César de Oliveira / João de Vasconcelos
Repertório de Maria Armanda
A estrangeirada vai ver encantada
O Museu dos Coches com portas de prata
E à noitinha dá uma voltinha
Pelo pitoresco dos bairros da lata
Cheira a sardinha, cheira a farrapos
Do Alfacinha que faz luxo nos seus trapos
Tecto de zinco esburacado onde se vê
O progresso citadino duma antena da TV
Ai Lisboa das barracas
As barracas, as barracas
Também têm linda vista
Ai Lisboa das barracas
As barracas, as barracas
Que se mostram ao turista
Ai Lisboa empoleirada
Onde mora gente boa
Viva a malta das barracas
Das barracas encostadas
Às colinas de Lisboa
À noite há fados, falados, gritados
No terno sotaque duma zaragata
Nascem amores que são como flores
Plantadas p’lo povo, num vaso de lata
Até a lua beija indiferente
Aquela rua que não tem nome de gente
Poças de chuva que são espelhos a lembrar
A Lisboa das barracas
Que ainda teima em cá ficar