Repertório de Manuel de Almeida
Publicado em livro com o título *Ausência*
Se o mundo dá tantas voltas... em redor
Das estrelas, dos espaços... encobertos
Não sei porque não te soltas... meu amor
E vens caír nos meus braços... sempre abertos
Tu és assim como o vento... na nortada
Com as mesmas inconstâncias... esquisitas
Tenho-te ao pé um momento... um quase nada
Depois vejo-te a distâncias... infinitas
És mais leve que a poeira... que há no ar
És mais fina que a poalha... em remoinho
Que poisa sobre a roseira... prá manchar
E depois o vento espalha... p’lo caminho
Que não te prendes rendida... é tua norma
Dizes e fico a pensar... ao ver-te ausente
Que andando assim desprendida... dessa forma
Eu te não possa agarrar... eternamente