Artur Ribeiro / António Parreira
Repertório de Rodrigo
Este nosso ficar de vez em quando
Assim, olhos nos olhos, d’alma presa
Os pedaços de ti que vais deixando
São gotas de alegria na tristeza
Este ser um do outro sem ter peias
Na loucura total que nos invade
O que fica de ti nas minhas veias
São gotas de presença na saudade
Este meu duvidar tendo a certeza
Que no final é sempre noite fria
São gotas de alegria na tristeza
São gotas de tristeza na alegria
Convite ao Porto
Maria da Luz Castro e Silva / Fernando Pereira
Repertório de Teresa Tapadas
Vem ver as cachapas saltar à fogueira
E na brincadeira queimar alcachofras
Vem ver namorados que muito juntinhos
Dizem segredinhos com beijos trocados
Vem ver manjericos e as ervas santas
E lá para as tantas beta com o porro
Vem ver como é a velhinha Sé
Toda iluminada no alto do Morro
Porto, Porto, Porto
Esta noite é toda tua
Vem dia p’rá rua
Vem daí folgar
Porto, Porto, Porto
Vem dái, que a própria lua
Se não vens, amua
Pois te quer ouvir cantar
Vem meu Porto amigo, vem para a folia
Vem com alegria que eu vou contigo
Eu sou a cantiga que de braço dado
Irei a teu lado como boa amiga
Meu Porto fagueiro, nesta noite bela
Eu serei aquela, sempre à tua beira
Pois no São João vibra o coração
Na chama cadente da gente tripeira
Repertório de Teresa Tapadas
Vem ver as cachapas saltar à fogueira
E na brincadeira queimar alcachofras
Vem ver namorados que muito juntinhos
Dizem segredinhos com beijos trocados
Vem ver manjericos e as ervas santas
E lá para as tantas beta com o porro
Vem ver como é a velhinha Sé
Toda iluminada no alto do Morro
Porto, Porto, Porto
Esta noite é toda tua
Vem dia p’rá rua
Vem daí folgar
Porto, Porto, Porto
Vem dái, que a própria lua
Se não vens, amua
Pois te quer ouvir cantar
Vem meu Porto amigo, vem para a folia
Vem com alegria que eu vou contigo
Eu sou a cantiga que de braço dado
Irei a teu lado como boa amiga
Meu Porto fagueiro, nesta noite bela
Eu serei aquela, sempre à tua beira
Pois no São João vibra o coração
Na chama cadente da gente tripeira
Marcha fúnebre
Pedro Homem de Mello / Joaquim Campos *alexandrino estilado em 4as*
Repertório de João Braga
Vinham dois, vinham quarenta
De Este a Oeste, Norte a Sul
Repertório de João Braga
Vinham dois, vinham quarenta
Vinham já cem mil talvez
E uma poeira sangrenta
E uma poeira sangrenta
Cobre o solo português
De Este a Oeste, Norte a Sul
Tais como as ondas do mar
Olhar negro, ontem azul
Olhar negro, ontem azul
Vinham deitar-se a afogar
Vinham mudos e sombrios
Vinham sem saber onde iam
Cidade, cidade minha
Vinham mudos e sombrios
Com a noite na garganta
Vinham cegos como os rios
Vinham cegos como os rios
Como a sede quando espanta
Vinham sem saber onde iam
Mergulhando o corpo todo
Nas próprias veias que abriam
Nas próprias veias que abriam
Como quem se afunda em lodo
Eram eles a fronteira
Eram eles a fronteira
Da pátria sem pensamento
Como escravos sem bandeira
Como escravos sem bandeira
Tendo por bandeira o vento
Cidade, cidade minha
Quem o havia de dizer?
Atrás de um, mais outro vinha
Atrás de um, mais outro vinha
E vinha para morrer!
Resignado
António Rocha / Salvador Gomes *alexandrino valmor*
Repertório de António Rocha
Nem mais uma palavra de queixa ou de lamento
Nem mais uma alusão à dor que me consome
Não mais quem tanto esperava, não mais a voz do vento
Trazendo aos meus ouvidos o eco do teu nome
Nem mais noites de calma falando à luz da lua
Quando os longos silêncios diziam mais que nós
Não mais a minha alma arrebatada e nua
Ouvindo extasiada o som da tua voz
Masa a recordação deste sonho só meu
Há-de ficar no tempo, há-de viver em mim
Porque este coração eternamente teu
Batendo no meu peito, há-de lembrar-te assim
Nascente d’água pura aonde fui matar
Esta sede de amor, secura de carinho
Fogueira de ternura onde me fui queimar
Lágrima cristalina que hei-de chorar sozinho
Repertório de António Rocha
Nem mais uma palavra de queixa ou de lamento
Nem mais uma alusão à dor que me consome
Não mais quem tanto esperava, não mais a voz do vento
Trazendo aos meus ouvidos o eco do teu nome
Nem mais noites de calma falando à luz da lua
Quando os longos silêncios diziam mais que nós
Não mais a minha alma arrebatada e nua
Ouvindo extasiada o som da tua voz
Masa a recordação deste sonho só meu
Há-de ficar no tempo, há-de viver em mim
Porque este coração eternamente teu
Batendo no meu peito, há-de lembrar-te assim
Nascente d’água pura aonde fui matar
Esta sede de amor, secura de carinho
Fogueira de ternura onde me fui queimar
Lágrima cristalina que hei-de chorar sozinho
Fado dos trevos
Vasco da Graça Moura / Florêncio de Carvalho
Repertório de Clara
Este poema também foi gravado por Maria Azóia na música
Repertório de Clara
Este poema também foi gravado por Maria Azóia na música
do Fado Alexandrino Antigo de Armando Augusto Freire
A vida é feita de escolhas
Quis escolher uma vez
Um trevo de quatro folhas
Mas só vi trevos de três
Quis então cantar nas ruas
Um fado que as três resuma
Mais valem três do que duas
E mais duas que nenhuma
E então cantando e somando
O que quero e o que não quero
No meu onde, como, e quando
Tinha de partir do zero
E então cantando e somando
O que quero e o que não quero
Acontece que entretanto
Deu-se um golpe de teatro
Encontrei-te e amei-te tanto
Que as três valeram por quatro
E assim, nas minhas escolhas
Eu tinha razão talvez
Transformando em quatro folhas
Trevos que eram só de três
Vejo ao longe
Maria Fernanda Santos / Domingos Camarinha
Repertório de Fernanda Maria
Fecho os olhos sem dormir
E relembro sem sonhar
O que a vida me roubou
A saudade que deixou
Dentro de mim a chorar
Vejo ao longe sem te ver
Vou lembrando sem lembrar
A tua sombra a meu lado
Recordações do passado
Dentro de mim a chorar
Sinto passos sem sentir
E falando sem falar
Na hora da despedida
Sinto uma vida sem vida
Dentro de mim a chorar
Repertório de Fernanda Maria
Fecho os olhos sem dormir
E relembro sem sonhar
O que a vida me roubou
A saudade que deixou
Dentro de mim a chorar
Vejo ao longe sem te ver
Vou lembrando sem lembrar
A tua sombra a meu lado
Recordações do passado
Dentro de mim a chorar
Sinto passos sem sentir
E falando sem falar
Na hora da despedida
Sinto uma vida sem vida
Dentro de mim a chorar
Manhãs do Porto
José Guimarães / Rezende Dias
Repertório de Maria Rosa Rodrigues
Vai-se a noite
Repertório de Maria Rosa Rodrigues
Vai-se a noite
Com seu manto de luar
Já no céu não a brilha a lua
Radioso vem o sol para beijar
As pedras de cada rua
O Porto em manhã de sol
Já no céu não a brilha a lua
Radioso vem o sol para beijar
As pedras de cada rua
O Porto em manhã de sol
Tem mais calor
Fala mais ao coração
É aguarela de cor
Dum estribilho de amor
Que vem de cada pregão
Passa alegre, alegre, a varina
Solta ao vento pregões matinais
Mais além já vem o ardina
Vem correndo, vendendo jornais
Na Fontinha, na Sé, na Ribeira
Há cantigas dispersas no ar
Cada bairro da cidade inteira
Nasce o dia, começa a cantar
Há perfumes
Fala mais ao coração
É aguarela de cor
Dum estribilho de amor
Que vem de cada pregão
Passa alegre, alegre, a varina
Solta ao vento pregões matinais
Mais além já vem o ardina
Vem correndo, vendendo jornais
Na Fontinha, na Sé, na Ribeira
Há cantigas dispersas no ar
Cada bairro da cidade inteira
Nasce o dia, começa a cantar
Há perfumes
Nos craveiros das janelas
Que se abrem de par em par
Tocam sinos nas igrejas e capelas
Para a cidade rezar
Pela rua passa em bando
Que se abrem de par em par
Tocam sinos nas igrejas e capelas
Para a cidade rezar
Pela rua passa em bando
A mocidade
A transbordar de alegria
O Porto linda cidade
Tem a cor e a majestade
Na graça de novo dia
O Porto linda cidade
Tem a cor e a majestade
Na graça de novo dia
Uma flor na lapela
António Vasconcelos / Eugénio Pepe
Repertório de Ada de Castro
As flores são uma lembrança delicada
Sempre apreciada se enviadas à mulher
São saudação bem feminina
Quem estima não esquece
As flores são um presente delicado
Todo o namorado, ao enviar
Sabe que vai no ramo
Muito mais que *eu amo*
Repertório de Ada de Castro
As flores são uma lembrança delicada
Sempre apreciada se enviadas à mulher
São saudação bem feminina
Quem estima não esquece
As flores são um presente delicado
Todo o namorado, ao enviar
Sabe que vai no ramo
Muito mais que *eu amo*
Todo o verbo amar
Uma flor na lapela
Que graça que tem
Uma flor à janela
Uma flor na lapela
Que graça que tem
Uma flor à janela
Como fica bem
Uma flor no cabelo
O encanto que traz
Rosas, cravos, margaridas
Uma flor no cabelo
O encanto que traz
Rosas, cravos, margaridas
Tanto faz
Nascer e morrer fadista
Alberto Jorge / Georgino de Sousa *fado georgino*
Repertório de Leonor Santos
Nasci e por feliz sina
Fatalidade divina
Tive um amor desvairado
Ser castiça cantadeira
E assim, desta maneira
Falar a cantar o fado
O fado, fado da gente
Repertório de Leonor Santos
Nasci e por feliz sina
Fatalidade divina
Tive um amor desvairado
Ser castiça cantadeira
E assim, desta maneira
Falar a cantar o fado
O fado, fado da gente
Que dizem ser deprimente
Que alberga toda a desgraça
Confesso que o fado é
Que alberga toda a desgraça
Confesso que o fado é
Minha cartilha de fé
Em cada dia que passa
O maldizente do fado
Em cada dia que passa
O maldizente do fado
É maldizer o passado
De um xaile traçado ao peito
Bem juntinho ao coração
De um xaile traçado ao peito
Bem juntinho ao coração
Rezo tanto em oração
Fica-me bem este jeito
E p’ra final do meu fado
Fica-me bem este jeito
E p’ra final do meu fado
Quando tocar a finado
Dou minha alma bizarra
A Deus todo o poderoso
Dou minha alma bizarra
A Deus todo o poderoso
Com o som harmonioso
Da viola e da guitarra
Da viola e da guitarra
Alameda das Fontaínhas
Rodrigues Canedo / José Duarte Seixal *fado seixal*
Repertório de Rodrigo
Fontaínhas em de fonte
E fontes lembram frescor
Foi ali, que entre horizontes
Assentes em duas pontes
Fiz uma pode de amor
Fontaínhas, Fontaínhas
Repertório de Rodrigo
Fontaínhas em de fonte
E fontes lembram frescor
Foi ali, que entre horizontes
Assentes em duas pontes
Fiz uma pode de amor
Fontaínhas, Fontaínhas
Onde amei a vez primeira
Agora, saudades minhas
São um bando de andorinhas
Agora, saudades minhas
São um bando de andorinhas
Nos beirais da Corticeira
Ó consagrada Alameda
Ó consagrada Alameda
Num chão de pedras antigas
Meus passos eram de seda
E o passado me segreda
Meus passos eram de seda
E o passado me segreda
Uns retalhos de cantigas
Fontaínhas, meu tesouro
Fontaínhas, meu tesouro
Tu me déste imenso gosto
De ver seu cabelo ouro
Tremer às brisas do Douro
De ver seu cabelo ouro
Tremer às brisas do Douro
Na moldura do seu rosto
E se a dona do cabelo
E se a dona do cabelo
Se ausentava, então eu via
Na vela de algum Rabelo
O retângulo do selo
Na vela de algum Rabelo
O retângulo do selo
Das cartas que me escrevia
Fontaínhas, Fontaínhas
Fontaínhas, Fontaínhas
Serra do Pilar defronte
São João, saudades minhas
Seja tudo p’las Alminhas
São João, saudades minhas
Seja tudo p’las Alminhas
Pelas Alminhas da Ponte
Cada vez mais
Alexandra Solnado / Paulo de Carvalho
Repertório de Sara
Primeiro foi quase nada
Deste-me um beijo e eu corei
Estava tão sossegada
Eu que sabia tudo… já não sei
Não quero amores de um verão
E nem paixões acidentais
O teu amor é o meu chão
Cada vez mais
Depois correste a cortina
Puseste um sonho a tocar no tom
Ainda sou tão menina
Contigo já sou mulher… é bom
Então veio o aconchego
Destes abraços que são meus
Eu ando morta de medo
Que logo a seguir venha o adeus
Já vai alta a madrugada
Passou por aqui um vendaval
Ainda estou assustada
Não quero que tu faças mal
Repertório de Sara
Primeiro foi quase nada
Deste-me um beijo e eu corei
Estava tão sossegada
Eu que sabia tudo… já não sei
Não quero amores de um verão
E nem paixões acidentais
O teu amor é o meu chão
Cada vez mais
Depois correste a cortina
Puseste um sonho a tocar no tom
Ainda sou tão menina
Contigo já sou mulher… é bom
Então veio o aconchego
Destes abraços que são meus
Eu ando morta de medo
Que logo a seguir venha o adeus
Já vai alta a madrugada
Passou por aqui um vendaval
Ainda estou assustada
Não quero que tu faças mal
Eu nasci na Mouraria
Júlio de Sousa / Popular *fado mouraria*
Repertório de Isabel de Oliveira
Eu nasci na Mouraria
À luz doce das candeias
Minha mãe cantava o fado
Eu tenho o fado nas veias
Eu nasci na Mouraria
Repertório de Isabel de Oliveira
Eu nasci na Mouraria
À luz doce das candeias
Minha mãe cantava o fado
Eu tenho o fado nas veias
Eu nasci na Mouraria
Na hora em que é bom sonhar
Onde o silêncio dizia
Onde o silêncio dizia
Os segredos ao luar
Eu vivi na Mouraria
Eu vivi na Mouraria
Debruçada na janela
Do alto, a vida parecia
Do alto, a vida parecia
Uma outra vida mais bela
Um dia caí na rua
Um dia caí na rua
Outra vida conheci
Não era minha, foi tua
Não era minha, foi tua
A vida que então vivi
Deixa lá
Alexandra Solnado / Paulo de Carvalho
Repertório de Sara
Deixaste um adeus à janela
E as coisas que tu nunca mais vais usar
Todos as carinhos agora são dela
Ficou mais longe o meu olhar
Deixaste algumas gravatas
Aquelas que nunca soubeste apertar
Memórias dos anos passados são datas
Que eu não me canso de lembrar
Deixa lá que o pior já passou
Quando quiseres voltar, cá estou
Deixa lá, não vou saír daqui
Enquanto puder espero por ti
Deixaste abertas gavetas
E a calma sentou-se na sala de estar
À espera que ainda voltes, estou eu
Que não me canso de pensar
Mas deixaste o mais importante
De todas as coisas que tinhas à mão
Levastes os livros e o pó da estante
Mas deixaste ficar o meu coração
Repertório de Sara
Deixaste um adeus à janela
E as coisas que tu nunca mais vais usar
Todos as carinhos agora são dela
Ficou mais longe o meu olhar
Deixaste algumas gravatas
Aquelas que nunca soubeste apertar
Memórias dos anos passados são datas
Que eu não me canso de lembrar
Deixa lá que o pior já passou
Quando quiseres voltar, cá estou
Deixa lá, não vou saír daqui
Enquanto puder espero por ti
Deixaste abertas gavetas
E a calma sentou-se na sala de estar
À espera que ainda voltes, estou eu
Que não me canso de pensar
Mas deixaste o mais importante
De todas as coisas que tinhas à mão
Levastes os livros e o pó da estante
Mas deixaste ficar o meu coração
Não gosto de mim
Artur Ribeiro / Alfredo Duarte *fado mocita dos caracóis*
Repertório de Rodrigo
Já não me lembro ao que vim
Nem para que nasci eu
Desencontrei-me de mim
E detesto ver-me assim
Num rosto que não é meu
Não gosto de mim, nem tento
Repertório de Rodrigo
Já não me lembro ao que vim
Nem para que nasci eu
Desencontrei-me de mim
E detesto ver-me assim
Num rosto que não é meu
Não gosto de mim, nem tento
Que alguém me suporte agora
Agora que o meu lamento
Agora que o meu lamento
Vai ser escrito no vento
Eu quero deitar-me fora
Quando agora me diviso
Eu quero deitar-me fora
Quando agora me diviso
Neste nada, que ficou?
Um nada que causa riso
Um nada que causa riso
Por ver que o mundo narciso
Se vê naquilo que sou
Não gosto nem acredito
Não gosto nem acredito
Que me acomode de todo
Qualquer dia dou um grito
Qualquer dia dou um grito
Tiro a máscara do mito
E regresso a mim de novo
E regresso a mim de novo
Jóia sagrada
Frutuoso França / Popular *fado menor*
Repertório de Frutuoso França
Repertório de Frutuoso França
Tive uma jóia sagrada
Era a minha santa mãe
Perdi-a, fiquei sem nada
Sou mais pobre que ninguém
Levo a custo, de vencida
Era a minha santa mãe
Perdi-a, fiquei sem nada
Sou mais pobre que ninguém
Levo a custo, de vencida
Da vida, a cruz tão pesada
Porque apenas nesta vida
Tive uma jóia sagrada
Essa jóia de valor
Essa jóia de valor
Na mente conservo bem
Era uma santa, um amor
Era a minha santa mãe
Dizem que partiu pró céu
Dizem que partiu pró céu
Prá sua eterna morada
Que tudo tem e só eu
Perdi-a, fiquei sem nada
Ao partir, entre desejos
Ao partir, entre desejos
Beijou-me muito, porém
Hoje ao lembrar os seus beijos
Sou mais pobre que ninguém
Gosto do preto no branco
António Aleixo / Marcírio Ferreira
Repertório de Alfredo Guedes
Gosto do preto no branco
Como costumam dizer
Antes perder por ser franco
Que ganhar por não o ser
Vinho que vai p’ra vinagre
Repertório de Alfredo Guedes
Gosto do preto no branco
Como costumam dizer
Antes perder por ser franco
Que ganhar por não o ser
Vinho que vai p’ra vinagre
Não retrocede o caminho
Só por obra de milagre
Só por obra de milagre
Pode de novo ser vinho
Casado que arrasta a asa
Casado que arrasta a asa
À mulher deste e daquele
Merece que tenha em casa
Merece que tenha em casa
Outro homem no luar dele
Eu não sei porque razão
Eu não sei porque razão
Certos homens, a meu ver
Quanto mais pequenos são
Quanto mais pequenos são
Maiores querem parecer
Tempos antigos
Letra de Gabriel de Oliveira
Publicada a 22.04.1934 na edição Nº291 do Jornal GUITARRA de PORTUGAL
Publicada a 22.04.1934 na edição Nº291 do Jornal GUITARRA de PORTUGAL
com a indicação de pertencer ao repertório de Júlio Proença e Alberto Costa
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Quando se usava navalha
Na Alfama e na Mouraria
Como afirmação bairrista
Servia só à canalha
Na mão falsa do rufia
Nunca nas mãos dum fadista
Na companhia de amigos
Da legião que trabalha
Na Alfama e na Mouraria
Como afirmação bairrista
Servia só à canalha
Na mão falsa do rufia
Nunca nas mãos dum fadista
Na companhia de amigos
Da legião que trabalha
A labutar todo o dia
Recordo tempos antigos
Quando se usava navalha
Recordo tempos antigos
Quando se usava navalha
Na Alfama e na Mouraria
Na lama da sociedade
Por causa duma mulher
Na lama da sociedade
Por causa duma mulher
Dessas de fácil conquista
Havia orgulho e vaidade
Em dar um traço a qualquer
Havia orgulho e vaidade
Em dar um traço a qualquer
Como afirmação bairrista
Mas essa lâmina atroz
Que um bairro inteiro abandalha
Mas essa lâmina atroz
Que um bairro inteiro abandalha
E é brasão de cobardia
Não era usada por nós
Servia só à canalha
Não era usada por nós
Servia só à canalha
Na mão falsa do rufia
O Faia não recuava
Encarando frente a frente
O Faia não recuava
Encarando frente a frente
Essa ralé fatalista
E se a navalha brilhava
Era nas mãos dessa gente
E se a navalha brilhava
Era nas mãos dessa gente
Nunca nas mãos dum fadista
Taça de doce licor
Carlos Baleia / Nuno Nazareth Fernandes
Repertório de Jorge Batista da Silva
É uma aragem que passa
Um bafo quente que beija
Mistério que nos abraça
E que sem querer se deseja
É a força em movimento
Repertório de Jorge Batista da Silva
É uma aragem que passa
Um bafo quente que beija
Mistério que nos abraça
E que sem querer se deseja
É a força em movimento
Que dirige nossos passos
E que num breve momento
E que num breve momento
Nos põe o mundo nos braços
Um riso de olhos vendados
Um riso de olhos vendados
Onde floresce o amor
Sabor de lábios molhados
Sabor de lábios molhados
Taça de doce licor
Veloz o vento desliza
Veloz o vento desliza
Neste beijo que vai dando
E a vida nem nos avisa
E a vida nem nos avisa
Que está o tempo passando
É corrida de segundos
É corrida de segundos
A que se corre a seu lado
E os braços seguram mundos
E os braços seguram mundos
Num minuto aprisionado
Vinda longa, vida breve
Vinda longa, vida breve
Presente igual a passado
Dia a dia onde se escreve
Dia a dia onde se escreve
O que não está acabado
O amor
Letra de Francisco Radamanto
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
O amor, a paixão, tudo isso enfim
Que faz bater depressa os corações
Resume-se em princípio, meio e fim
Palavrinhas, palavras, palavrões
No princípio há só mel, e é dado ver
Que ele e ela, arrulhando, quais pombinhas
Só falam um c’o outro p’ra dizer
Minha fada… meu anjo… palavrinhas
No meio, quando acaba tanta festa
Os ditos, já banais, são de outras lavras
E desse mel antigo apenas resta:
Eu já venho… até logo… só palavras
E cada vez pior, até que ao fim
Em vez de beijos há só beliscões
E as frases que eles trocam são assim
Vai à fava… malvado… palavrões
Que faz bater depressa os corações
Resume-se em princípio, meio e fim
Palavrinhas, palavras, palavrões
No princípio há só mel, e é dado ver
Que ele e ela, arrulhando, quais pombinhas
Só falam um c’o outro p’ra dizer
Minha fada… meu anjo… palavrinhas
No meio, quando acaba tanta festa
Os ditos, já banais, são de outras lavras
E desse mel antigo apenas resta:
Eu já venho… até logo… só palavras
E cada vez pior, até que ao fim
Em vez de beijos há só beliscões
E as frases que eles trocam são assim
Vai à fava… malvado… palavrões
Doido sim, mas não louco
Letra e música de Alves Coelho Filho
Repertório de Francisco José
Dizem p'raí que eu sou doido, ainda bem
Sou feliz por me julgarem assim
No entanto eu nunca fiz mal a ninguém
Quero aos outros o que quero para mim
Dizem p'raí que eu sou doido, que m’importa
Essa voz do povo é para mim quimera
Pois quem bate à minha porta
Tem o pão que o conforta
E uma amizade sincera
Sou doido por ti minha mãe
A estrela que tem mais fulgor
Sou doido por ti meu bom pai
Que és para mim o amigo maior
Sou doido por ti Portugal
A pátria onde um dia nasci
Sou doido e não louco
Porque louco, afinal
Só louco por ti
Dizem p'raí que eu sou doido, pois seja
Deixai falar quem assim tem prazer
Não viveu nem vive em mim a inveja
Nem desejo mau amigo ver sofrer
Dizem p'raí que eu sou doido, oh que ilusão
Dizem por fim, tanta coisa por aí
Mas tenho mais coração
E p’los meus maior paixão
Repertório de Francisco José
Dizem p'raí que eu sou doido, ainda bem
Sou feliz por me julgarem assim
No entanto eu nunca fiz mal a ninguém
Quero aos outros o que quero para mim
Dizem p'raí que eu sou doido, que m’importa
Essa voz do povo é para mim quimera
Pois quem bate à minha porta
Tem o pão que o conforta
E uma amizade sincera
Sou doido por ti minha mãe
A estrela que tem mais fulgor
Sou doido por ti meu bom pai
Que és para mim o amigo maior
Sou doido por ti Portugal
A pátria onde um dia nasci
Sou doido e não louco
Porque louco, afinal
Só louco por ti
Dizem p'raí que eu sou doido, pois seja
Deixai falar quem assim tem prazer
Não viveu nem vive em mim a inveja
Nem desejo mau amigo ver sofrer
Dizem p'raí que eu sou doido, oh que ilusão
Dizem por fim, tanta coisa por aí
Mas tenho mais coração
E p’los meus maior paixão
Vou deixar o meu homem
Letra de Carlos Conde
Repertório de Maria Amélia Proença (?)
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel
A zanga agora é de vez
Não, aquele homem não é
Um homem p'ra me servir
Calculem que há mais de um mês
Chega a casa, janta, lê
Deita-se e põe-se a dormir
De noite, se ele desperta
Acendo a luz a correr
Repertório de Maria Amélia Proença (?)
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel
A zanga agora é de vez
Não, aquele homem não é
Um homem p'ra me servir
Calculem que há mais de um mês
Chega a casa, janta, lê
Deita-se e põe-se a dormir
De noite, se ele desperta
Acendo a luz a correr
E dou-lhe beijos, em suma
Mas nem com a luz aberta
Ele abre os olhos p'ra ver
Mas nem com a luz aberta
Ele abre os olhos p'ra ver
Que não sou peste nenhuma
Diz que o estômago lhe dói
E doí-lhe apenas na hora
Diz que o estômago lhe dói
E doí-lhe apenas na hora
Dos meus beijos delicados
E o que mais me rala e mói
É saber que ele lá fora
E o que mais me rala e mói
É saber que ele lá fora
Come pratos variados
Ando doida, revoltada
Isto assim não pode ser
Ando doida, revoltada
Isto assim não pode ser
Quando se vive em comum
Não me faltava mais nada
Ele, lá fora, a comer
Não me faltava mais nada
Ele, lá fora, a comer
E eu a ficar em jejum
Alfacinha de gema
Eduardo Damas / Manuel Paião
Reportório de Deolinda Rodrigues
Subo o Chiado à tardinha
Vejo as marchas n’avenida
Bebo o café no Rossio
E é esta a minha vida
Vou aos retiros de fado
Chorar a dor e a virtude
E levo sempre uma vela
À Senhora da Saúde
Sou Alfacinha da Gema
Gosto da Rua do Ouro
E como eu gosto, Meu Deus
Reportório de Deolinda Rodrigues
Subo o Chiado à tardinha
Vejo as marchas n’avenida
Bebo o café no Rossio
E é esta a minha vida
Vou aos retiros de fado
Chorar a dor e a virtude
E levo sempre uma vela
À Senhora da Saúde
Sou Alfacinha da Gema
Sou do Largo dos Trigueiros
Ali bem junto da Baixa
Ali bem junto da Baixa
Com varandas e craveiros
Sou Alfacinha da Gema
Eu amo Lisboa inteira
E creio até que ‘inda choro
E creio até que ‘inda choro
Pela Praça da Figueira
Gosto da Rua do Ouro
Do Arco da Dona Augusta
E das Ruínas do Carmo
E das Ruínas do Carmo
Juntinhas a Santa Justa
E como eu gosto, Meu Deus
Das janelas com craveiros
Á luz do sol da tardinha
Á luz do sol da tardinha
Lá no Largo dos Trigueiros
Vou ao Parque ver revista
E podem ter a certeza
Que o espetáculo que eu gosto
É a Revista à Portuguesa
Amo muito a minha baixa
E sofro ao pensar que um dia
Depois da Graça e do Arco
Me levam a Mouraria
Vou ao Parque ver revista
E podem ter a certeza
Que o espetáculo que eu gosto
É a Revista à Portuguesa
Amo muito a minha baixa
E sofro ao pensar que um dia
Depois da Graça e do Arco
Me levam a Mouraria
A ajuntadeira
Letra de Gabriel de Oliveira e João Linhares Barbosa
Publicada a 08.10.1936 na edição Nº319 do Jornal GUITARRA de PORTUGAL
Publicada a 08.10.1936 na edição Nº319 do Jornal GUITARRA de PORTUGAL
com a indicação de pertencer ao repertório de Maria do Carmo Torres
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
A Helena ajuntadeira
Farta de ajuntar calçado
Juntou-se ainda solteira
Ao seu vizinho do lado
Houve festança na escada
Farta de ajuntar calçado
Juntou-se ainda solteira
Ao seu vizinho do lado
Houve festança na escada
E juntaram-se os vizinhos
Não foi preciso mais nada
Não foi preciso mais nada
P’ra juntarem os trapinhos
Passou a viver ao lado
Passou a viver ao lado
Do Manuel serralheiro
Ia juntando calçado
Ia juntando calçado
Mas não juntava dinheiro
Ele fez dela uma escrava
Ele fez dela uma escrava
E em noites de bebedeira
Junto com outras gastava
Junto com outras gastava
A féria da ajuntadeira
A sorte foi-se de todo
A sorte foi-se de todo
Até que a viram um dia
Junto a uns pobres num bodo
Junto a uns pobres num bodo
Na Junta de Freguesia
Se lhe perguntam por ele
Se lhe perguntam por ele
Ela responde à pergunta
Que não 'stá junta ao Manel
Mas que a outro não se junta
Meu Porto à noite
José Guimarães / José Maria Antunes
Repertório de Ricardo Barreto
Venham ver este luar
Que nas ondas se retrata
E Rio Douro a brilhar
Parece um rio de prata
As janelas, venham ver
Quais cristais a rebrilhar
Umas a apagar
Outras a acender
São rubis a cintilar
O Porto à noite é fantasia
Luz que inebria
Repertório de Ricardo Barreto
Venham ver este luar
Que nas ondas se retrata
E Rio Douro a brilhar
Parece um rio de prata
As janelas, venham ver
Quais cristais a rebrilhar
Umas a apagar
Outras a acender
São rubis a cintilar
O Porto à noite é fantasia
Luz que inebria
Tristeza, alegria
Ternura e saudade
No Porto à noite a graça é tanta
E o céu se encanta
No fado que canta
A voz da cidade
O Porto à noite é uma prece
Que nos aquece
Que nos aquece
E a velha Sé reza
Sempre que anoitece
Sonho feliz
Que nos prende e dá conforto
Cai a tarde e a gente diz
Boa noite meu Porto
Um brinco dos teus
Letra de Artur Soares Pereira
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Se eu pudesse ser um dia
Maria, um brinco dos teus
Que coisas lindas diria
Aos teus ouvidos, meu Deus
Sempre alerta e vigilante
Maria, um brinco dos teus
Que coisas lindas diria
Aos teus ouvidos, meu Deus
Sempre alerta e vigilante
Qual sentinela em seu posto
Juro, guardava o teu rosto
Juro, guardava o teu rosto
Beijando-o a todo o instante
Têm brilho inebriante
Têm brilho inebriante
Os teus olhos, dois judeus
De cristãos fazem ateus
De cristãos fazem ateus
Nem eu sei o que faria
Se eu pudesse ser um dia
Maria, um brinco dos teus
Pendurado com carinho
Se eu pudesse ser um dia
Maria, um brinco dos teus
Pendurado com carinho
No teu rosto encantador
Meigas palavras de amor
Meigas palavras de amor
Eu murmurava baixinho
Contigo faria um ninho
Contigo faria um ninho
Abençoado p’los céus
Mais ninguém, dos lábios meus
Mais ninguém, dos lábios meus
Palavras de amor ouvia
Que coisas lindas diria
Aos teus ouvidos, meu Deus
Que coisas lindas diria
Aos teus ouvidos, meu Deus
Milagres
Letra Gabriel de Oliveira e Linhares Barbosa
Publicada a 13.03.1937 na edição Nº318 do Jornal GUITARRA de PORTUGAL
Publicada a 13.03.1937 na edição Nº318 do Jornal GUITARRA de PORTUGAL
com a indicação de pertencer ao repertório de Fernanda Amália
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
O meu filhinho ao nascer
Encheu-me a casa de luz
E ouvi um anjo dizer
A Virgem vem-te oferecer
O seu Menino Jesus
Cantava um melro defronte
Encheu-me a casa de luz
E ouvi um anjo dizer
A Virgem vem-te oferecer
O seu Menino Jesus
Cantava um melro defronte
Em sinal de bom agoiro
Palrava perto uma fonte
E ao longe, no horizonte
Palrava perto uma fonte
E ao longe, no horizonte
O sol derretia oiro
O meu lar, todo alegria
O meu lar, todo alegria
Encheu-se de vizinhança
E toda a gente dizia
Que nascera nesse dia
E toda a gente dizia
Que nascera nesse dia
A mais formosa criança
Peguei-lhe cheia de jeito
Peguei-lhe cheia de jeito
Contente, orgulhosa e louca
O mundo era curto e estreito
Pró prazer de dar o peito
O mundo era curto e estreito
Pró prazer de dar o peito
Àquela pequena boca
Ao longe passou alguém
Ao longe passou alguém
A cantar este estribilho:
Dos milagres que Deus tem
O maior foi dar à mãe
Dos milagres que Deus tem
O maior foi dar à mãe
O leite para o seu filho
Madrugada
Carlos Baleia / Fernando Silva
Repertório de Jorge Batista da Silva
Nasceu a madrugada em mil desejos
E havia insensatez no meu olhar
Uma ânsia d’amor sorvendo beijos
Que o tempo cruel não me quis dar
Criei minhas manhãs de nevoeiro
Qual príncipe a viver seu sonho louco
E assim fugindo do mundo verdadeiro
Fui-me enganando em noites de sufoco
Difusa imagem de um amor vivido
Real ou irreal, na alma impresso
Com um raio de esperança sem sentido
E outros que segredam teu regresso
E então tudo à volta em luz se agita
Num sol de promessas estonteantes
Acalmando sentimentos de desdita
Augurando madrugadas triunfantes
Repertório de Jorge Batista da Silva
Nasceu a madrugada em mil desejos
E havia insensatez no meu olhar
Uma ânsia d’amor sorvendo beijos
Que o tempo cruel não me quis dar
Criei minhas manhãs de nevoeiro
Qual príncipe a viver seu sonho louco
E assim fugindo do mundo verdadeiro
Fui-me enganando em noites de sufoco
Difusa imagem de um amor vivido
Real ou irreal, na alma impresso
Com um raio de esperança sem sentido
E outros que segredam teu regresso
E então tudo à volta em luz se agita
Num sol de promessas estonteantes
Acalmando sentimentos de desdita
Augurando madrugadas triunfantes
Alma fadista
Letra de Gabriel de Oliveira
Publicada a 03.03.1932 na edição Nº 245 do Jornal GUITARRA de PORTUGAL
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Publicada a 03.03.1932 na edição Nº 245 do Jornal GUITARRA de PORTUGAL
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Quanto é lindo o nosso Fado
Numa cadência dolente
E no tom afadistado
Da mulher d’antigamente
Quanto é lindo o nosso Fado
Numa cadência dolente
E no tom afadistado
Da mulher d’antigamente
Quanto é lindo o nosso Fado
Na boca das cantadeiras
A recordar o passado
A recordar o passado
Das fadistas verdadeiras
Numa cadência dolente
Numa cadência dolente
Daquela mulher bairrista
Que sabe cantar e sente
Que sabe cantar e sente
Revive o fado fadista
E no tom afadistado
E no tom afadistado
Tem mais valor a cantiga
Por ser o fado arrastado
Por ser o fado arrastado
Dessa Mouraria antiga
Da mulher d’antigamente
Da mulher d’antigamente
E da sua tradição
Vive o fado eternamente
Vive o fado eternamente
Dentro do meu coração
Se eu fosse fado vadio
Letra de Lopes Vitor
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Se eu fosse o fado vadio
Alugava madrugadas
Dentro de velhas tipóias
E aceitava o desafio
Em forma de desgarradas
Com severas e rambóias
Se eu fosse o fado vadio
Tirava sangue das veias
Alugava madrugadas
Dentro de velhas tipóias
E aceitava o desafio
Em forma de desgarradas
Com severas e rambóias
Se eu fosse o fado vadio
Tirava sangue das veias
Para t’o dar com fervor
E no chão do desvario
Ficava paredes-meias
E no chão do desvario
Ficava paredes-meias
No fogo do nosso amor
Se eu fosse o fado vadio
Era guitarra, lanterna
Se eu fosse o fado vadio
Era guitarra, lanterna
Era xaile, era harmonia
Era a corrente de um rio
Alongado na caverna
Era a corrente de um rio
Alongado na caverna
A correr prá Mouraria
Se eu fosse o fado vadio
Era sonho, era alvorada
Se eu fosse o fado vadio
Era sonho, era alvorada
Medronho, rosa, silveira
Fazia da noite um rio
E morria, madrugada
Fazia da noite um rio
E morria, madrugada
Lá no Cacau da Ribeira
Padroeiras de Portugal
Letra de Gabriel de Oliveira
Transcrita no livro de A.Victor Machado, “Ídolos do Fado” 1937
Transcrita no livro de A.Victor Machado, “Ídolos do Fado” 1937
com a indicação de pertencer ao repertório de Natália dos Anjos
e ser cantada na música do Fado Mortalhas de Armando Machado
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Senhora da Boa Hora
Do alto da Serra das Neves
O meu amor foi-se embora
Já lá vai p’la barra fora
Pois que em boa hora o leves
Senhora da Boa Viagem
Lá vai ele no convés
Faz parte da marinhagem
Sobe aos mastros, tem coragem
Boa viagem lhe dês
Senhora da Boa Esperança
Protege-o no alto mar
Que o mar alto só descansa
Quando tu lhe dás bonança
Dá-lhe esp’rança de voltar
Do alto da Serra das Neves
O meu amor foi-se embora
Já lá vai p’la barra fora
Pois que em boa hora o leves
Senhora da Boa Viagem
Lá vai ele no convés
Faz parte da marinhagem
Sobe aos mastros, tem coragem
Boa viagem lhe dês
Senhora da Boa Esperança
Protege-o no alto mar
Que o mar alto só descansa
Quando tu lhe dás bonança
Dá-lhe esp’rança de voltar
Carta à Maria
Manuel Casimiro / Carlos da Maia *fado perseguição*
Repertório de Eduarda Maria
Repertório de Eduarda Maria
Este tema também foi gravado com o título "Carta a Manuel"
Manuel, cá recebi
A carta em que me dizias
Que entre nós tudo acabou
E foi com espanto que li
Que no mundo há mais Marias
E eu p'ra ti já nada sou
Não me ofende o teu desdém
Manuel, cá recebi
A carta em que me dizias
Que entre nós tudo acabou
E foi com espanto que li
Que no mundo há mais Marias
E eu p'ra ti já nada sou
Não me ofende o teu desdém
Nem me atinge o teu desprezo
Podes pois ficar em paz
Pode ser que outra Maria
Vou dobrar este papel
Até juro, nota bem
Pela luz que tanto prezo
Que nunca mais me verás
Pode ser que outra Maria
Satisfaça teus desejos
E cumpra a tua vontade
Estou certa que nesse dia
Lembrarás meus castos beijos
Co’a mais profunda saudade
Vou dobrar este papel
E aproveito p’ra dizer-te
Pela luz que me alumia
Que para ti, Manuel
Que para ti, Manuel
Embora não queira ver-te
Sou sempre a mesma Maria
Flores no lodo
Letra de Gabriel de Oliveira
Publicada a 10.11.1938 na edição Nº352 do Jornal GUITARRA de PORTUGAL
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel.
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Publicada a 10.11.1938 na edição Nº352 do Jornal GUITARRA de PORTUGAL
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel.
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Nas ruas mal afamadas
Do bairro da Mouraria
Há raparigas honradas
Puras como a luz do dia
Dizem que o factor miséria
Do bairro da Mouraria
Há raparigas honradas
Puras como a luz do dia
Dizem que o factor miséria
Faz milhões de desgraçadas
Mas há tanta mulher séria
Mas há tanta mulher séria
Nas ruas mal afamadas
Há meninas elegantes
Há meninas elegantes
Que se perdem na orgia
Mas essas vivem distantes
Mas essas vivem distantes
Do bairro da Mouraria
Se a Mouraria descobre
Se a Mouraria descobre
A vida das malfadadas
Também nesse bairro pobre
Também nesse bairro pobre
Há raparigas honradas
E se lá houve rameiras
E se lá houve rameiras
A gente honesta sabia
Guardar as filhas solteiras
Guardar as filhas solteiras
Puras como a luz do dia
Perguntas ao vento
Carlos Baleia / Fernando Silva
Repertório de Jorge Batista da Silva
Que mistério havia em teu olhar
Que fez mudar o mundo em meu redor
Que segredos trazias no andar
Que pacto tinhas tu com o amor;
São perguntas que, louco, faço ao vento
Que não cuida de mim nem um momento
Suspenso no sorriso que me dás
Surpresa que na noite me ilumina
Eu sinto que no teu sorrir fugaz
Há todo um poder que me domina;
E me arrasta na sombra que se afasta
Numa caminhada inútil e madrasta
Meu amor, teu rosto de passagem
Qual invasor cruel e abusivo
Deixou em mim o padrão dessa viagem
Que me deu o pesar em que ora vivo;
Castigo de um amar em sofrimento
Na esperança que me dês contentamento
Repertório de Jorge Batista da Silva
Que mistério havia em teu olhar
Que fez mudar o mundo em meu redor
Que segredos trazias no andar
Que pacto tinhas tu com o amor;
São perguntas que, louco, faço ao vento
Que não cuida de mim nem um momento
Suspenso no sorriso que me dás
Surpresa que na noite me ilumina
Eu sinto que no teu sorrir fugaz
Há todo um poder que me domina;
E me arrasta na sombra que se afasta
Numa caminhada inútil e madrasta
Meu amor, teu rosto de passagem
Qual invasor cruel e abusivo
Deixou em mim o padrão dessa viagem
Que me deu o pesar em que ora vivo;
Castigo de um amar em sofrimento
Na esperança que me dês contentamento
Os meus olhos
Letra de Gabriel de Oliveira
Do arquivo de Francisco Mendes, com a indicação de pertencer
Do arquivo de Francisco Mendes, com a indicação de pertencer
ao repertório de Natália dos Anjos
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Já tenho os olhos inchados
Farta de tanto chorar
Vão quatro dias passados
E o meu amor sem voltar
Não me deites ao desdém
Farta de tanto chorar
Vão quatro dias passados
E o meu amor sem voltar
Não me deites ao desdém
Tira-me destes cuidados
Quatro dias chegam bem
Quatro dias chegam bem
Já tenho os olhos inchados
Não sabes compreender
Não sabes compreender
O valor do meu penar
Saudosa de te não ver
Saudosa de te não ver
Farta de tanto chorar
Ao menos tem caridade
Ao menos tem caridade
Olha os meus olhos, coitados
A chorarem de saudade
A chorarem de saudade
Vão quatro dias passados
Deste viver sofredor
Deste viver sofredor
Não consigo descansar
À espera do meu amor
À espera do meu amor
E o meu amor sem voltar
Estações
Letra de António Cálem
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível.
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível.
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Quem me dera, quem me dera
Que fosses como os demais
Que fosses só Primavera
Primavera e nada mais
Mas és Verão em meus sentidos
Que fosses como os demais
Que fosses só Primavera
Primavera e nada mais
Mas és Verão em meus sentidos
És calor e és verdade
E eu visto gestos perdidos
E eu visto gestos perdidos
Para te cantar à vontade
É que o Outono que eu sou
É que o Outono que eu sou
Só pôde florir agora
Desde que em mim começou
Desde que em mim começou
O ser só teu, hora a hora
O Inverno virá depois
O Inverno virá depois
Mas deixa a neve e o frio
Que importa, se somos dois
Que importa, se somos dois
Contra o mundo em desafio?
Deserto de amor
Carlos Baleia / João Machado
Repertório de Jorge Batista da Silva
Ando no deserto e a areia é um mar
Com o vento perto e o sol a queimar
Vou na caravana lenta e multicor
Longe da tirana por quem sinto amor
Vejo uma palmeira e a sua miragem
E desta maneira eu sigo a viagem
Mas neste deserto caminho às escuras
Sem ter trilho certo prás suas loucuras
Sei como os seus lábios e seus finos dedos
Com talentos sábios, fabricam segredos
E lembro as orgias de palavras roucas
E as suas magias de carícias loucas
O vento suão sem ler alfarrábios
Sabe da paixão das mãos e dos lábios
E a onda d’areia, sempre a avançar
Vem de volta e meia tudo recordar
Tenda multicor de tantos segredos
Oásis de amor sem ter arvoredos
Ó moura encantada de uma tal miragem
És o tudo e o nada da minha viagem
Repertório de Jorge Batista da Silva
Ando no deserto e a areia é um mar
Com o vento perto e o sol a queimar
Vou na caravana lenta e multicor
Longe da tirana por quem sinto amor
Vejo uma palmeira e a sua miragem
E desta maneira eu sigo a viagem
Mas neste deserto caminho às escuras
Sem ter trilho certo prás suas loucuras
Sei como os seus lábios e seus finos dedos
Com talentos sábios, fabricam segredos
E lembro as orgias de palavras roucas
E as suas magias de carícias loucas
O vento suão sem ler alfarrábios
Sabe da paixão das mãos e dos lábios
E a onda d’areia, sempre a avançar
Vem de volta e meia tudo recordar
Tenda multicor de tantos segredos
Oásis de amor sem ter arvoredos
Ó moura encantada de uma tal miragem
És o tudo e o nada da minha viagem
A Justa
Letra de Linhares Barbosa e Gabriel de Oliveira
Publicada a 11.04.1935 na edição Nº319 do Jornal Guitarra de Portugal
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Publicada a 11.04.1935 na edição Nº319 do Jornal Guitarra de Portugal
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Nos seus caprichos, a Justa
Vive à larga, tem brilhantes
Se acaso a vida lhe custa
A Justa nunca se assusta
Vive à custa dos amantes
Passou-lhe à porta a desgraça
Vive à larga, tem brilhantes
Se acaso a vida lhe custa
A Justa nunca se assusta
Vive à custa dos amantes
Passou-lhe à porta a desgraça
E a Justa, sem mais demora
De S. Francisco, por graça
De S. Francisco, por graça
Pôs as armas na vidraça
E a desgraça foi-se embora
Diz-se que foi um desgosto
E a desgraça foi-se embora
Diz-se que foi um desgosto
Que a fez gostar desta vida
Pintou o rosto indisposto
Pintou o rosto indisposto
E numa noite de agosto
Por gosto se fez perdida
Como as ralações são lérias
Por gosto se fez perdida
Como as ralações são lérias
Misérias que Deus criou
Nunca pensa em coisas sérias
Nunca pensa em coisas sérias
E não se ajeita às misérias
Que a gente série inventou
A Justa desperta intrigas
Que a gente série inventou
A Justa desperta intrigas
Por se ligar aos da alta
Pertence a todas as ligas
Pertence a todas as ligas
Que casam as raparigas
Depois da primeira falta
Depois da primeira falta
Depois da primeira falta
A Justa, como é robusta
Já lutou no “Capitólio”
Já lutou no “Capitólio”
A todo o “sport” se ajusta
Mas, no “Capitólio”, a Justa
Não ganhou para o petróleo
Mas, no “Capitólio”, a Justa
Não ganhou para o petróleo
Ilha inventada
Carlos Baleia / João Machado
Repertório de Jorge Batista da Silva
Num mar de pura invenção
Repertório de Jorge Batista da Silva
Num mar de pura invenção
Existe a ilha inventada
Um penhasco, uma enseada
Um penhasco, uma enseada
Um promontório, um vulcão
Um campo por cultivar
Um campo por cultivar
Um ribeiro d'água pura
Arbustos a balouçar
Arbustos a balouçar
Raios de sol e ternura
Um homem, uma mulher
Um homem, uma mulher
Um fruto e uma serpente
Uma tentação qualquer
Uma tentação qualquer
E um demónio presente
Uma queda anunciada
Uma queda anunciada
Um paraíso perdido
Na bela ilha inventada
Na bela ilha inventada
Por um Deus meio divertido
Ilha encantada
Ilha encantada
Tapete de fantasia
Uma invenção adiada
Uma invenção adiada
Uma dentada sadia
A maçã saboreada
A maçã saboreada
Uma história de ironia
Um desejo de regresso
Um desejo de regresso
Ao encanto dessa ilha;
Um repetido começo
Um repetido começo
Uma fé que ainda brilha
Através do fumo espesso
Através do fumo espesso
Cercado de maresia
Ventos de forte corrente
Ventos de forte corrente
Sem marés de cortesia
Trazem barcaças de gente
Trazem barcaças de gente
Aos portos da fantasia
E nesse mar de invenção
E nesse mar de invenção
Nessa terra arquitetada
Continua a construção
Da ilha nunca acabada
Oração dum fadista
Lopes Vitor / Franklim Godinho
Repertório de Vicência Lima
Se a memória não me ilude
Há quem tenha já chamado
À Senhora da Saúde
A Padroeira do Fado
Mora numa capelinha
Repertório de Vicência Lima
Este tema aparece atribuído a Moita Girão no livro
*Poetas Populares do Fado-Tradicional* de
Daniel Gouveia e Francisco Mendes
Se a memória não me ilude
Há quem tenha já chamado
À Senhora da Saúde
A Padroeira do Fado
Mora numa capelinha
À Senhora da Saúde
A Padroeira do Fado
Mora numa capelinha
Cheia de encanto divino
Na Mouraria velhinha
Na Mouraria velhinha
Onde o Fado foi menino
Todos fadistas lá vão
Todos fadistas lá vão
Numa lágrima sentida
P'ra rezar uma oração
P'ra rezar uma oração
Do fado da própria vida
Virgem de Graças sem fim
Virgem de Graças sem fim
Se dos fadistas és mãe
Pede a Deus, pede por mim
Pede a Deus, pede por mim
Que eu canto o Fado também
- - -
Versão original
Se a memória não me ilude
Há quem tenha já chamado
À Senhora da Saúde
A Padroeira do Fado
Mora numa capelinha
Cheia de encanto divino
Na Mouraria velhinha
Na Mouraria velhinha
Onde o Fado foi menino
Muitos fadistas lá vão
Muitos fadistas lá vão
Numa lágrima sentida
Soluçar em oração
Soluçar em oração
O fado da própria vida
E a Virgem do seu altar
E a Virgem do seu altar
Abençoa certamente
Quem vive a vida a cantar
Quem vive a vida a cantar
A vida de toda a gente
Virgem de Graças sem fim
Virgem de Graças sem fim
Se dos fadistas és mãe
Pede a Deus, pede por mim
Pede a Deus, pede por mim
Que canto o Fado também
Quase primavera
Letra de António Cálem
Repertório de João Braga
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel.
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Repertório de João Braga
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel.
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Nada faltou nesse dia
Havia sol, Primavera
Havia esperança no ar
E a certeza duma espera
E era tal essa certeza
Que tu surgiste por fim
Havia sol, Primavera
Tu e eu e um jardim
Parecia nada faltar
Era o mundo ali à mão
Parecia nada faltar
Faltou o teu coração
Havia sol, Primavera
Havia esperança no ar
E a certeza duma espera
E era tal essa certeza
Que tu surgiste por fim
Havia sol, Primavera
Tu e eu e um jardim
Parecia nada faltar
Era o mundo ali à mão
Parecia nada faltar
Faltou o teu coração
Marés perdidas
Carlos Baleia / Nuno Nazareth Fernandes
Repertório de Jorge Batista da Silva
Sou como um mar encrespado
Pelas ondas vindas de ti
Nesse teu vento soprado
Em fúrias como não vi
Ando nas marés perdidas
Desta tormenta que inventas
Navegando despedidas
Repertório de Jorge Batista da Silva
Sou como um mar encrespado
Pelas ondas vindas de ti
Nesse teu vento soprado
Em fúrias como não vi
Ando nas marés perdidas
Desta tormenta que inventas
Navegando despedidas
Que sofrem quando te ausentas
Meu vaivém que é incessante
Perdeu pontos cardeais
Que agora a cada instante
Querem saber onde vais;
As ondas, já desoladas
Vão perdendo seu vigor
E voam espumas salgadas
Que choram p’lo meu amor
Neste oceano infinito
Que 'inda hoje desconheces
Não ouves sequer meu grito
E se o ouves, logo o esqueces
Quebram-se as ondas na areia
Numa solidão sem esperança
Em noites de lua cheia
Sem que em mim haja mudança
Meu vaivém que é incessante
Perdeu pontos cardeais
Que agora a cada instante
Querem saber onde vais;
As ondas, já desoladas
Vão perdendo seu vigor
E voam espumas salgadas
Que choram p’lo meu amor
Neste oceano infinito
Que 'inda hoje desconheces
Não ouves sequer meu grito
E se o ouves, logo o esqueces
Quebram-se as ondas na areia
Numa solidão sem esperança
Em noites de lua cheia
Sem que em mim haja mudança
Meu Portugal
Augusto Gil (1a estrofe) Linhares Barbosa
Publicada a 25.11.1937 na edição Nº335 do Jornal
Publicada a 25.11.1937 na edição Nº335 do Jornal
GUITARRA de PORTUGAL com a indicação de pertencer
ao repertório de Fernanda Amália
És um saquinho feito de retalhos
De flores e galhos, malva-rosa e espigas
Meu Portugal… Oh! Terra tão bonita
Saco de chita cheio de cantigas
E desde o Algarve até ao Minho verde
O Sol se perde pelos teus atalhos
Hortas, jardins, no meio um carreirinho
És um saquinho feito de retalhos
Tens um sopro de divina essência
Essa inocência das canções amigas
Canções que ensopam ócios e trabalhos
De flores e galhos, malva-rosa e espigas
Tens a meiguice das ingénuas lendas
Arca de prendas, Deusa e favorita
Banhas o corpo em águas de cristal
Meu Portugal… Oh! Terra tão bonita
Nas romarias a arraiais fugazes
Tocam rapazes, cantam raparigas
Tu és na Europa uma nação bendita
Saco de chita cheio de cantigas
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel.
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Publico-a na esperança de obter informação credivel.
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Quem por amor se perdeu
Não chore, não tenha pena
Uma das santas do céu
Foi Maria Madalena
Não chore, não tenha pena
Uma das santas do céu
Foi Maria Madalena
És um saquinho feito de retalhos
De flores e galhos, malva-rosa e espigas
Meu Portugal… Oh! Terra tão bonita
Saco de chita cheio de cantigas
E desde o Algarve até ao Minho verde
O Sol se perde pelos teus atalhos
Hortas, jardins, no meio um carreirinho
És um saquinho feito de retalhos
Tens um sopro de divina essência
Essa inocência das canções amigas
Canções que ensopam ócios e trabalhos
De flores e galhos, malva-rosa e espigas
Tens a meiguice das ingénuas lendas
Arca de prendas, Deusa e favorita
Banhas o corpo em águas de cristal
Meu Portugal… Oh! Terra tão bonita
Nas romarias a arraiais fugazes
Tocam rapazes, cantam raparigas
Tu és na Europa uma nação bendita
Saco de chita cheio de cantigas
Hora em que te vi
António Cálem / Pedro Rodrigues
Repertório de Carlos Barra
Entre um vago despertar
O teu olhar me dizia
Que na terra não havia
Nem o sol nem o luar
Então falei-te de mim
Repertório de Carlos Barra
Entre um vago despertar
O teu olhar me dizia
Que na terra não havia
Nem o sol nem o luar
Então falei-te de mim
Que ‘inda havia coração
E prendi a tua mão
E prendi a tua mão
Apunhalando-me a mim
A noite ficou suspensa
A noite ficou suspensa
Como a aguardar o seu fim
E a noite disse que não
E a noite disse que não
Mas tu disseste que sim
Para quê fugir agora
Para quê fugir agora
Se não fugia de ti?
Fugir, era fugir da hora
Fugir, era fugir da hora
Nessa noite em que te vi
Coisas da vida
Letra de António Vilar da Costa
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel.
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Encontrámo-nos os dois
Eu descia e tu subias
Sorri-te e não me falaste
Mas algum tempo depois
Eu subia e tu descias
Disse-te adeus... e choraste
Certo dia, lembro bem
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel.
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Eu descia e tu subias
Sorri-te e não me falaste
Mas algum tempo depois
Eu subia e tu descias
Disse-te adeus... e choraste
Certo dia, lembro bem
Tu passaste presumida
Fingindo que não me vias
Compreendi teu desdém
Porque na estrada da vida
Compreendi teu desdém
Porque na estrada da vida
Eu descia e tu subias
Quiseste subir de um salto
Julgaste o mundo a teus pés
Quiseste subir de um salto
Julgaste o mundo a teus pés
Mas pasmei quando te vi
Tu que te ergueras tão alto
Desceras por tua vez
Tu que te ergueras tão alto
Desceras por tua vez
Mais baixo do que eu desci
Por isso fizeste esforços
P’ra dominares combalida
Por isso fizeste esforços
P’ra dominares combalida
Tua dor, quando passaste
Mas ao peso dos remorsos
Vergaste a fronte vencida
Mas ao peso dos remorsos
Vergaste a fronte vencida
Disse-te adeus… e choraste
Balada para um dia triste
Carlos Baleia / João Machado
Repertório de Jorge Batista da Silva
O dia em que a tristeza me abraçou
Foi o mesmo em que partiste
Sem dizer sequer adeus
Tu foste mas de ti tudo ficou
A lembrar-me como é triste
Ter-te só nos sonhos meus
No ar à minha volta
Repertório de Jorge Batista da Silva
O dia em que a tristeza me abraçou
Foi o mesmo em que partiste
Sem dizer sequer adeus
Tu foste mas de ti tudo ficou
A lembrar-me como é triste
Ter-te só nos sonhos meus
No ar à minha volta
Sinto ainda o teu perfume
Da rua chega o eco dos teus passos
Mas a louca paixão
Da rua chega o eco dos teus passos
Mas a louca paixão
Que então ardia no teu lume
Deixou de derreter-se nos meus braços
Agora anda a tristeza arrependida
De ter vindo aqui morar
E do abraço que me deu
E a saudade que entrou na minha vida
Nesta balada a cantar
Fala de tudo o que é teu
São tristes os caminhos
Deixou de derreter-se nos meus braços
Agora anda a tristeza arrependida
De ter vindo aqui morar
E do abraço que me deu
E a saudade que entrou na minha vida
Nesta balada a cantar
Fala de tudo o que é teu
São tristes os caminhos
Que pisaste na partida
Tão tristes como os olhos que te amam
Eu sei, longe de mim
Tão tristes como os olhos que te amam
Eu sei, longe de mim
Também tu andas perdida
E ouves os meus gritos que te chamam
E ouves os meus gritos que te chamam
Talvez amor
Carlos Baleia / Hugo Afonso
Repertório de Jorge Batista da Silva
Quando em mim houver fogo controlado
E a água não molhar por onde passa
Se a folha não seguir o vento irado
Ou o som da gargalhada for desgraça
Podes passar às horas que quiseres
Sorrir, telefonar, fazer sinais
No engano que eu aceito o que me deres
Na ilusão que és barco e eu sou cais
Pois vão morrendo os dias dolorosos
De novo o azul é tom de céu e mar
E não cor de teus olhos perigosos
Onde eu já mergulhei para me afogar
Agora o fogo é cinza amontoada
A água volta a ser o que foi antes
E o vento que me agita é quase nada
È simples sopro a chegar de outros quadrantes
Ver-te partir é simples recordar
É não-saudade em beijo moribundo
Sensação estranha por te deixar de amar
E um adeus que te afasta do meu mundo
O sentimento da falta que não fazes
É subtil veneno a circular
Mistério das recordações fugazes
Talvez o amor que eu nego, ao te lembrar
Repertório de Jorge Batista da Silva
Quando em mim houver fogo controlado
E a água não molhar por onde passa
Se a folha não seguir o vento irado
Ou o som da gargalhada for desgraça
Podes passar às horas que quiseres
Sorrir, telefonar, fazer sinais
No engano que eu aceito o que me deres
Na ilusão que és barco e eu sou cais
Pois vão morrendo os dias dolorosos
De novo o azul é tom de céu e mar
E não cor de teus olhos perigosos
Onde eu já mergulhei para me afogar
Agora o fogo é cinza amontoada
A água volta a ser o que foi antes
E o vento que me agita é quase nada
È simples sopro a chegar de outros quadrantes
Ver-te partir é simples recordar
É não-saudade em beijo moribundo
Sensação estranha por te deixar de amar
E um adeus que te afasta do meu mundo
O sentimento da falta que não fazes
É subtil veneno a circular
Mistério das recordações fugazes
Talvez o amor que eu nego, ao te lembrar
Quadro realista
Letra de Gabriel de Oliveira
Letra do arquivo de Francisco Mendes, com a indicação
Letra do arquivo de Francisco Mendes, com a indicação
de pertencer ao repertório de Júlio Proença.
Nisto, ouviu-se na viela
Um assobio prolongado
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel.
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Publico-a na esperança de obter informação credivel.
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Três horas da madrugada
Na Mouraria deserta
Na Mouraria deserta
Não aparece ninguém
Somente uma desgraçada
Tendo a meia porta aberta
Somente uma desgraçada
Tendo a meia porta aberta
Ainda espera por alguém
Com as lágrimas no rosto
Essa infeliz relembrava
Com as lágrimas no rosto
Essa infeliz relembrava
O triste destino seu
Minada pelo desgosto
Muito baixinho rezava
Minada pelo desgosto
Muito baixinho rezava
Pela mãe que lhe morreu
Nisto, ouviu-se na viela
Um assobio prolongado
Lembrando um eco distante
Tremeu todo o corpo dela
Era o sinal combinado
Tremeu todo o corpo dela
Era o sinal combinado
Do rufia, seu amante
Já não pensa na desdita
A vida pouco lhe importa
Já não pensa na desdita
A vida pouco lhe importa
Junto do seu companheiro
Corre a cortina de chita
Guarda a velha meia porta
Corre a cortina de chita
Guarda a velha meia porta
E retira o candeeiro
Provocante, a gingar
Presumindo ter ciúme
Provocante, a gingar
Presumindo ter ciúme
O rufia aproximou-se
E ao entrar no lupanar
Ouviu-se um grito, um queixume
E ao entrar no lupanar
Ouviu-se um grito, um queixume
E a meia porta fechou-se
Este quadro tão fadista
Sem nenhuma fantasia
Este quadro tão fadista
Sem nenhuma fantasia
Da minha imaginação
Tem o cunho realista
Passou-se na Mouraria
Tem o cunho realista
Passou-se na Mouraria
Em tempos que já lá vão
No cavalo de D. José
Carlos Baleia / Nuno Nazareth Fernandes
Repertório de Jorge Batista da Silva
Se eu tivesse um cavalo
Repertório de Jorge Batista da Silva
Se eu tivesse um cavalo
Como tem o D. José
Haveria de levá-lo
Haveria de levá-lo
Até ao Cais do Sodré
Em valente cavalgada
Em valente cavalgada
Com garbo, com altivez
Ia ver como mudada
Ia ver como mudada
Está Lisboa do Marquês
Não ficaria parado
Não ficaria parado
A olhar pró rio, ausente
No meio da Praça, especado
No meio da Praça, especado
A ver passar tanta gente
A trote, no meu formoso corcel
Punha um ar de fidalgote
Ou de toureiro em cartel;
Capote de bom corte e a rigor
Eu ficaria no lote
De cavaleiro e senhor;
Quixote, mas lusitano nascido
Eu iria pela cidade
Onde o fado tem vivido;
Pinote, não me deitaria ao chão
Pois eu cavalgo à vontade
Na sela da ilusão
Dava um salto à Madragoa
A trote, no meu formoso corcel
Punha um ar de fidalgote
Ou de toureiro em cartel;
Capote de bom corte e a rigor
Eu ficaria no lote
De cavaleiro e senhor;
Quixote, mas lusitano nascido
Eu iria pela cidade
Onde o fado tem vivido;
Pinote, não me deitaria ao chão
Pois eu cavalgo à vontade
Na sela da ilusão
Dava um salto à Madragoa
Bairro Alto, Alfama e Bica
E a galopar por Lisboa
E a galopar por Lisboa
Inda iria até Benfica
Ao cavalo eu mostraria
Ao cavalo eu mostraria
O muito que tem perdido
Por nunca na Mouraria
Por nunca na Mouraria
Ter sequer um fado ouvido
E cansado da jornada
E cansado da jornada
Depois de tanto laré
Devolveria a montada
Devolveria a montada
Ao senhor rei D. José
A minha rica filhinha
Letra de Silva Tavares
Desconheço se esta letra foi gravada.
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel.
A minha rica filhinha
Co’a sua saia de roda
Parece uma vassourinha
Varrendo-me a casa toda
Sou pobre por condição
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Co’a sua saia de roda
Parece uma vassourinha
Varrendo-me a casa toda
Sou pobre por condição
Mas tenho um grande tesouro
Que não dou por nenhum oiro
Que não dou por nenhum oiro
Lançado em circulação
Fiz cofre do coração
Fiz cofre do coração
Porque outra coisa não tinha
E essa riqueza, que é minha
E essa riqueza, que é minha
Tão bem, lá dentro, me coube
Que d’ali não há quem roube
A minha rica filhinha
Nunca senti tanto enleio
Que d’ali não há quem roube
A minha rica filhinha
Nunca senti tanto enleio
Como olhando a minha filha
Fala e pensa à maravilha
Fala e pensa à maravilha
Apenas com palmo e meio
Já mostra certo receio
Já mostra certo receio
De que a não vistam à moda
E ninguém julgue que engoda
E ninguém julgue que engoda
Essa migalha de gente
Toda inchada de contente
Co’a sua saia de roda
A cada passo tropeça
Toda inchada de contente
Co’a sua saia de roda
A cada passo tropeça
Por ser a saia comprida
Mas não chora e, de seguida
Mas não chora e, de seguida
Levanta-se e recomeça
Não há nada que não peça
Não há nada que não peça
Pois tudo quer, coitadinha
Deita-se logo à noitinha
Deita-se logo à noitinha
Mas, de manhã até lá
Sempre d’aqui p’ra acolá
Parece uma vassourinha
Ela só, tão pequenina
Sempre d’aqui p’ra acolá
Parece uma vassourinha
Ela só, tão pequenina
Enche-me a vida de luz
E o peso da minha cruz
E o peso da minha cruz
Resulta coisa divina
Ladina, muito ladina
Ladina, muito ladina
Não pára nem se acomoda
A tudo e todos apoda
A tudo e todos apoda
Numa estranha algaravia
E assim passa o santo dia
Varrendo-me a casa toda
E assim passa o santo dia
Varrendo-me a casa toda
Destino
Letra de António Cálem
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informaçâo credivel.
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informaçâo credivel.
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Amanhã será depois
Depois ou talvez outrora
Depende de sermos dois
Ou de haver uma demora
E então se formos dois
Já pensaste o que seremos?
Da nossa vida depois
Ou da morte que teremos?
Morte ou vida, que te importa?
Deixa vir aquele dia
Em que eu for tua ou for morta
Noite negra ou meio-dia
Amanhã será depois
Depois ou talvez outrora
Depende de sermos dois
Ou de haver uma demora
E então se formos dois
Já pensaste o que seremos?
Da nossa vida depois
Ou da morte que teremos?
Morte ou vida, que te importa?
Deixa vir aquele dia
Em que eu for tua ou for morta
Noite negra ou meio-dia
Para os lados da Ribeira
Carlos Baleia / Nuno Nazareth Fernandes
Repertório de Jorge Batista da Silva
Um manto de nevoeiro
Repertório de Jorge Batista da Silva
Um manto de nevoeiro
Travou no Tejo um veleiro
Pôs gaivotas nas colinas
E, gemendo, o cacilheiro
Pôs gaivotas nas colinas
E, gemendo, o cacilheiro
Atravessa o rio inteiro
Cantando lentas matinas
No estuário de algodão
Cantando lentas matinas
No estuário de algodão
Já navega a solidão
Que ganha a vida no rio
E a manhã, em ascensão
Que ganha a vida no rio
E a manhã, em ascensão
Solta no cais “o calão”
Que no cacau mata o frio
Ai, mercado da Ribeira
Que, quer se queira ou não queira
Lisboa nos põe à mesa
E os cheiros que se misturam
São memórias que perduram
Dum mercado à portuguesa
Tejo, barcos, nevoeiro
Que no cacau mata o frio
Ai, mercado da Ribeira
Que, quer se queira ou não queira
Lisboa nos põe à mesa
E os cheiros que se misturam
São memórias que perduram
Dum mercado à portuguesa
Tejo, barcos, nevoeiro
Começo de um dia inteiro
Algazarra e discussão
E em regateio, o dinheiro
Algazarra e discussão
E em regateio, o dinheiro
Num compra e vende ligeiro
Circula de mão em mão
E não se acalma o bulício
Circula de mão em mão
E não se acalma o bulício
Daquela gente de ofício
Que viu a manhã chegar
E o Tejo em benefício
Que viu a manhã chegar
E o Tejo em benefício
Do trabalho e sacrifício
Dá-lhe um fado para cantar
Dá-lhe um fado para cantar
A pena do meu penar
Mote de José Rodrigues ? / Glosa de Gabriel de Oliveira
Publicada a 15.06.1945 na edição Nº 1 (II serie) do
Publicada a 15.06.1945 na edição Nº 1 (II serie) do
Jornal Guitarra de Portugal
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel.
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel.
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
No livro de Henrique Rego o mote é atribuido a Francisco Radamanto
Mote
Cavador, meu camarada
Não digas que a pena é leve
Pesa tanto com a enxada
A pena com que se escreve
Com a pena de escrever
Que julgas não ser pesada
Eu peno para viver
Cavador, meu camarada
É ela o meu ganha pão
Deve pesar ou não deve?
Bem vês que tenho razão
Não digas que a pena é leve
Tens que à força concordar
Que na minha mão cansada
A pena do meu penar
Pesa tanto com a enxada
Filosofando mais fundo
Ninguém diz, ninguém se atreve
O peso que tem no mundo
A pena com que se escreve
Mote
Cavador, meu camarada
Não digas que a pena é leve
Pesa tanto com a enxada
A pena com que se escreve
Com a pena de escrever
Que julgas não ser pesada
Eu peno para viver
Cavador, meu camarada
É ela o meu ganha pão
Deve pesar ou não deve?
Bem vês que tenho razão
Não digas que a pena é leve
Tens que à força concordar
Que na minha mão cansada
A pena do meu penar
Pesa tanto com a enxada
Filosofando mais fundo
Ninguém diz, ninguém se atreve
O peso que tem no mundo
A pena com que se escreve
O nosso amor
Letra de Lopes Vitor
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel.
O nosso amor acabou
Por muitas voltas que dês
E da mente não te saia
Foi aragem que passou
Nuvem que o vento desfez
Onda que morreu na praia
O nosso amor, foi quimera
Amarga desilusão
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel.
O nosso amor acabou
Por muitas voltas que dês
E da mente não te saia
Foi aragem que passou
Nuvem que o vento desfez
Onda que morreu na praia
O nosso amor, foi quimera
Amarga desilusão
Que duas vidas tortura
Não conheceu Primavera
Nunca passou de botão
Não conheceu Primavera
Nunca passou de botão
Nem viu o Sol da ventura
Se jurei não dizer nada
Esse sonho, podes crer
Se jurei não dizer nada
Esse sonho, podes crer
Não exalto nem lamento
Minha palavra está dada
Por mais que possa sofrer
Minha palavra está dada
Por mais que possa sofrer
Não falto ao meu juramento
O nosso amor acabou
Disse-te mais de uma vez
O nosso amor acabou
Disse-te mais de uma vez
Por muito que nos atraia
Foi aragem que passou
Nuvem que o vento desfez
Foi aragem que passou
Nuvem que o vento desfez
Onda que morreu na praia
Sobre a cidade
Carlos Baleia / Fernando Silva
Repertório de Jorge Batista da Silva
Sou parceiro da gaivota
Repertório de Jorge Batista da Silva
Sou parceiro da gaivota
Dos bizarros arabescos
Em dança louca e devota
Em dança louca e devota
Com movimentos burlescos
Cavalgo na andorinha
Cavalgo na andorinha
Meu tropel de pensamentos
Vindos da brisa marinha
Vindos da brisa marinha
Em fugitivos tormentos
Cruzo as nuvens de Lisboa
Meu algodão de brincar
Fazendo delas, canoa
Inventada para voar
Voo num verso perdido
Que anda em busca da verdade
Com o norte no sentido
Tendo no sul a saudade
Bailo num fado que sobe
Cruzo as nuvens de Lisboa
Meu algodão de brincar
Fazendo delas, canoa
Inventada para voar
Voo num verso perdido
Que anda em busca da verdade
Com o norte no sentido
Tendo no sul a saudade
Bailo num fado que sobe
Entre telhados, carente
Sonho cantado que encobre
Sonho cantado que encobre
O silêncio que se sente
E num voar inquieto
E num voar inquieto
Que toca as margens do Tejo
Abro as asas do afeto
Abro as asas do afeto
E abraço tudo o que vejo
Ao telefone
Mote de Júlio Rodrigues / Desenvolvimento de António Amargo
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel.
MOTE
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credivel.
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
MOTE
Norte – dois, três, zero, cinco
És tu, amor? Ouve, Berta
Deixa-me a porta no trinco
Esta noite é pela certa
1ª Glosa
Norte – dois, três, zero, cinco
És tu, amor? Ouve, Berta
Deixa-me a porta no trinco
Esta noite é pela certa
1ª Glosa
Norte – dois, três, zero, cinco
Estou farto de tocar
E de tocar com afinco
E de tocar com afinco
Faça favor de ligar
És tu, amor? Ouve, Berta
És tu, amor? Ouve, Berta
Vou p’ra o Cabeço de Bola
Manda-me bem encoberta
Manda-me bem encoberta
A minha rica pistola
Deixa-me a porta no trinco
Deixa-me a porta no trinco
A porta que dá p’ra escada
Palavra de honra, não brinco
Palavra de honra, não brinco
A coisa vai ser falada
Esta noite é pela certa
Esta noite é pela certa
Triunfa a canalha nua
Mas vai deixando entreaberta
Mas vai deixando entreaberta
Também a porta da rua
- - -
- - -
- -
-
2ª Glosa
Estou farto de tocar
2ª Glosa
Estou farto de tocar
E de tocar com afinco
Faça o favor de ligar
Faça o favor de ligar
Norte – dois, três, zero, cinco
Agora tudo se cala
Agora tudo se cala
Dir-se-ia a casa deserta
Ora até que enfim! Quem fala?
Ora até que enfim! Quem fala?
És tu, amor? Ouve, Berta
Juro à face do Senhor
Juro à face do Senhor
Que desta feita não brinco
Por amor do nosso amor
Por amor do nosso amor
Deixa-me a porta no trinco
À uma da madrugada
À uma da madrugada
Põe-te bem de ouvido alerta
Vou falar contigo à escada
Vou falar contigo à escada
Esta noite é pela certa
Sextilhas para um fado em tom menor
António Cálem / Jose António Sabrosa
Repertório de António de Noronha
Quis cantar o meu passado
Repertório de António de Noronha
Quis cantar o meu passado
E só te cantei a ti
Quis seguir todo o meu fado
Quis seguir todo o meu fado
Mas de tudo o que segui;
Foi o voltar costumado
À vida que em ti vivi
Quis conhecer mais o mundo
Foi o voltar costumado
À vida que em ti vivi
Quis conhecer mais o mundo
E reviver nele assim
Mas abriste-o tão profundo
Mas abriste-o tão profundo
Tão estranho, tão sem fim;
Que quando cavei mais fundo
Só lá me encontrei a mim
Hoje só na minha vida
Que quando cavei mais fundo
Só lá me encontrei a mim
Hoje só na minha vida
Na vida que me traçaste
Sou a sombra dolorida
Sou a sombra dolorida
Do rasto que tu deixaste;
Lá no ponto de partida
Onde tu por mim cruzaste
Lá no ponto de partida
Onde tu por mim cruzaste
Pobre chita
Gabriel de Oliveira / Raúl Portela / Raúl Ferrão
Repertorio de Natália dos Anjos
Madalena altiva
Beleza atractiva
Repertorio de Natália dos Anjos
Madalena altiva
Beleza atractiva
Foi quase rainha
Mas lembrem-se disto
Que por Jesus Cristo
Mas lembrem-se disto
Que por Jesus Cristo
Quis ser pobrezinha
E assim Madalena
O luxo condena
E assim Madalena
O luxo condena
E se nobilita
Se foi pecadora
A fé redentora
Se foi pecadora
A fé redentora
Vestiu-a de chita
Pobre chita, pobre chita
Vestimenta muito honrosa da mulher
Tem nobreza na desdita
A mulher que veste chita
Pois é senhora de bem quando quer
A filha do povo
Que eu adoro e louvo
Pobre chita, pobre chita
Vestimenta muito honrosa da mulher
Tem nobreza na desdita
A mulher que veste chita
Pois é senhora de bem quando quer
A filha do povo
Que eu adoro e louvo
Na vida que tem
Traja simplesmente
De chita decente
Traja simplesmente
De chita decente
Que lhe fica bem
E a pobreza honrada
É bem compensada
E a pobreza honrada
É bem compensada
Na sua desdita
Chita não desdoura
Pois Nossa Senhora
Chita não desdoura
Pois Nossa Senhora
Vestia de chita
Lisboa passeia em si
Carlos Baleia / Marco Oliveira
Repertório de Jorge Batista da Silva
Lisboa sente
Repertório de Jorge Batista da Silva
Lisboa sente
Seu coração bate forte
Num bater que anda contente
E feliz com sua sorte
Anda pelas ruas
Num bater que anda contente
E feliz com sua sorte
Anda pelas ruas
Vai até à Madragoa
Faz paragem no Chiado
Toma a “bica” com Pessoa
Depois num salto
Faz paragem no Chiado
Toma a “bica” com Pessoa
Depois num salto
Com um sorriso nos lábios
Sobe até ao Bairro Alto
Onde os fadistas são sábios
E assim sentindo
Sobe até ao Bairro Alto
Onde os fadistas são sábios
E assim sentindo
Vê com olhos de mulher
O que em si há de mais lindo
E sente nisso prazer
Vê que a moirama
O que em si há de mais lindo
E sente nisso prazer
Vê que a moirama
Ainda mexe consigo
Dá um pulo e em Alfama
Tem no Fado, um velho amigo
Passa pelo rio
Dá um pulo e em Alfama
Tem no Fado, um velho amigo
Passa pelo rio
Vê gentes apaixonadas
E ao longe há um navio
De velas engalanadas
E retraída
E ao longe há um navio
De velas engalanadas
E retraída
P’las maldades cometidas
Sente que a vida
Lhe deu horas bem sofridas
Rica mistura
Sente que a vida
Lhe deu horas bem sofridas
Rica mistura
De alegrias e paixões
Num cantar que ora cura
Ou entristece corações
E assim sendo
Tem a bóia a que se agarra
Um sentir que vai vivendo
Num dedilhar da guitarra
Num cantar que ora cura
Ou entristece corações
E assim sendo
Tem a bóia a que se agarra
Um sentir que vai vivendo
Num dedilhar da guitarra
Flor de rosmaninho
Letra de Gabriel de Oliveira e António Amargo
Publicada a 27.05.1930 na edição Nº197 do Jornal GUITARRA de PORTUGAL
Publicada a 27.05.1930 na edição Nº197 do Jornal GUITARRA de PORTUGAL
e cantada por Leonor Fialho em 29.04.1930 num concurso realizado no
Solar da Alegria.
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credivel.
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Publico-a na esperança de obter informação credivel.
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Nasce nos campos sozinho
Cumprindo seu triste fado
O pobre do rosmaninho
Por todos abandonado
Se não tem brasão de nobre
Cumprindo seu triste fado
O pobre do rosmaninho
Por todos abandonado
Se não tem brasão de nobre
Tem outro brasão, porém
Entrar em casa do pobre
Entrar em casa do pobre
Porque ele é pobre também
Quando vou pelo caminho
Quando vou pelo caminho
Meu santo amor a sentir
Apanho sempre um raminho
Apanho sempre um raminho
De rosmaninho a florir
E para que o meu amor
E para que o meu amor
Me tenha sempre afeição
Trago o rosmaninho em flor
Bem junto do coração
Subscrever:
Mensagens (Atom)