Repertório de Max
Talvez de razão perdida
Quis fazer leilão da vida
Disse ao leiloeiro; venda ao desbarato
Venda o lote inteiro que de mim, estou farto
Meus versos, que não são versos
Atirei ao chão, dispersos
P'ra ver se algum dia, um mundo pateta
Por analogia diz que sou poeta
Fiz leilão de mim
E fui por fim apregoado
E de mau que sou
Ninguém gritou "arrematado”
Fiz leilão de mim
Tinhas razão minha almofada
Com lances a esmo
Provei a mim mesmo
Que não valho mais que nada
Também quis vender meu fado
Meu modo de ser errado
Leiloei ternura, chamaram-me louco
Mostrei amargura, o mundo fez pouco
Depois leiloei carinho
E em praça fiquei sózinho
Diz-me a pouca sorte, que para castigo
Até vir a morte, vou ficar comigo