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QUE ME DIZEM?
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Rosa nocturna

Vasco Graça Moura / Mário Pacheco
Repertório de Ana Sofia Varela 
Este poema também foi gravado por António Pinto Basto
com música de José Campos e Sousa

Dei-te uma rosa e no espelho 
Entre a sombra e o vermelho 
Estranhaste o seu clarão
Agora, só a debrua 
A luz irreal da lua
No vago da escuridão 

Nela vi quanto dizias 
Davas, rias, prometias 
Vão murmúrio, vão rumor 
Louca, louca esta existência 
Tresloucada incandescência 
Que o sangue lhe vinha pôr

E era tão intensa a vida 
Que a fugaz rosa colhida 
Já nem no espelho perdura
Faz-se rosa em desalento
Que a noite, mesmo sem vento
Só de a tocar, desfigura 

Vão-lhe as pétalas caindo 
À medida que fugindo 
A lua desaparece
E a manhã, quando desperta 
Já só vê a forma incerta 
De uma réstia que estremece 

Triste vida a que me afoite 
A fazer de cada noite 
Uma flor, uma quimera
Mas rosa, a rosa terás 
Outra, outra e outra atrás 
Da que morre à tua espera