Repertório de Daniel Gouveia
Nasci
na maré à beira do cais
Fui
peixe e gaivota
Procurando rota
Que
me desse mais
Subi
com a enchente
Lancei o meu grito d
De
sonho e de esperança
Ainda criança
Buscando
infinito
Cresci
para a vida
Junto ao Rio Judeu
E
o desassossego
Da busca de emprego
Também
me doeu
Nasci
co’a vazante
Da desilusão
A
vida, afinal
É bem e é mal
Está
na palma da mão
Estudei
coisas raras
P'ra ver mais além
Mas
cavei no lodo
À cata de engodo
Se quis ser alguém
Fiz
barcos na Amora
Moí no Seixal
E
do Rosairinho
Olhei com carinho
Para
a capital
Com
sal de Alcochete
Temperei minha sorte
Toquei
na Arrentela
Na Moita fiz vela
Sem
perder o Norte
Tal
é esta sina
De ser português
E
ter por seu fado
Ver se o ordenado
Chega
ao fim do mês
Grumete
no Alfeite
Subi um degrau
No
Ginjal amei
E assim carreguei
Minha
Cruz de Pau
Parei
no Samouco
Recusei venenos
Fugi
de empecilhos
Safei-me a Sarilhos
Grandes
e Pequenos
No
Pragal rezei
E ao Cristo subi
Lisboa
serena
Parece pequena
Ao
vê-la daqui
Cantando
este fado
Sinto orgulho e fé
Esqueço
a minha mágoa
Sou da borda d'água
Nasci
na maré