-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
* 7.350' LETRAS <> 3.180.000 VISITAS * ABRIL 2024 *

. . .

Trica trica mexerico

Ary dos Santos / Nuno Nazareth Fernandes
Repertório de Maria Armanda

Disse-me a minha vizinha 
Que a prima da tia dela
Que é amiga da sobrinha 
Que tem um genro na Estrela
Não tem juízo na pinha 
Passa os dias à janela

Mexerico mexilhão 
Mexe, mexe, sem sentido
Deixa tudo remexido 
Remexendo a confusão
Mexerico manjerico 
Palavra que voa, voa
Dizendo coisas à toa 
Quando ninguém tem razão
Trica, trica, triquetraque 
Porque torna e porque deixa
Mexerico disparate 
Onde a boca se desleixa
Mexerico mexilhão 
Mexe, mexe, sem sentido
Deixa tudo remexido
Remexendo a confusão

Sabias que a locutora 
Que está na televisão
Já tem outro?... sim senhora 
Ou é António ou João
Se é maricas?... ora, ora
Já se não sabe quais são

Dizem que o gordo que foi 
Às festas de Santo Isidro
Tem a testa que lhe dói 
Quem tem telhados de vidro
É que sabe como dói 
Vê lá tu se faz sentido

Quanto mais olho p’ra ti

Castro Infante / Fontes Rocha *fado Isabel*
Repertório de Francisco Martinho

Quanto mais olho para ti
Meu amor, mais de ti gosto
Que coisas eu descobri
Esta noite no teu rosto

Olhos negros pele morena 
Que é a mais bonita cor
Boca rosada pequena 
A lembrar beijos de amor

Esses olhos de veludo 
Nessa cara descarada
Quantas vezes dizem tudo 
Sem que a boca diga nada

Que coisas eu descobri 
Esta noite no teu rosto
Quanto mais olho para ti 
Meu amor, mais de ti gosto

Gotas de fado

Letra e músia de Custódio Castelo
Repertório de Tereza Carvalho

Que gotas são estas, meu bem
Que em meu desgosto se aguçam
São mágoas e choros de alguém
Que gritam sonhos de ninguém
E que em minh’alma se cruzam

Serão olhares perdidos
Nos olhos de um ser diferente
Ou serão sonhos vencidos
Num ser que já não sente

Desejo ter um navio
Que atravesse o mar e o frio
E me cale a solidão
Que gela o meu coração

Dor e loucura

João da Mata / Georgino de Sousa
Repertório de Manuel de Almeida
Gravado por Alcindo de Carvalho com o título 
*Momentos impiedosos*

Dos momentos impiedosos
Que escurecem o deserto
Do meu torturado peito
Há dois que são dolorosos
De manhã, quando desperto
Á noite, quando me deito

É que nesses dois momentos
Tenho á força que te ver 
E lembrar o que foi nosso
Revolvo mil pensamentos
E luto para esquecer 
Mas francamente não posso

Nos domínios da loucura
Brilha o fogo numa crença 
Que nos persegue veloz
Não há maior desventura
Que sentirmos a presença 
De quem está longe de nós

Pensa em nós dois

Fernando Girão / Fernando Freitas *fado marinho
Repertório de Tãnia Oleiro

Não sei se a paixão foi tão intensa
Não sei se a culpa é tua ou é minha
Só sei que agora choro a tua ausência
Pior que o choro, é também chorar sozinha

Na rua da saudade, agora vivo
E pouco a pouco
Enlouqueço em segredo
Às vezes eu te sinto aqui na cama
E agarrada ao teu pijama
Eu engano os meus medos

Tudo mudou para mim
Depois que tu te foste embora
Nada é igual a ti
É tão diferente o meu agora

Pensa em nós dois
O que foi o nosso mundo
Pois é belo e profundo
O que juntos construímos
Pensa em nós dois
Pois um erro tem emenda
E assim talvez aprendas
Que o nosso amor é o destino

Lisboa ao entardecer

Rogério Oliveira / Jan Tyszhiewecz
Repertório de Natalino de Jesus e Lenita

Lenita
Abraça-me bem, bem junto a mim
Que hoje eu não posso estar longe de ti
E olhos nos olhos, presta atenção
Para ver se ouves o meu coração

Natalino
Oiço o que diz, faz-me feliz
Saber que tudo o que sinto, condiz
Haja o que houver não vou esquecer
Este passeio por Lisboa ao entardecer

Lenita
Quero morar nos teus olhos
Mil malmequeres eu desfolho
Para que saibas que quero ser tua

Natalino
Então vem comigo, que contigo
Quero-me perder para sempre, amor
Enquanto em Lisboa amanhecer

Lenita e Natalino
E os dois unidos pelos sentidos
Vamo-nos perder para sempre, amor
Enquanto em Lisboa amanhecer

Ser pequenino

Mote de Linhares Barbosa / Glosa de José Pereira / Popular *fado menor*
Repertório de Narciso Reis

É tão bom ser pequenino
Ter pai, ter mãe, ter avós
Ter esperança no destino
E ter quem goste de nós

Nunca me sai da lembrança
Os meus tempos de menino
Quem me dera ser criança
É tão bom ser pequenino

Viver a vida feliz
Longe da velhice atroz
Ai que bom que é ser petiz
Ter pai, ter mãe, ter avós

Desconhecer desenganos
Neste mundo libertino
E apenas com alguns anos
Ter esperança no destino

Ter de novo aquela idade
Que passa a correr veloz
Ter saúde e mocidade
E ter quem goste de nós

O vento no nome dela

António Rocha / Franklim Godinho
Repertório de Pedro Galveias

Esta noite a ventania
Veio açoitar-me à janela
E em seu açoite parecia
Murmurar o nome dela

Se o vento soubesse a dor 
Que provoca no meu peito
Ao recordar-me esse amor 
Bateria de outro jeito

Dum jeito que não fizesse 
Recordar quem quero esquecer
Ou então que não viesse 
Antes de eu adormecer

Se ele levar a saudade 
Que sinto do amor dela
Pode soprar à vontade 
Porque eu abro-lhe a janela

Deixo-a ficar em meu leito 
Dou-lhe todo o meu carinho
Bem encostada a meu peito
P’ra não me sentir sozinho

Não digas a ninguém

Carlos Plácido / Martinho d’Assunção *alexandrino do professor*
Repertório de Gil Costa

Não digas a ninguém que me viste passar
A cavalgar no vento no meio da tempestade
A desenhar palavras, para poderes contar
Às crianças que choram no ventre da saudade

Eu sei que o teu silêncio não é feito de medo
Uma boca fechada não é folha caída
Os sábios não são deuses, mas sabem o segredo
Daquilo que nós fomos e seremos, na vida

Não digas a ninguém, não vão acreditar
Que ao passar por aqui, deixei uma flor
Para aquele menino que vive a procurar
Um mundo onde os poetas possam falar d’amor

Altar do fado

Armando Costa / Alfredo Duarte Marceneiro
Repertório de Gil Costa

Não tem ninguém, a Ti Rosa
Vive ali triste e sozinha
Num silêncio amargurado
Nem a guitarra chorosa
Voltou à tasca velhinha
Que foi um altar de fado

Na curva da estrada velha
Onde havia a Quinta Grande 
Dos fidalgos de Sabóia
Era do fado a centelha
E os fadistas desse tempo 
Iam para ali de tipoia

Na parede, umas faianças
Um pampilho, uma guizeira 
Mais um ferro do Pedrosa
São tudo gratas lembranças
A bailar entre saudades 
Das saudades da Ti Rosa

À meia-luz da janela
Passa os dias a lembrar 
Os descantes do passado
Já ninguém se lembra dela
Da sua tasca velhinha 
Que foi um altar de fado

Arrependida

Letra e música de João Dias Nobre
Repertório de Fernanda Batista

Se a mulher adivinhasse
Ao que a vida se resume
Talvez que nunca chorasse
Por amor e por ciúme

Por amor, ama-se agora
Mais tarde tudo se esquece
Quase sempre a gente chora
Por alguém que o não merece

Arrependida… vivo agora do passado
Arrependida… do que passei a teu lado
Arrependida… eu p’ra sempre viverei
Desiludida… pelo muito que chorei

Chorei de felicidade
Depois, por tua indiferença
Mais tarde com a saudade
Chorei de dor e descrença

Mas hoje os tempos mudaram
Não chorar, já consegui
Porque os meus secaram
De tanto chorar por ti

Balada ao meu amor

Rodrigo da Costa Félix / Fontes Rocha
Repertório de Rodrigo da Costa Félix

Chegaste vestida de estrelas
Sonhei-te despida de nadas
Entraste e abriste as janelas
Que julgava há muito fechadas

Olhaste sem ver que te olhava
Com medo de te despertar
Deixei de sentir onde estava
Parei p’ra te ouvir respirar

Dos olhos a luz apaguei
Deixei-me guiar p’los teus
Abri as mãos, tudo entreguei
E agora os teus sonhos são meus

Deixei as palavras cansadas
De contar-te a Deus e ao mundo
Sonhei-te despida de nadas
Amei-te vestida de tudo

Cavalito

Armando Costa / Popular
Repertório de Gil Costa

Sou duma aldeia raiana 
Do Baixo Alentejo além
Vim à luz numa cabana 
Sem carinhos de ninguém

Sem carinhos de ninguém 
Que vida triste e magana
Do Baixo Alentejo além 
Sou duma aldeia raiana

Meu pai tinha um cavalito 
Mais veloz que a ventania
De Ficalho até Alvito 
Nunca mais ninguém o via

Nunca mais ninguém o via 
Para lá do infinito
Mais veloz que a ventania 
Meu pai tinha um cavalito

A cigarra canta o fado 
Ao aloirar das espigas
Dorme a sesta no montado 
Sonhando novas cantigas

A formiga, essa é que não 
Mal rompe o sol maneirinho
Lá vem granjeando o pão 
Às voltas pelo caminho

Eu não sabia

Letra e música de João Dias Nobre
Repertório de Fernanda Batista

Eu não sabia 
O que era amor, pois julgava
Quando d’alguém se gostava
Tudo sorria na gente
Eu não sabia 
Quando custa a felicidade
E como o amor, na verdade
É às vezes tão diferente

É um olhar
Um palpitar dentro do peito
Um não sei quê 
Em que se crê, sonho desfeito
Uma promessa 
P’ra que se esqueça, logo depois
E o amor então 
É esquecimento, é sofrimento
Desilusão

Eu não sabia 
Como é cruel o ciúme
E ao senti-lo como lume
Nós somos todos iguais
Eu não sabia 
Quanta amargura contém
Ver que a ternura de alguém
Não é nossa nunca mais

Manhã de esperança

Carlos Plácido / Fernando Freitas *alexandrino do noquinhas*
Repertório de Gil Costa

Não esperes que a manhã te traga um novo dia
Um dia só é novo quando renasce a esperança
De ver o sol raiar no riso da criança
E bandos de gaivotas cheirando a maresia

Depois, co’a mão incerta até podes pintar
Um céu de rosa velho com nuvens de marfim
Numa rua deserta poderás encontrar
Alguém que não conheças, mas que fale de mim

Em cada primavera existe uma andorinha
Voando sobre as flores, espalhando a liberdade
Não sou terra queimada e nem erva daninha
Apenas a manhã que te acordou tão tarde

Fado do toureiro

Amadeu do Vale / Raúl Ferrão
Repertório de Fernanda Batista
Criação de Fernanda Baptista no filme Sol e Toiros, realizado por 
José Buchs / Cinema Condes 1949
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
-
Amo um toureiro de raça
Como os de raça cigana
Toureiro cheio de graça
Com a graça sevilhana

Na arena sereno e forte 
Abre o capote, valente
Sempre que entra na sorte
Eu vejo a morte à sua frente

Cingido ao toiro, traje d’oiro
À luz do sol a rebrilhar
Vejo o meu querido
Destemido a tourear
E quando a lide se decide
Eu oiço enfim, uma ovação
Junto ao altar
Rezo a chorar, uma oração

Toureiro audaz e valente
Frente a um toiro traiçoeiro
Eu sinto a vida pendente 
Da vida desse toureiro
Mas, ai, se numa corrida
O meu amor arrogante
Sofrer alguma colhida 
Eu perca a vida no mesmo instante

Não penses mais em mim

João da Mata / Renato Varela *fado varela*
Repertório de Manuel de Almeida

Não penses mais em mim, por caridade
Eu já não sou o mesmo que era outrora
Se há sombras que ainda arrastam claridade
Nem sombra do que fui, eu sou agora

Não penses mais em mim, eu já não sou
Aquele pobre tonto entre os escolhos
Aquele pobre cego que te amou
E a quem tu ensinaste a abrir os olhos

Não penses mais em mim, preciso calma
P’rá vida que, feliz, nunca vivi
Já basta p’ra suplício da minh’alma
Ter que pensar que já pensei em ti

Marcha do Bairro Alto 1955

Silva Tavares / Elvira de Freitas
Repertório de Anita Guerreiro

O Bairro Alto fidalgo e fanfarrão
Já se vê todo sem sobressalto
Perdeu seu modo de provocação
E já acata sem zaragata 
Os que lá vão

Canta… ó Bairro Alto… canta
Canta e encanta 
Com teu balão
Prova… ó Bairro Alto… prova
Que não há trova 
Sem coração
Brilha… ó Bairro Alto… brilha
E maravilha 
De lés a lés
Passa… ó Bairro Alto… passa
Cheio de graça 
Mostrando quem és

Ao Bairro Alto, agora todos vão
Ouvir o fado quase de assalto
Foi-se o passado, mas a tradição
Mantém-se viva, sempre festiva
Sem frouxidão

Sorte

Maycon Ananias / Cassiano Correr
Repertório de Marco Rodrigues

Somos só uma canção a mais
Barco sem rumo ao mar 
Vento de proa a soprar
P’ra longe de nós
Eu digo que não sei
Se o tempo vai mostrar a saída

Meu amor 
Sei que é difícil sentir 
O peso do mundo assim
Fundo que não tem fim

Mas é melhor a sorte que se faz
Paisagem em nós, a alma em paz
O caminho sob os pés
Amigos em redor... a vida

Erros que cometi 
Por tanto procurar
Na ânsia de acertar

Mas é melhor a sorte que se faz
Paisagem em nós, a alma em paz
Eu digo que não sei
Se o tempo vai curar a ferida


Somos só uma vaidade a mais
Barco sem rumo ao mar
Vento de proa a soprar

Grande marcha de Lisboa 1955

Silva Tavares / João Andrade Santos
Repertório de Anita Guerreiro

É Lisboa, venham vê-la
São de sonho as graças que encerra
Só Deus sabe se foi estrela
Ou baixou lá do céu à terra

Pôs craveiros à janela
No amor é leal ardente
A falar… não há voz mais bela
A cantar… não há voz mais quente

Esta Lisboa bendita
Feita cristã p’ra viver
É a menina bonita
De quem tem olhos p’ra ver

Moira sem alma nem lei
Quis dar-lhe o céu cor e luz
E o nosso primeiro rei
Deu-lhe nova grei
E o sinal da cruz

Nas airosas caravelas
Tempo após, com génio profundo
Cruz sangrando sobre as velas
Portugal dilatou o mundo

E a Lisboa ribeirinha
Ao impôr sua cruz na guerra
Foi então a gentil rainha
Ante a qual se curvou a terra

De tarde

Cesário Verde / João Veiga
Repertório de Salvador Taborda Ferreira

Naquele piquenique de burguesas
Houve uma coisa simplesmente bela
E que sem ter história nem grandezas
Em todo o caso dava uma aguarela

Foi quando tu, descendo do burrico
Foste colher, sem imposturas tolas
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas

Pouco depois, em cima duns penhascos
Nós acampamos, ‘inda o sol se via
E houve talhadas de melão, damascos
E pão-de-ló molhado em malvasia

Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas

Conta errada

Jorge Rosa / Alberto Simões Lopes *fado dois tons*
Repertório de Mariana Silva

Contei que tu aparecesses
E nas contas que deitei
Contando que tu viesses
Com teus carinhos contei

Contei as horas daquela 
Ânsia louca de te ver
E fui contar prá janela 
Contando ver-te aparecer

Contei as estrelas do céu 
Contei as pedras da rua
E mil sombras contei eu 
Sem contar a sombra tua

Contei-as de ponta a ponta 
As contas do meu colar
E a contar não dei por conta 
De ver a manhã chegar

Sempre contei que tu desses 
Conta, da falta que achei
Pois que tu não aparecesses
Confesso que não contei

Dois mistérios rodeiam esta letra:
Primeiro, o texto acima transcrito é o que consta do registo de obra 
na Sociedade Portuguesa de Autores.
Porém, Amália Rodrigues e todas as fadistas que interpretam este fado 
não cantam a primeira estrofe tal como está registada, mas desta forma:

Aprendi a fazer contas 
Na escola, de tenra idade.
Foi mais tarde, ainda às tontas, 
Que fiz contas com alguém.
Eu e tu, naquela ermida 
Somámos felicidade

Mas um dia fui seguida
Que traições que tem a vida
Que horas más que a vida tem
Tinha um homem, fui tentada
Somei-lhe outro, conta errada 
Fiz a prova, não fiz bem.

O segundo mistério é a declaração de registo conter ainda uma última estrofe 
à qual, pela estrutura, faltam os quatro versos iniciais, supondo-se a intenção 
de serem substituídos por um solo instrumental.
Contudo, os oito versos restantes seguem de muito perto o conteúdo dos últimos 
oito versos da estrofe hoje cantada como remate. 
Seria uma alternativa para escolha posterior do autor? 
Ou seria para a intérprete decidir qual a do seu maior agrado?
E quem terá modificado os versos que, hoje em dia, são cantados no início, 
não constando da declaração de registo de obra?

Força do mar

Letra e música de Márcia
Repertório de Pedro Moutinho 

Onde quer que o mar assente
Onde quer que a maré vá
Levo o mar comigo
E o mar me levará

Água que toca na gente
Gente que nos deixa cá
Quero que o mar seja abrigo
Que às vezes sol não há

Quero que a água leve
E o há-de levar

Onde quer que o mar assente
Onde quer que a maré vá
Quero que o mar seja abrigo
Que às vezes sol não há

E tudo pode ser diferente
Ou tudo ficar como está
Eu vou atrás e chego à frente
Conforme ao mar lhe dá

Onde for que o mar me leve
Eu quero guardar para mim
A força do mar donde eu vim 

O amor desacontece

Jorge Fernando / Tiago Machado
Repertório de Marco Rodrigues

Escurece e o amor desacontece
Os pés pisam-me a sombra pisando
Só a noite é o palco errado
Dar o braço, mantê-lo curvado
À espera que o teu braço enlace
E se acalme em meu braço enlaçado

Escurece e o amor desacontece
Os pés pisam-me a sombra pisando
Sem imagem a eternizar-nos
Sem porquês para desgostar-nos
Cuidar se o amor nos é falso
Não andar pelas nuvens descalço

Fico à porta para ser-me 
Um segundo a entender-me
Fico à porta e se não entro
Perco o pé e perco o momento
E só por ver-me assim me recuso a ver
Recuso a aceitar
O que o espelho vai dizer-me
Que triste o teu olhar


Escurece e o amor desacontece
Os pés pisam-me a sombra pisando
Resta a mão p’ra poder prender-te
Que se fecha por não querer perder-te
Que mais pode um ser, não ser mais
Que o aceitar dessa lei os sinais