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As chinelinhas

Manuel Pardal / Popular *fado mouraria*
Repertório de Artur Batalha


De quem são as chinelinhas
Que andavam no bailarico
Eu vi-as bailar sozinhas
Não devem ter namorico


Gosto delas, podem crer 
Como se elas fossem minhas
Mas não consigo saber 
De quem são as chinelinhas

Dia e noite em busca delas 
Mas sem sabê-lo não fico
De quem são essas chinelas 
Que andavam no bailarico

Como é possível, tão belas 
Como duas avezinhas
Ninguém bailava com elas 
Eu vi-as bailar sozinhas

Se elas bailavam assim 
Sozinhas no bailarico
Talvez esperem por mim 
Não devem ter namorico

Morena gaiata

António Rocha / Joaquim Neves 
Repertório de Artur Batalha

Mora no Bairro de Alfama
Na rua mais concorrida
Uma garota atrevida
Que põe corações em chama

Trago sempre no ouvido
Esta cantiga brejeira
Que a Tia Rosa peixeira
Lhe canta, em tom atrevido

Morena gaiata 
Que a todos namoras
Não há quem te bata 
Na rua onde moras
Mas se algum rapaz 
Te apanha, pequena
Nunca mais serás 
Gaiata morena

Ela segue e sem parrar
Sempre alegre e atrevida
Diz que ‘inda tem muita vida
Para na vida pensar

E o povo, na rua inteira
Canta com grande alarido
O mote já conhecido 
Da Tia Rosa peixeira

Menino de Alfama

José Grilo / Vital d'Assunção
Repertório de Artur Batalha

Lá vai o menino com seu ar gingão
É muito traquina (traquino) e até já rufião
Cantador de fado ali prás vielas
É enamorado das coisas mais belas

A velha Alfama
É bairro afamado
Por isso tem fama
O menino do fado

Quando sai da escola, o menino fadista
Vai jogar à bola co’a malta bairrista
E não satisfeito de tanta fadiga
Trauteia a seu jeito mais uma cantiga

Também é ardina, ajuda o irmão
E em cada esquina se ouve o seu pregão
E à noite há farra na tasca do fado
E ao som da guitarra ele canta este fado

Na gravação o intérprete pronuncia a palavra *traquino*

Ao longo do tempo

Letra e musica de: Paco Gonzalez
Repertório de Artur Batalha

Quando te vi depois de tantos anos
Secou-se-me a garganta e não falei
Refugiei-me no trem do pensamento
E tu foste a estação onde eu parei

As folhas começavam a cair
As chuvas brevemente iam chegar
O outono tinha tons de primavera
Quando o meu olhar ficou no teu olhar

Sorrimos, conversamos
Jantamos nessa noite
O amor veio depois 
Sem nós pedirmos nada
E nessa comunhão 
Vimos nascer o dia
Envoltos num amor 
Que a noite abençoara

Deixei-te no teu corpo 
A força do meu corpo
Deixei-te nos teus lábios 
A febre do carinho
Depois, sem um adeus
Sem lágrimas nos olhos
A vida nos levou 
Deixando-nos sózinhos

A mão da guerra tinha abraçado o mundo
E houve dos caminhos a seguir
O meu destino seguiu por uma estrada
Pela qual o teu destino não pôde ir

A paz voltou á terra de ninguém
E um dia, por acaso, te encontrei
Ouvi um pequenito chamar mãe
Secou-se-me a garganta e não falei

Lembrei aquela noite 
Que juntos conversamos
O amor veio depois 
Sem nós pedirmos nada
E nessa comunhão 
Vimos nascer o dia
Envoltos num amor 
Que a noite abençoara

Deixei-te no teu corpo 
A força do meu corpo
Deixei-te nos teus lábios
A febre do carinho
Depois, sem um adeus
Sem lágrimas nos olhos
A vida nos levou 
Deixando-nos sózinhos

Irmão fora da lei

Letra e música de Paco Gonzalez
Repertório de Artur Batalha

Foi posto ao Deus dará desde menino
A rua foi a escola e o professor
Foi a fome, o desprezo e o castigo
Na vida em primavera sem amor

Vagueou noites sem fim ao abandono
A escada foi a cama p'ra dormir
Em vez dum bom ó ó para seu sono
Levava pontapés para sair

Eu já cantei 
Aos olhos do desdém e à minha alma
Com essa dor brutal que não se acalma
Por ver a vida assim tão desigual
Mas não cantei o amor
Ao meu irmão fora da lei
Aquilo que ele passou e que eu passei
Até chegar a ser fora da lei

Se as portas do amor se vão fechando
Á criança que a vida vai colher
Não peçam que vá dignificando
O homem na revolta de seu ser

Seria bom que houvesse mais ternura
Neste mundo egoísta que falei
P'ra nunca mais sentir tanta amargura
Ao cantar meu irmão fora da lei

Amor sincero

 *a lei da vida*
Letra e musica de João Alberto
Repertório de Artur Batalha

Gastei contigo parte da vida que já vivi
Jamais consigo ser o que era se te perdi
Ontem gostaste, hoje cansaste de me querer bem
É a lei da vida, tudo o que nasce morre também

Amor sincero, fico a pensar
Que no teu peito não pode entrar
Amor sincero nunca peças p’ra te dar
Amor sincero só pode haver
Quando são dois a querer viver
O amor toda a vida, até morrer

Não vejo jeito para entender tua vontade
Que no teu peito, em vez de amor, haja amizade
Qual de nós dois verá depois que está errado
Nem tu nem eu pode esquecer o amor passado

Vai-vém do cacilheiro

Rui Manuel / Vital d' Assunção
Repertório de Artur Batalha 

Anda alegre o cacilheiro 
Com uma gaivota na proa 
Num vai-vem o dia inteiro 
De Cacilhas pra Lisboa

Casca de noz amarela 
Desbravando o mar da Palha 
A pressa não atrapalha 
A quem anda com cautela
O Cristo-Rei tagarela 
Espreita cada passageiro 
Tem rosto de marinheiro 
Nascido à beira do rio 
Co’a proa num desafio 
Anda alegre o cacilheiro

Transporta o sol de boleia 
Manda piropos à lua 
E diz não ser culpa sua 
Quando ela aparece cheia
A ponte nem faz ideia 
Da gente que se amontoa 
No seu bojo, maré boa 
Maré povo de coragem 
Dia a dia na viagem 
De Cacilhas pra Lisboa

De Cacilhas pra Lisboa 
Num vai-vem um dia inteiro
Com uma gaivota na proa 
Anda alegre o cacilheiro

Olhos turvos

Letra e musica de Branco de Oliveira
Repertório de Artur Batalha

Que paixão voraz me abrasa 
Por temer o teu adeus
Meu peito é a tua casa
Marcada com beijos teus

Se é lascivo o teu amor
Isso só pra mim é pouco
Como a terra prende a flor 
Preso a ti eu ando louco

Mesmo que mintas 
E que não sintas amor por mim
Diz que me amas 
E que me chamas até ao fim
O amor é luz que o céu produz
Pra quê sofrer
Mesmo que vás, que vás em paz
Hei-de viver

Ao ver fixo o teu olhar 
No passado ou no futuro
Sou capaz até de amar 
Como vês, por Deus te juro

É o inferno ao dormires 
Nos teus braços eu desperto
Tenho pena que suspires 
E que eu não esteja perto

Coração embriagado

Valente Rocha / João Alberto
Repertório de Artur Batalha

Entrei num bar 
Com desejos de beber
Somente para esquecer
O que não quero lembrar
Bebo por perder a esperança

Da sorte que o mundo me nega
Com a sede da vingança
Só a bebida me sossega

Um homem embriagado
É aos olhos de quem passa
Um corpo abandonado
Vivendo a sua desgraça;
Mas essa alma vencida
Entregue ao vicio à loucura
Encontra num bebida
Tudo aquilo que procura

Eu procurei ser feliz, não consegui
Tudo o que tinha perdi
Do que foi meu já não sei;
Ao lembrar o que já tive

Desde que me fui esquecendo
A gente pensa que vive
E afinal vai morrendo

Filho noite

José Luís Gordo / Franklim Godinho *fado franklim*
Repertório de Artur Batalha

Sou da noite um filho noite
E traga a noite na alma
Na pele, o sangue das mãos;
As estrelas são mais fortes
Parecem dar outros nortes
Ás ruas do coração

É a noite que me serve
De refúgio aos sofrimentos 
Que a memória quer esquecer
A razão nada de deve
Sou filho dos pensamentos 
Sem vozes de eu entender

É a noite que me cobre
Com seu manto de negrura 
Os sentidos dos meus passos
Que loucos, como dois pobres
Querem esquecer a ternura 
Que tive nos teus abraços

Balada da distãncia

Horácio Carvalho / Popular *fado das horas*
Repertório de Artur Batalha 

Quero um caminho, um lugar
Onde possa estar mais só
Não quero que pises o pó
Que eu pisei ao caminhar

Quero deixar esta saudade 
Onde tu não me procures
Eu quero um lugar, algures 
Onde encontre a felicidade

Quero um sulco sobre o pó 
Que não se possa apagar
Quero um caminho, um lugar 
Onde possa estar mais só

Quero olvidar a fragrância 
Sopro de perfumes finos
Quero ouvir mil violinos 
Na balada da distância

Estás a pensar em mim

*Promete, jura* e/ou *Luta por mim, amor*
Maria João Dâmaso / Sérgio Dâmaso
Repertório de Artur Batalha 

Estás a pensar em mim, promete, jura
Sentes como eu o vento a soluçar
As verdades mais certas mais impuras
Que as nossas bocas têm p’ra contar

Sentes lá fora a chuva estremecida
Como o desenlaçar duma aventura
Que pode ou não ficar por toda a vida
Diz que sentes como eu, promete, jura

Se sentires esse fogo que te queima
Se sentires o meu corpo em tempestade
Luta por mim amor, arrisca, teima
Abraça este desejo que me invade

Se sentes meu amor, o que eu não disse
Além de tudo o mais do que disseste
É que não houve verso que eu sentisse
Aquilo que eu te dei e tu me deste

Não conheço o meu destino

Alexandre Fontes / Fontes Rocha
Repertório de Artur Batalha

Não conheço a felicidade
Que anda perdida no vento
Conheço bem a saudade
Que não me deixa um momento

Não conheço madrugadas 
Mais medonhas do que as minhas
Conheço vidas erradas 
Voando como andorinhas

Não conheço o desespero 
Da paixão que é herdada
Conheço gente que é zero 
Vivendo sempre do nada

Não conheço meu destino 
Eu não sei pra onde vou
Neste mundo em desatino 
Eu nem sequer sei quem sou

Promte, jura

*Luta por mim, amor* e/ou *Estás a pensar em mim*
Maria João Dâmaso / Sérgio Dâmaso *fado sérgio*
Repertório de Mariza a Artur Batalha

Estás a pensar em mim, promete, jura
Se sentes como eu, o vento a soluçar
As verdades mais certas mais impuras
Que as nossas bocas têm p’ra contar

Se sentes lá fora a chuva estremecida
Como o desenlaçar duma aventura
Que pode ou não ficar por toda a vida
Diz que sentes como eu, promete, jura

Se sentires esse fogo que te queima
Se sentires o meu corpo em tempestade
Luta por mim amor, arrisca, teima
Abraça este desejo que me invade

Se sentes meu amor, o que eu não disse
Além de tudo o mais do que disseste
É que não houve verso que eu sentisse
Aquilo que eu te dei e tu me deste

Boneca atrevida

Valente Rocha / João Alberto
Repertório de Artur Batalha

Boneca atrevida 
Que finges não ver na tua corrida
Que prendes a vida 
De alguém que te quer
Não páras, não ligas
Mas olha, meu bem
Que há mais raparigas 
Bonitas também

Ouve boneca
Não queiras parecer o gato
Brincando com o rato
Não troces do amor
Não rias do meu sentir
Que o último a rir
É quem ri melhor

Boneca vaidosa, cheia d’esprança
És muito orgulhosa
Mas olha que a rosa 
Também perde a cor
Não deves fazer do amor, farrapo
P’ra não vires a ser boneca de trapo

Quem és tu

Paulo Marques e Aylce Chaves
Repertório de Artur Batalha


Se quiser beber, eu bebo
Se quiser fumar, eu fumo
Não interessa a mais ninguém
Se o meu passado foi lama
Agora quem me difama
Viveu na lama também

Comendo a mesma comida
Bebendo a mesma bebida
Respirando o mesmo ar
E hoje... 
Por ciúme ou por despeito
Você acha-se c'o direito
De me querer humilhar

Quem és tu, q
uem foste tu
Não és nada
Se na vida eu fui errado
Tu foste errada também
Se eu errei, s
e eu pequei
Pouco importa
Se aos teus olhos eu 'stou morto
P'ra mim morreste também

À porta do fado

Letra e música de Paco Gonzalez
Repertório de Artur Batalha 


Não quero perder mais tempo contigo
Impus-te o duro castigo 
De nunca mais te querer
Não quero reviver o que foi nosso
Pois francamente não posso

Mesmo que viva a sofrer 

Isto disseste tu
Eu concordei por fim
Não mendiguei amor
Nem quis saber de mim
Fiquei ao Deus dará
Só dei razão a quem
Na vida, nunca amou 
Assim como eu amei 

O tempo marcou horas de tristeza
Sem haver na tua mesa 

O pão do carinho meu
O tempo deixou-te à porta do fado
Mas como estou tão cansado

Não quero nada que é teu

Sinas trocadas

Clemente Pereira / João Alberto
Repertório de Artur Batalha

Cigana dos sonhos meus 
Cautela co'a falsidade
Juraste p'los olhos teus 
Que me disseste a verdade

Andas p'raí dizer 
As paixões que há por aí
Melhor as deve saber 
Quem as tem dentro de si

Cigana leste a minha sina
Dela disseste o mal e o bem
Duma mulher a quem eu quero 
Como a ninguém
Nesta ansiedade vivo a sofrer
Mas a verdade vou pôr a nú
Sabes quem é essa mulher?
Cigana és tu

Andas na tua rotina 
Sempre a falar em paixão
Noto por minha má sina 
Que tu, não tens coração

Se o tivesses, concerteza 
Sentias, o que eu senti
Minh'alma triste andar presa 
Não à sina, mas a ti

Fado dum mundo louco

Zeca Maneca / João Maria dos Anjos
Repertório de Artur Batalha


Noite negra nua e fria
Uma garganta escondida
Estranho silêncio no ar
A cantar a nostalgia
Que nela vinha perdida
Numa noite sem luar

Era a voz do louco fado
Dum pesadelo a fugir 
Ao fascínio da maldade
No seu mundo inconformado
Onde teve que cair 
No abismo da verdade

Uivou a noite dos lobos
Chorou a noite sem calma 
Neste mundo sem razão
Nas gargalhadas dos bobos
Nos tristes corpos sem alma 
A viver na escuridão

Mundo de inverno

Letra e música de Paco Gonzalez
Repertório de Artur Batalha

Desde que te deixei, a minha vida
É choro de criança abandonada
Perdeu o teu amor, anda perdida
Nos braços duma longa madrugada

Desde que te deixei, uma ansiedade
Impõe-me a sua dor que me devora
E á noite, na lareira da saudade
Aqueço um coração que por ti chora

Mundo d'inverno
Corpo gelado
Sem o teu corpo
Nos lençóis deste meu fado
Mundo d'inverno
Angústia louca
Sem o carinho e o calor 
Da tua boca

Desde que te deixei tudo é tristeza
Tudo é caminho errado na minh'alma
É o arrastar do tempo, tendo a certeza
Que nunca um outro amor meu ser acalma

Desde que te deixei mora comigo
A voz amarga e louca da paixão
Eu sinto que sou outro e não consigo
Calar este maldito coração