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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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* 7.330' LETRAS <> 3.180.000 VISITAS * ABRIL 2024 *

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Alma vazia

António Rocha / Jaime Santos *fado pombalinho*
Repertório de António Rocha

Não quero escrever mais versos
Se já deixei de ser teu
Versos, pedaços dispersos
Dum amor que já morreu

Vejo os sonhos que sonhei 
Em solidão submersos
Para esquecer que te amei 
Não quero escrever mais versos

Canto a alegria ou a dor 
Da sorte que Deus me deu
Não quero cantar nosso amor 
Se já deixei de ser teu

Conduzo o meu coração 
P’los caminhos mais diversos
Porque as nossas vidas são 
Versos, pedaços dispersos

Caminho d’alma vazia 
Tudo o que tenho de meu
É a sombra triste e fria 
Dum amor que já morreu

Quando

Artur Ribeiro / Filipe Pinto *fado meia noite*
Repertório de Tony de Matos

Quando dou por mim, perdido
Nos meus próprios pensamentos
Quando nos meus maus momentos
Digo frases sem sentido

Quando me afundo e vagueio 
No teu olhar espantado
Quando não vais a meu lado 
E a sós contigo passeio

Quando escuto a tua voz 
Dando aos meus versos, sentido
Quando o coração perdido 
Pergunta ao vento por nós

É quando ao fado me dou 
D’olhos cerrados, assim
E o poeta que eu não sou 
Vem chorar dentro de mim

Novo vira do Minho

António Laranjeira / André Teixeira
Repertório de António Laranjeira

Ó Minho Minho
Ó verde Minho
Cantas e danças
Não andas sozinho

Ai vira que vira
Ai vira d’Agosto
O ouro que brilha
Dá cor ao teu rosto
Ai vira que vira
Ai vira do mar
Quem vira não vira
Meu amor chegar

Talvez eu me engane 
Mas quem não se engana
Deixei a tristeza 
Perdida em Viana
E no alto Minho 
Já ninguém me apanha
O Minho é mais Minho 
Ao deixar Espanha

Ó Minho Minho
Minho brilhante
Ao cantar do galo
Que a fé se levante
Ó Minho Minho
Já te vi um dia
Rezando baixinho 
Subindo a Agonia

Talvez eu me engane
Mas quem não se engana
Deixei a tristeza 
Perdida em Viana
E no alto Minho
Já ninguém me apanha
O Minho é mais Minho 
Ao deixar Espanha

Não me digas o teu nome

Fernando Campos Castro / Alfredo Duarte *fado mocita dos caracóis*
Repertório de António Laranjeira 

Não me digas o teu nome
Não digas que eu adivinho
És uma estrela sem nome
Que me alegra e me consome
E dá luz ao meu caminho

Não me fales de revoltas 
Que o silêncio é bem melhor
Meu amor sempre que voltas 
Fechas tantas pontas soltas
Nos laços do nosso amor

Deixa a noite imprevisível 
Fazer tudo o que quiser
Ó meu amor impossível 
O teu nome é indizível
Ninguém o pode saber

Meu amor, minha ternura 
Só tu sabes meus segredos
És lucidez e loucura 
Que na noite mais escura
Cobre todos os meus medos

De uma cruz é seu refém

João Manuel Antão / Francisco Viana *fado vianinha*
Repertório de Nelson Duarte

Andas pedindo perdão
Mãos postas, junto do altar
Mas pões sempre a condição
No mesmo continuar

As horas mandam na vida 
E tantas vidas consomem
Fazendo, nessa corrida 
O homem escravo do homem

Qualquer um, na sua vida 
De uma cruz é seu refém
Mesmo quando a vê despida 
Vê que nela há sempre alguém

Duas tábuas, uma cruz 
Jesus foi crucificado
E dessa cruz, fez Jesus 
De amor o seu reinado

Ria dum rio novo

António Laranjeira / André Teixeira
Repertório de António Laranjeira

És a Veneza do povo 
Porque o povo está primeiro
E trazes um olhar novo 
No teu olhar moliceiro;
És ria dum rio novo
Cravo do mar marinheiro

Acordas chegando à vida 
Porque viver é chegar
Em cada maré perdida 
Há mais pressa de voltar;
Aveiro de ver a vida
Aveiro de ver o mar

Quem te pediu que tivesses 
Mais tradição portuguesa
E que pela vida fizesses 
Do povo a tua nobreza;
Quem de amarelo te veste
É mais feliz com certeza

Não tenhas medo

Alice Barreto / Alberto Correia *fado solene*
Repertório de Nélson Duarte

Meu amor, não tenhas medo
De enfrentar a realidade
Que terás em tuas mãos
Paz, amor e felicidade

Meu amor, não tenhas medo 
De descobrir a razão
Que pode ser cobardia 
Fechada em teu coração

Meu amor, não tenhas medo 
Mesmo que te digam não
Não pode haver um segredo 
Sempre que oculte a razão

Meu amor, não tenhas medo 
Doa ele a quem doer
A vida é sono que embala 
Acorda ao amanhecer

Fado luz

Letra e musica de António Laranjeira
Repertório do autor

Preciso iluminar meu coração
Que se apagou de ti quando partiste
Preciso regressar da escuridão
E devolver-te a cor meu dia triste

Quero ser a raiz que fere e fende
As entranhas da terra do teu chão
Onde tu és vertigem que se estende
Ao quadrante da vida e da razão

O meu canto é pra ti além da voz
Sempre que chegas breve aos meus abraços
Nesse eterno momento quando em nós
A saudade prescreve em nossos braços

Serás sempre a manhã da minha esperança
Em toda a minha vida o meu melhor
Ainda que p'ra ti seja a lembrança
De toda a nossa vida meu amor

Lenda do amor

 *Ode à Lenda das rosas*
António Laranjeira / Popular *fado das horas*
Repertório de António Laranjeira

O mesmo sonho tiveram 
Dois namorados de então
Unidos pelo coração 
A sua vida viveram;
Quando o amor conheceram 
Por entre juras d’amor
Das rosas de rubra cor
Rosas de neve nasceram

A lenda conta que um dia 
Dois corações verdadeiros
Se entregariam inteiros 
Em aparente alegria;
Ninguém no mundo sabia 
Duma promessa maior
Que se escondia na dor 
Que um pelo outro vivia;
Ao celebrar o amor
Sempre que a noite caía
                                                
Ainda hoje se conta 
Que nessa história d’amor
Também havia uma flor 
Que toda a noite chorava;
Quando a saudade falava 
Num discurso sonhador
Mudava sempre de cor 
Essa rosa perfumada;
Se fosse roseira brava
Seria forte na dor

Quem acredita na lenda 
E se permite sofrer
Não pode contradizer 
Um amor, que não entenda;
Se a vida não nos separa 
Que a morte nunca nos prenda
Assim se canta o amor
Como nos conta esta lenda

Valente pescador

Alice Barreto / Carlos Simões Neves *fado tamanquinhas*
Repertório de Nelson Duarte

Vai p'ró mar ó pescador
Vai lutar com altivez
É teu o mar, pescador
Tu do mar és um senhor
Que Deus te traga outra vez

Pescador que vais ao mar 
Ao mar distante, salgado
Por vezes fico a pensar 
Se o mar onde vais pescar 
É p'ra ti adocicado

Olha as velas, pescador 
Nas tuas lides constantes
Que o vento não vá quebrar
Tu por Deus hás-de voltar 
Ao senhor dos navegantes

Quando parte um pescador 
Que vai p'ra faina do mar
Leva no peito a esperança
Que a senhora bonança 
O traga de novo ao lar

Minha mãe mãe Maria

António Laranjeira / Manuel Mendes
Repertório de António Laranjeira

Na paz do teu olhar 
Descanso os meus passos
Dum longo caminhar 
Procurando teus braços
Minha mãe, mãe Maria 
Mãe de todas as preces
Minha noite meu dia 
Luz da alma vazia 
Tudo em mim já conheces

Meu amor invulgar 
Que nunca faz doer
Que não sabe matar 
E não nos faz sofrer
Ó mãe do altar da vida 
Montanha da ternura
Saudade sem partida 
Adeus sem despedida
Perdão para a minha cura

Semente no meu corpo 
Seara imaculada
No chão do desconforto 
A fé em ti lavrada
Minha mãe, mãe Maria 
Mãe de todas as dores
Minha noite meu dia 
Luz na alma vazia
Mãe dos nossos amores

A jóia mais bonita

Joaquim Silva Borges / Júlio Proença *fado puxavante*
Repertório de Nelson Duarte

Essa jóia tão bonita
Que eu não vendo a ninguém
É a velhinha bendita
Que se chama minha mãe

Sou pobre, mas a riqueza 
Que tenho não se acredita
Pois guardo com avareza 
Essa jóia tão bonita

Guardo-a no meu coração 
Pois tal valor ela tem
É jóia de estimação 
Que eu não vendo a ninguém

Quando minha mãe morrer 
Chorarei minha desdita
A causa do meu sofrer 
É a velhinha bendita

Se me dessem todo o ouro 
Que o milionário tem
Eu não vendia o tesouro 
Que se chama, minha mãe

Quem és tu *lama*

Paulo Marques e Aylce Chaves
Repertório de Alzira Canede

Se quiser beber, eu bebo
Se quiser fumar, eu fumo
Não me interessa mais ninguém
Se o meu passado foi lama
Agora quem me difama
Viveu na lama também

Comendo a mesma comida
Bebendo a mesma bebida
Respirando o mesmo ar
E hoje, por ciúme ou por despeito
Acha-se com o direito
De querer me humilhar

Quem és tu, quem foste
Não és nada
Se eu na vida fui errada
Tu foste errada também

Não compreendeste o sacrifício
Sorriste do meu suplício
Me trocando por alguém

Se eu errei, se pequei, pouco importa

Se aos teus olhos eu estou morta
P'ra mim morreste também

Você

João Linhares Barbosa / Armando Freire *alexandrino antigo*
Repertório de América Rosa

Você teve um capricho, eu tive um desengano
Um sonho que morreu sem eu saber porquê
Um cálculo que errou e desmanchou o plano
Motivo de afeição que eu tinha por você

Você já tinha outra a quem também mentia
O gosto por fazer, orgulho já se vê
A pobre acalentava a estranha fantasia
De ter uma paixão movida por você

Você não avalia o amor duma mulher
Não sabe o que é sofrer e das paixões descrê
Não escolhe uma afeição e serve-lhe qualquer
O ponto é que ela sofra e viva p'ra você

Você quando cansar à força de desgosto
Quando se achar diferente ao espelho onde se vê
E quando não tiver onde encostar o rosto
Volte que eu 'inda estou à espera de você

O fado não tem idade

Alice Barreto / Carlos Simões Neves *fado tamanquinhas*
Repertório de Nelson Duarte

O fado não tem idade
Tem estatuto no mar
Cantaram-no os marinheiros
Há quem diga que os primeiros
O cantaram a rezar

O fado é sempre cantado 
Em orações delirantes
Quando no mar encapelado
É grande oração, o fado 
Ao senhor dos navegantes

Escutei um dia o fado 
Num murmúrio sobre a areia
Só podia ser cantado
Aquele tão belo fado 
Pela voz de uma sereia

O fado é a voz do povo 
Como ele não há nenhum
Sempre velhinho, mas novo
Se o fado é a alma do povo 
No fado de cada um

Porto antigo

Letra e musica de Pedro Barroso 
Repertório de António Laranjeira 

Neste porto manso, eterno. onde descanso
Porque me fica aqui o peito e o sentido
Com aquela água imensa navegando
Este rio, ao passar, fala comigo;
E parece murmurar-se quente e brando
Como o mundo é mais sereno em Porto antigo

O velho Douro é como um hino à natureza
Escorrendo entre os dedos da montanha
Ao sol que o faz vibrar e pressentir
Mostrando a história em socalcos vinhateiros
Nos solares de baronetes e herdeiros
Com brasões verdadeiros ou a fingir

Dos barcos que se cruzam indo e vindo
Alguém levanta a mão saudando ao longe
Como um monge pagão fugido à norma
O próprio rio me esmaga e me transforma;
O casario dá a impressão que vai cair
E eu sei que vou chorar quando partir

Sei que o tempo ali parou naquele cais
E não quero saber de mais informação
Que a que me traz com majestade o Douro amigo
Eu quero ficar ali para sempre, ali contigo;
Olhos nas margens do sentir, a mão na mão
Ai, como o mundo é mais sereno em Porto antigo

Não prendas os teus olhos

António Laranjeira / Rogério Ferreira
Repertório de António Laranjeira

Não prendas os teus olhos
Nem me peças amor
Estou ausente de tudo, só dor
Esta herança pesada
Uma cruz por castigo
Não prendas os teus olhos comigo

Por mais que me torture
Em clausura atroz
Neste torpe silêncio por nós
Se te não te devo amor
É desígnio de Deus
Não prendas os teus olhos aos meus

Não serve este lamento
Para nos torturar
Tivemos muito tempo para amar
Nunca nos maltratamos
Nunca nos ofendemos
Mas quando nos cruzamos, sofremos

Porto do meu coração

Joaquim Brandão / Eduardo Jorge
Repertório de Nelson Duarte

Ao meu Porto, vou cantar 
O fado minha cantiga
Com ternuras a lembrar 
O sentir da minha vida

Meu palácio de ilusões 
Das noites de São João
Minha terra de paixões 
Dos tempos que já lá vão

Fechou a velha taberna
De velhinha estás moderna
Mas p’ra mim és sempre igual
Meiga terra hospitaleira
Cascata sobre a Ribeira
Baptizaste Portugal

No caminhar tens canseira 
Porto do meu coração
Na labuta és o primeiro 
Ao madrugar pelo pão

Tuas pontes são poemas 
Pelo rio a navegar
Jardins e fontes são temas 
Do teu alegre cantar

Olhos de amor

Letra e musica de António Laranjeira
Repertório de António Laranjeira

Olhos de amor não têm cor
Rosto queimado é de paz
Quem dá a mão com o coração
Não tem noção do que é capaz

Quanta ternura há na voz
Quanta doçura a sorrir
Olhos de amor não têm cor
Olhos de amor sem mentir;
Olhos de amor não têm cor
Olhos de amor não têm dor

Quanta distãncia de mar
Quanta largura de céu
Olhos de amor sabem amar
Um coração igual ao teu

Olhos de amor que não choram
Olhos que sabem esperar
Olhos de amor que demoram
Que tardam sempre em chegar

Olhos d’avô e d’irmão
Olhos de mãe e d’avó
Olhos de pai se não está só
Olhos de amor com coração;
Olhos de amor não têm cor
Olhos de amor não têm dor

Meu burgo tripeiro

Alice Barreto / Joaquim Campos *fado tango*
Repertório de Nélson Duarte

Ribeira, burgo tripeiro
Meu coração de rainha
Encantaste o estrangeiro
Atraíste o mundo inteiro
Mas não deixes de ser minha

Ribeira, és monumento 
Para mim és o primeiro
Eu vejo em cada janela
Os vitrais duma capela 
Deste meu burgo tripeiro

Ribeira, linda mulher 
Deitada em leito de prata
Eu sei que o Douro te adora
E por vezes por ti chora 
Meu calendário sem data

Ribeira, quanta beleza 
Na tua graça tão bela 
Inspira qualquer pintor
Cada vez terás mais cor 
P’ra dar vida à tua tela

Aquela Maria

Alice Ogando / Frei Hermano da Câmara
Repertório de Frei Hermano da Câmara

Maria da Conceição
Vi-te ontem na procissão 
Mas duvidei do que via
Pois quando p'ra ti olhei
Olhei logo e reparei 
Que toda a gente sorria

Maria da Conceição
Ou tu perdeste a razão 
Ou então foi bruxaria
Um chapéu nessa cabeça
Mas tu queres que eu endoideça 
Oh pobre, pobre Maria

Calça a chinelinha, calça
Põe teu lenço de Alcobaça 
E a saia de flanela
Põe teu xaile de tricana
Pois tu és ribatejana
Pois tu Maria és aquela;
Criada com essa aragem
Que faz a mulher formosa
E em paisagem bravia
Nunca pode ir bem Maria
Esse chapéu, essa rosa

Maria da Conceição
Sai-me já da procissão 
Olha que Nosso Senhor
Sendo embora de madeira
Ao ver-te dessa maneira 
Pode fugir do andor

Volta depois sem vaidade
Prefere a simplicidade 
Numa vida sem mentira
Sem pose e sem presunção
Maria da Conceição 
De Vila Franca de Xira

Foi aqui na minha terra

José Guimarães / Alfredo Correeiro *marcha do correeiro*
Repertório de Nelson Duarte

Vejo as pontes, vejo a serra
E vejo o rio passar
Entre margens de carinho
Foi aqui na minha terra
Que a névoa veio morar
E onde o sol abre caminha

No passado que ela encerra
Tem nobreza e é bairrista 
Gaiata e sempre leal
Foi aqui na minha terra
Que de conquista em conquista 
Houve nome Portugal

Sofreu as penas da guerra
E a cruz de Cristo levou 
Através do mar profundo
Foi aqui da minha terra
Que o Infante navegou 
Deu novos mundos ao mundo

Este Porto onde nasci
Por vaidoso não me tomem 
Mas digo com altivez
Minha terra foi aqui
Que aprendi a ser homem 
E a ser mais português

Amor meu

Marla Amastor / Alfredo Duarte *fado versículo*
Repertório de António Laranjeira

É no canto mais antigo que há em nós
No sussuro mais contido que há na dor
Que me encontro a sós contigo nesta voz
Sem nunca me ter perdido meu amor

Se encontrares mais de mim neste fado
Não me vistas de loucura desmedida
Não me prendas mais assim, meu pecado
Nem te dispas desta jura prometida

Por saber como tu és e como sou
Por saber de onde vim e fui parar
Não te percas nas marés p’ra onde vou
Nem te soltes mais de mim sem me encontrar

Se falar a voz mais alta do que eu
Se as palavras que disser ao teu ouvido
Forem tudo o que nos falta, amor meu
Voltarei para te amar com mais sentido

Um dia no Ribatejo

Manuel de Almeida / Jaime Santos
Repertório de Manuel de Almeida

Fui certa vez ao Ribatejo entusiasmado
P’la mais castiça das festas tradicionais
Que grande dia, que dia tão bem passado
Um desses dias que a gente não esquece mais

Vi curiosos toureando com destreza
Numa largada de toiros ao romper d’alva
E assisti numa corrida à portuguesa
Toda a beleza do toureio marialva

Vi um forcado dando ao toiro meia praça
Batendo as palmas numa coragem das raras
Entusiasmando a multidão e pondo a raça
E a valentia que há numa pega de caras

E numa adega bem castiça a recordar
Outras noitadas com fidalgos e artistas
Cantei o fado rigoroso p’ra mostrar
À gente nova, que ainda haviam fadistas

Dilema

Manuel Carvalho / Alfredo Duarte *fado louco*
Repertório de Nelson Duarte

Ando a tentar esquecer-te
Mas já vi que não consigo
Pois o medo de perder-te
Ainda vive comigo

Eu não quero mais lembrar 
Os teus olhos o teu rosto
Mas volto sempre a sonhar 
Com as coisas que mais gosto

Nunca sais da minha mente 
P'ra viver, de ti preciso
Não posso por mais que tente 
Esquecer o teu sorriso

Tento a boca amordaçar 
P'ra não falar no teu nome
Mas não consigo calar 
A mágoa que me consome

Só Deus sabe este castigo 
Que na vida ando a viver
Esquecer-te não consigo 
Por mais que tente esquecer

Aniversário

José Guimarães / Miguel Ramos *fado alberto*
Repertório de Nelson Duarte

Nem sempre aniversário é felicidade
De uma hora feliz, que já passou
Às vezes muitas vezes é saudade
De um momento que o tempo já levou

É recordar o dia em que nasceram
Os filhos que o amor e Deus nos deu
É recordar momentos que vieram
Fazer da nossa vida um novo céu

É a data feliz do casamento
São as bodas de prata e as bodas de ouro
É lembrar cada ano esse momento
Que guardamos em nós, como um tesouro

É lembrar o marido ou a esposa   
Recordar a alegria e a saudade                             
E em cada aniversário, há uma rosa
Num desejo de amor e felicidade

E ao cantar este fado de alegria
Eu agradeço a Deus estarmos aqui
E em cada ano espero que este dia
Seja a festa da vida que vivi

Uma vez que seja

Ana Vidal / Raul Pereira *fado zé grande*
Repertório de António Zambujo

Tu que navegas ao sabor do vento
Sem outra rota que o que se deseja
Tu que tens por mapa o firmamento
Vem decobrir-me, uma vez que seja

E diz-me das viagens que não faço
Dos mundos cintilantes que antevejo
E traz-me mares de mel no teu abraço
Poeira de ouro velho no teu beijo

De ti não espero amarras nem promessas
É livre que te quero neste cais
Até que um dia em mim não amanheças
E te faças ao mar uma vez mais

E mesmo nessa hora de perder-te
Sabendo que a magia se desfez
Terá valido a pena conhecer-te
E deslumbra-me ao menos uma vez