Letra e musica de Jorge Fernando
Repertório do autor
Vou descansar meu cansaço nos teus braços
Só em ti encontro a paz de não pensar
É no teu colo de mãe que aperto os laços
Que se afrouxam num teimoso desatar
Tua voz é como um vento que segreda
Quando em meus cabelos passas tua mão
Só assim não troco a alma pela pedra
Em que a vida transformou meu coração
Porque não paraste tu a minha idade
Porque não paraste o tempo que a sustém
Dava tudo pela minha ingenuidade
Pela inocência da criança a olhar a mãe
A cor dos olhos que gosto
Alexandre Fontes / António Severino
Repertório de António Severino
A cor dos olhos que eu gosto
Estão comigo dia a dia;
São os mais lindos aposto
Nunca me dão um desgosto
Deles só tenho alegria
Eles são a minha luz
Repertório de António Severino
A cor dos olhos que eu gosto
Estão comigo dia a dia;
São os mais lindos aposto
Nunca me dão um desgosto
Deles só tenho alegria
Eles são a minha luz
Encanto dos olhos meus
O seu olhar me seduz
O seu olhar me seduz
São também a minha cruz
Que me foi dada por Deus
Todos os dias eu beijo
Que me foi dada por Deus
Todos os dias eu beijo
Seus olhos com fé sentida
Outros assim eu não vejo
Outros assim eu não vejo
De vê-los sinto desejo
Juntos de mim toda a vida
Tão brilhantes tão formosos
Juntos de mim toda a vida
Tão brilhantes tão formosos
Têm p’ra mim raro brilho
Esses olhos misteriosos
Esses olhos misteriosos
Tão belos e amorosos
São os olhos dos meus filhos
São os olhos dos meus filhos
Esquina do céu
Tiago Torres da Silva / Alfredo Duarte *fado laranjeira*
Repertório de Linda Leonardo
Não sei se andei na lota
Repertório de Linda Leonardo
Não sei se andei na lota
Não sei se senti frio
Mas sei que fui gaivota
Mas sei que fui gaivota
Voando sobre o rio
Gaivota que insinua
Gaivota que insinua
No céu que existe em mim
A sombra de uma rua
A sombra de uma rua
Que nunca mais tem fim
O meu coração voa
O meu coração voa
Sem conhecer a rota
Que lhe traçou Lisboa
Que lhe traçou Lisboa
No voo de gaivota
Deus queira eu não me esqueça
Deus queira eu não me esqueça
Que o céu tem uma esquina
Onde quem vai depressa
Onde quem vai depressa
Não vê a própria sina
Quem não acreditar
Quem não acreditar
Que a sua alma voa
Não deve procurar
Não deve procurar
Os beijos de Lisboa
Um beijo ressuscita
Um beijo ressuscita
Um beijo também mata
Quem finge que acredita
Quem finge que acredita
Que o Tejo é todo em prata
Uma bala percorre
Uma bala percorre
Um triste entardecer
Mas Lisboa não morre
Mas Lisboa não morre
Sem antes me dizer
Por teres sido gaivota
Por teres sido gaivota
Talvez um dia eu faça
Um céu que abrace a rota
Um céu que abrace a rota
Da dor que me trespassa
Noutro tempo
Linhares Barbosa / Alberto Simões Lopes *fado dois tons*
Pegava e picava toiros
Repertório de Maria do Espírito Santo
Noutro tempo, eu não sabia
Para mal dos meus pecados
Que o fado da Mouraria
Era afinal rei dos fados
Tinha uma amante, a guitarra
Nascera nos bairros moiros
Nascera nos bairros moiros
Na desordem, na algazarra
O fado da Mouraria
O fado da Mouraria
Esse velho lindo fado
Era o pão de cada dia
Era o pão de cada dia
Dos fadistas do passado
Esta estrofe faz parte da letra mas não foi gravada
Toda uma noite de moina
Toda uma noite de moina
Até ao romper da alva
Ora chapéu, ora boina
Ora chapéu, ora boina
Ora trajo à marialva
Quase perfeito
Linda Leonardo / Popular *fado menor*
Repertório de Linda Leonardo
E tudo ficou diferente
Diferente, quase perfeito
Os meus olhos se sorriem
E há um jardim no meu peito
Meu cavaleiro, de onde vens?
Repertório de Linda Leonardo
E tudo ficou diferente
Diferente, quase perfeito
Os meus olhos se sorriem
E há um jardim no meu peito
Meu cavaleiro, de onde vens?
Do mar, da terra, ou do céu?
Que não me esqueço do beijo
Que não me esqueço do beijo
Que a tua boca me deu
Desertos por onde andei
Desertos por onde andei
De tão escura claridade
Talvez porque do teu corpo
Talvez porque do teu corpo
O meu sentia saudade
E tudo ficou diferente
E tudo ficou diferente
Já nem sei viver sem ti
Meu amante, meu amor
Meu amante, meu amor
Do teu beijo renasci
Agora sou primavera
Agora sou primavera
Florida em tela pintada
Sou aquele pássaro azul
Sou aquele pássaro azul
No alto da madrugada
Sou latina
José Luis Gordo / Ada de Castro
Repertório de Ada de Castro
Gosto muito de cantar
E nas feiras desta terra
Gosto do sol a brilhar
Repertório de Ada de Castro
Gosto muito de cantar
Meus fados na romaria
Pôr toda a gente a sentir
Pôr toda a gente a sentir
Tristezas e alegria
E nas feiras desta terra
Entre o pó e a algazarra
Ouvir o lindo tocar
Ouvir o lindo tocar
Do cavaquinho ou guitarra
Sou latina
Trago no sangue, nas veias
Esta terra portuguesa
Sou latina
Trago no sangue, nas veias
Esta terra portuguesa
E o fado desde menina
Sou latina
Sinto da mesma maneira
O pregão de uma varina
Sou latina
Sinto da mesma maneira
O pregão de uma varina
E o palavrão da ribeira
Sou latina
Mulher de raça e de brio
Que traz no peito a saudade
Sou latina
Mulher de raça e de brio
Que traz no peito a saudade
Que traz nos olhos o rio
De vinho tinto de sede
De vinho tinto de sede
Beber três ou quatro copos
Pôr os corações em festa
Na embriaguês dos corpos
Gosto do sol a brilhar
Nessas tardes soalheiras
Que veste brilho ao olhar
Que veste brilho ao olhar
Das moças lindas solteiras
Olá puto reguila
Rui Manuel / Vital D’Assunção
Repertório de Chico Madureira
Puto reguila do sorriso tão travesso
Que enches de vida cada rua da cidade
Repertório de Chico Madureira
Puto reguila do sorriso tão travesso
Que enches de vida cada rua da cidade
Lisboa é tua, e cada dia é o começo
Dessa aventura em que o tempo ganha idade
Puto reguila do cabelo em desalinho
Que roubas fruta no mercado da Ribeira
Puto reguila, andorinha sem beiral
A flor da vida com se enfeita o Rossio
Puto reguila da coragem transparente
Quanta porrada tens no teu corpo franzino
Dessa aventura em que o tempo ganha idade
Puto reguila do cabelo em desalinho
Que roubas fruta no mercado da Ribeira
Se tu pudesses, roubavas também carinho
Que repartias pela malta mais porreira
Puto reguila que és gaivota e cacilheiro
Irmão do vento, irmão da chuva
Puto reguila que és gaivota e cacilheiro
Irmão do vento, irmão da chuva
Irmão do Tejo, dão-te uma esmola a muito custo
E o dinheiro não mata a fome, mata apenas o desejo
Puto reguila, andorinha sem beiral
A flor da vida com se enfeita o Rossio
Tens como cama, a tua raiva e um jornal
De letras mortas que não dão calor ao frio
De letras mortas que não dão calor ao frio
Puto reguila da coragem transparente
Quanta porrada tens no teu corpo franzino
Cresces depressa, tão depressa e de repente
Mora um adulto no teu rosto de menino
Morrer-me devagar
Jorge Fernando / Miguel Ramos *fado alberto*
Repertório de Jorge Fernando
Cruza-se o olhar e cai o céu
Na esfera circundante, do olhar
Sem distinguir o meu olhar do teu
Recuso nossos olhos descruzar
E as mãos, que do meu corpo se distinguem
Apenas p’la suave cor da tez
Pedem aos meus dedos que se vinguem
No deslumbre e no risco da avidez
Assim, eu me harmonizo no confronto
Das ancas, num intenso compassar
E quando meu amor me sentir pronto
Dentro em ti, vou morrer-me devagar
Repertório de Jorge Fernando
Cruza-se o olhar e cai o céu
Na esfera circundante, do olhar
Sem distinguir o meu olhar do teu
Recuso nossos olhos descruzar
E as mãos, que do meu corpo se distinguem
Apenas p’la suave cor da tez
Pedem aos meus dedos que se vinguem
No deslumbre e no risco da avidez
Assim, eu me harmonizo no confronto
Das ancas, num intenso compassar
E quando meu amor me sentir pronto
Dentro em ti, vou morrer-me devagar
Pois é
Jorge Fernando e Sam The Kid / Jorge Fernando
Repertório de Jorge Fernando e Sam The Kid
Pois é, a vida está uma…
Pois é
Tenho a mão vazia dentro do meu bolso
Que está tão vazio como a minha mão
Aperto o vazio tanto quanto posso
Nesta encruzilhada, que vida de cão
Este é o fado da classe atarefada
Repertório de Jorge Fernando e Sam The Kid
Pois é, a vida está uma…
Pois é
Tenho a mão vazia dentro do meu bolso
Que está tão vazio como a minha mão
Aperto o vazio tanto quanto posso
Nesta encruzilhada, que vida de cão
Este é o fado da classe atarefada
Que passa o dia inteiro com a massa
E o cimento no braço a pensar:
Como é que eu faço
Como é que eu faço
Para sair deste escasso vencimento
Ou caio no esquecimento
Ou caio no esquecimento
Num curto espaço de tempo
E se eu protestasse ao meu presidente
O que me vai no pensamento
E se eu protestasse ao meu presidente
O que me vai no pensamento
Talvez ele não gostasse
Ah pois é, não és o desempregado
Não és o pregado de sempre
Ah pois é, não és o desempregado
Não és o pregado de sempre
Que tá sempre apertado
Para mim qualquer coisa é bem-vinda
Para mim qualquer coisa é bem-vinda
Ao meu agregado
Fico agradecido mas
Fico agradecido mas
Nem sempre bulo com agrado
Aquilo que eu oiço
Aquilo que eu oiço
É sempre igual em todo o lado
Que a culpa é do Estado que tem estado
Que a culpa é do Estado que tem estado
Num estado bastardo
Chega ao Domingo vou pró estádio
Chega ao Domingo vou pró estádio
P’ra estar com o Mário
É aí que eu me vingo
É aí que eu me vingo
Para afastar-me do obstáculo diário
O Mário é o meu puto
O Mário é o meu puto
Tem sete anos e grande cenário
Respeita-me muito e já sabe
Respeita-me muito e já sabe
Que eu sou um mercenário
Tê-lo por perto um dia
Tê-lo por perto um dia
É só um segundo bem breve
Porque eu liberto euforia
Porque eu liberto euforia
Até que a segunda me leve
Mas como tenho teimosia
Mas como tenho teimosia
Estou a pensar fazer greve
No bolso tenho a mão vazia
No bolso tenho a mão vazia
O patrão ainda me deve
Todo o santo dia enchem-me a cabeça
Velhas frases feitas, manipulação
Falam de milagre e à espera que aconteça
Vamos desvivendo, que vida de cão
Num sonambulismo telecomandado
Cumprimos os dias em resignação
Não há luz no túnel é o nosso fado
Presos por uma trela, que vida de cão
Tou preso por uma trela
Todo o santo dia enchem-me a cabeça
Velhas frases feitas, manipulação
Falam de milagre e à espera que aconteça
Vamos desvivendo, que vida de cão
Num sonambulismo telecomandado
Cumprimos os dias em resignação
Não há luz no túnel é o nosso fado
Presos por uma trela, que vida de cão
Tou preso por uma trela
Vivo uma vida de cão
Minha rotina é uma cela
Minha rotina é uma cela
Que cancela uma ambição
Que me revolta e indigna
Que me revolta e indigna
Mas dá-me resignação
Só oiço velhas frases feitas
Só oiço velhas frases feitas
E a manipulação
Que se alivia à noite
Que se alivia à noite
Quando eu ligo a televisão
Passam-se as promessas por nunca cumpridas
Passam-se as promessas por nunca cumpridas
Enganosas frases dão por explicação
Na vida sou um número entre tantas vidas
Resta-me ser digno como é o cão
Pois é, a vida está uma… pois é
Tou preso por uma trela
Pois é, a vida está uma… pois é
Tou preso por uma trela
Vivo uma vida de cão
Pois é, a vida está uma… pois é
Vivo uma vida de cão
Pois é, a vida está uma… pois é
Vivo uma vida de cão
Vivo uma vida de cão
Tempo de gaivotas
Humberto Sotto Mayor / Marino de Freitas
Repertório de Linda Leonardo
Como vai longe aquele tempo das gaivotas
Como vai longe aquele mar que nos unia
Como trilhámos novas ruas, novas rotas
Como ganhámos esta vã melancolia
Como vai longe a nostalgia dessa tarde
Como vai longe o pôr-do-sol daquele outono
Como é eterno o nosso fogo que não arde
E como é de hoje esse sossego, este abandono
Como está perto esta lonjura, esta distãncia
Tua presença de não estares ao pé de mim
E como é louca a tua ausência, a nossa infãncia
O nosso lago, o nosso banco de jardim
Como vai longe este querer de não te querer
Como anda perto desta boca o desalento
Ai cmo dói esta saudade de te ver
E como é longo de passar este momento
Repertório de Linda Leonardo
Como vai longe aquele tempo das gaivotas
Como vai longe aquele mar que nos unia
Como trilhámos novas ruas, novas rotas
Como ganhámos esta vã melancolia
Como vai longe a nostalgia dessa tarde
Como vai longe o pôr-do-sol daquele outono
Como é eterno o nosso fogo que não arde
E como é de hoje esse sossego, este abandono
Como está perto esta lonjura, esta distãncia
Tua presença de não estares ao pé de mim
E como é louca a tua ausência, a nossa infãncia
O nosso lago, o nosso banco de jardim
Como vai longe este querer de não te querer
Como anda perto desta boca o desalento
Ai cmo dói esta saudade de te ver
E como é longo de passar este momento
Lisboa noite triste
Jorge Fernando e Jean Claude Acquaviva / Jorge Fernando
Repertório de Jorge Fernando
Chegam ventos, mares, águas de Maio
Projecta-se o sol sem regras d’ouro
Ai Lisboa
A noite triste ilumina o teu ar moiro
Régio Paço, o Tejo assiste
Lua cheia, mau agoiro
Vintere, nuli e nebbie torna
Vicinu à u timone aspitta in darnu
Ai Lisboa a noite triste
Da retta à a mio ghitara
A storia hei n cio chi resiste
Quandu sbirba a vita amara
Chegam ventos, nuvens, nevoeiros
De esperas inúteis junto a barra
Ai Lisboa
A noite triste solta os trinos da guitarra
História é tudo o que resiste
Quando o tempo solta a amarra
Repertório de Jorge Fernando
Chegam ventos, mares, águas de Maio
Projecta-se o sol sem regras d’ouro
Ai Lisboa
A noite triste ilumina o teu ar moiro
Régio Paço, o Tejo assiste
Lua cheia, mau agoiro
Vintere, nuli e nebbie torna
Vicinu à u timone aspitta in darnu
Ai Lisboa a noite triste
Da retta à a mio ghitara
A storia hei n cio chi resiste
Quandu sbirba a vita amara
Chegam ventos, nuvens, nevoeiros
De esperas inúteis junto a barra
Ai Lisboa
A noite triste solta os trinos da guitarra
História é tudo o que resiste
Quando o tempo solta a amarra
Mistério do fado
Carlos Baleia / Marino de Freitas
Repertório de Linda Leonardo
Há um mistério qualquer
Que ninguém sabe entender
Á tua volta, Lisboa
Um segredo de mulher
Que nunca diz o quer
Silêncio que se perdoa
Talvez saudades de amante
Que assim te põem distante
Repertório de Linda Leonardo
Há um mistério qualquer
Que ninguém sabe entender
Á tua volta, Lisboa
Um segredo de mulher
Que nunca diz o quer
Silêncio que se perdoa
Talvez saudades de amante
Que assim te põem distante
E calam a tua dor
Ou talvez a cada instante
Num silêncio provocante
Ou talvez a cada instante
Num silêncio provocante
Recordes noites de amor
Depois do sol se deitar
Quando a lua já brilhar
Depois do sol se deitar
Quando a lua já brilhar
Com a guitarra a teu lado
A tua voz, ó cidade
Num mistério de saudade
A tua voz, ó cidade
Num mistério de saudade
Confessar-se-á num fado
Um cigarro e um beijo
Maria Nelson / Jorge Fontes
Repertório de Saudade dos Santos
Pedi-te um dia um cigarro
Acedeste ao meu desejo
E tu num gesto bizarro
Em troca pediste um beijo
Com esta troca afinal
Repertório de Saudade dos Santos
Pedi-te um dia um cigarro
Acedeste ao meu desejo
E tu num gesto bizarro
Em troca pediste um beijo
Com esta troca afinal
Que fizemos a brincar
O bolo não era igual
O bolo não era igual
E tu ficaste a ganhar
Fumei-o por brincadeira
Fumei-o por brincadeira
Achaste graça e sorriste
Puxaste da cigarreira
Puxaste da cigarreira
E outro beijo me pediste
Mas a culpa foi só minha
Mas a culpa foi só minha
Beijar por coisa tão pouca
Não sei o que o beijo tinha
Não sei o que o beijo tinha
Que queimou a minha boca
Desse cigarro queimado
Desse cigarro queimado
Um grande amor resultou
Mas em tipo o meu pecado
Mas em tipo o meu pecado
Do beijo nada ficou
Vocês são todos iguais
Vocês são todos iguais
No amor e nos desejos
E eu jurei p’ra nunca mais
E eu jurei p’ra nunca mais
Trocar cigarros por beijos
Se eu lhe disser o teu nome
Tiago Torres da Silva / José António Sabrosa *fado pintadinho*
Repertório de Linda Leonardo
Fui queixar-me a uma guitarra
Do meu coração cativo
No instante em que se agarra
A incerteza em que vivo
E eras tu que me faltavas / E eras tu que me dizias
Que o lugar por onde andavas / Era escuro e nada vias
Veio a saudade, abraçou-me / Mas depois fugiu depressa
Se eu lhe disser o teu nome / Ele nunca mais regressa
E era eu que te esperava / E era eu que te sabia
Nos fados que alguém cantava / Entendendo o que eu sofria
Depois o fado encontrou-me / E disse quase em segredo
Se lhe disser o teu nome / Ele há-de voltar mais cedo
Repertório de Linda Leonardo
Fui queixar-me a uma guitarra
Do meu coração cativo
No instante em que se agarra
A incerteza em que vivo
E eras tu que me faltavas / E eras tu que me dizias
Que o lugar por onde andavas / Era escuro e nada vias
Veio a saudade, abraçou-me / Mas depois fugiu depressa
Se eu lhe disser o teu nome / Ele nunca mais regressa
E era eu que te esperava / E era eu que te sabia
Nos fados que alguém cantava / Entendendo o que eu sofria
Depois o fado encontrou-me / E disse quase em segredo
Se lhe disser o teu nome / Ele há-de voltar mais cedo
Fado da triste stripper
Jorge Fernando / Alfredo Duarte *fado versículo*
Repertório de Jorge Fernando
Unhas grandes e de vermelho pintadas
Um cigarro sem ter filtro, a esfumar
Na TV duas crianças raptadas
E o inspetor, que nada tem a declarar
O seu peito arredondado, quase emerge
À revelia da blusa, que o acolhe
O decote sinuoso não protege
O herege recurvar para quem o olha
Há baton a mais naqueles lábios ternos
Que na chávena de café, ficam marcados
Os joelhos que se cruzam, são infernos
Para quem espera ainda vê-los descruzados
Em Belgrado estão os pais, num prédio antigo
Manda cartas de saudade e algum dinheiro
Está a aprender o português com um amigo
A Dolores, que é um travesti brasileiro
Faz do strip, a sua arte e o seu brilhar
Ao desejo dos olhares mostra desdém
Despe a roupa, hábil jogo de encantar
Dá-se a todos, mas não dá a ninguém
Entre o rímel e as sombras sobre as celhas
Nos seus olhos há um luto e, certamente
Suas formas hão-de um dia estar mais velhas
Quando a vida for despindo cruelmente
Repertório de Jorge Fernando
Unhas grandes e de vermelho pintadas
Um cigarro sem ter filtro, a esfumar
Na TV duas crianças raptadas
E o inspetor, que nada tem a declarar
O seu peito arredondado, quase emerge
À revelia da blusa, que o acolhe
O decote sinuoso não protege
O herege recurvar para quem o olha
Há baton a mais naqueles lábios ternos
Que na chávena de café, ficam marcados
Os joelhos que se cruzam, são infernos
Para quem espera ainda vê-los descruzados
Em Belgrado estão os pais, num prédio antigo
Manda cartas de saudade e algum dinheiro
Está a aprender o português com um amigo
A Dolores, que é um travesti brasileiro
Faz do strip, a sua arte e o seu brilhar
Ao desejo dos olhares mostra desdém
Despe a roupa, hábil jogo de encantar
Dá-se a todos, mas não dá a ninguém
Entre o rímel e as sombras sobre as celhas
Nos seus olhos há um luto e, certamente
Suas formas hão-de um dia estar mais velhas
Quando a vida for despindo cruelmente
Escrevo o teu nome
Carlos Baleia / Marino de Freitas
Repertório de Linda Leonardo
Escrevi teu nome na areia
E juntei-lhe um coração
Veio um mar de mará cheia
Levou-os em turbilhão
Ao longe, a onda rolando
Repertório de Linda Leonardo
Escrevi teu nome na areia
E juntei-lhe um coração
Veio um mar de mará cheia
Levou-os em turbilhão
Ao longe, a onda rolando
Envolvida no teu nome
E um coração deslizando
E um coração deslizando
Na loucura que o consome
Na espuma, há sinais de ti
Na espuma, há sinais de ti
Em vez de virem saudades
E em meus braços que estendi
E em meus braços que estendi
Só agarrei tempestades
Nesta praia onde me estendo
Nesta praia onde me estendo
Do coração já me esqueço
Mas vou teu nome escrevendo
Mas vou teu nome escrevendo
À espera do teu regresso
Alucinação
Jorge Fernando / Armando Machado *fado súplica*
Repertório de Jorge Fernando
Redobrado som, que me vagueia
Vozes que ouço, sem querer ouvir
Será que é a loucura que passeia
À espera de por fim me possuir
Põem-me no ser imagens vivas
Intuídas dentro em mim tenho de as ver
E as noites cada vez me são mais esquivas
Nas margens de um temido enlouquecer
Num ecrã de formas e de cores
Às vezes preto e branco inusitado
Desfilam o futuro e seus temores
Sem que eu esteja a dormir ou acordado
Depois tudo se apaga no meu ser
Tudo em mim se cala pouco a pouco
Só perdura a dor de não saber
Se estou a enlouquecer ou já estou louco
Repertório de Jorge Fernando
Redobrado som, que me vagueia
Vozes que ouço, sem querer ouvir
Será que é a loucura que passeia
À espera de por fim me possuir
Põem-me no ser imagens vivas
Intuídas dentro em mim tenho de as ver
E as noites cada vez me são mais esquivas
Nas margens de um temido enlouquecer
Num ecrã de formas e de cores
Às vezes preto e branco inusitado
Desfilam o futuro e seus temores
Sem que eu esteja a dormir ou acordado
Depois tudo se apaga no meu ser
Tudo em mim se cala pouco a pouco
Só perdura a dor de não saber
Se estou a enlouquecer ou já estou louco
Cara a cara
Tiago Torres da Silva / Carlos Gonçalves
Repertório de Linda Leonardo
Não sei se o meu coração
Se fartou da condição
Repertório de Linda Leonardo
Não sei se o meu coração
Se fartou da condição
De bater só por bater
Se um segundo é uma hora
Desde que te foste embora
Se um segundo é uma hora
Desde que te foste embora
E eu não te voltei a ver
Oiço barulho na rua
Quando a saudade insinua
Oiço barulho na rua
Quando a saudade insinua
Que te tirei da cabeça
E és tu quem por lá anda
De olhos na minha varanda
E és tu quem por lá anda
De olhos na minha varanda
À espera que eu apareça
O tempo pára
O tempo pára
E ficamos cara a cara
Como alguém que se prepara
Para matar ou morrer
Mas a verdade
Como alguém que se prepara
Para matar ou morrer
Mas a verdade
É que vejo a eternidade
A desfazer a saudade
Que tu me deste a beber
Passam dias, passam meses
Com sorrisos muitas vezes
A desfazer a saudade
Que tu me deste a beber
Passam dias, passam meses
Com sorrisos muitas vezes
Mas com lágrimas também
O tempo vem de mansinho
E ao ver-me faz-me um carinho
O tempo vem de mansinho
E ao ver-me faz-me um carinho
Sorri, mas não se detém
Quando já nem penso em ti
E julgo que já esqueci
Quando já nem penso em ti
E julgo que já esqueci
O calor dos teus abraços
Por um acaso ou por sina
Vou a dobrar uma esquina
Por um acaso ou por sina
Vou a dobrar uma esquina
E tropeço nos teus passos
À flor da pele
Letra e musica de Jorge Fernando
Repertório do autor
Entreabro lentamente, o que mais escondo
Que o negro à flor da pele, é flor da vida
Presumo que me queres e me vais pondo
À mercê de uns tremores, a pele despida
Que misteriosa dor me vem ao ser
Dos confins de mim, p’ra me tomar
Que faz que esta ansiedade dê prazer
E eu não pare do teu corpo procurar
As nossas bocas cegam p’ra não ver
Por onde se passeiam endoidadas
E as mãos tremendo num ávido querer
Acariciam as formas despertadas
E quando dentro em mim, longe me tocas
Num fundo precipício além da mente
Reduzo-me a um suspiro ao som das bocas
P’ra me voltar a ser tão lentamente
Repertório do autor
Entreabro lentamente, o que mais escondo
Que o negro à flor da pele, é flor da vida
Presumo que me queres e me vais pondo
À mercê de uns tremores, a pele despida
Que misteriosa dor me vem ao ser
Dos confins de mim, p’ra me tomar
Que faz que esta ansiedade dê prazer
E eu não pare do teu corpo procurar
As nossas bocas cegam p’ra não ver
Por onde se passeiam endoidadas
E as mãos tremendo num ávido querer
Acariciam as formas despertadas
E quando dentro em mim, longe me tocas
Num fundo precipício além da mente
Reduzo-me a um suspiro ao som das bocas
P’ra me voltar a ser tão lentamente
A nossa guerra
Letra e musica de Jorge Fernando
Repertório do autor
Roça-me a saudade aquém de mim
Como nuvens rasas sobre a terra
E a minha alma triste olha por fim
Fizemos deste amor a nossa guerra
Não há paz nos nossos corações
Nem sinais de tréguas sobre a cama
Nenhum cede ao outro e as razões
São velas gastas quase já sem chama
Sei que este meu pranto há-de secar
Que as lágrimas por mim serão esquecidas
E que a minha alma um dia há-de se dar
A quem fizer da sua as nossas vidas
Dou-me ao meu cansaço, roda-me no peito
Um soluço intenso que não sai
Falta-me o teu braço, onde eu fiz meu leito
E a saudade imensa se vai
Repertório do autor
Roça-me a saudade aquém de mim
Como nuvens rasas sobre a terra
E a minha alma triste olha por fim
Fizemos deste amor a nossa guerra
Não há paz nos nossos corações
Nem sinais de tréguas sobre a cama
Nenhum cede ao outro e as razões
São velas gastas quase já sem chama
Sei que este meu pranto há-de secar
Que as lágrimas por mim serão esquecidas
E que a minha alma um dia há-de se dar
A quem fizer da sua as nossas vidas
Dou-me ao meu cansaço, roda-me no peito
Um soluço intenso que não sai
Falta-me o teu braço, onde eu fiz meu leito
E a saudade imensa se vai
Estranha vontade
João Monge / João Gil
Repertório de Ana Sofia Varela
Negro é o meu vestido
Tem da noite o seu encanto
Faz reelçar o sentido
Do sentimento contido
Nas outras cores que canto
O fado não é razão
Que dê o saber aos sábios
É como a respiração
Nasce ao pé do coração
E morre á porta dos lábios
Onde mora esta ansiedade
Que domina a minha voz
Deve morrer na saudade
Ou então é a vontade
De alguém maior do que nós
Repertório de Ana Sofia Varela
Negro é o meu vestido
Tem da noite o seu encanto
Faz reelçar o sentido
Do sentimento contido
Nas outras cores que canto
O fado não é razão
Que dê o saber aos sábios
É como a respiração
Nasce ao pé do coração
E morre á porta dos lábios
Onde mora esta ansiedade
Que domina a minha voz
Deve morrer na saudade
Ou então é a vontade
De alguém maior do que nós
Lamento sem abrigo
Letra e musica de Jorge Fernando
Repertório do autor
Quando a noite promete lançar-me
Repertório do autor
Quando a noite promete lançar-me
Na senda do frio
Quando a calça molhada p'la água
Quando a chuva se atreve no rosto
Gelado e cansado
E a névoa da montra reflete
Meu olhar vazio
Porque a olho e não vejo senão
O rosto do pecado
Quando a calça molhada p'la água
Que o vento me atira
E o corpo reclama a atenção
E o corpo reclama a atenção
Que o pensamento nega
É que eu sinto que às vezes
É que eu sinto que às vezes
A alma de mim se retira
E suspensa só espera um sinal
E suspensa só espera um sinal
Para a última entrega
Quando o asfalto molhado recusa
Quando o asfalto molhado recusa
O descanso breve
E o cansaço me toma nos braços
E o cansaço me toma nos braços
Das sombras que assomem
A criança que fui volta a mim
A criança que fui volta a mim
E os sonhos que teve
São a voz do menino que pede
São a voz do menino que pede
Não queiras ser homem
Quando a angústia gastar o meu tempo
Quando a angústia gastar o meu tempo
E a minha coragem
De não querer nem sequer resistir
De não querer nem sequer resistir
Ao caminho traçado
Não há chuva, nem vento, nem frio
Não há chuva, nem vento, nem frio
Que me impeça a viagem
E eu serei apenas a lembrança
E eu serei apenas a lembrança
De um triste pecado
Fado barco
Letra e musica de Fernando Tordo
Repertório de Linda Leonardo
Se navego nas águas de nova viagem
Sinto o vento a empurrar-me para o que não sei;
Leio cartas e mapas que ensinam a aragem
Que nas velas desenha a imagem
Do amor que aprendi e te dei;
Sinto o vento a levar-me para o que já sei
Quanto mais longe vou neste barco do tempo
É maior esta esperança se houver temporal;
Quero ganhar às ondas vencendo o lamento
Contra a dor e até contra o vento
Vou por mar sem me lembrar do mal;
É maior esta esperança quando há temporal
As vidas são marés
E as marés são luas
Que iluminam ou tudo escurecem
Repertório de Linda Leonardo
Se navego nas águas de nova viagem
Sinto o vento a empurrar-me para o que não sei;
Leio cartas e mapas que ensinam a aragem
Que nas velas desenha a imagem
Do amor que aprendi e te dei;
Sinto o vento a levar-me para o que já sei
Quanto mais longe vou neste barco do tempo
É maior esta esperança se houver temporal;
Quero ganhar às ondas vencendo o lamento
Contra a dor e até contra o vento
Vou por mar sem me lembrar do mal;
É maior esta esperança quando há temporal
As vidas são marés
E as marés são luas
Que iluminam ou tudo escurecem
Em volta de nós
Bem mais longe as estrelas
São sinais que nos guiam
E nos pedem p’ra sermos na terra
Bem mais longe as estrelas
São sinais que nos guiam
E nos pedem p’ra sermos na terra
A sua própria voz
Sendo a vida este barco que agora vos canto
Sendo o canto esta vida de rumos e velas;
Sendo o vento o destino que eu própria levanto
É no fado que encontro o encanto
Das futuras palavras mais belas
A palavra é um barco com rumos e velas
Este fado é um barco com rumos e velas
A palavra é um fado com rumos e velas
Sendo a vida este barco que agora vos canto
Sendo o canto esta vida de rumos e velas;
Sendo o vento o destino que eu própria levanto
É no fado que encontro o encanto
Das futuras palavras mais belas
A palavra é um barco com rumos e velas
Este fado é um barco com rumos e velas
A palavra é um fado com rumos e velas
Feliz saudade
João Monge / João Gil
Repertório de Ana Sofia Varela
Nunca dissemos adeus
Repertório de Ana Sofia Varela
Nunca dissemos adeus
Mas já toda a gente sabe
Por muito amor que se jure
Não há mal que sempre dure
Por muito amor que se jure
Não há mal que sempre dure
Nem bem que nunca se acabe
Nunca dissemos adeus
Nunca dissemos adeus
Nem trocámos direções
Mas desde a primeira hora
Cada um sabe que mora
Mas desde a primeira hora
Cada um sabe que mora
Dentro de dois corações
A terra tem tanto mar
E o mar tem tantos destinos
Ainda te quero encontrar
É feliz esta saudade
A terra tem tanto mar
E o mar tem tantos destinos
Ainda te quero encontrar
É feliz esta saudade
Não me dói nem arrepia
Amor e recordação
Brilham sempre aonde vão
Amor e recordação
Brilham sempre aonde vão
São a nossa estrela guia
Nunca dissemos adeus
Nunca dissemos adeus
Era uma jura dos dois
Em qualquer esquina da vida
Na hora da despedida
Em qualquer esquina da vida
Na hora da despedida
Dizemos *até depois*
Cantiga do charnequeiro
João Dias / Estevão José Machado *fado sem pernas*
Repertório de Rodrigo
Sou maltês e charnequeiro
Não tenho nada de meu
Trago um cão por companheiro
Que é tão pobre como eu
Respiro o sabor do mato
Repertório de Rodrigo
Sou maltês e charnequeiro
Não tenho nada de meu
Trago um cão por companheiro
Que é tão pobre como eu
Respiro o sabor do mato
E a restolhada das lebres
Tenho corpo de falcato
Tenho corpo de falcato
P’ra galgar pedras e sebes
Procuro de monte em monte
Procuro de monte em monte
Castigos de magra jorna
Mato a sede em qualquer fonte
Mato a sede em qualquer fonte
Da água que o céu entorna
A foice que trago ao ombro
A foice que trago ao ombro
Não é p’ra matar ninguém
Não há sombra nem assombro
Não há sombra nem assombro
Quando um homem nada tem
Durmo no chão da campina
Durmo no chão da campina
Um alforge por travesseiro
É assim a minha sina
É assim a minha sina
De maltês e charnequeiro
Dia da perdição
João Monge / João Gil
Repertório de Ana Sofia Varela
No dia em que eu me perdi
Repertório de Ana Sofia Varela
No dia em que eu me perdi
Nas vielas de outro olhar
Confesso que sofri
Confesso que sofri
Com medo de me encontrar
Ter o coração partido
Ter o coração partido
E não ser capaz
Pensei em ti, pensei em ti
E perdida olhei para trás
No dia em que eu me perdi
Pensei em ti, pensei em ti
E perdida olhei para trás
No dia em que eu me perdi
De nós, nesta cidade
Confesso que encontrei
Confesso que encontrei
A morada da saudade
Ela dormia a meu lado~
Ela dormia a meu lado~
No mesmo andar
Chamei por ti, chamei por ti
Mas tu estavas noutro lugar
Quem não se perdeu
Que atire uma flor
Foi Deus que nos deu
As vielas do amor
No dia em que eu me encontrei
Chamei por ti, chamei por ti
Mas tu estavas noutro lugar
Quem não se perdeu
Que atire uma flor
Foi Deus que nos deu
As vielas do amor
No dia em que eu me encontrei
A sós com a paixão
Foi só em ti que pensei
Foi só em ti que pensei
Na tua mão
Onde um coração partido
Onde um coração partido
Tanto batera
Chorei por ti, chorei por ti
E tu estavas em casa à minha espera
Chorei por ti, chorei por ti
E tu estavas em casa à minha espera
Poesia é oração
Maria Manuel Cid / Alberto Correia *fado solene*
Repertório de Rodrigo
Se morrer e não souberes
Rezar por minha intenção
Diz teus versos se quiseres
Que poesia é oração
Se não queres, ó minha querida
Repertório de Rodrigo
Se morrer e não souberes
Rezar por minha intenção
Diz teus versos se quiseres
Que poesia é oração
Se não queres, ó minha querida
Porque não tens a certeza
Pinta aguarelas de vida
Pinta aguarelas de vida
A pintar também se reza
Ou canta, canta na hora
Ou canta, canta na hora
Em que a voz é dor e pranto
Mesmo sendo pecadora
Mesmo sendo pecadora
Deus há-de ouvir o teu canto
Mas na guitarra a trinar
Mas na guitarra a trinar
Meu amor, podes enfim
Em cada nota rezar
Em cada nota rezar
Um padre-nosso por mim
Quatro caminhos
Amélia Muge / Diogo Clemente
Repertório de Ana Laíns
Quatro caminhos abertos
P’ra prever qualquer viagem
Virada p’rós quatro pontos
Dos cardeais das aragens
Quatro caminhos perdidos
Quem sabe até se existiram
Estão no rasto de outros passos
Que deles não se serviram
Quatro caminhos á espera
Repertório de Ana Laíns
Quatro caminhos abertos
P’ra prever qualquer viagem
Virada p’rós quatro pontos
Dos cardeais das aragens
Quatro caminhos perdidos
Quem sabe até se existiram
Estão no rasto de outros passos
Que deles não se serviram
Quatro caminhos á espera
Do tempo que os vem trazer
Dois foram dados á vida
Dois foram dados á vida
E outros dois ao morrer;
Quatro caminhos traçados
Quatro caminhos traçados
Aqui na palma da mão
Preveem vidas e mortes
Preveem vidas e mortes
Dias sim e dias não
Quatro caminhos roubados
P’los ladrões que andam nos sonhos
Figuras, monstros, fantasmas
Que nos perseguem, medonhos
Quatro caminhos arados
Pelos terrenos do peito
Depois de tanta canseira
Nasceu um amor perfeito
Quatro caminhos roubados
P’los ladrões que andam nos sonhos
Figuras, monstros, fantasmas
Que nos perseguem, medonhos
Quatro caminhos arados
Pelos terrenos do peito
Depois de tanta canseira
Nasceu um amor perfeito
Direito de sonhar
Rosa Lobato Faria / Paco Bandeira
Repertório de Luísa Basto
É velho, é pobre, é louco
Vai mandar erguer um casarão
P’ra cada velho, cada irmão, morar
Vai organizar uma excursão,
P'rá criançada conhecer o mar
Não deseja mais
Repertório de Luísa Basto
É velho, é pobre, é louco
Anda a sonhar co'a lotaria
Conhece bem a solidão e foi por pouco
Conhece bem a solidão e foi por pouco
Que não esqueceu a alegria
Tem fome, tem frio, tem fé
Tem fome, tem frio, tem fé
Que a vida ainda lhe sorria
Aquece mais a sua manta de jornais
Aquece mais a sua manta de jornais
Do que a noite que é tão fria
Mas quando acertar no totoloto
Vai tornar cada garoto um rei
Não haverá mais bairros da lata
Porque ele é quem vai fazer a lei
Vai reconquistar essa mulher
Mas quando acertar no totoloto
Vai tornar cada garoto um rei
Não haverá mais bairros da lata
Porque ele é quem vai fazer a lei
Vai reconquistar essa mulher
Que o desprezou
Vão recuperar o tempo que passou
Passado a inventar aquele eterno amor
Vai mandar erguer um casarão
P’ra cada velho, cada irmão, morar
Vai organizar uma excursão,
P'rá criançada conhecer o mar
Não deseja mais
Que dividir, que partilhar
Mas hoje apenas tem direito de sonhar
E fome e frio e ruas para andar... pois é
É velho, é pobre, é santo
E fome e frio e ruas para andar... pois é
É velho, é pobre, é santo
Anda a sonhar co'a lotaria
Conhece bem toda a tristeza
Conhece bem toda a tristeza
E no entanto
Não desistiu da alegria
Tem fome, tem frio, tem fé
Tem fome, tem frio, tem fé
Que a vida ainda lhe sorria
Aquece mais a sua malga de café
Aquece mais a sua malga de café
Do que a noite que é tão fria
Mas quando acertar no totoloto
Vai tornar cada garoto um rei
Não haverá mais bairros da lata
Porque ele é quem vai fazer a lei
Vai mudar o mundo
Mas quando acertar no totoloto
Vai tornar cada garoto um rei
Não haverá mais bairros da lata
Porque ele é quem vai fazer a lei
Vai mudar o mundo
Porque vai curar as dores
Vai mudar o pranto, a vida dará flores
E riso, e paraíso, e paz, e sol, e cores
Anda amanhã a roda...
Vai mudar o pranto, a vida dará flores
E riso, e paraíso, e paz, e sol, e cores
Anda amanhã a roda...
Meus senhores
Lua de todos
João Monge / João Gil
Repertório de Ana Sofia Varela
Quem vai esperar por mim, um dia
Quando as ribeiras são a foz
E o cavalo renuncia
Verdes horas, verdes águas
Ó lua de todos nós
Quem vai levar este barquinho
Repertório de Ana Sofia Varela
Quem vai esperar por mim, um dia
Quando as ribeiras são a foz
E o cavalo renuncia
Verdes horas, verdes águas
Ó lua de todos nós
Quem vai levar este barquinho
A dar à praia derradeira
Onde a noite faz o ninho
Onde a noite faz o ninho
Verde névoa, verde véu
Lança de ponta certeira
Quem leva o toiro que caiu
Lança de ponta certeira
Quem leva o toiro que caiu
E lava a praça de manhã
As papoilas pelo estio
As papoilas pelo estio
Verde espada, verde rosa
Verde sangue de romã
Batem as cinco horas da tarde
Verde sangue de romã
Batem as cinco horas da tarde
Lua brava se eu puder
Dou-te o peito á descoberta
Dou-te o peito á descoberta
Verde sonho, verdes asas
O peito de uma mulher
O peito de uma mulher
Quando parto
*partida*
João Ferreira Rosa / Pedro Rodrigues
Repertório de Isabel de Oliveira
Quando parto é p’ra chegar
Mais junto a ti meu amor
Parto p’ra não te deixar
E sabendo que ao voltar
Parte a saudade e a dor
Na partida vou sabendo
Que nunca nos afastamos
Vou cantando e vou sofrendo
Mas muito melhor vou vendo
Que ao longe mais perto estamos
Não sei chorar á partida
Que em nós está sempre chegando
Não se parte tendo vida
E enquanto em mim for sentida
Não posso partir chorando
Não conheço o meu destino
Alexandre Fontes / Fontes Rocha
Repertório de Artur Batalha
Não conheço a felicidade
Que anda perdida no vento
Conheço bem a saudade
Que não me deixa um momento
Não conheço madrugadas
Repertório de Artur Batalha
Não conheço a felicidade
Que anda perdida no vento
Conheço bem a saudade
Que não me deixa um momento
Não conheço madrugadas
Mais medonhas do que as minhas
Conheço vidas erradas
Conheço vidas erradas
Voando como andorinhas
Não conheço o desespero
Não conheço o desespero
Da paixão que é herdada
Conheço gente que é zero
Conheço gente que é zero
Vivendo sempre do nada
Não conheço meu destino
Não conheço meu destino
Eu não sei pra onde vou
Neste mundo em desatino
Neste mundo em desatino
Eu nem sequer sei quem sou
Quase um anjo
João Monge / João Gil
Repertório de Ana Sofia Varela
Sei que já foste gaivota
Repertório de Ana Sofia Varela
Sei que já foste gaivota
És tão antiga a voar
Sabes da ilha remota
Sabes da ilha remota
Que só se encontra no mar
Leva-me ave do destino
Faz de mim o teu poente
Tu que és quase, quase um anjo
Faz-me perto de ser gente
Sei que já foste gaivota
Leva-me ave do destino
Faz de mim o teu poente
Tu que és quase, quase um anjo
Faz-me perto de ser gente
Sei que já foste gaivota
Candeia de um pescador
Amante de caravela
Amante de caravela
Aquele voo incolor
És um anjo sem andor
És um anjo sem andor
À procura de uma estrela
Quase nada, quase dor
Quase nada, quase dor
Quase vão de uma janela
Sei que já foste gaivota
Sei que já foste gaivota
Sei de cor por onde andaste
Sei de cor todos os mapas
Sei de cor todos os mapas
Do coração que traçaste
Fado fracasso
Linhares Barbosa / Alfredo Marceneiro *fado menor-versículo*
Repertório de Berta Cardoso
Quando há bocado me viste / reparaste
Que eu trazia um ar cansado / um ar doente
Eu ando cansada e triste / e arrependida
De ter andado a teu lado / ultimamente
Jurei aos pés do altar / piedosamente
E jurei a uma Virgem / de olhos doces
Em sempre te acompanhar / como uma sombra
Fosses tu ao fim do mundo / aonde fosses
Mas um dia, um dia veio / um dia não
Reparei que o teu amor / era aparente
E fiquei abandonada / desprezada
Porque tu sem reparar / seguiste em frente
Eu cansei de ser sombra / de ser crente
E por isso tu me viste / com cansaço
Arrastando tristemente / e arrependida
A falência do meu sonho / o meu fracasso
Fado vadio, má fama
João Monge / João Gil
Repertório de Ana Sofia Varela
Já andei pelos telhados
Para me vingar do céu
Abri feridas na lua
Mas de todos os pecados
Aquele que me prendeu
Foi demorar a ser tua
Fui de viela em viela
Bebi a água da chuva
Repertório de Ana Sofia Varela
Já andei pelos telhados
Para me vingar do céu
Abri feridas na lua
Mas de todos os pecados
Aquele que me prendeu
Foi demorar a ser tua
Fui de viela em viela
Bebi a água da chuva
Dormi onde me acolhiam
Tive casas sem janela
Mais de mil vezes viúva
Tive casas sem janela
Mais de mil vezes viúva
Dos amores que me morriam
Já marquei homens dos tais
Roguei pragas a quem passa
Já marquei homens dos tais
Roguei pragas a quem passa
Ganhei fama de vadia
Como os gatos dos quintais
Fui caçadora e fui caça
Como os gatos dos quintais
Fui caçadora e fui caça
Mas só queria companhia
Fado de um dia só
João Monge / João Gil
Repertório de Ana Sofia Varela
Ainda faço tudo com uma pitada de sal
Ainda não perdi a minha mão
Ás vezes ponho a mesa como era habitual
E janto com a minha solidão
Ainda passo meia hora ao espelho, de manhã
Ainda pinto os lábios de carmim
Ás vezes traço ao peito o meu xaile de avelã
Era assim que tu gostavas de mim
Eu sei que estás... aonde eu estou
Eu sei estás... sempre onde eu vou
Eu sei que estás.. aonde eu vou
Eu sei estás... sempre onde eu vou
Ás vezes ainda leio as notícias em voz alta
Para sentir a tua companhia
Mas quando o amor acaba eu só sinto a tua falta
A esperança que tinha a tua alegria
Ás vezes ainda desço a avenida atá á foz
Ao canto dos pardais ao escurecer
Casais de namorados só me recordam de nós
Só tu me dás vontade de viver
Repertório de Ana Sofia Varela
Ainda faço tudo com uma pitada de sal
Ainda não perdi a minha mão
Ás vezes ponho a mesa como era habitual
E janto com a minha solidão
Ainda passo meia hora ao espelho, de manhã
Ainda pinto os lábios de carmim
Ás vezes traço ao peito o meu xaile de avelã
Era assim que tu gostavas de mim
Eu sei que estás... aonde eu estou
Eu sei estás... sempre onde eu vou
Eu sei que estás.. aonde eu vou
Eu sei estás... sempre onde eu vou
Ás vezes ainda leio as notícias em voz alta
Para sentir a tua companhia
Mas quando o amor acaba eu só sinto a tua falta
A esperança que tinha a tua alegria
Ás vezes ainda desço a avenida atá á foz
Ao canto dos pardais ao escurecer
Casais de namorados só me recordam de nós
Só tu me dás vontade de viver
Fado da idanha
Ricardo Borges de Sousa
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Quem me dera que voltasse
O doce tempo de além
Sentada junto à lareira
A ouvir cantar minha mãe
Ó tempo, tempo ditoso
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Quem me dera que voltasse
O doce tempo de além
Sentada junto à lareira
A ouvir cantar minha mãe
Ó tempo, tempo ditoso
Da vida eterno sorriso
Que ternas em paraíso
Que ternas em paraíso
Um mundo tão enganoso;
Quando à minha mãe, choroso
Quando à minha mãe, choroso
Após um beijo na face
Lhe pedia que cantasse
Lhe pedia que cantasse
Uma trova de bonança
Esse tempo de criança
Quem me dera que voltasse
Tempos que não voltam mais
Esse tempo de criança
Quem me dera que voltasse
Tempos que não voltam mais
Da nossa infância ridente
Em que eu vivia contente
Em que eu vivia contente
Correndo atrás dos pardais;
Das paredes dos casais
Das paredes dos casais
Que a nossa aldeia contém
Branquinhas como a cecém
Branquinhas como a cecém
Mudas como a gratidão
E recordam com paixão
O doce tempo de além
E recordam com paixão
O doce tempo de além
Instante
João Rios / Joaquim Campos *fado amora*
Repertório de Eliana Castro
Alma minha se demora
Neste meu corpo, resiste
Na negra língua do fado
Só o instante me assiste
E é voz pesando esperas
Repertório de Eliana Castro
Alma minha se demora
Neste meu corpo, resiste
Na negra língua do fado
Só o instante me assiste
E é voz pesando esperas
Na luz ténue mais vadia
Que esgarça as quimeras
Que esgarça as quimeras
No corrido nó da poesia
Tinta madre que sustenta
Tinta madre que sustenta
Chão de mãos esfomeadas
Que só no canto acalenta
Que só no canto acalenta
O solo das vagas alteradas
Se digo lamento, é manto
Se digo lamento, é manto
Dissonante da felicidade
Assalto de ave o espanto
Assalto de ave o espanto
Quero desnuda a saudade
Desengano
Mário Piçarra /José Marques *fado triplicado*
Repertório de Maria Teresa de Noronha
E adorei-te e acreditei
No bem que eu ambicionei
Dum amor sinceridade;
As tuas promessas puras
E o calor das duas juras
Tinham a luz da verdade
Mas um dia te esqueceste
De tudo o que me disseste
Repertório de Maria Teresa de Noronha
E adorei-te e acreditei
No bem que eu ambicionei
Dum amor sinceridade;
As tuas promessas puras
E o calor das duas juras
Tinham a luz da verdade
Mas um dia te esqueceste
De tudo o que me disseste
Em confissões tão ardentes
Iludiste duas vidas
Com mil palavras fingidas
Iludiste duas vidas
Com mil palavras fingidas
Que não sentiste nem sentes
Ao contemplar o passado
Como um golpe já fechado
Ao contemplar o passado
Como um golpe já fechado
Que ainda sinto doer
Vejo em teus falsos carinhos
Que as rosas têm espinhos
Vejo em teus falsos carinhos
Que as rosas têm espinhos
E também fazem sofrer
Fado da boa sina
Rui Machado / António Chainho
Repertório de Teresa Salgueiro
Guardei duas palavras que escondi no coração
Nas linhas cruzadas da palma da minha mão
Ambas prosseguem cada qual com o seu tino
E só por instantes as reúne o seu destino
É quando enlaço os dedos em sinal de oração
E a Deus me confesso ignorando a razão
Sorte ou desventura elas são como sinais
E sendo bem diferentes aparecem como iguais
Filhas do mistério que em mim tenho gravado
Traçam o caminho das linhas do meu fado
E como a água que percorre a corrente
Ambas são futuro passado e presente
Uma é o sonho que nos cega de ansiedade
Arde como o lume e comanda a vontade
A outra é segredo que ignoro e não pergunto
Se no fado há lei só Deus sabe desse assunto
Repertório de Teresa Salgueiro
Guardei duas palavras que escondi no coração
Nas linhas cruzadas da palma da minha mão
Ambas prosseguem cada qual com o seu tino
E só por instantes as reúne o seu destino
É quando enlaço os dedos em sinal de oração
E a Deus me confesso ignorando a razão
Sorte ou desventura elas são como sinais
E sendo bem diferentes aparecem como iguais
Filhas do mistério que em mim tenho gravado
Traçam o caminho das linhas do meu fado
E como a água que percorre a corrente
Ambas são futuro passado e presente
Uma é o sonho que nos cega de ansiedade
Arde como o lume e comanda a vontade
A outra é segredo que ignoro e não pergunto
Se no fado há lei só Deus sabe desse assunto
Fado em mim guardado
Tó Maria Vinhas / Joaquim Pimentel
Repertório de Joana Veiga
Este fado que eu canto
Repertório de Joana Veiga
Este fado que eu canto
Tem segredos de ternura
Traz carinhos leva amor
Traz carinhos leva amor
Tem saudades á mistura
Eu canto só para ti
Eu canto só para ti
Este fado minha canção
Vive aqui dentro de mim
Vive aqui dentro de mim
Mora no meu coração
Quem me dera ter garganta
P’ra cantá-lo a qualquer hora
Vou prendê-lo á minha voz
Para que nunca vá embora
Não acaba a melodia
Quando o refrão terminar
Porque aqui neste meu peito
Este fado eu vou guardar
Canto apenas por amor
Quem me dera ter garganta
P’ra cantá-lo a qualquer hora
Vou prendê-lo á minha voz
Para que nunca vá embora
Não acaba a melodia
Quando o refrão terminar
Porque aqui neste meu peito
Este fado eu vou guardar
Canto apenas por amor
É por ti que hoje eu canto
Pois és tu que sinto em mim
Pois és tu que sinto em mim
Quando a minha voz levanto
Não há outro fado assim
Não há outro fado assim
Porque amor só temos um
E enquanto amor houver
E enquanto amor houver
Eu não quero mais nenhum
Ironia
Armando Neves / Alfredo Marceneiro *fado louco*
Repertório de Alfredo Marceneiro
Na vida de uma mulher
Por muito séria que a tomem
Há sempre um homem qualquer
Trocado por qualquer homem
O homem com dor sentida
Ou com sentido prazer
Deixa pedaços de vida
Na vida de uma mulher
Embora terna e amante
Jurando amar um só homem
A mulher não é constante
Por muito séria que a tomem
Tanto vale a mulher bela
Como a mais feia mulher
Perdido de amor por ela
Há sempre um homem qualquer
E por mais amor profundo
Por mais juras que se somem
Há sempre um homem no mundo
Trocado por qualquer homem
Alma do norte
Claudia Madur / Armando Machado *fado marana*
Repertório de Claudia Madur
Descalço os meus pés nesta Ribeira
Cansados de percorrer pela cidade
Avisto ao de longe uma peixeira
Apregoando o seu peixe com vaidade
Vagueio p’la calçada até á Foz
E descubro lá ao fundo um brilho d’ouro
Distraida com as varinas a uma voz
Reconheço o meu rio, o Rio Douro
Cidade de luz e tradição
Que segredos tu escondes nas colinas
Tal como em noites de São João
Fazes tuas travessuras p’las esquinas
Tens a força nos pregões e na tua gente
Tens a alma do do norte em teu corpo
Acredita nesta voz que não te mente
És a cidade que eu amo.... és o meu Porto
Repertório de Claudia Madur
Descalço os meus pés nesta Ribeira
Cansados de percorrer pela cidade
Avisto ao de longe uma peixeira
Apregoando o seu peixe com vaidade
Vagueio p’la calçada até á Foz
E descubro lá ao fundo um brilho d’ouro
Distraida com as varinas a uma voz
Reconheço o meu rio, o Rio Douro
Cidade de luz e tradição
Que segredos tu escondes nas colinas
Tal como em noites de São João
Fazes tuas travessuras p’las esquinas
Tens a força nos pregões e na tua gente
Tens a alma do do norte em teu corpo
Acredita nesta voz que não te mente
És a cidade que eu amo.... és o meu Porto
No Porto também há fado
Fernando Campos de Castro / Victor Cardoso
Repertório de Natércia Maria
No Porto também há Fado
Quando a noite se avizinha
E a cidade nos parece
Que é mais triste e mais sozinha
Quando o silêncio descansa
Com ternura a nosso lado
No Porto também se canta
No Porto também há Fado
Quando há sombra nas vielas
E se acendem as janelas
Num beco mal afamado
Quando os amantes se beijam
E dois corpos se desejam
No Porto também há Fado
No Porto também há Fado
Quando a dor a nós se agarra
Quando alguém amargurado
Veste a voz de uma guitarra
Quando vens para meu lado
Enquanto dorme a cidade
No Porto também há Fado
Com sabor a liberdade
Fado do Ary
Fernando Campos de Castro / Victor Cardoso
Repertório de Natércia Maria
Fizeste de Lisboa amiga e tua amante
A mãe donde nasceste magoado
Sonhaste um céu sem fim, ali do Alecrim
A rua onde brincaste com teu fado
No ventre das colinas fizeste a tua cama
Bebeste a noite em taças de desejo
Amaste nas esquinas da tua velha Alfama
Os corpos que se vendem por um beijo
Ary das noites loucas
Que deste às nossas bocas
O fado mais bonito que se fez
Poeta d’alegria
Que deste à poesia
A voz de todo o povo português
Olhaste do castelo o corpo de Lisboa
Por quem te encontravas e perdias
Fizeste da Ribeira a tua companheira
Em cada madrugada que sentias
Nas ruas de basalto correndo para o Tejo
Cantaste-nos ao verso esta cidade
Até que adormeceste na casa onde viveste
Ali na velha rua da saudade
Repertório de Natércia Maria
Fizeste de Lisboa amiga e tua amante
A mãe donde nasceste magoado
Sonhaste um céu sem fim, ali do Alecrim
A rua onde brincaste com teu fado
No ventre das colinas fizeste a tua cama
Bebeste a noite em taças de desejo
Amaste nas esquinas da tua velha Alfama
Os corpos que se vendem por um beijo
Ary das noites loucas
Que deste às nossas bocas
O fado mais bonito que se fez
Poeta d’alegria
Que deste à poesia
A voz de todo o povo português
Olhaste do castelo o corpo de Lisboa
Por quem te encontravas e perdias
Fizeste da Ribeira a tua companheira
Em cada madrugada que sentias
Nas ruas de basalto correndo para o Tejo
Cantaste-nos ao verso esta cidade
Até que adormeceste na casa onde viveste
Ali na velha rua da saudade
Cantigas
José Régio / Raúl Ferrão *fado carriche*
Repertório de Eliana Castro
Ser poeta é achar deleite
Nas suas próprias feridas
Ai dos seios que dão leite
A bocas tão iludidas
Que o filho lhe mal pagava
Repertório de Eliana Castro
Ser poeta é achar deleite
Nas suas próprias feridas
Ai dos seios que dão leite
A bocas tão iludidas
Que o filho lhe mal pagava
Queixou-se-me certa mãe
Nem a vida lhes chegava
Nem a vida lhes chegava
Se os filhos pagassem bem
Quem tem um filho apartado
Quem tem um filho apartado
Sofre com dois corações
Um, tem-no em si bem fechado
Um, tem-no em si bem fechado
Outro, lá longe aos baldões
Se me lembro de morrer
Se me lembro de morrer
Certa voz me apazigua
Ouço a minha mãe dizer
Ouço a minha mãe dizer
Essa vida não é tua
Cria uma mãe, seu menino
Cria uma mãe, seu menino
Cresceu... seguiu novos trilhos
E é para esse destino
E é para esse destino
Que as mães dão asas aos filhos
Minha mãe, se eu te perder
Minha mãe, se eu te perder
Farei de branco o meu luto
Que é santa toda a mulher
Que é santa toda a mulher
Que dá poetas por fruto
Rasga o passado
Letra e musica de: Alvaro Duarte Simões
Repertório de Amália
Tu fizeste
Repertório de Amália
Tu fizeste
Do meu viver um sonho agreste
E a minha mocidade
P'la tua maldade em troca eu te dei
Querias mais
E a minha mocidade
P'la tua maldade em troca eu te dei
Querias mais
Mais que o corpo e a alma
Mais que a paz e a calma
Que em ti nunca encontrei
Dia a dia
Mais que a paz e a calma
Que em ti nunca encontrei
Dia a dia
Em vez do amor, a nostalgia
E ao fim de tantos anos
Queres mais desenganos
E ao fim de tantos anos
Queres mais desenganos
De novo a meu lado
Não posso esquecer
Não posso esquecer
Que é já tarde demais p’ra te querer
Como carta que rasgas sem ler
Rasga o passado
O passado
Como carta que rasgas sem ler
Rasga o passado
O passado
Não deve nunca ser guardado
Quer em cada momento
Se viva um lamento ou um sorriso fugaz
Pois mais tarde
Quer em cada momento
Se viva um lamento ou um sorriso fugaz
Pois mais tarde
Numa carta esquecida
Encontrámos a vida
Que já ficou p’ra trás
É diferente
Encontrámos a vida
Que já ficou p’ra trás
É diferente
O sol feito de luz ardente
Do mesmo sol poente
Que arrasta consigo um dia acabado
Já basta saber
Do mesmo sol poente
Que arrasta consigo um dia acabado
Já basta saber
Que há em nós a saudade a doer
Se afinal recordar é sofrer
Rasga o passado
Se afinal recordar é sofrer
Rasga o passado
Minha madrugada
José Guimarães / Resende Dias
Repertório de Arlindo de Oliveira
Foi na madrugada que um sonho encontrei
Foi na madrugada que um sonho perdi
Nas horas passadas no amor que inventei
Palavras caladas guardei para ti
Foi na madrugada á luz já velada
Que vi nos teus olhos não sei não sei quê
Nem beijos trocados, nem mãos encontradas
Desejo sentido que a gente não vê
Nos silêncios vagos momentos vividos
São tudo e são nada, são raiva e loucura
Segredos guardados, sossegos perdidos
Tudo é madrugada, tudo é noite escura
Espero que o dia enfim amanheça
Transforme o desejo em realidade
Que a minha alegria enfim apareça
E eu prenda num beijo a nossa verdade
Repertório de Arlindo de Oliveira
Foi na madrugada que um sonho encontrei
Foi na madrugada que um sonho perdi
Nas horas passadas no amor que inventei
Palavras caladas guardei para ti
Foi na madrugada á luz já velada
Que vi nos teus olhos não sei não sei quê
Nem beijos trocados, nem mãos encontradas
Desejo sentido que a gente não vê
Nos silêncios vagos momentos vividos
São tudo e são nada, são raiva e loucura
Segredos guardados, sossegos perdidos
Tudo é madrugada, tudo é noite escura
Espero que o dia enfim amanheça
Transforme o desejo em realidade
Que a minha alegria enfim apareça
E eu prenda num beijo a nossa verdade
No teu poema
Letra e música de José Luís Tinoco
Repertório de Carlos do Carmo
No teu poema
Existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida
No teu poema
Existe a dor calada lá no fundo
O passo da coragem em casa escura
E aberta, uma varanda para o mundo
Existe a noite
Repertório de Carlos do Carmo
No teu poema
Existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida
No teu poema
Existe a dor calada lá no fundo
O passo da coragem em casa escura
E aberta, uma varanda para o mundo
Existe a noite
O riso e a voz refeita à luz do dia
A festa da Senhora da Agonia e o cansaço
Do corpo que adormece em cama fria
Existe um rio
A festa da Senhora da Agonia e o cansaço
Do corpo que adormece em cama fria
Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva e a luta de quem cai
O risco, a raiva e a luta de quem cai
Ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte
No teu poema
Existe o grito e o eco da metralha
A dor que sei de cor mas não recito
E os sonos inquietos de quem falha
No teu poema
Existe um cantochão alentejano
A rua e o pregão de uma varina
E um barco assoprado a todo o pano
Existe um rio
No teu poema
Existe o grito e o eco da metralha
A dor que sei de cor mas não recito
E os sonos inquietos de quem falha
No teu poema
Existe um cantochão alentejano
A rua e o pregão de uma varina
E um barco assoprado a todo o pano
Existe um rio
O canto em vozes juntas, vozes certas
Canção de uma só letra
Canção de uma só letra
E um só destino a embarcar
No cais da nova nau das descobertas
Existe um rio
No cais da nova nau das descobertas
Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva e a luta
O risco, a raiva e a luta
De quem cai ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte
No teu poema
Existe a esperança acesa atrás do muro
Existe tudo o mais que ainda me escapa
E um verso em branco à espera de futuro
Que vence ou adormece antes da morte
No teu poema
Existe a esperança acesa atrás do muro
Existe tudo o mais que ainda me escapa
E um verso em branco à espera de futuro
Fado dos fados
Leonel Neves / António Mestre
Repertório de Amália Rodrigues
Aquele amor derradeiro
Madito e abençoado
Pago a sangue e a dinheiro
Já não é amor, é fado
Quando o ciúme é tão forte
Que ao próprio bem desejado
Só tem ódio ou dá a morte
Já não é ciúme, é fado
Canto da nossa tristeza
Choro da nossa alegria
Praga que é quase uma reza
Loucura que é poesia
Um sentimento que passa
A ser eterno cuidado
É razão duma desgraça
E assim tem de ser, é fado
Um remorso de quem sente
Que se voltasse ao passado
Pecaria novamente
Já não é remorso, é fado
E esta saudade de agora
Não de algum bem acabado
Mas as saudades de outrora
Já não é saudade, é fado
Sou miúda
Luís Ribeiro / João Fernandes
Repertório de Hermínia Silva
Nasci nos dias pequenos
E quando alguém me saúda
Ao ver-me assim desta raça
Diz sempre em ar de chalaça:
Lá vai ali a miúda
Sou miúda, mas que importa
Repertório de Hermínia Silva
Nasci nos dias pequenos
E quando alguém me saúda
Ao ver-me assim desta raça
Diz sempre em ar de chalaça:
Lá vai ali a miúda
Sou miúda, mas que importa
Ai, não me rala o ser franzina
Gosto até da sorte minha
Gosto até da sorte minha
Que a mulher mais a sardinha
Só se quer da pequenina
E se Deus me fez assim
Só se quer da pequenina
E se Deus me fez assim
Tornou-me mulher benquista
Deu-me esta voz para cantar
Deu-me esta voz para cantar
Deu-me um coração para amar
E deu-me alma de fadista
Por isso, vivo contente
E deu-me alma de fadista
Por isso, vivo contente
Sou como os outros mortais
Sou pequena, mas em suma
Sou pequena, mas em suma
Não dou a palma a nenhuma
Chego onde chegam as mais
Chego onde chegam as mais
Fado excursionista
Ary dos Santos / José Mário Branco e José Afonso
Repertório de Carlos do Carmo
Anda depressa ó Elvirinha
Repertório de Carlos do Carmo
Anda depressa ó Elvirinha
Já chegou a camioneta
Pega na cesta e vem asinha
Pega na cesta e vem asinha
Vamos é pôr-nos na alheta
O pão-de-ló não dispenso
O pão-de-ló não dispenso
Nem o arroz de cabidela
Não há quem faça um farnel tão bom
Não há mulher como ela
Vem passear Elvirinha, vem
Não há quem faça um farnel tão bom
Não há mulher como ela
Vem passear Elvirinha, vem
Tens um lugar á janela
Portugal que eu desconheço
Portugal que eu desconheço
Em permanente excursão
No caminho em que tropeço
No caminho em que tropeço
É que eu meço a solidão
Solidão de andar parado, ai
Solidão de andar parado, ai
Sou um motor em viagem
Será que vem? Será que vem?
Será que vem? Será que vem?
É só questão de embraiagem
Anda Elvirinha, anda meu bem
Anda Elvirinha, anda meu bem
Segura na melancia
Se não te importas traz-me também
Se não te importas traz-me também
O arroz doce da tia
Não te esqueças da mantinha
Não te esqueças da mantinha
Nem do banco desdobrável
Traz Elvirinha, traz a sombrinha
Que o campo é descapotável
Ai Elvirinha, traz a sombrinha
Traz Elvirinha, traz a sombrinha
Que o campo é descapotável
Ai Elvirinha, traz a sombrinha
Que o tempo está variável
Portugal que eu desconheço
Portugal que eu desconheço
Em permanente excursão
No caminho em que tropeço
No caminho em que tropeço
É que eu meço a solidão
Anda Elvirinha p’ra camioneta
Anda Elvirinha p’ra camioneta
Já vejo a nossa comadre
E mais a outra da roupa preta
E mais a outra da roupa preta
Que é irmã do senhor padre
Temos bela companhia
Temos bela companhia
Que excursão tão porreirinha
Mas o que é isto? a tua tia?
Mas o que é isto? a tua tia?
Não disseste que não vinha?
Se for com ela estraga-se o dia
Se for com ela estraga-se o dia
Volta p’ra casa Elvirinha
Não vou á bola com a tua tia
Não vou á bola com a tua tia
Ficas em casa Elvirinha
Ficas comigo Elvirinha
Ficas comigo Elvirinha
Vamos p’ra casa Elvirinha
Ai que domingo, Elvirinha
Ai que domingo, Elvirinha
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