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Meu álbum de saudades

Carlos Conde / Pedro Rodrigues 
Repertório de Carlos Ramos

Deu-me hoje p’ra relembrar
As nossas leviandades
E no silêncio do lar
Comecei a folhear
O meu álbum de saudades

Numa folha que entrecorta 
Imagens desse passado
Uma esperança já morta 
E a chave que abria a porta 
Do nosso quarto alugado

Noutra lauda já sem cor 
Um retrato teu e meu
E uma legenda ao calor 
Do juramento de amor 
Que findou mas não morreu

Por fim, a carta fatal 
De tristeza e desengano
Além da frase banal 
Que foi o ponto final 
Dum capricho leviano

O resto ditou a sina 
Das nossas leviandades
Mas Deus que tudo destina
Fez-te a suprema heroína 
Do meu álbum de saudades

Miúdos da rua sem nada

Armando Costa / Pedro Rodrigues
Repertório de Gil Costa

Fui um miúdo da rua
Andei no cais da Ribeira
O que passei não me esquece
Sonhei nos braços da lua
Quando a esperança é a fogueira
A noite não arrefece

Fui miúdo, passei fome
O mundo louco, indiferente 
Passou por mim sem me ver
Mas vi gente que tem nome
Fazer vergonhas que a gente 
Tem vergonha de fazer

No verão, quando a noite é chama
Não há vento, não faz frio 
Se acaso havia jornais
Com eles fazia a cama
Puxava o lençol do rio 
E dormia junto ao cais

Roubei fruta no mercado
Porque a vida era tão crua 
Algumas vezes fui preso
O mundo foi o culpado
Porque aos miúdos da rua 
O mundo só dá desprezo

Amigo tal como Deus

Vicente da Câmara / Pedro Rodrigues
Repertório de Vicente da Câmara


Amigo, tal como Deus
Com letra grande escrevemos
E são dádivas dos céus
Esses amigos que temos

Um amigo é coisa séria 
Se os não tem, triste fadário
Leva vida de miséria 
Mesmo sendo milionário

Muitos amigos, vaidade 
Hoje, só um verdadeiro
Amigos em quantidade 
Tem tudo a ver com dinheiro

Sendo muito convencidos 
É gente que me dá pena
São apenas conhecidos 
Escrevo com letra pequena

A prece

Miguel Torga / Pedro Rodrigues *estilizado*
Repertório de ???

Senhor deito-me na cama

Coberto de sofrimento
E a todo o comprimento;

Sou sete palmos de lama
Sete palmos de excremento
Da terra mãe que me chama

Senhor ergo-me do fim 
Desta minha condição
Onde era sim digo que não 
Onde era não digo que sim;
Mas não calo a voz do chão
Que grita dentro de mim

Senhor acaba comigo 
Antes do dia marcado
Num golpe bem acertado 
A tiro do inimigo;
Qualquer pretexto tirado
Dos sarcasmos que te digo

Ela há-de ter o castigo

Carlos Conde / Pedro Rodrigues *fado primavera*
Repertório de Lucília do Carmo


Sem ter motivo ofendeu-me
Após dar-me sorte crua
E me pôr a alma em brasa
Injuriou-me e bateu-me
Abriu a porta da rua
E pôs-me fora de casa

Presa fácil duma intriga
Julguei-me só na viela
Sem ar, sem luz, sem saída
Não, eu tinha uma amiga
P’ra desabafar com ela
As penas da minha vida

Corri logo a procurá-la
P’ra lhe contar sem demora
Toda a mágoa do meu fado
Não consegui encontrá-la
Havia mais duma hora
Que ela se tinha mudado

Mas como há sempre quem diga
O que a gente quer saber
Mais um golpe em mim desceu
É que a minha grande amiga
Mudou-se p’ra ser mulher
Daquele que me bateu

Já não quero

Clara Sevivas / Pedro Rodrigues
Repertório de Clara Sevivas

Já de coração parado
Deste-me um beijo e partiste
Pondo fim ao que era amor
Eu corri de encontro ao Fado
E foi num negro xaile
Que embalei a minha dor

Podia ficar à tua espera
Segurando um coração 
Que é teu, tenho a certeza
Mas a espera é uma fera
Que alimenta o amor 
Ao compasso da incerteza

Podia cegar a razão
Com vendas de ilusão 
Para acalmar esta dor
Mas mentir ao coração
Esse que marca a vida 
Só lhe rouba mais amor

Podia, mas já não quero
Um beijo da solidão 
Em silêncio me acordou
No amor não há esperas
Levas o meu coração 
Mas a vida eu não te dou

Vida triste

J.Saluerhoff / Pedro Rodrigues C/arranjos de Custódio Castelo
Repertório de Cristina Branco

Condenado a viver triste
É sina de quem muito ama
Nunca meu coração resiste
Ao amor que a dor inflama

Mais uma vez, torturado coração
Buscou abrigo no teu peito, inutilmente
Não há quem lhe console a sede ardente
Nem se farte da paixão

E sempre, p’ra qualquer acto
Há que pagar com sofrimento
Até que a doçura do último tacto
Acabe por morrer num lamento

Por mais que os corpos se enlacem
Um dia só fica a solidão
Haverá porventura alguém
Que mate o fogo de uma paixão

Eu sei que amar é pecado
Por isso a mim o céu castigou
Fiquei p’ra vida amarrado
A quem sempre me enganou

Alma em tom maior

Diamantina / Vários autores
Repertório de João Chora


Armando Machado *fado santa luzia*
Saudade é um grito mudo
Que torna o peito mais surdo 
Hábil ouvinte da dor
Entra no peito
em surdina 

E nume voz repentina 
Sobe a alma em tom maior

Saudade é sofrer sozinho
A dor profunda de um espinho 
Cravado no coração
Só certa alma ditosa
Podia tornar em rosa 
Esse espinho, por condão

Francisco José Marques *fado zé negro*
Lembrar momentos felizes
Dá à saudade raízes
Que assim se prendem sem nós
Sentir quem não está aqui
Sentir seu cheiro, e enfim 
Acordar tão triste e só

Fado Franklim *Franklim Godinho*
Quem sente a dor da partida
Tal como o dedo na ferida 
Toca e magoa sem querer
Sabe bem isto que digo
Pois há muito que comigo 
Sinto essa ferida a morrer

Pedro Rodrigues
Saudade é toda a ternura
Lembrança de amargura 
Por uma ausência sentida
Amar é sentir saudade
Pois só quem ama em verdade 
Pode à saudade dar vida

Pressentimentos

Tiago Torres da Silva / Pedro Rodrigues
Repertório de Linda Leonardo


Pressinto que há no meu peito
Um amor tão magoado
Que ás vezes, quando me deito
O fado sente o direito
De se deitar a meu lado

Pressinto uma madrugada 
Se dos teus olhos me acudo
E a minha alma cansada 
Parece não dizer nada
Mas em silêncio diz tudo

Pressinto que sopra o vento 
Na tua alma, á noitinha
E é nesse pressentimento 
Que sem saber, eu invento
Uma dor maior que a minha

Tenho o fado por instinto 
E a dor por condição
Por isso, não sei se minto 
Quando digo que pressinto
O teu, no meu coração

Mas dia a dia vou indo 
Sózinha, de rua em rua
E enquanto vou pressentindo 
A saudade vai unindo
A minha tristeza á tua

Cristal

Patrícia Costa / Pedro Rodrigues
Repertório de Patrícia Costa

Porque és o sol que me nasce
E tudo é mais fantasia
Não pode haver sargaços
Nem multidões, feitas braços
Que roubem a tua poesia

Nasces-me dentro do ser
Um cristal cor-de-querer 
Canta e chora ao infinito
Sob o corpo, um céu de mar
Mergulha em mim devagar 
Sucumbe-me a voz num grito

De cristal cor de te querer 
Dia sou neste sabor
Partes-me os olhos em chuva 
Mas eu sigo, ave muda
Em busca do teu calor

Aquele adeus

João Mário Veiga / Pedro Rodrigues *fado primavera*
Repertório de Maria Leopoldina da Guia 

Tudo acabou nesse adeus
Em que vi os olhos teus
Partirem para outro lado
Sonhamos tanto e depois
O que ficou de nós dois
Foi um pouco do passado 

Quanto fados te cantei
Quantos poemas rasguei 
Por serem feitos de ti
Esqueci-me de tantos dias
Nas promessas que fazias 
Outro fado descobri 

Já é tarde, meu amor
O poente perde a cor 
E não te vejo voltar
Co'a noite vem a saudade
Mesmo longe és a verdade 
Que ponho no meu cantar

Aprendam primeiro

Carlos Conde / Pedro Rodrigues
Repertório de António Rocha 

Não venham os fantasistas
Ensinar-nos as canções
Que nós devemos cantar
Os verdadeiros fadistas
Não precisam das lições
De quem não as sabe dar

Os que no fado condensam
Alma e fé onde só cabe 
Um só fito, um só querer
Agradecem mas dispensam
Conselhos de quem não sabe 
O que lhe falta saber

O fado não quer tutor
Nem obedece ao talento 
De estrangeirismos sem vez
O seu melhor professor
É ainda o sentimento 
Do coração português

Sabes bem quanto te quero

António Silva Reis / Pedro Rodrigues
Repertório de Tony Reis

Sabes bem quanto te quero
E por isso não tolero
Ouvir de ti dizer mal
Se a vida é de nós dois
Que lhes importa depois
Falar assim afinal

A vida tem coisas boas
Porque será que as pessoas 
Teimam em se intrometer
No que não lhes diz respeito
E dizem coisas sem jeito 
Mas que nos fazem sofrer

Podem falar à vontade
Porque p’ra nós a verdade
É cristalina como a água
Digam lá o que disserem 
Façam lá o que fizerem 
A nós não nos causam mágoa

A nós não nos causam mágoa
Acredita meu amor
Vou dizer seja a quem for
Que és a minha paixão
Quando Deus quiser um dia 
Por te dar meu coração

Canto tudo e canto nada

Maria de Lourdes Carvalho / Pedro Rodrigues
Repertório de Dina do Carmo

Canto o amor e a saudade
Canto a terra e as flores
O orvalho e a madrugada
E neste cantar dolente
Canto a minha mocidade
Canto tudo e canto nada

Canto o sol do teu sorriso
As estrelas no teu rosto 
Teus olhos, meu firmamento
E nada mais é preciso
Para que o mundo distante 
Seja meu num só momento

E de todo o meu cantar
Ao meu peito se agarrou 
Uns versos que não esqueci
Um fado que a tua boca
Murmurando como louca 
Deixou fazer eco em mim

O abc do fadista

Gabino Ferreira / Pedro Rodrigues
Repertório de Nuno de Aguiar

Um velhinho cantador
Disse-me um dia ao ouvido
Com voz firme e altruísta;
Que o Mouraria, o Menor
E o velho Fado Corrido
São o ABC do fadista

Mouraria, um senhor fado
Senhor na noite e orgia 
Lembra o bairro onde nasceu
E a boémia do passado
Dessa velha Mouraria 
Onde a Severa viveu

O Corrido em tom maior
Vibra mais dentro de nós 
Faz um cantar mais gingado
Tem mais força, mais calor
Dá mais movimento á voz 
De cada vez que é cantado

Temos depois o Menor
Mais do um fado, é uma reza 
Duma profunda humildade
Sendo Menor é o maior
Faz-nos chorar de tristeza 
Faz-nos morrer de saudade

Três fados de puro fado
Três estilos bem diferentes
Com um só ponto de vista
Três heranças do passado
Mas que estão sempre presentes 
No abc do fadista

Santo Condestável

João Bettencourt / Pedro Rodrigues-Henrique Lourenço *fado cigana*
Repertório de António de Noronha

Estava o reino dividido
E o povo já rendido
À voragem do assalto
Sentiam-se as ameaças
E no coração das praças
A traição falava alto

Nun’Álvares o cavaleiro 
Do Alentejo fronteiro
Com prontidão e ardor
Prepara os da sua guarda 
Para a batalha que tarda
Nas hostes do seu senhor

Ele é a força que arrasa 
O sentimento que abrasa
A coragem que inebria
Viessem nações inteiras 
Desvairadas e guerreiras
Nada e ninguém o vencia

Conhece a voz que o chama 
E responde, porque ama
A nobreza do seu estado
Reza entre espadas e adagas 
Comanda mas cura as chagas
Dos que sofrem a seu lado

À Virgem pede um abrigo 
Como se fosse um mendigo
Ou um pobre de pedir
A alma é o seu tesouro 
Reparte terras e ouro
Como alguém que vai partir

E parte para o convento 
A ouvir na voz do vento
O que Deus lhe quer dizer
No Carmo guarda portão 
Com o burel da oração
É assim que vai viver

E é assim que o vemos 
E é assim que o temos
No altar da Santidade
Condestável do que fomos 
Condestável do que somos
À porta da eternidade

Amor ausente

Tiago Torres da Silva / Pedro Rodrigues
Repertório de João Braga 

Amar um amor ausente
Como se a dor fosse gente
Num coração que fingiu
Bater, como se parasse
Porque se viu face a face
Com tudo o que já sentiu

O tempo passa depressa
Mas quando um amor começa 
Baixinho, dentro de mim
Torna-se dor num segundo
Se nem mesmo o fim do mundo 
Pode vir a dar-lhe um fim

A paixão que chega tarde
Labareda que só arde 
Quando a chama da saudade
Lembra o fogo do inferno
Porque ao saber que é eterno 
Recusa a eternidade

Se me bate o coração
É como se a solidão 
Batesse à porta de entrada
Não abro, não vou abrir
A alma está a fingir 
Que ao amar não sente nada

Fado-viagem-lição

Silvestre José / Georgino de Sousa *fado georgino*
Repertório de José Guerreiro

Fiz viagem pelo fado
Cantando sem estar errado
Pedro Rodrigues com glória
Na Marcha do Marceneiro
Perseguição por inteiro
Que lindo, o fado Vitória

Cigano sem alarido
Corri no fado Corrido 
E puxei no Puxavante
Ao som do Carlos da Maia
No Zé Negro fiz-me faia 
Fado Cuf é diamante

No Britinho lembrei vidas
Vividas no Margaridas 
Sentidas no Esmeraldinha
Alberto ou fado Latino
Do Proença fiz destino 
Descrito no Vianinha

Como um Porto loiro e tinto
Entoei o Raúl Pinto 
E um Bailado muito bravo
No Dois Tons eu fui assim
Trinei no fado Franklim 
Não esqueci Menor e Cravo

Envolvente foi Isabela
Do Meia-noite ao Varela 
Um Tango de olhos enxutos
Fado Freira é uma quimera
Tamanquinhas, Primavera 
Terminei cantando os Putos

Nunca é silêncio vão

Carmo Rebelo de Andrade / Pedro Rodrigues *quintilhas*
Repertório de Carminho


Nunca é silêncio vão
Esse que tenho contigo;
Pensando nós no que for
Só sei que sinto o amor
Quando te calas comigo

E lá ficamos os dois 
De mãos dadas no meu carro
Consolas-me sempre assim 
Calado junto de mim
Vendo as tristezas que varro

E por mais que explique bem 
O que vai no coração
É do nada que vem tudo 
Nesse teu olhar tão mudo
Nunca há silêncio vão

Hora em que te vi

António Cálem / Pedro Rodrigues
Repertório de Carlos Barra


Entre um vago despertar
O teu olhar me dizia
Que na terra não havia
Nem o sol nem o luar

Então falei-te de mim 
Que ‘inda havia coração
E prendi a tua mão 
Apunhalando-me a mim

A noite ficou suspensa 
Como a aguardar o seu fim
E a noite disse que não 
Mas tu disseste que sim

Para quê fugir agora 
Se não fugia de ti?
Fugir, era fugir da hora 
Nessa noite em que te vi