José Fernandes Castro / Custódio Castelo
Repertório de Julieta Ribeiro
O céu é testemunha verdadeira
Do amor que por ti minh’alma sente
A noite é a minha companheira
E dela fiz a minha confidente
Nas ruas onde a lua já não vem
Vou tendo o meu espaço preferido
Sou sombra que não faz sombra a ninguém
Sou nuvem que não faz nenhum sentido
Por vezes, tenho até a sensação
De ter um peso a mais no pensamento
Apenas tenho sol no coração
Se me sinto tocada p’lo teu vento
No grande amor que tenho p’ra te dar
Existem mil poemas por dizer
Ainda bem que tenho o meu luar
Para sonhar contigo e renascer
Fado mortalha
*duas mortalhas*
Linhares Barbosa / Armando MachadoRepertório de Max
Gravado com o título *duas mortalhas*
Foi na Travessa da Palha
Que um petiz de olhar bizarro
Com outros da sua igualha
Me pediu uma mortalha
Para fazer um cigarro
Acedi naturalmente
Que um petiz de olhar bizarro
Com outros da sua igualha
Me pediu uma mortalha
Para fazer um cigarro
Acedi naturalmente
Eu sou assim quando calha
Não é coisa reprimente
Não é coisa reprimente
A um migalho de gente
Dar a gente uma migalha
Por tal mortalha ter dado
Dar a gente uma migalha
Por tal mortalha ter dado
Um amigo censurou-me
Respondi-lhe revoltado
Respondi-lhe revoltado
Também a fome é pecado
E há muita gente com fome
E o petiz de olhar bizarro
E há muita gente com fome
E o petiz de olhar bizarro
Disse-me adeus, obrigado
Distraído com o cigarro
Distraído com o cigarro
Não viu que passava um carro
E foi por ele esmagado
E na Travessa da Palha
E foi por ele esmagado
E na Travessa da Palha
O garotito morreu
Foi prá vala da canalha
Foi prá vala da canalha
Mas levou outra mortalha
Novinha, que lhe dei eu
Desde então, sempre que fumo
Novinha, que lhe dei eu
Desde então, sempre que fumo
Nas fumaças do espaço
Vejo o garoto no fumo
Vejo o garoto no fumo
A pôr luto não costumo
Mas pus um fumo no braço
Mas pus um fumo no braço
Fado mortalha
Gravado com o título *foi na travessa da palha*
Linhares Barbosa / Armando Machado
Repertório de Rodrigo
Foi na Travessa da Palha
Que um petiz de olhar bizarro
Com outros da sua igualha
Me pediu uma mortalha
Para fazer um cigarro
Por tal mortalha ter dado
Linhares Barbosa / Armando Machado
Repertório de Rodrigo
Foi na Travessa da Palha
Que um petiz de olhar bizarro
Com outros da sua igualha
Me pediu uma mortalha
Para fazer um cigarro
Por tal mortalha ter dado
Um amigo censurou-me
Respondi-lhe incomodado
Também a fome é pecado
Respondi-lhe incomodado
Também a fome é pecado
E há tanta gente com fome
E o petiz de olhar bizarro
E o petiz de olhar bizarro
Disse-me adeus, obrigado
Distraído com o cigarro
Não viu que passava um carro
Distraído com o cigarro
Não viu que passava um carro
E morreu atropelado
Foi na Travessa da Palha
Foi na Travessa da Palha
Que um garotito morreu
Foi p’rá vala da canalha
Mas levou outra mortalha
Foi p’rá vala da canalha
Mas levou outra mortalha
Novinha, que lhe dei eu
Nos cigarros que consumo
Nos cigarros que consumo
Nas fumaças que desfaço
Vejo o garoto no fumo
A pôr luto não costumo
Vejo o garoto no fumo
A pôr luto não costumo
Mas pus um fumo no braço
Lenda da Amendoeira
Carlos Conde / Gabino Ferreira
Repertório de Gabino Ferreira
Quem passar a hora morta
Repertório de Gabino Ferreira
Quem passar a hora morta
P’la Rua da Amendoeira
Repare bem numa porta
Repare bem numa porta
Com dois degraus de soleira
P’lo postigo ou através
P’lo postigo ou através
Da janela em gilhotina
Vê-se uma cruz e a seus pés
Vê-se uma cruz e a seus pés
A luz duma lamparina
Á mesma altura
Simples, discreto
Um xaile preto
Com franjas velhas;
Um retrato sem moldura
E uma lira sem cravelhas;
A casa é tão pequenina
Que não falta quem não deite
Mais uma gota de azeite
No copo da lamparina
Diz a lenda e toda agente
Á mesma altura
Simples, discreto
Um xaile preto
Com franjas velhas;
Um retrato sem moldura
E uma lira sem cravelhas;
A casa é tão pequenina
Que não falta quem não deite
Mais uma gota de azeite
No copo da lamparina
Diz a lenda e toda agente
Que a guitarra, certo dia
Fez um fidalgo valente
Fez um fidalgo valente
Ajoelhar na Mouraria
E o retrato que em verdade
E o retrato que em verdade
Ninguém sabe de quem é
Não é mais do que a saudade
Não é mais do que a saudade
Que se sente e não se vê
A forma como te vejo
José Fernandes Castro / Alfredo Duarte *fado versículo*
Repertório de Jorge César
Cada traço do teu rosto / incandescente
É uma estrela de cor / angelical
Teu olhar é um sol posto / ternamente
No hemisfério do amor / tão natural
Cada letra do teu nome / abençoado
É uma rima suprema / de louvor
Quando de ti tenho fome / de pecado
Procuro-te num poema / sonhador
Cada linha do teu corpo / apetecido
Tem a luz da tentação / encantadora
Em ti encontro o meu porto / prometido
Ao compasso da paixão / que me devora
Cada gesto de loucura / que te invade
Tem a magia dum sonho / redentor
É por ti que há mais ternura / e mais verdade
Nos poemas que componho / por amor
Repertório de Jorge César
Cada traço do teu rosto / incandescente
É uma estrela de cor / angelical
Teu olhar é um sol posto / ternamente
No hemisfério do amor / tão natural
Cada letra do teu nome / abençoado
É uma rima suprema / de louvor
Quando de ti tenho fome / de pecado
Procuro-te num poema / sonhador
Cada linha do teu corpo / apetecido
Tem a luz da tentação / encantadora
Em ti encontro o meu porto / prometido
Ao compasso da paixão / que me devora
Cada gesto de loucura / que te invade
Tem a magia dum sonho / redentor
É por ti que há mais ternura / e mais verdade
Nos poemas que componho / por amor
Ai Amália
Maria Luísa Bivar / João Braga
Repertório de João Braga
És povo feito mulher
Repertório de João Braga
És povo feito mulher
A cantar és toda a gente
Que sabe aquilo que quer
Que sabe aquilo que quer
E diz aquilo que sente
As tuas caras são tantas
As tuas caras são tantas
Mais de mil que Deus te deu
Com mil corações tu cantas
Com mil corações tu cantas
E há mais mil dentro do teu
Ai Amália das mil caras
E mais de mil corações
Ai rio que nnca paras
Até á foz das canções
Nos ecos da tua voz
Ai Amália das mil caras
E mais de mil corações
Ai rio que nnca paras
Até á foz das canções
Nos ecos da tua voz
Nos silêncios que a torturam
Sofrem pedaços de nós
Sofrem pedaços de nós
Pedaços que se procuram
Levantas a tua voz
Levantas a tua voz
O fado nasce ao teu jeito
E sentimos todos nós
E sentimos todos nós
Que te cabemos no peito
A minha apresentação
Matos Sequeira / José Duarte *fado seixal*
Repertório de Fernando Farinha
Eis a apresentação minha
Meu nome vou dar á Bica
Esta figura mesquinha
É do Fernando Farinha
Vulgo *Miúdo da Bica*
A figura miúdinha
Repertório de Fernando Farinha
Eis a apresentação minha
Meu nome vou dar á Bica
Esta figura mesquinha
É do Fernando Farinha
Vulgo *Miúdo da Bica*
A figura miúdinha
Que a cantar mostra genica
É dum fadista alfacinha
Conhecido p’la gentinha
É dum fadista alfacinha
Conhecido p’la gentinha
Que habita o Bairro da Bica
Sabem onde é a minha casinha
Sabem onde é a minha casinha
Quer saber onde ela fica?
Pergunte a qualquer vizinha
Aonde mora o Farinha
Pergunte a qualquer vizinha
Aonde mora o Farinha
Todos sabem lá na Bica
Quem lá for de manhãzinha
Quem lá for de manhãzinha
Ao ver-me, espantado fica
E fácilmente adivinha
Que ainda novo, o Farinha
E fácilmente adivinha
Que ainda novo, o Farinha
Dá os bons dias na Bica
Loucuras de um homem só
Mário Raínho / Santos Moreira *fado moreninha*
Repertório de Fernando Maurício
Aqui neste lugar feito d’espanto
Tecendo primaveras a sonhar
Desvendo ante os meus olhos o encanto
Das formas do teu corpo por beijar
Dou asas aos meus sonhos proibidos
Mas tenho a solidão como castigo
Amordaçando a fome dos sentidos
Que morrem por fazer amor contigo
Desfaço a ilusão, fica a saudade
No teu corpo perdido p’la lonjura
Depois, deambulando p’la cidade
Vagueia um homem só, com a loucura
Repertório de Fernando Maurício
Aqui neste lugar feito d’espanto
Tecendo primaveras a sonhar
Desvendo ante os meus olhos o encanto
Das formas do teu corpo por beijar
Dou asas aos meus sonhos proibidos
Mas tenho a solidão como castigo
Amordaçando a fome dos sentidos
Que morrem por fazer amor contigo
Desfaço a ilusão, fica a saudade
No teu corpo perdido p’la lonjura
Depois, deambulando p’la cidade
Vagueia um homem só, com a loucura
Apenas em Alfama
Carlos Baleia / Daniel Gouveia
Repertório de Ana Margarida
Alfama...
Raiz da nossa aventura
Repertório de Ana Margarida
Alfama...
Raiz da nossa aventura
Entre o rio e a Moirama
Com telhados carmesim
Com telhados carmesim
Pincelados de brancura
Alfama...
Rainha da rua escura
Alfama...
Rainha da rua escura
O amor é tua chama
E as tuas noites sem fim
E as tuas noites sem fim
Dão livre curso á ternura
Sabe quem ama
Que apenas em Alfama
Nas vielas sinuosas
Há janelas de segredos
Sabe quem ama
Que apenas em Alfama
Nas vielas sinuosas
Há janelas de segredos
E sardinheiras vistosas
Sabe quem ama
Que apenas em Alfama
São as torres do Castelo
As guardas silenciosas
Sabe quem ama
Que apenas em Alfama
São as torres do Castelo
As guardas silenciosas
De tudo aquilo que é belo
Alfama...
Sentinela secular
Alfama...
Sentinela secular
Que viste partir o Gama
Do teu Tejo ornamentado
Do teu Tejo ornamentado
De prata, enfeite ao luar
Alfama...
Terra de muito sofrer
Alfama...
Terra de muito sofrer
Que a nossa alma reclama
Por seres parte do fado
Por seres parte do fado
Desta forma de viver
Bairro eterno
Júlio Vieitas / José António Sabrosa *fado pechincha*
Repertório de Fernando Maurício
Repertório de Fernando Maurício
Ó Lisboa donairosa
Que fizeste à Mouraria
Que anda triste e desgostosa
A soluçar noite e dia
Coitada, pobre velhinha
Decerto foste ofendida
Perdeste a graça que tinhas
Estás muito mais abatida
Se era essa a tua sina
Não te queixes de Lisboa
Querias ser sempre menina
Mas o tempo não perdoa
E numa prece singela
P’ra que seu nome não mude
Fadistas rezai por ela
À Senhora da Saúde
Mataram a Mouraria
E vai morrendo o passado
Mas ninguém pense algum dia
Que pode matar o fado
Vem comigo
Júlio Vieitas / Alberto Simões Lopes *fado dois tons*
Repertório de Fernando Maurício
Vem daí anda comigo
Numa tipóia a meu lado
E verás como consigo
Recordar tempo passado
Este favor que te peço
Repertório de Fernando Maurício
Vem daí anda comigo
Numa tipóia a meu lado
E verás como consigo
Recordar tempo passado
Este favor que te peço
Podes crer não é vaidade
Mas sim a grande saudade
Mas sim a grande saudade
Do que mais gosto, confesso
É porque eu dou grande apreço
É porque eu dou grande apreço
Aos retiros do passado
Toiradas, esperas de gado
Toiradas, esperas de gado
E a tudo o que seja antigo
Vem daí anda comigo
Numa tipóia a meu lado
Vamos ao Perna de Pau
Vem daí anda comigo
Numa tipóia a meu lado
Vamos ao Perna de Pau
Ao Charquinho, ao Quebra-Bilhas
E também às maravilhas
E também às maravilhas
Do Caliça e Bacalhau
E no Retiro do Calhau
E no Retiro do Calhau
Cantarei pra ti um fado
Vigoroso, afadistado
Vigoroso, afadistado
Um fado que te não digo
E verás como consigo
Recordar tempo passado
E verás como consigo
Recordar tempo passado
Sextilhas soltas
Delfim da Silva / Alfredo Duarte *marceneiro*
Repertório de Joaquim Silveirinha
A voz do fado é tão calma
Na sua terna expressão
De amor ciúme e desdita
Que põe delícias na alma
E deixa no coração
Uma tristeza infinita
Porta-voz de singeleza
O fado que eu canto e louvo
Repertório de Joaquim Silveirinha
A voz do fado é tão calma
Na sua terna expressão
De amor ciúme e desdita
Que põe delícias na alma
E deixa no coração
Uma tristeza infinita
Porta-voz de singeleza
O fado que eu canto e louvo
Sempre um amigo há-de ter
No coração da pobreza
Porque ninguém como o povo
No coração da pobreza
Porque ninguém como o povo
Sabe cantar e sofrer
O fado triste e amoroso
É saudade que se canta
O fado triste e amoroso
É saudade que se canta
É pranto que ganha voz
Por um condão misterioso
Sai a cantar da garganta
Por um condão misterioso
Sai a cantar da garganta
Mas chora dentro de nós
Versos ao fado são flores
De um ramo que dia a dia
Versos ao fado são flores
De um ramo que dia a dia
Tem sempre perfume novo
São rosas que os trovadores
Atiram com alegria
São rosas que os trovadores
Atiram com alegria
Para o regaço do povo
Pequena do Chafariz
Luís Simão / Moniz Trindade
Repertório de Moniz Trindade
Vai ao Chafariz-Del-Rei
Repertório de Moniz Trindade
Vai ao Chafariz-Del-Rei
Uma pequena de Alfama
Com quem há tempo falei
Com quem há tempo falei
Mas não sei como se chama
Só sei que nas horas vagas
Só sei que nas horas vagas
Canta o fado nas tavernas
É pró Tejo que ela adora
Pois mora aonde ela mora
É pró Tejo que ela adora
Pois mora aonde ela mora
Junto aos becos e lanternas
Quadro bairrista desta Lisboa
Tela fadista se vivesse ainda Malhoa
Um riso dela é bem a prova
P’ra que a viela seja toda ela, uma trova
Com a cântaro de barro
Quadro bairrista desta Lisboa
Tela fadista se vivesse ainda Malhoa
Um riso dela é bem a prova
P’ra que a viela seja toda ela, uma trova
Com a cântaro de barro
Bem assente no quadril
Lá vai com o seu ar bizarro
Lá vai com o seu ar bizarro
Muito nobre, senhoril
Pois o Chafariz-Del-Rei
Pois o Chafariz-Del-Rei
Conhece-a desde garota
Era lá que ela cantava
E que traquina, brincava
Era lá que ela cantava
E que traquina, brincava
Já provocante e marota
Fado Bacalhau
José Oliveira/ José Bacalhau *fado bacalhau*
Repertório de Frei Hermano da Câmara
Não sei o que o sinto em mim
Ao ver que me olhas assim
Nessa expressão tão sentida
Pois vejo no teu olhar
Que te esforças por me dar
Pedaços da tua vida
O teu olhar tão magoado
Tem dentro bem retratado
Repertório de Frei Hermano da Câmara
Não sei o que o sinto em mim
Ao ver que me olhas assim
Nessa expressão tão sentida
Pois vejo no teu olhar
Que te esforças por me dar
Pedaços da tua vida
O teu olhar tão magoado
Tem dentro bem retratado
O sentimento do amor
Porque no peito a paixão
Pesa igual do coração
Porque no peito a paixão
Pesa igual do coração
Tanto o prazer como a dor
Sofres e eu bem o conheço
Mas tu não vês que é o preço
Sofres e eu bem o conheço
Mas tu não vês que é o preço
Deste amor desta afeição
Também eu por tais carinhos
Te vou dando aos bocadinhos
Também eu por tais carinhos
Te vou dando aos bocadinhos
Pedaços do coração
O médico e a duquesa
Joaquim M. Teixeira / Frutuoso França
Repertório de Frutuoso França
Era um médico ilustre e inteligente
Que o povo humilde amava com prazer
E ele a todos queria meigamente
Salvando muita gente de morrer
Mas num dia fatal se apaixonou
P'la mais linda cliente, uma duquesa
Que dele escarneceu e assim falou:
Não lhe dou minha mão, sou da nobreza
Mais tarde a duquesa adoecia
E os grandes da ciência são chamados
Mas pertinaz doença a envolvia
Deixando os cirurgiões desanimados
Ela ao ver-se pior, desfalecida
Do seu médico antigo se lembrou
E esse jovem doutor salvou-lhe a vida
O que a muitos colegas espantou
Ela então ofereceu-lhe a sua mão
Para lhe pagar, altiva e sedutora
Mas teve uma tremenda decepção
Ouvindo esta resposta esmagadora
Se vós sois da nobreza, é por dever
Que assim me quereis pagar, mas, se me entende
Eu sou muito mais nobre, pode crer
Pois o amor duquesa não se vende
Repertório de Frutuoso França
Era um médico ilustre e inteligente
Que o povo humilde amava com prazer
E ele a todos queria meigamente
Salvando muita gente de morrer
Mas num dia fatal se apaixonou
P'la mais linda cliente, uma duquesa
Que dele escarneceu e assim falou:
Não lhe dou minha mão, sou da nobreza
Mais tarde a duquesa adoecia
E os grandes da ciência são chamados
Mas pertinaz doença a envolvia
Deixando os cirurgiões desanimados
Ela ao ver-se pior, desfalecida
Do seu médico antigo se lembrou
E esse jovem doutor salvou-lhe a vida
O que a muitos colegas espantou
Ela então ofereceu-lhe a sua mão
Para lhe pagar, altiva e sedutora
Mas teve uma tremenda decepção
Ouvindo esta resposta esmagadora
Se vós sois da nobreza, é por dever
Que assim me quereis pagar, mas, se me entende
Eu sou muito mais nobre, pode crer
Pois o amor duquesa não se vende
Feliz prisão
Fernando Farinha / Alberto Correia
Repertório de Mário Rocha
Quando deixei há muito as lides do fado
Só encontrei um destino amargurado
Mas a saudade, por piedade, não me deixou
E hoje a seu lado eu canto o fado
Que ela própria me ensinou
Nesta canção falo em tristeza
Repertório de Mário Rocha
Quando deixei há muito as lides do fado
Só encontrei um destino amargurado
Mas a saudade, por piedade, não me deixou
E hoje a seu lado eu canto o fado
Que ela própria me ensinou
Nesta canção falo em tristeza
Sempre que passa
Triste condão do sentimento
Da nossa raça
Tem não sei quê de infelicidade
Nesta canção
É qual prisão onde vivemos
É qual prisão onde vivemos
Sem amor á liberdade
Se é a chorar que eu sofro sempre que canto
Quero cantar p’ra dar largas ao meu pranto
Ser da tristeza por natureza, não é pecado
E quem nasceu triste como eu
Não pode deixar o fado
Se é a chorar que eu sofro sempre que canto
Quero cantar p’ra dar largas ao meu pranto
Ser da tristeza por natureza, não é pecado
E quem nasceu triste como eu
Não pode deixar o fado
Mal de amor
António Vilar da Costa / João Black *fado artilheiro*
Repertório de Júlio Peres
Mal de amor, raro se perde
É como a nódoa da amora
Só com outra amora verde
A nódoa se vai embora
Ó minha infãncia florida
Repertório de Júlio Peres
Mal de amor, raro se perde
É como a nódoa da amora
Só com outra amora verde
A nódoa se vai embora
Ó minha infãncia florida
Meu lindo sonho alvo e verde
Tudo perdemos na vida
Tudo perdemos na vida
Mal de amor, raro se perde
O amor é como o lume
O amor é como o lume
Que nos consome e devora
E o veneno do ciúme
E o veneno do ciúme
É como a nódoa da amora
O ciúme, quando alaga
O ciúme, quando alaga
Num peito que o amor deserde
Deixa nódoa que se apaga
Deixa nódoa que se apaga
Só com outra amora verde
Se por ti, cada vez mais
Se por ti, cada vez mais
Meu coração sofre e chora
Mesmo que queira, jamais
Mesmo que queira, jamais
A nódoa se vai embora
Conformação
Joaquim da Silva / Frutuoso França
Repertório de Frutuoso França
Era cega, coitadinha
Encontrei-a a vaguear
Repertório de Frutuoso França
Era cega, coitadinha
Encontrei-a a vaguear
Lastimando as mágoas suas
E caminhando sózinha
Andava o pão a ganhar
E caminhando sózinha
Andava o pão a ganhar
Cantando o fado p’las ruas
Por sinal, era bem linda
Lamentei a sua sorte
Por sinal, era bem linda
Lamentei a sua sorte
Chorei sua desventura
Coitada, tão nova ainda
Condenada até á morte
Coitada, tão nova ainda
Condenada até á morte
A viver em amargura
Perguntei-lhe de momento
Se gostaria de ver
Perguntei-lhe de momento
Se gostaria de ver
O mundo no seu bulício
Nesse infernal movimento
Onde reside o prazer
Nesse infernal movimento
Onde reside o prazer
E também campeia o vício
Fica surpresa, suspira
E depois de meditar
Fica surpresa, suspira
E depois de meditar
No seu amargo destino
Aconchega a sua lira
E respondeu-me a cantar
Aconchega a sua lira
E respondeu-me a cantar
Neste lindo alexandrino
Nasci assim ceguinha e dou graças a Deus
Se a santa luz do sol, p’ra mim, é denegrida
Foi porque Deus não quis abrir os olhos meus
Pra assim não poder ver as misérias na vida
Nasci assim ceguinha e dou graças a Deus
Se a santa luz do sol, p’ra mim, é denegrida
Foi porque Deus não quis abrir os olhos meus
Pra assim não poder ver as misérias na vida
Carta
José Luís Gordo / Carlos Macedo
Repertório de Carlos Macedo
Não me escrevas mais cartas, meu amor
Não quero mais sofrer esta saudade
As palavras que dizes são só dor
Eu antes quero ficar sem a verdade
Mas olha meu amor, eu sei que sofres
A distância tão grande que nos separa
Quem sofre somos nós e tu não podes
Contar-me essa tristeza que não pára
Eu antes quero viver o pensamento
Que de mim e de ti não se liberta
Não sei se tu estás bem neste momento
Mas sei que a tua carta está aberta
Repertório de Carlos Macedo
Não me escrevas mais cartas, meu amor
Não quero mais sofrer esta saudade
As palavras que dizes são só dor
Eu antes quero ficar sem a verdade
Mas olha meu amor, eu sei que sofres
A distância tão grande que nos separa
Quem sofre somos nós e tu não podes
Contar-me essa tristeza que não pára
Eu antes quero viver o pensamento
Que de mim e de ti não se liberta
Não sei se tu estás bem neste momento
Mas sei que a tua carta está aberta
Soneto
Letra e musica de Luís Góis
Repertório do autor
Quando a noite me vem da voz do vento
No silêncio dos teus olhos de mulher
Surge a dor que me mata e não me fere
Num grito sempre igual, de sofrimento
Eu chamo agora em vão o esquecimento
No sonho que meu ser em vão afaga
E a chama não acende nem apaga
Arde sempre, quer à chuva quer ao vento
Se vivo maldizendo a minha sorte
Ou se fujo levando a fronte erguida
Num sonho, num anseio de verdade
Se no sonho que levo fujo à morte
A sorte mais se prende à minha vida
Num canto de desejo e de ansiedade
Repertório do autor
Quando a noite me vem da voz do vento
No silêncio dos teus olhos de mulher
Surge a dor que me mata e não me fere
Num grito sempre igual, de sofrimento
Eu chamo agora em vão o esquecimento
No sonho que meu ser em vão afaga
E a chama não acende nem apaga
Arde sempre, quer à chuva quer ao vento
Se vivo maldizendo a minha sorte
Ou se fujo levando a fronte erguida
Num sonho, num anseio de verdade
Se no sonho que levo fujo à morte
A sorte mais se prende à minha vida
Num canto de desejo e de ansiedade
Cigarra e Formiga
Linhares Barbosa / Alberto Costa
Repertório de Natália dos Anjos
Desminto uma lenda antiga
Muito velhinha e bizarra
Que conta que uma formiga
P'lo trabalho e p'la fadiga
É diferente da cigarra
Eu sou cigarra e formiga
Repertório de Natália dos Anjos
Desminto uma lenda antiga
Muito velhinha e bizarra
Que conta que uma formiga
P'lo trabalho e p'la fadiga
É diferente da cigarra
Eu sou cigarra e formiga
Pois vivo desta maneira
Sou modesta rapariga
De noite boto cantiga
Sou modesta rapariga
De noite boto cantiga
De dia sou vendedeira
Não faço aquela algazarra
Não faço aquela algazarra
Duma cigarra no prado
Canto ao som duma guitarra
De dia ninguém me agarra
Canto ao som duma guitarra
De dia ninguém me agarra
Em qualquer sítio de fado
Como o trabalho me anima
Como o trabalho me anima
E me dá pão e me alegra
E a freguesia me estima
Não canto nem uma rima
E a freguesia me estima
Não canto nem uma rima
Quando sou formiga negra
Sou cigarra e sou formiga
Sou cigarra e sou formiga
E a tudo isto eu acho graça
Nem consinto que se diga
Mal de qualquer rapariga
Nem consinto que se diga
Mal de qualquer rapariga
Que ganha a vida na praça
Indecisão
Tó Moliças / Fontes Rocha *fado Isabel*
Repertório de Ana Sofia Magalhães
Teus olhos andam agora
Com tua boca ao despique
A boca manda-me embora
Teus olhos pedem que fique
Não sei se deva aceitar
Repertório de Ana Sofia Magalhães
Teus olhos andam agora
Com tua boca ao despique
A boca manda-me embora
Teus olhos pedem que fique
Não sei se deva aceitar
O que a tua boca implora
Porque a pedir para ficar
Porque a pedir para ficar
Teus olhos andam agora
Suplicando noite e dia
Suplicando noite e dia
Sem que ninguém os critique
Teus olhos dão-me alegria
Teus olhos dão-me alegria
Com tua boca ao despique
Teus olhos são a verdade
Teus olhos são a verdade
Da paixão que a boca ignora
E sem dó nem piedade
E sem dó nem piedade
A boca manda-me embora
Não há em ti decisão
Não há em ti decisão
Com que a boca não implique
Segredando ao coração
Segredando ao coração
Teus olhos pedem que fique
Carta da aldeia
António Vilar da Costa / Popular *fado corrido*
Repertório de Júlio Peres
Tu, com um palmo de terra
Eu, com dois bagos de trigo
Não é preciso mais nada
Anda, vem casar comigo
Se 'inda me tens afeição
E for da tua vontade
Segue as leis do coração
Maria... deixa a cidade
Uma casinha na herdade
Basta-nos ter, por abrigo
E verás como consigo
Tornar num trigal, a serra
Tu, com um palmo de terra
Eu, com dois bagos de trigo
Para alegrar nosso amor
Basta a meiga Cotovia
E o Rouxinol trovador
Que canta ao findar o dia
Não te demores, Maria
Traz-me a ventura contigo
O Prior é nosso amigo
Já tratou da papelada
Não é preciso mais nada
Anda, vem casar comigo
Chuva que não molha
Artur Ribeiro / Georgino de Sousa *fado georgino*
Repertório de José Vilela
Que importa que a chuva caia
Qua caia sobre a vidraça
E venha as ruas molhar
E o povo, da rua saia
E enquanto a chuva não passa
Nós vamos sair a par
Chuva dá felicidade
E põe nesses teus cabelos
Repertório de José Vilela
Que importa que a chuva caia
Qua caia sobre a vidraça
E venha as ruas molhar
E o povo, da rua saia
E enquanto a chuva não passa
Nós vamos sair a par
Chuva dá felicidade
E põe nesses teus cabelos
Milhões de estrelas brilhando
Pois que se deite a cidade
Ou que se entretenha a vê-los
Pois que se deite a cidade
Ou que se entretenha a vê-los
De rua em rua, bailando
A chuva cai, mas não molha
Os casais de namorados
A chuva cai, mas não molha
Os casais de namorados
Que se atrevem a sair
O mundo que se recolha
E que nos deixe abraçados
O mundo que se recolha
E que nos deixe abraçados
Sentindo a chuva cair
Beijo de saudade
Letra e musica de Duarte Miguel
Repertório de Sandra Cristina
Fechando os meus olhos abro o pensamento
Sinto a nostalgia,
Repertório de Sandra Cristina
Fechando os meus olhos abro o pensamento
Sinto a nostalgia,
Minh’alma inebria dor e sofrimento
Vivo o meu passado num tempo presente
Vendo a tua imagem
Vivo o meu passado num tempo presente
Vendo a tua imagem
Como uma miragem só na minha mente
Não posso negar que estou a teu lado
Mesmo tu não estando
Não posso negar que estou a teu lado
Mesmo tu não estando
Vivo recordando o tempo passado
Queria voltar a beijar-te, não só recordar-te
Queria te tocar
Um só beijo já chegou, um beijo perdido
Ai de ti meu querido
A louca que eu sou
Queria voltar a beijar-te, não só recordar-te
Queria te tocar
Um só beijo já chegou, um beijo perdido
Ai de ti meu querido
A louca que eu sou
Fado triste
Linhares Barbosa
Alfredo Duarte e Filipe Pinto
*mocita dos caracóis e meia noite*
Repertório de Júlio Peres
Ouvi minha mãe cantar
Quando me embalava o berço;
Esta canção de embalar
Ainda mais triste que o mar
Que lembro verso por verso
Na capelinha do monte
Que para o mar se debruça
Quem será que a alta noite
Lá dentro chora e soluça?
A tristeza é um império
Que dentro de mim existe
Quando a noite é de mistério
O riso torna-se sério
E recorda um fado triste
Não vás de noite à capela
De noite ninguém lá vá
Dois fantasmas saem dela
Dois amantes mortos já
Havia sinos carpindo
Na capelinha d’além
Quando num berço mal vindo
Ouvi este canto lindo
Na boca de minha mãe
Sobre uma campa nasceram
Duas roseiras a par
Conforme o vento as movia
Iam-se as rosas beijar
Fado xuxu
Amadeu do Vale / Frederico Valério
Repertório de Amália
O fado, canção bizarra / Pôs a samarra todo trecheiro
E lá foi com a guitarra / Até ao Rio de Janeiro
Fez-se um fadista atrevido / Tão destemido e de tal marca
Que até já é conhedico / P'lo fadistão da Fuzarca
Com sambinhas e modinhas, Abacate
Vitamate, Guaraná, Maracujá e Caruru
Com cocada, batucada para ti, Abacaxi, Goiabada
O fado é bom p'ra xuxu
Portuguesinho de raça / Bebe cachaça, come pipoca
E no catete até passa / Por cidadão carioca
Às vezes vai à favela / Calça chinela, todo se bamba
E o fado canção singela / Agora é todo do samba
Repertório de Amália
O fado, canção bizarra / Pôs a samarra todo trecheiro
E lá foi com a guitarra / Até ao Rio de Janeiro
Fez-se um fadista atrevido / Tão destemido e de tal marca
Que até já é conhedico / P'lo fadistão da Fuzarca
Com sambinhas e modinhas, Abacate
Vitamate, Guaraná, Maracujá e Caruru
Com cocada, batucada para ti, Abacaxi, Goiabada
O fado é bom p'ra xuxu
Portuguesinho de raça / Bebe cachaça, come pipoca
E no catete até passa / Por cidadão carioca
Às vezes vai à favela / Calça chinela, todo se bamba
E o fado canção singela / Agora é todo do samba
Dura memória
Luís de Camões / Alain Oulman
Repertório de Amália Rodrigues
Memória do meu bem cortado em flores
Por ordem de meus tristes e maús fados
Deixai-me descansar com meus cuidados
Nesta inquietação dos meus amores
Basta-me o mal presente e os temores
Dos sucessos que espero infortunados
Sem que venham de novo bens passados
Afrontar meu repouso com suas dores
Perdi e mora tudo quanto em termos
Tão vagarosos e largos alcancei
Deixai-me pois, lembranças desta glória
Cumpre-se e acaba a vida nestes zelos
Porque neles com meu baile acabarei
Mil vidas não, uma só dura memória
Repertório de Amália Rodrigues
Memória do meu bem cortado em flores
Por ordem de meus tristes e maús fados
Deixai-me descansar com meus cuidados
Nesta inquietação dos meus amores
Basta-me o mal presente e os temores
Dos sucessos que espero infortunados
Sem que venham de novo bens passados
Afrontar meu repouso com suas dores
Perdi e mora tudo quanto em termos
Tão vagarosos e largos alcancei
Deixai-me pois, lembranças desta glória
Cumpre-se e acaba a vida nestes zelos
Porque neles com meu baile acabarei
Mil vidas não, uma só dura memória
Catraia do Porto
Frederico
de Brito / Fernando de Carvalho
Essa linda florista
Fontaínhas, a Ribeira
Catraia bonita
E da Foz à velha Sé
Repertório de Alberto Ribeiro
Essa linda florista
Do
mercado do Bolhão
A catraia mais trocista
Que
prendeu meu coração
Fontaínhas, a Ribeira
E
o Bonfim, eram só dela
Tinha a graça e a maneira
De
andorinha tagarela
Catraia bonita
De blusa de chita, saiote de lã
Dois olhos, dois sonhos
E uns lábios risonhos da cor
de romã
Visão que enternece
E o Porto conhece de vê-la
passar
Perfil agareno
Perfil agareno
De lírio moreno aberto ao luar
Desde a Praça da Batalha
Desde a Praça da Batalha
Até
à Serra do Pilar
Queimam sonhos na fornalha
Dos
seus olhos de encantar
E da Foz à velha Sé
As
areias do caminho
Sob o rasto do seu pé
Diziam
muito baixinho
Cantei um fado à saudade
José Fernandes Castro / José Marques *fado rigoroso*
Repertório de Jorge César
Enquanto a solidão brinca na noite
A noite não tem pressa em acabar
Há sempre uma saudade sem acoite
Que teima em encontrar o teu lugar
Enquanto o sonho marca a existência
Não há ventos de medo nem de cor
Há sempre um coração em resistência
Na luta verdadeira do amor
Enquanto a tempestade da paixão
Envolve de prazer a madrugada
Há sempre mais calor, mais sedução
Nos versos duma alma apaixonada
Há sempre quem exista num poema
Com muito para dar e receber
O amor é sempre a rima mais suprema
Dum fado pelo qual ando a viver
Repertório de Jorge César
Enquanto a solidão brinca na noite
A noite não tem pressa em acabar
Há sempre uma saudade sem acoite
Que teima em encontrar o teu lugar
Enquanto o sonho marca a existência
Não há ventos de medo nem de cor
Há sempre um coração em resistência
Na luta verdadeira do amor
Enquanto a tempestade da paixão
Envolve de prazer a madrugada
Há sempre mais calor, mais sedução
Nos versos duma alma apaixonada
Há sempre quem exista num poema
Com muito para dar e receber
O amor é sempre a rima mais suprema
Dum fado pelo qual ando a viver
Quarto alugado
António Rodrigues / José Maria Rodrigues
Repertório de Tony de Matos
Naquele quarto alugado
Repertório de Tony de Matos
Naquele quarto alugado
Numa rua de Lisboa
O tempo correu à toa
O tempo correu à toa
Resta apenas a saudade
Ao recordar o passado
Ao recordar o passado
Sinto que a vida morreu
Nem és minha, nem sou teu
Nem és minha, nem sou teu
Nem há sequer amizade
Daquele quarto alugado
Resta apenas a saudade
Naquele quarto alugado
Daquele quarto alugado
Resta apenas a saudade
Naquele quarto alugado
Sem tristeza e sem dinheiro
Tendo o sol por companheiro
Tendo o sol por companheiro
Só o amor lá vivia
Era feliz nosso fado
Era feliz nosso fado
O mundo só p'ra nós dois
Veio o ciúme e depois
Veio o ciúme e depois
Morreu a nossa alegria
Daquele quarto alugado
Só ficou a nostalgia
Daquele quarto alugado
Só ficou a nostalgia
Mataram a Mouraria
José Mariano / Manuel Maria Rodrigues *manel maria*
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Já tarde, quando passava
Ouvi alguém a gemer
Naquela rua sombria
Era o fado que chorava
Porque lhe foram dizer
Mataram a Mouraria
A tradição condoída
Também chorava por ver
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Já tarde, quando passava
Ouvi alguém a gemer
Naquela rua sombria
Era o fado que chorava
Porque lhe foram dizer
Mataram a Mouraria
A tradição condoída
Também chorava por ver
O amigo desolado
E dizia; é a lei da vida
Vem o futuro a nascer
E dizia; é a lei da vida
Vem o futuro a nascer
E vai morrendo o passado
O fado já mal se ouvia
Mas teve forças ainda
O fado já mal se ouvia
Mas teve forças ainda
P'ra dizer á companheira
Mataram a Mouraria
Velhinha que foi tão linda
Mataram a Mouraria
Velhinha que foi tão linda
Já não tenho quem me queira
Hei-de cantá-la mil vezes
Como souber, bem ou mal
Hei-de cantá-la mil vezes
Como souber, bem ou mal
Ou eu não me chame fado
Enquanto houver portugueses
Ninguém diga em Portugal
Enquanto houver portugueses
Ninguém diga em Portugal
Que vai morrendo o passado
Rosinha moleira
Fernando Farinha / Alberto Correia
Repertório de Fernando Farinha
Cada vez que ia p'ra feira
Os seus olhos eram esperanças
Como é comprido o caminho
Repertório de Fernando Farinha
Cada vez que ia p'ra feira
A Rosinha do moinho
Perdia a manhã inteira
Perdia a manhã inteira
Na demora do caminho
Os seus olhos eram esperanças
E as redondas arrecadas
Tão lindas e tão doiradas
Tão lindas e tão doiradas
Como as suas loiras tranças;
E os rapazes só p'ra vê-la
Iam todos atrás dela
Um... dois... três... quatro... cinco... seis
Um dia a Rosa casou
E os rapazes só p'ra vê-la
Iam todos atrás dela
Um... dois... três... quatro... cinco... seis
Um dia a Rosa casou
Na capelinha da aldeia
Com alguém de quem gostou
Com alguém de quem gostou
Que tinha um bom pé de meia
Os anos passam correndo
Os anos passam correndo
E por graça do Senhor
Da semente desse amor
Da semente desse amor
Os filhos foram nascendo
Um / dois / três / quatro / cinco / seis
Hoje a Ti Rosa moleira
Um / dois / três / quatro / cinco / seis
Hoje a Ti Rosa moleira
Já sente o peso da idade
Mas ainda vai á feira
Mas ainda vai á feira
Para matar a saudade
Como é comprido o caminho
Que tão curto, outrora fora
Para a feira vai agora
Para a feira vai agora
Montada no seu burrinho;
Atrás dela vão também
Atrás dela vão também
Os netinhos que já tem
Um / dois / três / quatro / cinco / seis
Um / dois / três / quatro / cinco / seis
Mal chega á feira, a Rosinha
Olhando os netos sorri
E parece uma rainha
E parece uma rainha
Com a corte atrás de s
E o moinho onde ela mora
Enquanto ela vai feirando
Vai moendo e vai contando
Vai moendo e vai contando
Os minutos que demora
Um / dois / três / quatro / cinco / seis
Um / dois / três / quatro / cinco / seis
É que o moinho também
Tem os anos que ela tem
Tem os anos que ela tem
Guitarras do meu país
Manuel Alegre / Fontes Rocha
Repertório de Rosa Madeira
Este poema também foi gravado por Patrícia Costa
com música de Miguel Amaral
Guitarras do meu país
Que onde não canto, cantais
Que dizeis o que não diz
Meu canto que por encanto
Se cala quando falais
Guitarras do meu país
Que cantais onde não canto
De tantas coisas passadas
Fica sempre em vosso tom
Um som de vozes caladas
Vozes de povo sem dom
Que não tem outras espadas
Senão a fúria do som
Que há nessas vozes caladas
Guitarras que sois de mim
A parte que sou de vós
Bem ou mal me quero assim
Só serei eu, sendo nós
Se no plural é meu fim
Guitarras que sois a voz
Da voz que há dentro de mim
Vagabundo de saudade
Zélia Rosa Pinto / Franklin Godinho
Repertório de António Mourão
Em mar feito de loucura
Onde só há noite escura
Donde se não vê o céu
Vagabundo de saudade
Eu não encontro a verdade
Ando sem o olhar teu
Vagas altas no meu peito
Repertório de António Mourão
Em mar feito de loucura
Onde só há noite escura
Donde se não vê o céu
Vagabundo de saudade
Eu não encontro a verdade
Ando sem o olhar teu
Vagas altas no meu peito
Gritam meu sonho desfeito
Fecho os olhos p'ra não ver
No mar da minha ansiedade
Fecho os olhos p'ra não ver
No mar da minha ansiedade
Eu só vejo uma verdade
A verdade de te querer
Vivo ao sabor das marés
A verdade de te querer
Vivo ao sabor das marés
Corro a praia lés a lés
Já sinto o corpo a doer
Mas não, não posso parar
Já sinto o corpo a doer
Mas não, não posso parar
Eu tenho que te encontrar
Nada me pode prender
Nada me pode prender
No amor não há segredos
Hernâni Correia / Henrique Lourenço *fado cigana*
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Se te vejo pensativo
Quero saber o motivo
Dizes sempre; não é nada
Mas eu sinto, meu amor
Que escondes seja o que for
E fico preocupada
Se do teu silêncio sais
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Se te vejo pensativo
Quero saber o motivo
Dizes sempre; não é nada
Mas eu sinto, meu amor
Que escondes seja o que for
E fico preocupada
Se do teu silêncio sais
Dizes-me coisas banais
Julgas iludir-me assim
Se depois no caso penso
Julgas iludir-me assim
Se depois no caso penso
Cada vez mais me convenço
Que não confias em mim
Recalco mais um queixume
Que não confias em mim
Recalco mais um queixume
Fico presa de ciúme
Em tudo só vejo enredos
Se eu nada te sei esconder
Em tudo só vejo enredos
Se eu nada te sei esconder
Deves o mesmo fazer
No amor não há segredos
No amor não há segredos
Mulheres há muitas
Matos Sequeira /
António Lopes
Repertório de Francisco Martinho
Mulheres tens as que tu quiseres
Mulheres que são a nossa perdição
Que nos arrastam loucas nos prazeres
Mulheres que não têm coração
Porque lhe queres?
Foge do vício e deixa essa mulher
Escuta o que eu te digo
Mulheres que não valem sequer um sacrifício
Não são mulheres, amigo
Mulheres dessas
Que nos arrastam loucas nos prazeres
Mulheres que não têm coração
Porque lhe queres?
Foge do vício e deixa essa mulher
Escuta o que eu te digo
Mulheres que não valem sequer um sacrifício
Não são mulheres, amigo
Mulheres dessas
Por elas quem se prende
É cigarro que se fuma
É cigarro que se fuma
E outro que se acende
Onda que nasce
Onda que nasce
E se desfaz em
espuma
Pensa bem: mulheres há muitas
Mãe?... mãe há só uma
Mãezinha que só nos acarinha
Que não nos deixa, é uma medalhinha
Que a gente traz ao peito com emoção
Presa a um vibrado que se fecha no coração
Há lá mulher que valha a nossa mãe
Pensa
Mãe?... mãe há só uma
Mãezinha que só nos acarinha
Que não nos deixa, é uma medalhinha
Que a gente traz ao peito com emoção
Presa a um vibrado que se fecha no coração
Há lá mulher que valha a nossa mãe
Por nós enternecida
Mulher que por mal a todos quer
Mulher que por mal a todos quer
Não quer ninguém
Não tem um amor na vida
Minha dor
Arlete Paixão Correia / Franklim Godinho
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Guitarra, se tu soubesses
A dor do meu coração
Talvez por ele tivesses
Uma terna compaixão
Tristezas que a gente sente
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Guitarra, se tu soubesses
A dor do meu coração
Talvez por ele tivesses
Uma terna compaixão
Tristezas que a gente sente
Não se deviam dizer
Podem julgar que se mente
Podem julgar que se mente
Contando nosso sofrer
Por isso, guitarra minha
Por isso, guitarra minha
Chora comigo esta dor
Do coração és rainha
Do coração és rainha
Confidente ao meu amor
Se as minhas mágoas te digo
Se as minhas mágoas te digo
Te confio os meus tormentos
Choram as cordas comigo
Choram as cordas comigo
Juntam-se os nossos lamentos
Fado Eugénia da Câmara
José Galhardo / Raul Ferrão
Repertório de Amália
Amar é ter alegria
Nem o mundo existiria
Não existindo esse bem
Quem não amar, não tem nada
Como é bom ser adorada
Como é bom gostar de alguém
Mas se o amor feito mágoa
Se desfaz em gotas d'água
Repertório de Amália
Amar é ter alegria
Nem o mundo existiria
Não existindo esse bem
Quem não amar, não tem nada
Como é bom ser adorada
Como é bom gostar de alguém
Mas se o amor feito mágoa
Se desfaz em gotas d'água
Pouco a pouco fica o mar
E depois, o mar desfeito
Batendo de encontro ao peito
E depois, o mar desfeito
Batendo de encontro ao peito
Põe a alma a soluçar
A vida é toda desejos
Marcam-se os dias com beijos
A vida é toda desejos
Marcam-se os dias com beijos
Quem não amou, não viveu
Só quem perde um grande amor
É que sabe dar valor
Só quem perde um grande amor
É que sabe dar valor
A todo o bem que perdeu
Mas se houver uma traição
Mata o próprio coração
Mas se houver uma traição
Mata o próprio coração
O amor que viu nascer
Nessa dor que nos tortura
Antes morrer de amargura
Nessa dor que nos tortura
Antes morrer de amargura
Que amargurada viver
Rosa livre
João Dias / Popular *fado das horas*
Repertório de Maria Armanda
Rosa livre, rosa livre
Rasgaste o chão do degredo
Vermelha do sangue vivo
Dos que viveram sem medo
Rosa menina em Abril
Repertório de Maria Armanda
Rosa livre, rosa livre
Rasgaste o chão do degredo
Vermelha do sangue vivo
Dos que viveram sem medo
Rosa menina em Abril
Em Maio rosa mulher
Quem em Setembro a feriu
Quem em Setembro a feriu
Em Março a queria acolher
Rosa livre, rosa livre
Rosa livre, rosa livre
Nos campos da minha terra
Flor de sangue que redime
Flor de sangue que redime
Soldados do fim da guerra
Rosa livre, rosa livre
Rosa livre, rosa livre
A gritar num tempo novo
Rosa cada vez mais livre
Rosa cada vez mais livre
No peito aberto do povo
Chegou o fim
António Rocha / Júlio Proença *fado proença*
Repertório de António Rocha
Não volto mais, podes crer
Ao cais onde um dia fui
Para me despedir de ti
Já me cansei de sofrer
És dor que já não me dói
És passado que esqueci
Quando partiste deixaste
Uma promessa a meu lado
Repertório de António Rocha
Não volto mais, podes crer
Ao cais onde um dia fui
Para me despedir de ti
Já me cansei de sofrer
És dor que já não me dói
És passado que esqueci
Quando partiste deixaste
Uma promessa a meu lado
Que dizia que voltavas
E nem sequer reparaste
Que também tinhas deixado
E nem sequer reparaste
Que também tinhas deixado
Saudades que não levavas
Fui dizer-te adeus ao cais
Depois sonhei que voltavas
Fui dizer-te adeus ao cais
Depois sonhei que voltavas
Voltei ao cais da partida
Mas tu não voltaste mais
E assim cada vez ficavas
Mas tu não voltaste mais
E assim cada vez ficavas
Mais longe da minha vida
Sofri por ti, é verdade
Hoje no meu coração
Sofri por ti, é verdade
Hoje no meu coração
Já não mora o desespero
Vivi tanto com a saudade
Que lhe ganhei afeição
Vivi tanto com a saudade
Que lhe ganhei afeição
E agora já não te quero
Recordar é viver
Frederico de Brito / João Viana
Repertório de Carlos Ramos
Concordo
Repertório de Carlos Ramos
Concordo
Que se fale da Severa
Pois no seu tempo já era
Ninguém maldiga
Mais que rainha do fado
E entendo
E entendo
Que é bom lembrarmo-nos mais
Desses nomes imortais
Dos fadistas do passado
Tecer a glória
Tecer a glória
Duma Cesária fadista
E da Maria Vitória
Ou duma Júlia Florista
Dum Armandinho
Fadistas duma só crença
Marceneiro e Machadinho
Marceneiro e Machadinho
Joaquim Campos e Proença
Dos poucos nomes que eu disse
Não devo, mesmo que eu queira
Dos poucos nomes que eu disse
Não devo, mesmo que eu queira
Esquecer a Maria Alice
Nem a Emília Ferreira
Nem a Emília Ferreira
E então nesta hora incerta
Lembrar-me a Ercília Costa
Lembrar-me a Ercília Costa
A Amália, Hermínia e Berta
Das quais tanto o povo gosta
Agora
Das quais tanto o povo gosta
Agora
Quando os mais novos acordam
São os velhos que recordam
São os velhos que recordam
Como em tempos era o fado
E os de hoje
E os de hoje
De vida alegre e louçã
Hão-de chorar amanhã
Hão-de chorar amanhã
Com saudades do passado
Ninguém entende
Ninguém entende
Nessa aparência bizarra
Como é que a gente se prende
Às cordas duma guitarra
Ninguém maldiga
Do fado que nos encanta
Que a vida é uma cantiga
Que a vida é uma cantiga
Que nem toda a gente canta
Mas quando eu já for velhinho
Hei-de entreter-me, bem sei
Mas quando eu já for velhinho
Hei-de entreter-me, bem sei
Ensinando ao meu netinho
Os fados que já cantei
Os fados que já cantei
Talvez os velhos lhe apontem
As minhas noites de agrado
Que lhe digam, que lhe contem
Que eu também cantava o fado
As minhas noites de agrado
Que lhe digam, que lhe contem
Que eu também cantava o fado
Do amor e da saudade
Carlos Conde / Henrique Lourenço *fado cigana*
Repertório de Maria Amélia Proença
Poema também gravado por Alfredo Duarte Jnr
com música de Alfredo Duarte *Marceneiro*
Repertório de Maria Amélia Proença
Poema também gravado por Alfredo Duarte Jnr
com música de Alfredo Duarte *Marceneiro*
É sempre, tristonha e ingrata
Que se torna a despedida
Por quem temos amizade
Mas se a saudade nos mata
Eu quero ter muita vida
Para morrer de saudade
A saudade é um queixa
Que se parte e se reparte
Porque fere e mortifica
Mas é ela que nos deixa
Sentir a dor de quem parte
E a tristeza de quem fica
A saudade aviva mais
É um riso a soluçar
É um soluço a sorrir
Lágrima que anda no cais
Na esperança de ver chegar
Quem um dia viu partir
Sei que é tristonha e ingrata
Para a alma dolorida
Que se afoga na ansiedade
Mas se a saudade nos mata
Eu quero ter muita vida
Para morrer de saudade
Dois pecadores
Clemente Pereira / Jaime Santos *fado jaime*
Repertório de Natalino Duarte
Teus olhos que me prenderam
Mágoas me deram
Repertório de Natalino Duarte
Teus olhos que me prenderam
Mágoas me deram
Por terno abrigo
E são a todo o momento
Do sofrimento
E são a todo o momento
Do sofrimento
Que anda comigo
De dia andam na rua
Mostrando a tua
De dia andam na rua
Mostrando a tua
Falsa amizade
E à noite ainda risonhos
Embalam sonhos
E à noite ainda risonhos
Embalam sonhos
De falsidade
Não julgues, vendo uma estrela
Que a vida é bela
Não julgues, vendo uma estrela
Que a vida é bela
Que a vida é sã
No dia a dia da gente
Sempre é diferente
No dia a dia da gente
Sempre é diferente
Nosso amanhã
E quando a alma é vencida
Por ter na vida
E quando a alma é vencida
Por ter na vida
Sonhos profanos
São sempre os olhos fatais
Que sentem mais
São sempre os olhos fatais
Que sentem mais
Os desenganos
Vivem mostrando sorrisos
Que são precisos
Vivem mostrando sorrisos
Que são precisos
P'ra teu encanto
Mas guarda-os p'ra quando alguém
Quiser também
Mas guarda-os p'ra quando alguém
Quiser também
Ver o teu pranto
Dá-lhe o bem que os meus desejam
Que eles sejam
Dá-lhe o bem que os meus desejam
Que eles sejam
Bons sonhadores
Não vivas com esse gosto
De teres no rosto
Não vivas com esse gosto
De teres no rosto
Dois pecadores
A luz do teu caminho
António Rocha / Miguel Ramos *fado margaridas*
Repertório de Francisco Martinho
Deixa-me ser a luz do teu caminho
Deixa-me ser um pouco do teu ser
Deixa que eu seja o guia do destino
Que destina a razão do teu viver
Eu queria ser a brisa morna e leve
Que agita o teu cabelo com meiguice
Poder estar um momento ainda que breve
Junto de ti sem que outro alguém me visse
Se eu conseguisse ser teu pensamento
Quando fitas serena o azul do céu
Jamais escutarias o lamento
Desta paixão por ti que Deus me deu
Eu queria ser o sol que de mansinho
Vem beijar o teu rosto com prazer
Deixa-me ser a luz do teu caminho
Deixa-me ser um pouco do teu ser
Repertório de Francisco Martinho
Deixa-me ser a luz do teu caminho
Deixa-me ser um pouco do teu ser
Deixa que eu seja o guia do destino
Que destina a razão do teu viver
Eu queria ser a brisa morna e leve
Que agita o teu cabelo com meiguice
Poder estar um momento ainda que breve
Junto de ti sem que outro alguém me visse
Se eu conseguisse ser teu pensamento
Quando fitas serena o azul do céu
Jamais escutarias o lamento
Desta paixão por ti que Deus me deu
Eu queria ser o sol que de mansinho
Vem beijar o teu rosto com prazer
Deixa-me ser a luz do teu caminho
Deixa-me ser um pouco do teu ser
Levaste saudades minhas
José Luís Alcaria / Júlio Proença *fado puxavante*
Repertório de António Melo Correia
Largou mesmo agora o cais
O barco que vai p'ró mar
Embarquei nele os meus ais
Por eles fico a chorar
Céu azul cortando os dias
Repertório de António Melo Correia
Largou mesmo agora o cais
O barco que vai p'ró mar
Embarquei nele os meus ais
Por eles fico a chorar
Céu azul cortando os dias
Terá ele, por companheiro
Ai amor bem me dizias
Ai amor bem me dizias
Que fosse eu por ti, primeiro
Levaste saudades minhas
Levaste saudades minhas
Deixaste saudades tuas
Meu amor, as andorinhas
Meu amor, as andorinhas
Beijaram por ti as ruas
Passo os dias a esperar
Passo os dias a esperar
O teu regresso de longe
Volta amor, p'ra eu quebrar
Volta amor, p'ra eu quebrar
Esta solidão de monge
Fado dum mundo louco
Zeca Maneca / João Maria dos Anjos
Repertório de Artur Batalha
Noite negra nua e fria
Uma garganta escondida
Estranho silêncio no ar
A cantar a nostalgia
Que nela vinha perdida
Numa noite sem luar
Era a voz do louco fado
Dum pesadelo a fugir
Repertório de Artur Batalha
Noite negra nua e fria
Uma garganta escondida
Estranho silêncio no ar
A cantar a nostalgia
Que nela vinha perdida
Numa noite sem luar
Era a voz do louco fado
Dum pesadelo a fugir
Ao fascínio da maldade
No seu mundo inconformado
Onde teve que cair
No seu mundo inconformado
Onde teve que cair
No abismo da verdade
Uivou a noite dos lobos
Chorou a noite sem calma
Uivou a noite dos lobos
Chorou a noite sem calma
Neste mundo sem razão
Nas gargalhadas dos bobos
Nos tristes corpos sem alma
Nas gargalhadas dos bobos
Nos tristes corpos sem alma
A viver na escuridão
Cara bonita
José Correia / Ferrer Trindade
Repertório de Tristão da Silva
Ao ver teu rosto bonito
Custa-me a crer, não acredito
Que um fado triste te deu
Grande castigo igual ao meu
Mas se bem te fitar
Nesses teus olhos
Repertório de Tristão da Silva
Ao ver teu rosto bonito
Custa-me a crer, não acredito
Que um fado triste te deu
Grande castigo igual ao meu
Mas se bem te fitar
Nesses teus olhos
Em que sem fé um sonho ardeu
Talvez entenda a razão
Porque tu és tal como eu
Cara bonita
Talvez entenda a razão
Porque tu és tal como eu
Cara bonita
Disfarças bem teu desgosto
Andas a rir da desdita
Andas a rir da desdita
Que adivinho no teu rosto
Linda carita,
Linda carita,
P'ra te ver feliz eu queria
A tua cara bonita
A tua cara bonita
Junto a mim de noite e dia
Ao ver teu rosto bonito
Custa-me a crer, não acredito
Que já sofreste também
E p'ra teu mal amando alguém
A vida, quis assim
E castigou-nos por tanto amar
Ao ver teu rosto bonito
Custa-me a crer, não acredito
Que já sofreste também
E p'ra teu mal amando alguém
A vida, quis assim
E castigou-nos por tanto amar
A mim e a ti
Por isso entendo a razão
Pois como tu, também sofri
Por isso entendo a razão
Pois como tu, também sofri
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