cais de Alfama
Se agora vou de partida
Levo-te comigo ó cana verde
Lembra-te de mim ó meu amor
Lembra-te de mim nesta aventura
P’ra lá da loucura
P’ra lá do equador
Ah! mas que ingrata ventura
Bem me posso queixar
Da pátria a pouca fartura
Cheia de mágoas. ai quebra mar
Com tantos perigos. ai minha vida
Tantos medos e sobressaltos
Que eu já vou aos saltos
Que eu vou de fugida
Sem contar essa história escondida
Por servir de criado a essa senhora
Serviu-se ela também tão sedutora
Foi pecado, foi pecado
E foi pecado sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa
Gingão de roda batida
Corsário sem cruzado
Ao som do baile mandado
Em terras de pimenta e maravilha
Com sonhos de prata e fantasia
Com sonhos da cor do arco-íris
Desvairas se os vires
Desvairas magia
Já tenho a vela enfunada
Marrano sem vergonha
Judeu sem coisa, sem fronha
Vou de viagem, ai que largada
Só vejo cores, ai que alegria
Só vejo piratas e tesouros
São pratas são ouros
São noites são dias
Vou no espantoso trono das águas
Vou no tremendo assopro dos ventos
Vou por cima dos meus pensamentos
Arrepia, arrepia
E arrepia sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa
O mar das águas ardendo
O delírio dos céus
A fúria do barlavento
Arreia a vela e vai marujo ao leme
Vira o barco e cai marujo ao mar
Vira o barco na curva da morte
Olha a minha sorte
Olha o meu azar
E depois do barco virado
Grandes urros e gritos
Na salvação dos aflitos
Esfola, mata, agarra, ai quem me ajuda
Reza, implora, escapa, ai que pagode
Reza tremem heróis e eunucos
São mouros são turcos
São mouros acode
Aquilo é uma tempestade medonha
Aquilo vai para lá do que é eterno
Aquilo era o retrato do inferno
Vai ao fundo, vai ao fundo
E vai ao fundo sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa
Desejos
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Sempre que alcachofras queimo
Na noite de S. João
No mesmo desejo teimo
Voltar ao teu coração
E sempre que um malmequer
Desfolho em tua intenção
Desejo que um bem-me-quer
Me saia na solução
Sempre que o dia termina
Quando a noite se avizinha
Um desejo me domina
Que voltes de manhãzinha
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Sempre que alcachofras queimo
Na noite de S. João
No mesmo desejo teimo
Voltar ao teu coração
E sempre que um malmequer
Desfolho em tua intenção
Desejo que um bem-me-quer
Me saia na solução
Sempre que o dia termina
Quando a noite se avizinha
Um desejo me domina
Que voltes de manhãzinha
Perto
Letra e música de Afonso Cabral
Repertório de Cristina Branco
Vi uma voz tão magra e seca
Um tom veloz, eternamente teu
Ouvi as tuas mãos pousadas na mesa
Um silêncio que solta "eu estou tão bem aqui"
Repertório de Cristina Branco
Vi uma voz tão magra e seca
Um tom veloz, eternamente teu
Ouvi as tuas mãos pousadas na mesa
Um silêncio que solta "eu estou tão bem aqui"
Já nem preciso estar
Tão perto assim para te ver
Toquei no teu olhar
Sempre a espreitar o tormento
Pesado e invulgar
Tão cauteloso e ternurento
Provei as tuas palavras
Indecisas, noite fora
Já nem preciso estar
Tão perto assim para te ver
Tão perto assim para te ver
Toquei no teu olhar
Sempre a espreitar o tormento
Pesado e invulgar
Tão cauteloso e ternurento
Provei as tuas palavras
Indecisas, noite fora
Já nem preciso estar
Tão perto assim para te ver
Ode às canções tristes
Carlos Baleia / Arménio de Melo
Repertório de Jorge Batista da Silva
Não sei se era jazz ou fado o que se ouvia
Nos sons que chegavam das noites friorentas
E se viriam da Bronx, Queens ou Mouraria
Em desassossegos de alma, tão pungentes
Não vi em redor latões com fogo ardendo
Consolando na noite a gente enregelada
Nem sombras que se fossem escondendo
Tão só vozes de fado ou jazz, a vir do nada
Porque cantam de tristeza os infelizes
Transformando fealdade em coisa linda
Pondo na sua dor doces matizes
E dando à alma uma ternura infinda?
Um som de jazz, em revolta, sufocado
Com notas de sofrimento ou ilusão
Vem irmanar-se a um estilar de fado
Em ladainhas da sua condição
Nítido, chega o fado/jazz de algodão
Do escravo, marinheiro, carregador
Cujas vozes de perto conhecem a paixão
E nela cantam seus segredos de amor
Mistérios musicais na noite desvendados
Solitárias dores de uma humanidade
Em nostálgicas notas, acordes magoados
Assim servidos numa taça de saudade
Repertório de Jorge Batista da Silva
Não sei se era jazz ou fado o que se ouvia
Nos sons que chegavam das noites friorentas
E se viriam da Bronx, Queens ou Mouraria
Em desassossegos de alma, tão pungentes
Não vi em redor latões com fogo ardendo
Consolando na noite a gente enregelada
Nem sombras que se fossem escondendo
Tão só vozes de fado ou jazz, a vir do nada
Porque cantam de tristeza os infelizes
Transformando fealdade em coisa linda
Pondo na sua dor doces matizes
E dando à alma uma ternura infinda?
Um som de jazz, em revolta, sufocado
Com notas de sofrimento ou ilusão
Vem irmanar-se a um estilar de fado
Em ladainhas da sua condição
Nítido, chega o fado/jazz de algodão
Do escravo, marinheiro, carregador
Cujas vozes de perto conhecem a paixão
E nela cantam seus segredos de amor
Mistérios musicais na noite desvendados
Solitárias dores de uma humanidade
Em nostálgicas notas, acordes magoados
Assim servidos numa taça de saudade
Tempos idos
Mote de J. Guimarães / Glosa de Henrique Rego
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Quando uma guitarra harpeja
O fado – canção dolente
Sentimos o quer que seja
A chorar dentro da gente
Entre a guitarra e o passado
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Quando uma guitarra harpeja
O fado – canção dolente
Sentimos o quer que seja
A chorar dentro da gente
Entre a guitarra e o passado
Há tão grande afinidade
Que me parece a saudade
Que me parece a saudade
Ser irmã gémea do Fado;
Meu pensamento enlevado
Meu pensamento enlevado
Num anseio que brotoeja
De alma triste que voeja
De alma triste que voeja
Mais subtil que a fragrância;
Rompe as brumas da distância
Quando uma guitarra harpeja
Então, distante, esquecido
Rompe as brumas da distância
Quando uma guitarra harpeja
Então, distante, esquecido
De mim próprio, do meu ser
Eis-me de novo a viver
Eis-me de novo a viver
Tudo o que tenho vivido;
E no brilho amortecido
E no brilho amortecido
Do meu olhar que foi quente
Persuasivo, eloquente
Persuasivo, eloquente
Arde esse antigo fulgor
Se alguém canta com amor
O fado – canção dolente
Recordar com devoção
Se alguém canta com amor
O fado – canção dolente
Recordar com devoção
Um pretérito bendito
É conter o infinito
É conter o infinito
No espaço dum coração;
Quando a eterna evocação
Quando a eterna evocação
Dum bem perdido se almeja
A alma risonha lampeja
A alma risonha lampeja
E num pulsar contrafeito
A bater dentro do peito
Sentimos o quer que seja
Manuel da Mota, Serrano
A bater dentro do peito
Sentimos o quer que seja
Manuel da Mota, Serrano
António Rosa, Ginguinha
Não pode a vida mesquinha
Não pode a vida mesquinha
Olvidar seu estro ufano;
O Fado é triste, é humano
O Fado é triste, é humano
Evocativo, fremente
Por andarem tristemente
Por andarem tristemente
Saudosas, meigas, discretas;
As almas desses poetas
A chorar dentro da gente
As almas desses poetas
A chorar dentro da gente
Vejam bem
Letra e música de José Afonso
Repertório do autor
Vejam bem
Que não há só gaivotas em terra
Quando um homem se põe a pensar
Quando um homem se põe a pensar
Quem lá vem
Dorme à noite ao relento na areia
Dorme à noite ao relento no mar
Dorme à noite ao relento no mar
E se houver
Uma praça de gente ma dura
E uma estátua
E uma estátua de febre a arder
Anda alguém
Pela noite de breu à procura
E não há quem lhe queira valer
Vejam bem
Daquele homem, a fraca figura
Desbravando os caminhos do pão
Desbravando os caminhos do pão
E se houver
Uma praça de gente madura
Ninguém vai levantá-lo do chão
Ninguém vai levantá-lo do chão
Repertório do autor
Vejam bem
Que não há só gaivotas em terra
Quando um homem se põe a pensar
Quando um homem se põe a pensar
Quem lá vem
Dorme à noite ao relento na areia
Dorme à noite ao relento no mar
Dorme à noite ao relento no mar
E se houver
Uma praça de gente ma dura
E uma estátua
E uma estátua de febre a arder
Anda alguém
Pela noite de breu à procura
E não há quem lhe queira valer
Vejam bem
Daquele homem, a fraca figura
Desbravando os caminhos do pão
Desbravando os caminhos do pão
E se houver
Uma praça de gente madura
Ninguém vai levantá-lo do chão
Ninguém vai levantá-lo do chão
Fado do beijo
Hugo Costa / Viviane e Tó Viegas
Repertório de Viviane
Beija, mas sem me aleijar
Um beijo na cara deixa a desejar
Beijo que é beijo é como o desejo
Sonhar com um beijo e não acordar
Beija sem perdoar
À beira do Tejo
À porta de um bar
Porque te queixas
Dos beijos que beijas
E eu só te vejo
Beijar e beijar
Beija… é sem compromisso
Se os outros falarem não ligues a isso
Ai como eu desejo, chegado o ensejo
Prender-te num beijo e não te largar
Repertório de Viviane
Beija, mas sem me aleijar
Um beijo na cara deixa a desejar
Beijo que é beijo é como o desejo
Sonhar com um beijo e não acordar
Beija sem perdoar
À beira do Tejo
À porta de um bar
Porque te queixas
Dos beijos que beijas
E eu só te vejo
Beijar e beijar
Beija… é sem compromisso
Se os outros falarem não ligues a isso
Ai como eu desejo, chegado o ensejo
Prender-te num beijo e não te largar
Namoro
Viriato da Cruz / Fausto Bordalo Dias
Repertório de Fausto
Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
E com letra bonita eu disse que ela tinha
Um sorrir luminoso tão quente e gaiato
Como o sol de novembro brincando de artista
Nas acácias floridas
Espalhando diamantes na fímbria do mar
E dando calor ao sumo das mangas
Sua pele macia era sumaúma
Sua pele macia da cor do jambo
Cheirando a rosas, sua pele macia
Guardava as doçuras do corpo rijo
Tão rijo e tão doce como um maboque
Repertório de Fausto
Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
E com letra bonita eu disse que ela tinha
Um sorrir luminoso tão quente e gaiato
Como o sol de novembro brincando de artista
Nas acácias floridas
Espalhando diamantes na fímbria do mar
E dando calor ao sumo das mangas
Sua pele macia era sumaúma
Sua pele macia da cor do jambo
Cheirando a rosas, sua pele macia
Guardava as doçuras do corpo rijo
Tão rijo e tão doce como um maboque
Seus seios laranjas, laranjas do Loge
Seus dentes marfim
Mandei-lhe essa carta e ela disse que não
Mandei-lhe um cartão
Seus dentes marfim
Mandei-lhe essa carta e ela disse que não
Mandei-lhe um cartão
Que o amigo maninho tipografou;
Por ti sofre o meu coração
Num canto 'sim', noutro canto 'não'
E ela o canto do 'não', dobrou
Mandei-lhe um recado pela Zefa do sete
Pedindo e rogando de joelhos no chão
P’la Sra. do Cabo, p’la Sta Efigénia
Me desse a ventura do seu namoro
E ela disse que não
Mandei a avó Xica, quimbanda de fama
A areia da marca que o seu pé deixou
Para que fizesse um feitiço forte e seguro
Que nela nascesse um amor como o meu
E o feitiço falhou
Esperei-a de tarde à porta da fábrica
Ofertei-lhe um colar, e um anel e um broche
Paguei-lhe doces na Calçada da Missão
Ficámos num banco do Largo da Estátua
Afaguei-lhe as mãos, falei-lhe de amor
E ela disse que não
Andei barbado, sujo e descalço
Como um monangamba, procuraram por mim
não viu, ai não viu, não viu Benjamim
E perdido me deram no Morro da Samba
Para me distrair levaram-me ao baile
Do Sô. Januário, mas ela lá estava
Num canto a rir, contando o meu caso
Às moças mais lindas do Bairro Operário
Tocaram uma rumba e dancei com ela
E num passo maluco voamos na sala
Qual uma estrela riscando o céu
e a malta gritou 'Aí Benjamim'
Olhei-a nos olhos, sorriu para mim
Pedi-lhe um beijo, lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá
E ela disse que sim
Por ti sofre o meu coração
Num canto 'sim', noutro canto 'não'
E ela o canto do 'não', dobrou
Mandei-lhe um recado pela Zefa do sete
Pedindo e rogando de joelhos no chão
P’la Sra. do Cabo, p’la Sta Efigénia
Me desse a ventura do seu namoro
E ela disse que não
Mandei a avó Xica, quimbanda de fama
A areia da marca que o seu pé deixou
Para que fizesse um feitiço forte e seguro
Que nela nascesse um amor como o meu
E o feitiço falhou
Esperei-a de tarde à porta da fábrica
Ofertei-lhe um colar, e um anel e um broche
Paguei-lhe doces na Calçada da Missão
Ficámos num banco do Largo da Estátua
Afaguei-lhe as mãos, falei-lhe de amor
E ela disse que não
Andei barbado, sujo e descalço
Como um monangamba, procuraram por mim
não viu, ai não viu, não viu Benjamim
E perdido me deram no Morro da Samba
Para me distrair levaram-me ao baile
Do Sô. Januário, mas ela lá estava
Num canto a rir, contando o meu caso
Às moças mais lindas do Bairro Operário
Tocaram uma rumba e dancei com ela
E num passo maluco voamos na sala
Qual uma estrela riscando o céu
e a malta gritou 'Aí Benjamim'
Olhei-a nos olhos, sorriu para mim
Pedi-lhe um beijo, lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá
E ela disse que sim
Tenho olhos de saudade
Carlos Baleia / Arménio de Melo
Repertório de Margarida Soeiro
Tenho choro em minha alma
Algo que não sei explicar
Suave dor, doce e calma
Com vontade de cantar
Tenho olhos de saudade
Que me obrigam a amar
Tenho as palavras sofridas
De coisas que não entendo
E horas nunca esquecidas
Nas ilusões que vou tendo
Tenho olhos de saudade
No fado que vou vivendo
Tenho Tejo, céu e mar
Uma cidade encantada
Tenho alma para chorar
Não preciso de mais nada
Tenho olhos de saudade
Numa guitarra abraçada
Tenho um falar especial
Partilhado, vagabundo
Que não sendo nunca igual
É português bem profundo
Tenho olhos de saudade
E um fado maior que o mundo
Repertório de Margarida Soeiro
Tenho choro em minha alma
Algo que não sei explicar
Suave dor, doce e calma
Com vontade de cantar
Tenho olhos de saudade
Que me obrigam a amar
Tenho as palavras sofridas
De coisas que não entendo
E horas nunca esquecidas
Nas ilusões que vou tendo
Tenho olhos de saudade
No fado que vou vivendo
Tenho Tejo, céu e mar
Uma cidade encantada
Tenho alma para chorar
Não preciso de mais nada
Tenho olhos de saudade
Numa guitarra abraçada
Tenho um falar especial
Partilhado, vagabundo
Que não sendo nunca igual
É português bem profundo
Tenho olhos de saudade
E um fado maior que o mundo
Coração peregrino
*Manhã fria*
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Manhã fria, nevoeiro
Abandono, solidão
Donde vens tu caminheiro?
P’ra onde vais coração?
Neste sombrio caminho
Andas perdido decerto
Tão distante do carinho
E da desgraça tão perto
Eu não sei o que procuras
Mas não te invejo a jornada
Andar na vida às escuras
É andar buscando o nada
Se é o amor que te faz
Solitário peregrino
Caminha porque és capaz
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Manhã fria, nevoeiro
Abandono, solidão
Donde vens tu caminheiro?
P’ra onde vais coração?
Neste sombrio caminho
Andas perdido decerto
Tão distante do carinho
E da desgraça tão perto
Eu não sei o que procuras
Mas não te invejo a jornada
Andar na vida às escuras
É andar buscando o nada
Se é o amor que te faz
Solitário peregrino
Caminha porque és capaz
De chegar ao teu destino
Na língua de Camões
Tiago Torres da Silva / Dulce Pontes
Repertório de Dulce Pontes
Não te posso amar
Sem te perguntar se já foste rio
Se és irmão das areias e das conchas
E dos peixes e do mar
Sou irmã do vento
O meu pensamento só se faz canção
Ao sentir-se irmão do que quer cantar
Ao olhar p’ra ti
Sei que te escolhi porque foste rio
Dei as mãos aos abraços e a boca
Aos beijos que eu ousei sonhar
Sou irmã de tudo, amor
O meu canto é mudo, amor
Se eu não conseguir
Chorar e sorrir sempre que cantar
Mas eis que o coração se torna transparente
Eis que o coração
Abriga os temporais que nascem no mar
E tudo é ser capaz de traduzir
Na língua das canções
Na minha voz, na tua voz
O som da água a passar
Repertório de Dulce Pontes
Não te posso amar
Sem te perguntar se já foste rio
Se és irmão das areias e das conchas
E dos peixes e do mar
Sou irmã do vento
O meu pensamento só se faz canção
Ao sentir-se irmão do que quer cantar
Ao olhar p’ra ti
Sei que te escolhi porque foste rio
Dei as mãos aos abraços e a boca
Aos beijos que eu ousei sonhar
Sou irmã de tudo, amor
O meu canto é mudo, amor
Se eu não conseguir
Chorar e sorrir sempre que cantar
Mas eis que o coração se torna transparente
Eis que o coração
Abriga os temporais que nascem no mar
E tudo é ser capaz de traduzir
Na língua das canções
Na minha voz, na tua voz
O som da água a passar
Fogaça, senhora minha
António Laranjeira/José Marques *fado triplicado*
Repertório de Lino Lobão
Foi no castelo da feira
Que uma linda fogaceira
Conheceu um trovador
Com profunda devoção
Fez a São Sebastião
Prometer o seu amor
Levando no seu regaço
Rosas vermelhas do paço
Vai ao palácio real
Fez bandeiras de papel
Rosas de Santa Isabel
Rainha de Portugal
Terras de Santa Maria
Condado da feira um dia
Aclama o voto sagrado
A fogaça pão de amor
Na mesa do lavrador
Tem por Deus o seu reinado
Fogaça, senhora minha
Em janeiro és rainha
Do teu povo trovador
Por decreto ou tradição
Vai o reino em procissão
Celebrar o teu sabor
Repertório de Lino Lobão
Foi no castelo da feira
Que uma linda fogaceira
Conheceu um trovador
Com profunda devoção
Fez a São Sebastião
Prometer o seu amor
Levando no seu regaço
Rosas vermelhas do paço
Vai ao palácio real
Fez bandeiras de papel
Rosas de Santa Isabel
Rainha de Portugal
Terras de Santa Maria
Condado da feira um dia
Aclama o voto sagrado
A fogaça pão de amor
Na mesa do lavrador
Tem por Deus o seu reinado
Fogaça, senhora minha
Em janeiro és rainha
Do teu povo trovador
Por decreto ou tradição
Vai o reino em procissão
Celebrar o teu sabor
Quadras do desdém
*do desprezo, da ironia*
Autor: Silva Tavares
Do livro Quem Canta, 1923Versos transcritos do livro editado pela
Academia da Guitarra e do Fado
Se é certo estar-te doendo
O coração, sinto bem
Que já se viva sofrendo
Daquilo que se não tem
D’andar contigo um mês todo
Pasmam pessoas amigas
Mas quem se atasca no lodo
Não sai com duas cantigas
Agora já não há meio
De reviver nosso amor
De graça, seria feio
Pagando, tenho melhor
Qu’importa que tu agora
Tenhas outro em meu lugar?
Aquilo que deito fora
Qualquer pode arrecadar
Já chorou por não ter cama
Tem carruagem, já ri
Ri, mas salpica de lama
Quem passa junto de si
Estava-te o padre casando
Disse alguém, nesse momento
Vão do batismo tratando
Deixem lá o casamento
Diga o mundo o que quiser
Mas, quer em casa ou nas ruas
Melhor do que uma mulher
Não há nada, como duas
Se é certo estar-te doendo
O coração, sinto bem
Que já se viva sofrendo
Daquilo que se não tem
D’andar contigo um mês todo
Pasmam pessoas amigas
Mas quem se atasca no lodo
Não sai com duas cantigas
Agora já não há meio
De reviver nosso amor
De graça, seria feio
Pagando, tenho melhor
Qu’importa que tu agora
Tenhas outro em meu lugar?
Aquilo que deito fora
Qualquer pode arrecadar
Já chorou por não ter cama
Tem carruagem, já ri
Ri, mas salpica de lama
Quem passa junto de si
Estava-te o padre casando
Disse alguém, nesse momento
Vão do batismo tratando
Deixem lá o casamento
Diga o mundo o que quiser
Mas, quer em casa ou nas ruas
Melhor do que uma mulher
Não há nada, como duas
Atrás dos meus cortinados
João Monge / João Gil
Repertório de Hélder Moutinho
Atrás dos meus cortinados
Estamos os dois condenados
Um ao outro a horas mortas
Se é a Deus que isto se deve
Ele lá sabe o que escreve
Direito por linhas tortas
Falam de nós, eu bem sei
Deste amor fora da lei
Sem destino nem altar
Somos a rosa colhida
No lado escuro da vida
Que só se dá ao luar
Não te sintas obrigado
A prometer que a meu lado
Nunca mais te vais embora
Atrás dos meus cortinados
Estamos os dois obrigados
A ser imortais agora
Repertório de Hélder Moutinho
Atrás dos meus cortinados
Estamos os dois condenados
Um ao outro a horas mortas
Se é a Deus que isto se deve
Ele lá sabe o que escreve
Direito por linhas tortas
Falam de nós, eu bem sei
Deste amor fora da lei
Sem destino nem altar
Somos a rosa colhida
No lado escuro da vida
Que só se dá ao luar
Não te sintas obrigado
A prometer que a meu lado
Nunca mais te vais embora
Atrás dos meus cortinados
Estamos os dois obrigados
A ser imortais agora
Falei-te longamente
Carlos Baleia / Arménio de Melo *fado graça*
Repertório de Jorge Batista da Silva
Falei-te longamente, sem palavras
No olhar aflito, preso ao teu olhar
E as minhas ilusões morreram escravas
Do teu adeus que não pude evitar
Explodiu em revolta a Natureza
Na raiva da partida injusta e má
Tempestade de dor e da certeza
De que posso morrer, ficando cá
Não sei se teu partir tem outras terras
Ou se partindo, ficas, indiferente
Sei que no peito sofro duras guerras
Que em mim querem viver eternamente
Digo hoje as palavras que calei:
Grito-as ao mar, ao vento e a quem passa,
Para que o mundo saiba como amei
E como quem amei, me deu desgraça
Repertório de Jorge Batista da Silva
Falei-te longamente, sem palavras
No olhar aflito, preso ao teu olhar
E as minhas ilusões morreram escravas
Do teu adeus que não pude evitar
Explodiu em revolta a Natureza
Na raiva da partida injusta e má
Tempestade de dor e da certeza
De que posso morrer, ficando cá
Não sei se teu partir tem outras terras
Ou se partindo, ficas, indiferente
Sei que no peito sofro duras guerras
Que em mim querem viver eternamente
Digo hoje as palavras que calei:
Grito-as ao mar, ao vento e a quem passa,
Para que o mundo saiba como amei
E como quem amei, me deu desgraça
Disse-te adeus sem saber
Letra de Silva Tavares
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Disse-te adeus, sem saber
Aquilo que sei agora:
Adeus não custa a dizer
O que custa é ir embora
Aquele adeus que eu te disse
Se pudesse desdizê-lo
Talvez nunca o repetisse
Ai! meu amor, podes crê-lo;
Foi preciso que fugisse
De ao pé de ti, a correr
Não sabia o que fazer
Nem sabia, meu encanto;
Que um adeus custava tanto
Disse-te adeus, sem saber
Desde então, eu, orgulhoso
Tu – orgulhosa como eu
Vivemos fora do céu
Do nosso sonho amoroso;
Num inferno pavoroso
Tombámos naquela hora
Só ciúme me devora
Só sinto torva agonia;
Por não saber, nesse dia
Aquilo que sei agora
Sei, embora tal não digas
Que vives contrariada
Que casaste despeitada
Que sabes que me castigas;
Sei que a dor a que me obrigas
Te faz também padecer
Que não consigo esconder
Que sou servo dos teus servos;
Tudo isto porque, com nervos
Adeus não custa a dizer
O que custa, se te vejo
E calar meu sofrimento
É fingir contentamento
É disfarçar o desejo;
O que custa, pois invejo
Aquele que hoje te adora
É ver-te andar, cá por fora;
Sorrindo, d’olhos em brasa
E, depois que entras em casa
O que custa é ir embora
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Disse-te adeus, sem saber
Aquilo que sei agora:
Adeus não custa a dizer
O que custa é ir embora
Aquele adeus que eu te disse
Se pudesse desdizê-lo
Talvez nunca o repetisse
Ai! meu amor, podes crê-lo;
Foi preciso que fugisse
De ao pé de ti, a correr
Não sabia o que fazer
Nem sabia, meu encanto;
Que um adeus custava tanto
Disse-te adeus, sem saber
Desde então, eu, orgulhoso
Tu – orgulhosa como eu
Vivemos fora do céu
Do nosso sonho amoroso;
Num inferno pavoroso
Tombámos naquela hora
Só ciúme me devora
Só sinto torva agonia;
Por não saber, nesse dia
Aquilo que sei agora
Sei, embora tal não digas
Que vives contrariada
Que casaste despeitada
Que sabes que me castigas;
Sei que a dor a que me obrigas
Te faz também padecer
Que não consigo esconder
Que sou servo dos teus servos;
Tudo isto porque, com nervos
Adeus não custa a dizer
O que custa, se te vejo
E calar meu sofrimento
É fingir contentamento
É disfarçar o desejo;
O que custa, pois invejo
Aquele que hoje te adora
É ver-te andar, cá por fora;
Sorrindo, d’olhos em brasa
E, depois que entras em casa
O que custa é ir embora
Um velho fado, encontrei
Carlos Baleia / Arménio de Melo *fado baleia*
Repertório de Adriano Pina
O meu fado anda sem sono
Preso na sombra que passa
Sombra ligeira e sem dono
Como ele ao abandono
Pelas ruas que tem a Graça
E ao caminhar pelas calçadas
Sabe Deus atrás de quem
Meu fado sobe as escadas
Onde ficaram gravadas
As sombras que a vida tem
Quando, já na Mouraria,
Em passos andou perdido
Pela rua estreita e sombria
Viu que outro fado vivia
Longe de tudo, escondido
Era um fado de Malhoa
Quadro ou fantasma acordado
Que ali ou na Madragoa
Ao cantar, era a Lisboa
Ciosa do seu passado
E esse canto que eu ouvi
Nessas sombras da cidade
Deu-me, Lisboa, de ti
Recados que deixo aqui
De um fado com outra idade
Repertório de Adriano Pina
O meu fado anda sem sono
Preso na sombra que passa
Sombra ligeira e sem dono
Como ele ao abandono
Pelas ruas que tem a Graça
E ao caminhar pelas calçadas
Sabe Deus atrás de quem
Meu fado sobe as escadas
Onde ficaram gravadas
As sombras que a vida tem
Quando, já na Mouraria,
Em passos andou perdido
Pela rua estreita e sombria
Viu que outro fado vivia
Longe de tudo, escondido
Era um fado de Malhoa
Quadro ou fantasma acordado
Que ali ou na Madragoa
Ao cantar, era a Lisboa
Ciosa do seu passado
E esse canto que eu ouvi
Nessas sombras da cidade
Deu-me, Lisboa, de ti
Recados que deixo aqui
De um fado com outra idade
Desenhei-te na memória
Vasco Lima Couto / Alfredo Duarte *fado pájem*
Repertório de Jorge Baptista da Silva
Desenhei-te na memória
Que tanta vida me esconde
Afirmaram que existias
Sei que existes, não sei onde
Na minha voz há uma lenda
Que não pertence a ninguém
E no coração um sol
Que não aquece o que tem
Não me digas ao deixar-me
Que me deixas, meu amor
Diz que me levas nos olhos
Com a sombra duma flor
O teu rosto é como a noite
Que envolve o cair do dia
Fecha todos os jardins
E abre a minha fantasia
Repertório de Jorge Baptista da Silva
Desenhei-te na memória
Que tanta vida me esconde
Afirmaram que existias
Sei que existes, não sei onde
Na minha voz há uma lenda
Que não pertence a ninguém
E no coração um sol
Que não aquece o que tem
Não me digas ao deixar-me
Que me deixas, meu amor
Diz que me levas nos olhos
Com a sombra duma flor
O teu rosto é como a noite
Que envolve o cair do dia
Fecha todos os jardins
E abre a minha fantasia
Foi hoje
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Perguntei hoje à saudade
Se era por ti que chorava
Disse que não e que andava
Comigo contra vontade
Perguntei aos olhos meus
Se dos teus se recordavam
Vi bem que não se lembravam
Dizendo: valha-te Deus
Aos meus braços e abraços
P’los teus braços perguntei
Ambos disseram: não sei
Desprendidos desses laços
Por isso hoje decidi
Mandar a saudade embora
Foi hoje e a partir d’agora
Já não me lembro de ti
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Perguntei hoje à saudade
Se era por ti que chorava
Disse que não e que andava
Comigo contra vontade
Perguntei aos olhos meus
Se dos teus se recordavam
Vi bem que não se lembravam
Dizendo: valha-te Deus
Aos meus braços e abraços
P’los teus braços perguntei
Ambos disseram: não sei
Desprendidos desses laços
Por isso hoje decidi
Mandar a saudade embora
Foi hoje e a partir d’agora
Já não me lembro de ti
Tenho a alma cheia de mar
Carlos Baleia / Arménio de Melo *fado invicto*
Repertório de Nadine Brás
Tenho a alma cheia de mar
Com ondas de perdição
Coração a transbordar
Em marés de uma paixão
Tenho vaivéns de ternura
Com medos de naufragar
A viver numa aventura
Com alma cheia de mar
Tenho ondas á cintura
Presas por algas marinhas
E uma rota de procura
Das emoções que eram minhas
Tenho cantos de atracão
Sem apelos à doçura
Onde um mar em turbilhão
Me pôs ondas à cintura
Tenho um amor à deriva
Pronto a bater nas rochas
Numa traineira furtiva
Onde falta a luz das tochas
Tenho a certeza banal
A rezar para que viva
E escape do temporal
Este amor que anda à deriva
Repertório de Nadine Brás
Tenho a alma cheia de mar
Com ondas de perdição
Coração a transbordar
Em marés de uma paixão
Tenho vaivéns de ternura
Com medos de naufragar
A viver numa aventura
Com alma cheia de mar
Tenho ondas á cintura
Presas por algas marinhas
E uma rota de procura
Das emoções que eram minhas
Tenho cantos de atracão
Sem apelos à doçura
Onde um mar em turbilhão
Me pôs ondas à cintura
Tenho um amor à deriva
Pronto a bater nas rochas
Numa traineira furtiva
Onde falta a luz das tochas
Tenho a certeza banal
A rezar para que viva
E escape do temporal
Este amor que anda à deriva
Noite, onde vais cheia de pressa?
Kalaf Epalanga / Mário Laginha
Repertório de Cristina Branco
Noite, onde vais cheia de pressa?
Não, não me saias daqui sem mim
O sol, ainda é a esfera de espelhos
E dançar fica-nos tão bem
O escuro, o vestido, o cálice
E uma mão de homem
A folha caída no meu dorso
E que navega às cegas
Meus olhos não pedem nada
Minha boca... esta sim
Quero que me mintas
Com esta alvura com que sorris
E se eu me chamasse rua
Seria uma rima toante
Seria hoje uma saudade
Que se esqueceu no cais
Repertório de Cristina Branco
Noite, onde vais cheia de pressa?
Não, não me saias daqui sem mim
O sol, ainda é a esfera de espelhos
E dançar fica-nos tão bem
O escuro, o vestido, o cálice
E uma mão de homem
A folha caída no meu dorso
E que navega às cegas
Meus olhos não pedem nada
Minha boca... esta sim
Quero que me mintas
Com esta alvura com que sorris
E se eu me chamasse rua
Seria uma rima toante
Seria hoje uma saudade
Que se esqueceu no cais
Num beijo disse-te adeus
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Num beijo disse-te adeus
E nesse beijo, meu Deus
Disse adeus à minha vida
Se vivo, não o desejo
Desde a hora desse beijo
Que foi nossa despedida
Num beijo, um beijo terno
Troquei o céu p’lo inferno
Fiz de mim sombra do que era
Quem diria, quem diria
Que um beijo trocaria
Por Inverno a Primavera
Num beijo, num beijo apenas
Parei as horas serenas
Da minha felicidade
Numa agonia constante
É que vivo desde o instante
Que abri meu peito à saudade
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Num beijo disse-te adeus
E nesse beijo, meu Deus
Disse adeus à minha vida
Se vivo, não o desejo
Desde a hora desse beijo
Que foi nossa despedida
Num beijo, um beijo terno
Troquei o céu p’lo inferno
Fiz de mim sombra do que era
Quem diria, quem diria
Que um beijo trocaria
Por Inverno a Primavera
Num beijo, num beijo apenas
Parei as horas serenas
Da minha felicidade
Numa agonia constante
É que vivo desde o instante
Que abri meu peito à saudade
Andam palavras fugindo
Carlos Baleia / Arménio de Melo
Repertório de Nadine Brás
Andam palavras fugindo
Com medo do que adivinham
E na fuga vão sentindo
Que a morte de um sonho lindo
São penas que se avizinham
Palavras que em vendaval
A cavalgar sentimentos
Numa corrida infernal
Sem começo nem final
São donas dos meus tormentos
Tão longe de mim andaram
Tão distantes da razão
Que sem palavras ficaram
Meus lábios, que assim deixaram
Fugir teus beijos de então
Secou a flor que era tua
Deste-me cardos para a vida
E as palavras vão pela rua
Falam de ti com a lua
Na noite triste e comprida
Repertório de Nadine Brás
Andam palavras fugindo
Com medo do que adivinham
E na fuga vão sentindo
Que a morte de um sonho lindo
São penas que se avizinham
Palavras que em vendaval
A cavalgar sentimentos
Numa corrida infernal
Sem começo nem final
São donas dos meus tormentos
Tão longe de mim andaram
Tão distantes da razão
Que sem palavras ficaram
Meus lábios, que assim deixaram
Fugir teus beijos de então
Secou a flor que era tua
Deste-me cardos para a vida
E as palavras vão pela rua
Falam de ti com a lua
Na noite triste e comprida
Outros amores
Tiago Torres da Silva / José Geadas
Repertório de José Geadas
Não penses
Repertório de José Geadas
Não penses
Por chegar de madrugada
Que trago a alma pesada
D′algum beijo dado à pressa
Não penses
Que trago a alma pesada
D′algum beijo dado à pressa
Não penses
Por já ser assim tão tarde
Que no meu coração arde
Outro amor por quem te esqueça
A vida não me deu outros amores
Mas deu-me por missão gostar de ti
A vida é um palco sem atores
A nossa, fui eu mesmo que a escrevi
Tenho uma amante que diz
Que num instante é feliz
No outro tem o coração quase desfeito
Tenho uma amante, que enfim
Já é bastante pra mim
É a guitarra que trago encostada ao peito
Não penses
Que no meu coração arde
Outro amor por quem te esqueça
A vida não me deu outros amores
Mas deu-me por missão gostar de ti
A vida é um palco sem atores
A nossa, fui eu mesmo que a escrevi
Tenho uma amante que diz
Que num instante é feliz
No outro tem o coração quase desfeito
Tenho uma amante, que enfim
Já é bastante pra mim
É a guitarra que trago encostada ao peito
Não penses
Que me sinto apaixonado
Meu amor, venho do fado
Só o fado te faz frente
Não penses
Meu amor, venho do fado
Só o fado te faz frente
Não penses
Que me posso deixar disto
Eu, sem fado não existo
Nem sequer chego a ser gente
O fado não me deu alternativa
Por mais anos que viva, ele e eu
O fado é o ar que aqui respiro
No último suspiro serei seu
Eu, sem fado não existo
Nem sequer chego a ser gente
O fado não me deu alternativa
Por mais anos que viva, ele e eu
O fado é o ar que aqui respiro
No último suspiro serei seu
Rosa aberta sobre o mar
Vasco Lima Couto / Júlio Proença *fado puxavante*
Repertório de Jorge Batista da Silva
Rosa aberta sobre o mar
Que se espelha no teu rosto
Caminhos de namorar
Até ao fim do desgosto
Àquele jardim me prendes
Como cântaro ao luar
E és, no sonho que me vendes
Rosa aberta sobre o mar
É esse novo canteiro
Da cidade de que gosto
E a voz do cancioneiro
Que se espelha no teu rosto
Eu só te posso entender
E só te posso encontrar
Se dermos às mãos de ver
Caminhos de namorar
E até ao fim do desgosto
De nada te poder dar
Amo a sombra do teu rosto
Rosa aberta sobre o mar
Repertório de Jorge Batista da Silva
Rosa aberta sobre o mar
Que se espelha no teu rosto
Caminhos de namorar
Até ao fim do desgosto
Àquele jardim me prendes
Como cântaro ao luar
E és, no sonho que me vendes
Rosa aberta sobre o mar
É esse novo canteiro
Da cidade de que gosto
E a voz do cancioneiro
Que se espelha no teu rosto
Eu só te posso entender
E só te posso encontrar
Se dermos às mãos de ver
Caminhos de namorar
E até ao fim do desgosto
De nada te poder dar
Amo a sombra do teu rosto
Rosa aberta sobre o mar
Tempos de infância
Mote popular / Glosa de Henrique Rego
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Que bom é ser pequenino
Ter pai, ter mãe, ter avós
Ter esperança no destino
E ter quem goste de nós
Meu rico tempo de infância
Decorreu, por sorte minha
Como voar d’andorinha
Que se perde na distância;
Foi lindo, teve a fragrância
E o encanto peregrino
Dum arrebol matutino
Prenúncio dum sol risonho;
Para vivermos num sonho
Que bom é ser pequenino
Tempo amorável e doce
Que passei, alegremente
No regaço brando e quente
De quem no ventre me trouxe;
P’la idade…ou p’lo que fosse
Sentia o tempo veloz
Traquinava e via, após
Inocentes diabruras;
Ser a maior das venturas
Ter pai, ter mãe, ter avós
Cresci, e o meu coração
Botão de rosa em frescor
Foi pelas garras do amor
Desfolhada ’inda em botão;
Esfacelada essa ilusão
Arquitectada em menino
Confesso: perdi o tino
Ensandeci, pouco a pouco;
E não pode um triste louco
Ter esp’rança no destino
A Esp’rança!... palavra vã
Que em muita ideia divaga
Foi p’ra mim luz que se apaga
Ao despertar da manhã;
Numa alegria pagã
P’ra alindar a vida atroz
Há quem alevante a voz
P’ra dizer que o maior bem;
É na vida amar alguém
E ter quem goste de nós
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Que bom é ser pequenino
Ter pai, ter mãe, ter avós
Ter esperança no destino
E ter quem goste de nós
Meu rico tempo de infância
Decorreu, por sorte minha
Como voar d’andorinha
Que se perde na distância;
Foi lindo, teve a fragrância
E o encanto peregrino
Dum arrebol matutino
Prenúncio dum sol risonho;
Para vivermos num sonho
Que bom é ser pequenino
Tempo amorável e doce
Que passei, alegremente
No regaço brando e quente
De quem no ventre me trouxe;
P’la idade…ou p’lo que fosse
Sentia o tempo veloz
Traquinava e via, após
Inocentes diabruras;
Ser a maior das venturas
Ter pai, ter mãe, ter avós
Cresci, e o meu coração
Botão de rosa em frescor
Foi pelas garras do amor
Desfolhada ’inda em botão;
Esfacelada essa ilusão
Arquitectada em menino
Confesso: perdi o tino
Ensandeci, pouco a pouco;
E não pode um triste louco
Ter esp’rança no destino
A Esp’rança!... palavra vã
Que em muita ideia divaga
Foi p’ra mim luz que se apaga
Ao despertar da manhã;
Numa alegria pagã
P’ra alindar a vida atroz
Há quem alevante a voz
P’ra dizer que o maior bem;
É na vida amar alguém
E ter quem goste de nós
Porto na memória
Letra e música de Lino Lobão
Repertório do autor
Num amplo casario adormecido
No por-do-sol que brilha junto à foz
O Porto canta alegre envaidecido
A história que pertence a todos nós
Relembra outros tempos com saudade
P'las ruas e ruelas tão velhinhas
P'la Sé, pela Ribeira ou na Trindade
Canta-se o fado, comem-se as iscas quentinhas
Vou até ao Cubo
Repertório do autor
Num amplo casario adormecido
No por-do-sol que brilha junto à foz
O Porto canta alegre envaidecido
A história que pertence a todos nós
Relembra outros tempos com saudade
P'las ruas e ruelas tão velhinhas
P'la Sé, pela Ribeira ou na Trindade
Canta-se o fado, comem-se as iscas quentinhas
Vou até ao Cubo
Virado para o rio
Olho a outra margem
Olho a outra margem
Como está bonita agora
E fico eternamente
E fico eternamente
Com o Porto na memória;
Saltam os miúdos
Saltam os miúdos
Da ponte para o rio
Do Duque da Ribeira
Do Duque da Ribeira
Ainda reza a história
E o Porto tão velhinho
E o Porto tão velhinho
Vai ficando na memória
Com euforia o povo sai para a rua
É festa popular é o S. João
Sardinhas, caldo verde com fartura
Cantam-se marchas lança-se o balão
Tão nobre é este povo da cidade
Que do trabalho tira o seu viver
Vencida põe o fim à mocidade
Que é tradição trabalhar até morrer
Com euforia o povo sai para a rua
É festa popular é o S. João
Sardinhas, caldo verde com fartura
Cantam-se marchas lança-se o balão
Tão nobre é este povo da cidade
Que do trabalho tira o seu viver
Vencida põe o fim à mocidade
Que é tradição trabalhar até morrer
Obrigado, mulher
Vasco Lima Couto / Alfredo Duarte *fado cuf*
Repertório de Jorge Baptista da Silva
Obrigado, mulher porque gritaste
Aquela madrugada que foi tua
E sem saberes porquê, tu agarraste
A certeza do amor que te viu nua
Obrigado, mulher porque seguiste
Esse crescer de flor que era um recado
E ensinaste a pureza que tu viste
Sem entenderes que um deus estava a teu lado
Obrigado, mulher pela alegria
De ouvires falar o que de ti nasceu
Olhando a rua que lhe deste um dia
Com todo o sonho que ninguém te deu
E obrigado, mulher que eu não conheço
Por seres o peito desta minha chama
Por seres essa distância que eu mereço
E se deita, a sorrir, na minha cama
Repertório de Jorge Baptista da Silva
Obrigado, mulher porque gritaste
Aquela madrugada que foi tua
E sem saberes porquê, tu agarraste
A certeza do amor que te viu nua
Obrigado, mulher porque seguiste
Esse crescer de flor que era um recado
E ensinaste a pureza que tu viste
Sem entenderes que um deus estava a teu lado
Obrigado, mulher pela alegria
De ouvires falar o que de ti nasceu
Olhando a rua que lhe deste um dia
Com todo o sonho que ninguém te deu
E obrigado, mulher que eu não conheço
Por seres o peito desta minha chama
Por seres essa distância que eu mereço
E se deita, a sorrir, na minha cama
Eu
Letra e música de Luís Figueiredo
Repertório de Cristina Branco
Repertório de Cristina Branco
Eu, que mudei de casa
Eu, que sarei a asa
Eu, que fiz tudo para esquecer
Mas eu já não sei viver
Eu, que cortei cabelos
Eu, que desfiz novelos
Eu, que dei tudo para avançar
Mas eu já não sei andar
Eu, que senti que vibrei quando vi
Que podia existir alguém assim
Eu, que chorei, que sofri, que tentei
Amarrar-te ao que há de triste em mim
Eu, que troquei de carro
Eu, que limpei o sarro
Eu, que tentei o corpo erguer
Mas já não consigo ser
Eu, que esfreguei paredes
Eu, que rasguei as redes
que me prendiam ao teu chão
E eu nunca soube a razão
Eu, que vivi, que sonhei, pressenti
A ternura de te ter até ao fim
Eu, que chorei, que sofri, que tentei
Amarrar-te ao que há de triste em mim
Eu vou voltar a erguer-me
Eu vou dizer ao mar
Que eu sou mais forte do que ele
Sou mais forte do que eu
Eu, que sarei a asa
Eu, que fiz tudo para esquecer
Mas eu já não sei viver
Eu, que cortei cabelos
Eu, que desfiz novelos
Eu, que dei tudo para avançar
Mas eu já não sei andar
Eu, que senti que vibrei quando vi
Que podia existir alguém assim
Eu, que chorei, que sofri, que tentei
Amarrar-te ao que há de triste em mim
Eu, que troquei de carro
Eu, que limpei o sarro
Eu, que tentei o corpo erguer
Mas já não consigo ser
Eu, que esfreguei paredes
Eu, que rasguei as redes
que me prendiam ao teu chão
E eu nunca soube a razão
Eu, que vivi, que sonhei, pressenti
A ternura de te ter até ao fim
Eu, que chorei, que sofri, que tentei
Amarrar-te ao que há de triste em mim
Eu vou voltar a erguer-me
Eu vou dizer ao mar
Que eu sou mais forte do que ele
Sou mais forte do que eu
Avezinhas felizes
José Fernandes Castro e Lino Lobão / João Martins
Repertório de Lino Lobão
3 primeiras estrofes de J.F.Castro / 4ª estrofe de L. Lobão
Eram duas avezinhas
Cada qual com o seu ninho
Onde a rotina morava
Mas apesar de sózinhas
Não lhes faltava o carinho
Que a natureza lhes dava
Ambas tinham à mercê
A liberdade bastante
Para viverem felizes
Só não tinham, bem se vê
Um amor puro, constante
Para criarem raízes
Porém, num bendito dia
Cruzaram-se no caminho
Que o céu da vida mostrou
E assim nasceu, por magia
O símbolo do carinho
Com que a paixão as brindou
Como essas avezinhas
Há quem escreva na vida
Uns lindos versos de amor
Mas quando sozinhas
Choram a vida perdida
Cantando trovas de dor
Repertório de Lino Lobão
3 primeiras estrofes de J.F.Castro / 4ª estrofe de L. Lobão
Eram duas avezinhas
Cada qual com o seu ninho
Onde a rotina morava
Mas apesar de sózinhas
Não lhes faltava o carinho
Que a natureza lhes dava
Ambas tinham à mercê
A liberdade bastante
Para viverem felizes
Só não tinham, bem se vê
Um amor puro, constante
Para criarem raízes
Porém, num bendito dia
Cruzaram-se no caminho
Que o céu da vida mostrou
E assim nasceu, por magia
O símbolo do carinho
Com que a paixão as brindou
Como essas avezinhas
Há quem escreva na vida
Uns lindos versos de amor
Mas quando sozinhas
Choram a vida perdida
Cantando trovas de dor
Gota de água
Popular
Repertório de António Zambujo
Fui à fonte beber água
Achei um raminho verde
Quem o perdeu tinha amores
Quem o achou tinha sede
Dá-me uma gotinha d’água
Dessa que eu oiço correr
Entre pedras e pedrinhas
Alguma gota há-de haver
Alguma gota há-de haver
Quero molhar a garganta
Quero cantar como a rola
Como a rola ninguém canta
Debaixo da oliveira
Não se pode namorar
Porque a folha miudinha
Não deixa passar o ar
Repertório de António Zambujo
Fui à fonte beber água
Achei um raminho verde
Quem o perdeu tinha amores
Quem o achou tinha sede
Dá-me uma gotinha d’água
Dessa que eu oiço correr
Entre pedras e pedrinhas
Alguma gota há-de haver
Alguma gota há-de haver
Quero molhar a garganta
Quero cantar como a rola
Como a rola ninguém canta
Debaixo da oliveira
Não se pode namorar
Porque a folha miudinha
Não deixa passar o ar
A lenda do velho Porto
Carlos Bessa / Pedro Rodrigues
Repertório de Lino Lobão
Cai um forte nevoeiro
Sobre esta linda cidade
Que deu nome a Portugal
Parece que o céu inteiro
Quer esconder a verdade
Da história medieval
Diz a lenda, que um dia
El-rei D, Pedro, à toa
Repertório de Lino Lobão
Cai um forte nevoeiro
Sobre esta linda cidade
Que deu nome a Portugal
Parece que o céu inteiro
Quer esconder a verdade
Da história medieval
Diz a lenda, que um dia
El-rei D, Pedro, à toa
Anunciou o noivado
Sem saber o que dizia
Quis que o Porto e Lisboa
Sem saber o que dizia
Quis que o Porto e Lisboa
Casassem no seu reinado
Num cortejo imponente
O Rio Douro, subiram
Num cortejo imponente
O Rio Douro, subiram
Barcos do país inteiro
Foi então que de repente
As portas do céu se abriram
Foi então que de repente
As portas do céu se abriram
Caiu forte nevoeiro
O Porto desapareceu
E El-rei viu-se obrigado
O Porto desapareceu
E El-rei viu-se obrigado
A anular o casamento
Lisboa se entristeceu
Por romperem seu noivado
Lisboa se entristeceu
Por romperem seu noivado
Deu entrada num convento
O Porto ficou solteiro
O Porto ficou solteiro
Amante da liberdade
Deixai-o ser, não faz mal
Deu-lhe Deus o nevoeiro
Deixai-o ser, não faz mal
Deu-lhe Deus o nevoeiro
Encanto desta cidade
Que deu nome a Portugal
Que deu nome a Portugal
Asas cortadas
Carlos Baleia / Arménio de Melo
Repertório de Margarida Soeiro
De asas cortadas voando
Não me afasto deste cais
De barcos, saudade e mar
E quase presa ficando
Meus dias tornam-se iguais
Aos dias que hão-de chegar
Da doce esperança sonhada
Só o teu olhar ficou
Com sinais de negação
E às mãos cheias de nada
Só a incerteza chegou
Para morar no coração
E assim vivo sem mudança
Em tua teia envolvida
Nos dias que passam lentos
Na longa espera que cansa
Onde a paixão mal nascida
Ganha um voar de tormentos
Repertório de Margarida Soeiro
De asas cortadas voando
Não me afasto deste cais
De barcos, saudade e mar
E quase presa ficando
Meus dias tornam-se iguais
Aos dias que hão-de chegar
Da doce esperança sonhada
Só o teu olhar ficou
Com sinais de negação
E às mãos cheias de nada
Só a incerteza chegou
Para morar no coração
E assim vivo sem mudança
Em tua teia envolvida
Nos dias que passam lentos
Na longa espera que cansa
Onde a paixão mal nascida
Ganha um voar de tormentos
Casa
Kalaf Epalanga / Toty Sa’med
Repertório de Cristina Branco
Uma cama num quarto, numa rua vazia
Da janela a ponte de um rio ao longe
Uma cidade dorme
Na sua quietude um espelho
Meus sulcos, meus cabelos
O meu nome
E quantas vidas cabem numa voz?
Se quando me dou é p’ra abreviar
O imenso que habita em mim
Quantas vidas cabem numa voz?
Sei sem dizer adeus voltei sem ruido
O gato, o quadro, as flores, o cheiro, a casa
E p’ra não acordar
A saudade de quem espera
Trago o sorriso
E os meus pés descalços
Repertório de Cristina Branco
Uma cama num quarto, numa rua vazia
Da janela a ponte de um rio ao longe
Uma cidade dorme
Na sua quietude um espelho
Meus sulcos, meus cabelos
O meu nome
E quantas vidas cabem numa voz?
Se quando me dou é p’ra abreviar
O imenso que habita em mim
Quantas vidas cabem numa voz?
Sei sem dizer adeus voltei sem ruido
O gato, o quadro, as flores, o cheiro, a casa
E p’ra não acordar
A saudade de quem espera
Trago o sorriso
E os meus pés descalços
Minha Lisboa
Carlos Baleia / Arménio de Melo
Repertório de Jorge Batista da Silva
É uma Lisboa de cores a que se ama
Nos pátios escondidos, ruas ou vielas
Entre telhados que nela descem desde Alfama
E águas do Tejo, onde moraram caravelas;
Azuis de céu e rio em claro contraluz
Tons de ocres, rosa e verdes esbatidos
Qual caleidoscópio que dança, que seduz
E que se infiltra docemente nos sentidos
Quantas histórias de ti, não tenho eu guardadas
De quantas outras nem sequer suspeitarei
E se as tuas cores estão ao mundo escancaradas
Mistérios em ti há, que nunca saberei:
Segredos tantos que o tempo acumulou
Em que amores e traições se foram calcinando
Num caldo de encanto que sempre se apurou
Em tonalidades que o tempo foi dourando
Lisboa, mal de amores, uma terna saudade
Uma aventura em descoberta permanente
Um discurso com sabor a eternidade
Numa mistura de culturas que se sente;
No abraço que se dá ao tudo que a rodeia
Assim se saboreia o muito que não vemos
Uma cidade que invade a nossa ideia
Colorida paixão de um Fado que nós temos
Repertório de Jorge Batista da Silva
É uma Lisboa de cores a que se ama
Nos pátios escondidos, ruas ou vielas
Entre telhados que nela descem desde Alfama
E águas do Tejo, onde moraram caravelas;
Azuis de céu e rio em claro contraluz
Tons de ocres, rosa e verdes esbatidos
Qual caleidoscópio que dança, que seduz
E que se infiltra docemente nos sentidos
Quantas histórias de ti, não tenho eu guardadas
De quantas outras nem sequer suspeitarei
E se as tuas cores estão ao mundo escancaradas
Mistérios em ti há, que nunca saberei:
Segredos tantos que o tempo acumulou
Em que amores e traições se foram calcinando
Num caldo de encanto que sempre se apurou
Em tonalidades que o tempo foi dourando
Lisboa, mal de amores, uma terna saudade
Uma aventura em descoberta permanente
Um discurso com sabor a eternidade
Numa mistura de culturas que se sente;
No abraço que se dá ao tudo que a rodeia
Assim se saboreia o muito que não vemos
Uma cidade que invade a nossa ideia
Colorida paixão de um Fado que nós temos
Quiseste que eu fosse louco
Mote de Henrique Rego / Glosa de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Quiseste que fosse louco
P’ra que te amasse melhor
Mas amaste-me tão pouco
Que eu fiquei louco de amor
Aos teus encantos rendido
Andei por ti meio tonto
Sem nunca alcançar o ponto
P’lo teu querer apetecido;
Vivia sim convencido
De te adorar com fervor
Milhentas provas de amor
Que te dei, achaste pouco;
Quiseste que fosse louco
P’ra que te amasse melhor
Perdi de todo a noção
E aos teus caprichos cedendo
Pouco a pouco enlouquecendo
Perdi por ti a razão;
E em desmedida paixão
Doida paixão, sem valor
Tão doida como supor
Que ao meu amor desses troco;
Mas amaste-me tão pouco
Que eu fiquei louco de amor
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Quiseste que fosse louco
P’ra que te amasse melhor
Mas amaste-me tão pouco
Que eu fiquei louco de amor
Aos teus encantos rendido
Andei por ti meio tonto
Sem nunca alcançar o ponto
P’lo teu querer apetecido;
Vivia sim convencido
De te adorar com fervor
Milhentas provas de amor
Que te dei, achaste pouco;
Quiseste que fosse louco
P’ra que te amasse melhor
Perdi de todo a noção
E aos teus caprichos cedendo
Pouco a pouco enlouquecendo
Perdi por ti a razão;
E em desmedida paixão
Doida paixão, sem valor
Tão doida como supor
Que ao meu amor desses troco;
Mas amaste-me tão pouco
Que eu fiquei louco de amor
Duas preces
José Guimarães / Armandinho *fado alexandrino antigo*
Repertório de Tony Rocha
Passei naquela igreja, entrei para rezar
P'ra que o céu me proteja e me guie no bem
Em silêncio segui até junto ao altar
De joelhos pedi aos pés da Virgem Mãe
Ali ajoelhado, então eu reparei
Em alguém que a meu lado em voz alta rezava
Não estava mais ninguém e sem querer escutei
Era uma pobre mãe que à Virgem implorava
Aqui a vossos pés, senhora minha Mãe
Eu peço que lhe dês a esperança de voltar
Guiai-o por bom trilho, vós que sois mãe também
Velai pelo meu filho nas terras de além-mar
Nas faces já sem cor dessa pobre mulher
Vi lágrimas de dor por elas deslizar
E o seu olhar sem brilho pedia com querer
Que o rosto de seu filho possa outra vez beijar
Minh'alma ficou presa àquele olhar magoado
E tive uma tristeza ao vê-la assim chorar
Cheguei p'ra junto dela, ajoelhei ao lado
E ao céu pedi com ela p’ra seu filho voltar
Repertório de Tony Rocha
Passei naquela igreja, entrei para rezar
P'ra que o céu me proteja e me guie no bem
Em silêncio segui até junto ao altar
De joelhos pedi aos pés da Virgem Mãe
Ali ajoelhado, então eu reparei
Em alguém que a meu lado em voz alta rezava
Não estava mais ninguém e sem querer escutei
Era uma pobre mãe que à Virgem implorava
Aqui a vossos pés, senhora minha Mãe
Eu peço que lhe dês a esperança de voltar
Guiai-o por bom trilho, vós que sois mãe também
Velai pelo meu filho nas terras de além-mar
Nas faces já sem cor dessa pobre mulher
Vi lágrimas de dor por elas deslizar
E o seu olhar sem brilho pedia com querer
Que o rosto de seu filho possa outra vez beijar
Minh'alma ficou presa àquele olhar magoado
E tive uma tristeza ao vê-la assim chorar
Cheguei p'ra junto dela, ajoelhei ao lado
E ao céu pedi com ela p’ra seu filho voltar
Segredos de mim
Carlos Baleia / Arménio de Melo
Repertório de Adriano Pina
Os segredos que digo
Os segredos que calo
Uns que ficam comigo
E uns que partem se eu falo
Corro atrás dos segredos
Que voam sem eu querer
E em altos arvoredos
Se dão a conhecer
Os segredos de mim
A caminho do mar
São segredos sem fim
Que não posso agarrar
Idos do coração
Meus segredos de amores
Perdendo a direção
São loucos voadores
Caniçais tagarelas
Aos segredos contados
Vão abrindo janelas
Dos lamentos guardados
E minha alma reclama
Da longa viagem
Dos segredos que chama
E já são miragem
E ao ficarem perdidos
A viver sem morada
Soltam gritos sofridos
Á luz da madrugada
Segredos libertados
Que os lábios soltaram
E agora são os fados
Que, tão tristes, chegaram
Repertório de Adriano Pina
Os segredos que digo
Os segredos que calo
Uns que ficam comigo
E uns que partem se eu falo
Corro atrás dos segredos
Que voam sem eu querer
E em altos arvoredos
Se dão a conhecer
Os segredos de mim
A caminho do mar
São segredos sem fim
Que não posso agarrar
Idos do coração
Meus segredos de amores
Perdendo a direção
São loucos voadores
Caniçais tagarelas
Aos segredos contados
Vão abrindo janelas
Dos lamentos guardados
E minha alma reclama
Da longa viagem
Dos segredos que chama
E já são miragem
E ao ficarem perdidos
A viver sem morada
Soltam gritos sofridos
Á luz da madrugada
Segredos libertados
Que os lábios soltaram
E agora são os fados
Que, tão tristes, chegaram
Eu por engomar
André Henriques / Filho da Mãe *Rui Carvalho*
Repertório de Cristina Branco
O inverno no joelho quando dobra
Estremece e anuncia
Esta chuva que me acorda
Novas manhãs, rugas e cãs
Eu por engomar
O tempo dá
O tempo tira
O tempo cobra
A cadeira quase me devora
O teu cheiro no armário
Ainda não se foi embora
Onã, bon vivant
A paixão, de tão vã
Só veio assombrar
Novas manhãs
Trincámos maçãs
E a serpente a olhar
E a falta que me fazes
No meio deste vendaval
Eu só quero que me prendas
Como mola no sisal
Repertório de Cristina Branco
O inverno no joelho quando dobra
Estremece e anuncia
Esta chuva que me acorda
Novas manhãs, rugas e cãs
Eu por engomar
O tempo dá
O tempo tira
O tempo cobra
A cadeira quase me devora
O teu cheiro no armário
Ainda não se foi embora
Onã, bon vivant
A paixão, de tão vã
Só veio assombrar
Novas manhãs
Trincámos maçãs
E a serpente a olhar
E a falta que me fazes
No meio deste vendaval
Eu só quero que me prendas
Como mola no sisal
Recordações
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
No silêncio do meu peito
Guardei as recordações
Do nosso amor todo feito
De promessas e ilusões
Quando os nossos corações
Batiam do mesmo jeito
Colorida Primavera
Maré calma de bonança
Voltar atrás, à quimera
Sonhar de novo, ter esperança
Sentir fé e confiança
No amanhã, quem me dera
Sol a pino, quente Agosto
Amor ao rubro, escaldante
Um riso em cada desgosto
Em cada pranto um descante
Ai tão longe, tão distante
Todo o riso, todo o gosto
Tardes frias, triste Outono
Que tão depressa vieste
A predizer abandono
Às promessas que fizeste
Que tristeza tão agreste
Nos sonhos deste meu sono
E neste tremendo Inverno
Da minha eterna amargura
Cada dia é um inferno
Cada noite uma tortura
E o meu peito é sepultura
Deste recordar eterno
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
No silêncio do meu peito
Guardei as recordações
Do nosso amor todo feito
De promessas e ilusões
Quando os nossos corações
Batiam do mesmo jeito
Colorida Primavera
Maré calma de bonança
Voltar atrás, à quimera
Sonhar de novo, ter esperança
Sentir fé e confiança
No amanhã, quem me dera
Sol a pino, quente Agosto
Amor ao rubro, escaldante
Um riso em cada desgosto
Em cada pranto um descante
Ai tão longe, tão distante
Todo o riso, todo o gosto
Tardes frias, triste Outono
Que tão depressa vieste
A predizer abandono
Às promessas que fizeste
Que tristeza tão agreste
Nos sonhos deste meu sono
E neste tremendo Inverno
Da minha eterna amargura
Cada dia é um inferno
Cada noite uma tortura
E o meu peito é sepultura
Deste recordar eterno
Lenda de Gaia
Lino Lobão / André Teixeira *balada de André Teixeira*
Repertório de Lino Lobão
Foi neste rio d’ouro pintado
Que ela fugiu do seu amado
Foi nesta margem
Que com coragem ele ancorou
E ali defronte, bem junto à fonte
A procurou
Esta medalha, prova de mágoa
Chegou a Gaia em bilha de água
E atraiçoado
Foi condenado por pouca sorte
Mas o Romeiro fez-se guerreiro
Vencendo a morte
Foi neste rio
Olhando a margem de olhar frio
Triste miragem
Foi esta espada
Que fez a amada, mulher perdida
E o amor findou, Gaia mirou
Perdendo a vida
Repertório de Lino Lobão
Foi neste rio d’ouro pintado
Que ela fugiu do seu amado
Foi nesta margem
Que com coragem ele ancorou
E ali defronte, bem junto à fonte
A procurou
Esta medalha, prova de mágoa
Chegou a Gaia em bilha de água
E atraiçoado
Foi condenado por pouca sorte
Mas o Romeiro fez-se guerreiro
Vencendo a morte
Foi neste rio
Olhando a margem de olhar frio
Triste miragem
Foi esta espada
Que fez a amada, mulher perdida
E o amor findou, Gaia mirou
Perdendo a vida
Juntei búzios, juntei algas
Carlos Baleia / Arménio de Melo
Repertório de Margarida Soeiro
Juntei búzios, juntei algas
Farrapos de mar antigo
Juntei feridas quem tu salgas
Nas ondas que tu cavalgas
Sem nunca ouvires o que eu digo
Oceano sem descanso
Dança de ti, que é loucura
Bailado que sonhei manso
É tempestade onde avanço
Numa maré de procura
Parei na praia deserta
Beijada pela imensidão
E depois andei incerta
Procurando a porta aberta
Para o vento desta paixão
Não sei se acaso fui espuma
Ou gaivota fugidia
Ou se fui coisa nenhuma
Que se perdeu com a bruma
Na manhã que já partia
Sei que é no mar que te vejo
Que é com algas que te prendo
Sei que tu és meu desejo
Quando me entrego num beijo
Por razões que não entendo
Repertório de Margarida Soeiro
Juntei búzios, juntei algas
Farrapos de mar antigo
Juntei feridas quem tu salgas
Nas ondas que tu cavalgas
Sem nunca ouvires o que eu digo
Oceano sem descanso
Dança de ti, que é loucura
Bailado que sonhei manso
É tempestade onde avanço
Numa maré de procura
Parei na praia deserta
Beijada pela imensidão
E depois andei incerta
Procurando a porta aberta
Para o vento desta paixão
Não sei se acaso fui espuma
Ou gaivota fugidia
Ou se fui coisa nenhuma
Que se perdeu com a bruma
Na manhã que já partia
Sei que é no mar que te vejo
Que é com algas que te prendo
Sei que tu és meu desejo
Quando me entrego num beijo
Por razões que não entendo
Que me importa a mim a vida
Letra de Silva Tavares
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Arquivo de Nuno de Siqueira
Que me importa a mim a vida
Que Deus me quis conceder?
Sem o teu amor, querida
A Vida não é viver
Tornar os teus olhos baços
Sugar-te a boca escaldante
Ver-te rendida em meus braços
Eis o meu sonho constante
Ligar-te a mim de tal jeito
Que tivesse a sensação
De sentir bater no peito
Junto ao meu, teu coração
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Arquivo de Nuno de Siqueira
Que me importa a mim a vida
Que Deus me quis conceder?
Sem o teu amor, querida
A Vida não é viver
Tornar os teus olhos baços
Sugar-te a boca escaldante
Ver-te rendida em meus braços
Eis o meu sonho constante
Ligar-te a mim de tal jeito
Que tivesse a sensação
De sentir bater no peito
Junto ao meu, teu coração
Aula de natação
Letra e música de Jorge Cruz
Repertório de Cristina Branco
Conheci-o a 10 de Maio
Na visita a Mira d’Aire
É o João, anunciou um amigo meu
Era o género desportista
Sorridente e educado
Fez questão de vir saudar-me
À entrada do Liceu
Perguntou no seu jeito embaraçado
Hoje às oito, passas lá no pavilhão?
Foi assim que dei por mim
Num cantinho da bancada de betão
Sozinha à espera do fim
Da aula de natação
Mal arranjou um bom emprego
E eu cheguei ao fim do curso
Ofereceu-me o anel de noivado
Assentámos na cidade
Um casal com dois rapazes
Por um ano de trabalho
20 dias no Algarve
E uma noite, ele lembrou-se esperançado
Era bom se os miúdos já nadassem no Verão
Quinze anos e um dia de casados
Assinámos no registo os papéis
Ele disse que se tinha apaixonado
O que eu disse, já não sei
Partilhámos os haveres
Para ele, a Passat
O time-sharing e um lote em Amiais
Para mim, o apartamento
A custódia dos rapazes
Rugas, varizes, duas hérnias discais
E um programa de hidroginástica
Fui lá hoje à primeira sessão
Conheci-o a 10 de Maio
Na visita a Mira d’Aire
É o João, anunciou um amigo meu
Era o género desportista
Sorridente e educado
Fez questão de vir saudar-me
À entrada do Liceu
Perguntou no seu jeito embaraçado
Hoje às oito, passas lá no pavilhão?
Foi assim que dei por mim
Num cantinho da bancada de betão
Sozinha à espera do fim
Da aula de natação
Mal arranjou um bom emprego
E eu cheguei ao fim do curso
Ofereceu-me o anel de noivado
Assentámos na cidade
Um casal com dois rapazes
Por um ano de trabalho
20 dias no Algarve
E uma noite, ele lembrou-se esperançado
Era bom se os miúdos já nadassem no Verão
Quinze anos e um dia de casados
Assinámos no registo os papéis
Ele disse que se tinha apaixonado
O que eu disse, já não sei
Partilhámos os haveres
Para ele, a Passat
O time-sharing e um lote em Amiais
Para mim, o apartamento
A custódia dos rapazes
Rugas, varizes, duas hérnias discais
E um programa de hidroginástica
Fui lá hoje à primeira sessão
Cantiga, chegando-se
Vasco Lima Couto / João David Rosa *fado rosa*
Repertório de Jorge Baptista da Silva
Amor, amor, meu amor
Por que te encontro a chorar?
O tempo em que te esperei
Chegou nas ondas do mar
Meu amor, amor d’amor
Sou de ti como era dantes
O sonho que não te dei
Corta o fio dos amantes
Amor, amor, meu amor
Que é das cartas viajadas?
Que importa o que nós dissemos
Nas campinas devoradas
Meu amor, amor d’amor
Tens o teu olhar parado
Veio o vento das demoras
E o chão ficou alagado
Amor, amor, meu amor
Olha a terra semeada
Estou a lembrar-me de ti
Numa roseira aparada
Meu amor, amor d’amor
Que sou seu, se nos perdemos?
Vivi, por te amar distante
Morri no que não fizemos
Repertório de Jorge Baptista da Silva
Amor, amor, meu amor
Por que te encontro a chorar?
O tempo em que te esperei
Chegou nas ondas do mar
Meu amor, amor d’amor
Sou de ti como era dantes
O sonho que não te dei
Corta o fio dos amantes
Amor, amor, meu amor
Que é das cartas viajadas?
Que importa o que nós dissemos
Nas campinas devoradas
Meu amor, amor d’amor
Tens o teu olhar parado
Veio o vento das demoras
E o chão ficou alagado
Amor, amor, meu amor
Olha a terra semeada
Estou a lembrar-me de ti
Numa roseira aparada
Meu amor, amor d’amor
Que sou seu, se nos perdemos?
Vivi, por te amar distante
Morri no que não fizemos
Sinto saudades
Carlos Baleia / Arménio de Melo
Repertório de Nadine Brás
Deixaste-me um rasto de saudade
Que fala, que me fala longamente
Quando o tempo na sua impiedade
Me mostra, cruel, que estás ausente
Lançaste fora o que eu guardei
E o vento foi de ti, um aliado
Sem cuidar do muito que eu amei
Soprando o que em mim ficou gravado
E nas noites longas que suporto
Aguardo, febril, as madrugadas
Que o passado insiste em não estar morto
E sonha ternuras renovadas
Mas, pobre de mim, que tal loucura
Apenas me dá sentida dor
Sem que haja remédio que dê cura
Às saudades que tenho, meu amor
Repertório de Nadine Brás
Deixaste-me um rasto de saudade
Que fala, que me fala longamente
Quando o tempo na sua impiedade
Me mostra, cruel, que estás ausente
Lançaste fora o que eu guardei
E o vento foi de ti, um aliado
Sem cuidar do muito que eu amei
Soprando o que em mim ficou gravado
E nas noites longas que suporto
Aguardo, febril, as madrugadas
Que o passado insiste em não estar morto
E sonha ternuras renovadas
Mas, pobre de mim, que tal loucura
Apenas me dá sentida dor
Sem que haja remédio que dê cura
Às saudades que tenho, meu amor
Caravela de Lisboa
Hermano da Câmara / Elpo di Lázaro *guitarra romana*
Repertório de Lino Lobão
Ai Lisboa, Lisboa, caravela de luar
Foi ali que eu nasci, foi ali que eu vivi
E aprendi a cantar
Ai Lisboa, Lisboa, caravela imortal
Com gaivotas na proa, vai passar Portugal
A guitarra portuguesa
Já correu o mundo inteiro
Dentro de uma caravela
Nos braços de um marinheiro
A guitarra portuguesa
Tem a graça de cigana
E um não sei quê de princesa
De uma princesa romana
Ai Lisboa, Lisboa, caravela de luar
Foi ali que afinal, avançou Portugal
À conquista do mar
Ai Lisboa, Lisboa, caravela de luz
Cada vela é uma tela com a cruz de Jesus
Repertório de Lino Lobão
Ai Lisboa, Lisboa, caravela de luar
Foi ali que eu nasci, foi ali que eu vivi
E aprendi a cantar
Ai Lisboa, Lisboa, caravela imortal
Com gaivotas na proa, vai passar Portugal
A guitarra portuguesa
Já correu o mundo inteiro
Dentro de uma caravela
Nos braços de um marinheiro
A guitarra portuguesa
Tem a graça de cigana
E um não sei quê de princesa
De uma princesa romana
Ai Lisboa, Lisboa, caravela de luar
Foi ali que afinal, avançou Portugal
À conquista do mar
Ai Lisboa, Lisboa, caravela de luz
Cada vela é uma tela com a cruz de Jesus
Diz lá se não é loucura
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
É loucura com certeza
A incerteza deste amor
Dás-me desgosto e tristeza
E eu dou-te tanto valor
Sabendo bem como abusas
Do meu afecto e carinho
Procuro as ruas que pisas
P’ra pisar o teu caminho
Ao deitar-me choro e juro
Nunca mais te procurar
E ao levantar-me procuro
Maneira de te encontrar
Atrás de ti passo a vida
Deixando ficar p’ra trás
Tanta coisa conseguida
Em troca do que não dás
Diz lá se não é loucura
Esta forma de gostar
Viver à tua procura
Com medo de te encontrar
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
É loucura com certeza
A incerteza deste amor
Dás-me desgosto e tristeza
E eu dou-te tanto valor
Sabendo bem como abusas
Do meu afecto e carinho
Procuro as ruas que pisas
P’ra pisar o teu caminho
Ao deitar-me choro e juro
Nunca mais te procurar
E ao levantar-me procuro
Maneira de te encontrar
Atrás de ti passo a vida
Deixando ficar p’ra trás
Tanta coisa conseguida
Em troca do que não dás
Diz lá se não é loucura
Esta forma de gostar
Viver à tua procura
Com medo de te encontrar
A voz de dentro
Vasco Lima Couto / Alfredo Mendes *fado latino*
Repertorio de Jorge Baptista da Silva
De noite enquanto o sangue me renova
Este quase cansado movimento
Vou libertando o tempo dessa cova
Na angústia que é o ler-me em pensamento
Como não sei calar a voz de dentro
Prendo as mãos à raiz que ninguém chama
E esmagado no amor, no próprio centro
Sou o mundo irreal, dentro da cama
E os meus olhos fechados correm tudo
O que viram na terra já colhida
Este todo prazer que ficou mudo
E esta corrente a que inda chamo vida
Depois porque o astral fechou a porta
No fogo das estrelas me abandono
E enquanto roubo à dor a dor que importa
Vou subindo as escadas do meu sono
Repertorio de Jorge Baptista da Silva
De noite enquanto o sangue me renova
Este quase cansado movimento
Vou libertando o tempo dessa cova
Na angústia que é o ler-me em pensamento
Como não sei calar a voz de dentro
Prendo as mãos à raiz que ninguém chama
E esmagado no amor, no próprio centro
Sou o mundo irreal, dentro da cama
E os meus olhos fechados correm tudo
O que viram na terra já colhida
Este todo prazer que ficou mudo
E esta corrente a que inda chamo vida
Depois porque o astral fechou a porta
No fogo das estrelas me abandono
E enquanto roubo à dor a dor que importa
Vou subindo as escadas do meu sono
Eu e a outra
Francisco Radamanto / Casimiro Ramos
Repertório de Hermínia Silva
Já sei meu amor, já sei
Que a tal mulher te fugiu
Hoje andas num desvario
Sempre a correr atrás dela
Já sei meu amor, já sei
Com outro homem a vi
E tive pena de ti
Que tanto penas por ela
Andas perdido altas horas pela rua
Levas a noite a fumar e a beber
Falas sozinho daquela que foi tua
Sem conseguires esquecer
Andas louco sem saber e sem sentir
Que trazes contigo a chave duma porta
Que é desta que te perdoa e que anda morta
Para que a tornes a abrir?
Já sei meu amor, já sei
Como é triste esse penar
Mas quem me dera ocupar
Em teu peito o lugar dela
Já sei meu amor, já sei
Como essa dor faz doer
Pois por ti ando a sofrer
A dor que sofres por ela
Repertório de Hermínia Silva
Já sei meu amor, já sei
Que a tal mulher te fugiu
Hoje andas num desvario
Sempre a correr atrás dela
Já sei meu amor, já sei
Com outro homem a vi
E tive pena de ti
Que tanto penas por ela
Andas perdido altas horas pela rua
Levas a noite a fumar e a beber
Falas sozinho daquela que foi tua
Sem conseguires esquecer
Andas louco sem saber e sem sentir
Que trazes contigo a chave duma porta
Que é desta que te perdoa e que anda morta
Para que a tornes a abrir?
Já sei meu amor, já sei
Como é triste esse penar
Mas quem me dera ocupar
Em teu peito o lugar dela
Já sei meu amor, já sei
Como essa dor faz doer
Pois por ti ando a sofrer
A dor que sofres por ela
Meio-dia
Vasco Lima Couto / Frutuoso França *fado jovita / moreninha*
Repertório de Jorge Baptista da Silva
Sonhada foi a vida em tão má hora
Que eu nem sequer me posso perdoar
Tudo em silêncio à minha volta… e agora
Que hei de eu fazer para cantar?
Tenho voz e pulmões e tenho alma
E um capricho poético no ar
Mas se a dúvida estraga a minha calma
Que hei de eu fazer para cantar?
Deus não me veio ver quando eu nasci
Deixou-me entregue a tudo e ao meu olhar
Mas se há mágoa no amor que já vivi
Que hei de eu fazer para cantar?
Amargurado coração que eu tenho
E que nem força tens para odiar…
Diz-me se podes, se é de ti que eu venho
Que hei de eu fazer para cantar?
Repertório de Jorge Baptista da Silva
Sonhada foi a vida em tão má hora
Que eu nem sequer me posso perdoar
Tudo em silêncio à minha volta… e agora
Que hei de eu fazer para cantar?
Tenho voz e pulmões e tenho alma
E um capricho poético no ar
Mas se a dúvida estraga a minha calma
Que hei de eu fazer para cantar?
Deus não me veio ver quando eu nasci
Deixou-me entregue a tudo e ao meu olhar
Mas se há mágoa no amor que já vivi
Que hei de eu fazer para cantar?
Amargurado coração que eu tenho
E que nem força tens para odiar…
Diz-me se podes, se é de ti que eu venho
Que hei de eu fazer para cantar?
Quadras do amor…
Da saudade, da melancolia
Autor: Silva Tavares
Do livro Quem Canta / 1923
Versos transcritos do livro editado pela
Traçou Deus a minha sina
Nos teus olhos de cigana
E aquilo que Deus destina
Pode mais que a força humana
Só penso em ver se te vejo
Mas fujo se por ti passo
E faço o que não desejo
E desejo o que não faço
Se tu tens que me deixar
Deus eternize o meu sono
Mas que nem mesmo a sonhar
Eu sinta o teu abandono
O adeus mais a distância
Casaram contra vontade
Mas não foi tanta a inconstância
Que não nascesse a saudade
Não chores se se murmura
Porque sais quando anoitece
O luar é a luz mais pura
E só de noite aparece
Quem quer que sejas não fujas
Da mulher que se perdeu
Na lama das ruas sujas
Brilham os astros do céu
Antes ceguinho ficasse
Naquela maldita hora
Se em vez de ver-te cegasse
Sofria menos agora
Um não, é mais venenoso
Que os venenos mais certeiros
Antes um sim mentiroso
Que trinta nãos verdadeiros
Por alguém que vive longe
Lá nos céus, lá no sem-fim
Meu coração fez-se monge
E reza dentro de mim
Dentre os milhões de Marias
Tu és a dos meus encantos
Todos os dias são dias
Mas há também dias-santos
Quando beijares sê calma
Cada beijo, minha louca
É mais um pedaço d’alma
Que nos foge pela boca
Passo meus dias lembrando
O momento em que te vi
E adormeço em ti pensando
E acordo pensando em ti
A boca dos meus amores
É um canteiro fechado
As palavras são as flores
Desse canteiro encantado
Ninguém ama sem temer
Ninguém teme sem cuidar
Ninguém cuida sem sofrer
Ninguém sofre sem amar
Ecoam tristes e calmas
Arrastadas melodias
Paz nos montes, paz nas almas
Trindades… Avé-Marias
Um bem é breve tontura
Vertigem d’asa que passa
Conforme o tempo que dura
Vem logo o dobro em desgraça
O primeiro amor sentido
Pode ser o derradeiro
Mas o último nascido
É, sem dúvida, o primeiro
Autor: Silva Tavares
Do livro Quem Canta / 1923
Versos transcritos do livro editado pela
Academia da Guitarra e do Fado
O nome, a honra e os bens
Tudo te dei, tudo é teu
O próprio amor que me tens
É o que sobra do meu
Foi no dia em que te vi
Que rezei p’la vez primeira
Crer em Deus e crer em ti
É crer da mesma maneira
’Inda hão-de nascer os sábios
Que digam por que razão
Um beijo dado nos lábios
Se sente no coração
Ao que sinto só por ti
Não sei que nome lhe dê
Só sei que nunca senti
Um tão doce não sei quê
Já que todos os meus bens
Se encerram no teu carinho
Por alma de quem lá tens
Não me deixes pobrezinho
Não te quis falar de amor
Por timidez fiquei mudo
Mas não pensei no pior
Os olhos disseram tudo
Quando o ciúme te assalta
Sê calmo: não há nenhuma
Onda do mar, por mais alta
Que não se desfaça em espuma
Já que me chamo Maria
E que um José me seduz
Menino que tenha um dia
Há-de chamar-se Jesus
O nome, a honra e os bens
Tudo te dei, tudo é teu
O próprio amor que me tens
É o que sobra do meu
Foi no dia em que te vi
Que rezei p’la vez primeira
Crer em Deus e crer em ti
É crer da mesma maneira
’Inda hão-de nascer os sábios
Que digam por que razão
Um beijo dado nos lábios
Se sente no coração
Ao que sinto só por ti
Não sei que nome lhe dê
Só sei que nunca senti
Um tão doce não sei quê
Já que todos os meus bens
Se encerram no teu carinho
Por alma de quem lá tens
Não me deixes pobrezinho
Não te quis falar de amor
Por timidez fiquei mudo
Mas não pensei no pior
Os olhos disseram tudo
Quando o ciúme te assalta
Sê calmo: não há nenhuma
Onda do mar, por mais alta
Que não se desfaça em espuma
Já que me chamo Maria
E que um José me seduz
Menino que tenha um dia
Há-de chamar-se Jesus
Traçou Deus a minha sina
Nos teus olhos de cigana
E aquilo que Deus destina
Pode mais que a força humana
Só penso em ver se te vejo
Mas fujo se por ti passo
E faço o que não desejo
E desejo o que não faço
Se tu tens que me deixar
Deus eternize o meu sono
Mas que nem mesmo a sonhar
Eu sinta o teu abandono
O adeus mais a distância
Casaram contra vontade
Mas não foi tanta a inconstância
Que não nascesse a saudade
Não chores se se murmura
Porque sais quando anoitece
O luar é a luz mais pura
E só de noite aparece
Quem quer que sejas não fujas
Da mulher que se perdeu
Na lama das ruas sujas
Brilham os astros do céu
Antes ceguinho ficasse
Naquela maldita hora
Se em vez de ver-te cegasse
Sofria menos agora
Um não, é mais venenoso
Que os venenos mais certeiros
Antes um sim mentiroso
Que trinta nãos verdadeiros
Por alguém que vive longe
Lá nos céus, lá no sem-fim
Meu coração fez-se monge
E reza dentro de mim
Dentre os milhões de Marias
Tu és a dos meus encantos
Todos os dias são dias
Mas há também dias-santos
Quando beijares sê calma
Cada beijo, minha louca
É mais um pedaço d’alma
Que nos foge pela boca
Passo meus dias lembrando
O momento em que te vi
E adormeço em ti pensando
E acordo pensando em ti
A boca dos meus amores
É um canteiro fechado
As palavras são as flores
Desse canteiro encantado
Ninguém ama sem temer
Ninguém teme sem cuidar
Ninguém cuida sem sofrer
Ninguém sofre sem amar
Ecoam tristes e calmas
Arrastadas melodias
Paz nos montes, paz nas almas
Trindades… Avé-Marias
Um bem é breve tontura
Vertigem d’asa que passa
Conforme o tempo que dura
Vem logo o dobro em desgraça
O primeiro amor sentido
Pode ser o derradeiro
Mas o último nascido
É, sem dúvida, o primeiro
Há nomes que na verdade
São erros, crimes até
Eu sei duma Piedade
Que nem sabe o que isso é
Nosso amor, sempre crescente
Teve origem mais modesta
Da pequenina semente
Nasce o roble da floresta
Do povo, todas as trovas
São como os beijos d’amor
Sempre iguais, mas sempre novas
Na ternura e no sabor
Tenho um coração de lama
Que não consigo entender
Só quer a quem me não ama
Só ama a quem me não quer
O ciúme é qual serpente
Faz ninho no coração
E vive dentro da gente
Em constante agitação
Raparigas: dos poetas
Sempre é bom desconfiar
Do rio, as águas quietas
Tornam-se iradas no mar
Ser modesto e fazer bem
Ao pobre mais pobrezinho
Não custa nada a ninguém
E é ser Deus um bocadinho
O meu maior inimigo
Foi o dia em que te vi
Pois não me entendo contigo
Nem posso viver sem ti
Tanto te quero, que creio
Que mais ninguém quer assim…
E porque o creio, receio
Que não queiras crer em mim
Tomai tento, ó raparigas
Com cantigas ao luar
Ninguém se fia em cantigas
Que não acabe a chorar
Em frases d’amor ardente
Toda a gente é infeliz
Pois ninguém diz o que sente
Quando mais sente o que diz
Eu olhei e tu olhaste
Sorri, sorriste depois
Eu falei e tu falaste
Casei, casámos os dois
São erros, crimes até
Eu sei duma Piedade
Que nem sabe o que isso é
Nosso amor, sempre crescente
Teve origem mais modesta
Da pequenina semente
Nasce o roble da floresta
Do povo, todas as trovas
São como os beijos d’amor
Sempre iguais, mas sempre novas
Na ternura e no sabor
Tenho um coração de lama
Que não consigo entender
Só quer a quem me não ama
Só ama a quem me não quer
O ciúme é qual serpente
Faz ninho no coração
E vive dentro da gente
Em constante agitação
Raparigas: dos poetas
Sempre é bom desconfiar
Do rio, as águas quietas
Tornam-se iradas no mar
Ser modesto e fazer bem
Ao pobre mais pobrezinho
Não custa nada a ninguém
E é ser Deus um bocadinho
O meu maior inimigo
Foi o dia em que te vi
Pois não me entendo contigo
Nem posso viver sem ti
Tanto te quero, que creio
Que mais ninguém quer assim…
E porque o creio, receio
Que não queiras crer em mim
Tomai tento, ó raparigas
Com cantigas ao luar
Ninguém se fia em cantigas
Que não acabe a chorar
Em frases d’amor ardente
Toda a gente é infeliz
Pois ninguém diz o que sente
Quando mais sente o que diz
Eu olhei e tu olhaste
Sorri, sorriste depois
Eu falei e tu falaste
Casei, casámos os dois
Dança das horas da vida
Vasco Lima Couto / José Marques *fado Natália*
Repertório de Jorge Baptista da Silva
As horas magoam muito
Por me serem inconstantes
Vou no caminho da vida
E trago a alma iludida
Nestes meus olhos distantes
Vou no caminho da vida
Olhos postos não sei onde
Não procuro a felicidade
Pois não é na minha idade
Que ela se vê ou se esconde
Nunca voltei para trás
Apesar de ter tentado
Por alguma confissão
Mas creio que é uma ilusão
Todo o meu caminho andado
Por isso as horas magoam
O tempo é luta perdida
E eu canto e sofro e murmuro
Sem saber o que procuro
Neste caminho da vida
Repertório de Jorge Baptista da Silva
As horas magoam muito
Por me serem inconstantes
Vou no caminho da vida
E trago a alma iludida
Nestes meus olhos distantes
Vou no caminho da vida
Olhos postos não sei onde
Não procuro a felicidade
Pois não é na minha idade
Que ela se vê ou se esconde
Nunca voltei para trás
Apesar de ter tentado
Por alguma confissão
Mas creio que é uma ilusão
Todo o meu caminho andado
Por isso as horas magoam
O tempo é luta perdida
E eu canto e sofro e murmuro
Sem saber o que procuro
Neste caminho da vida
Voz do coração
Rute Rita / João Ferreira Martins
Repertório de Rute Rita
Por mais que a vida me afaste
De um sentimento profundo
Não posso deixá-la… porém
Deixar que tudo se arraste
É temer ódio ao mundo
Na vida não ser ninguém
Quantas vezes foste embora
Assombrada e convencida
Que entre nós tudo morreu
Mas voltas a toda a hora
Remexendo a minha vida
E num lugar que era teu
Creio nas tuas mentiras
Falsa e caprichosa
Sopradas na ilusão
Não me arrefeces as feridas
Nesta boca mentirosa
Que me queima o coração
Podes troçar à vontade
Arruinar-me no teu lume
Até jogar-me ao desdém
Aceito esta verdade
Que renasce do ciúme
Do sofrer de uma mulher
Repertório de Rute Rita
Por mais que a vida me afaste
De um sentimento profundo
Não posso deixá-la… porém
Deixar que tudo se arraste
É temer ódio ao mundo
Na vida não ser ninguém
Quantas vezes foste embora
Assombrada e convencida
Que entre nós tudo morreu
Mas voltas a toda a hora
Remexendo a minha vida
E num lugar que era teu
Creio nas tuas mentiras
Falsa e caprichosa
Sopradas na ilusão
Não me arrefeces as feridas
Nesta boca mentirosa
Que me queima o coração
Podes troçar à vontade
Arruinar-me no teu lume
Até jogar-me ao desdém
Aceito esta verdade
Que renasce do ciúme
Do sofrer de uma mulher
Esperanças
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Já perdi o conto às horas
Que tenho esperado em vão
Já disse ao meu coração
Que bata mais devagar
Que não se canse a esperar
A ventura que não vem
Porque é que tu te demoras?
Se há uma razão, está bem!
Mas não encontro motivo
Para delongas tamanhas
O melhor é desistir
A não ser que ainda venhas
No amanhã que há-de vir
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Já perdi o conto às horas
Que tenho esperado em vão
Já disse ao meu coração
Que bata mais devagar
Que não se canse a esperar
A ventura que não vem
Porque é que tu te demoras?
Se há uma razão, está bem!
Mas não encontro motivo
Para delongas tamanhas
O melhor é desistir
A não ser que ainda venhas
No amanhã que há-de vir
Fui ver o meu café de antigamente
Vasco Lima Couto / Amadeu Ramim *fado zeca*
Repertório de Jorge Baptista da Silva
Fui ver o meu café de antigamente
Que tem a mesma sombra ao pé do chão
E em cada voz deste café presente
Sinto a distância duma geração
A mesa ao canto, para ver melhor
Quem entrava ou saía do meu sonho
Tem quatro velhos que não desistiram
De interrogar a vida em que os suponho
Às vezes, uma frase ainda me lembra
O risco de sorrir à perdição
Mas Deus varreu o canto da cidade
E eu fico só ao canto da razão
Vim ver o meu café de antigamente
E só me achei no tempo que não vem
E olhando e vendo, quem não olho e vejo
Sinto que estou na pátria de ninguém
Repertório de Jorge Baptista da Silva
Fui ver o meu café de antigamente
Que tem a mesma sombra ao pé do chão
E em cada voz deste café presente
Sinto a distância duma geração
A mesa ao canto, para ver melhor
Quem entrava ou saía do meu sonho
Tem quatro velhos que não desistiram
De interrogar a vida em que os suponho
Às vezes, uma frase ainda me lembra
O risco de sorrir à perdição
Mas Deus varreu o canto da cidade
E eu fico só ao canto da razão
Vim ver o meu café de antigamente
E só me achei no tempo que não vem
E olhando e vendo, quem não olho e vejo
Sinto que estou na pátria de ninguém
Nunca mais
Autor: Silva Tavares
Do livro *Sinceridade* 1936
Versos transcritos do livro editado pela
Do livro *Sinceridade* 1936
Versos transcritos do livro editado pela
Academia da Guitarra e do Fado
Não me peças que te conte
O que depois se passou
Não pode dar água a fonte
De que a nascente secou
Cada qual à sua vida
Recomeçar? coisa feia
Depois da tua partida
Quebrou-se a nossa cadeia
Que te importa o que me afronte
E o que aconteceu depois?
Fechou-se o nosso horizonte
Éramos um, somos dois
Não me peças que te conte
O que depois se passou
Não pode dar água a fonte
De que a nascente secou
Cada qual à sua vida
Recomeçar? coisa feia
Depois da tua partida
Quebrou-se a nossa cadeia
Que te importa o que me afronte
E o que aconteceu depois?
Fechou-se o nosso horizonte
Éramos um, somos dois
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