António Cálem / Miguel Ramos *fado alberto*
Repertório de Ondina Sotto Mayor
É estranha e bela a vida que me deste
E mais do que ela o mundo que me abriste
Depois de ter morrido, tu trouxeste
A alma a este corpo que ainda existe
Criaste um novo ser disperso ao vento
Para te escrever por fim esta poesia
Luar azul, estrela dum momento
Estrela em todo o céu que me alumia
Tenho medo que volte a madrugada
Tenho medo do sol, do claro dia
Que tudo o que és para mim não seja nada
E esta seja a última poesia
Reino perdido
António Cálem / Franklim Godinho
Repertório de António de Noronha
Durmo contigo e sem ti
Nesta noite de luar
Viver só do que perdi
Nem é viver, é sonhar
Vivo sem saber que vivo
Espero sem olhar a espera
Sonhar, sim, talvez contigo
Verde, esperança ou Primavera
Mas não sei se vou além
Deste sonho que sonhei
Quem dá tudo o que não tem
Dá um mundo em que foi rei
Repertório de António de Noronha
Durmo contigo e sem ti
Nesta noite de luar
Viver só do que perdi
Nem é viver, é sonhar
Vivo sem saber que vivo
Espero sem olhar a espera
Sonhar, sim, talvez contigo
Verde, esperança ou Primavera
Mas não sei se vou além
Deste sonho que sonhei
Quem dá tudo o que não tem
Dá um mundo em que foi rei
E desse reino profundo
Só me ficou o sonhar
É que eu fui rei doutro mundo
Que existe para lá do mar
Só me ficou o sonhar
É que eu fui rei doutro mundo
Que existe para lá do mar
És tu
Zeca Maneca / Pedro Rodrigues *fado primavera
Repertório de Luís de Matos
O meu despertar risonho
Teve aleluia de cores
Quando vi os olhos teus
Sentiu a magia do sonho
No arco-íris de amores
Que os teus beijos dão aos meus
És tu que neste momento
Quebra a voz da solidão
Do amor que existe em mim
Corrente de sentimento
De dois corpos que se dão
Num fogo ardente sem fim
És verão que quer ficar
No meu inverno descrente
Batido p’la neve fria
És tu quem quero amar
Sendo a raíz a semente
No raiar dum novo dia
Repertório de Luís de Matos
O meu despertar risonho
Teve aleluia de cores
Quando vi os olhos teus
Sentiu a magia do sonho
No arco-íris de amores
Que os teus beijos dão aos meus
És tu que neste momento
Quebra a voz da solidão
Do amor que existe em mim
Corrente de sentimento
De dois corpos que se dão
Num fogo ardente sem fim
És verão que quer ficar
No meu inverno descrente
Batido p’la neve fria
És tu quem quero amar
Sendo a raíz a semente
No raiar dum novo dia
O Fado
Tino Ferreira / Casimiro Ramos *fado fé*
Repertório de Júlia Lopes
O Fado nasceu dia
Vestindo nobre samarra
Cantado p’rá fidalguia
Na famosa Mouraria
Ao som da velha guitarra
Breve correu toda Alfama
Bairro Alto e Madragoa
Nas caravelas do Gama
Combateu e ganhou fama
O fado desta Lisboa
Cantou-se nas desgarradas
Ao desafio lá nas hortas
Patuscos e guitarradas
Alegravam as toiradas
Corridas fora de portas
Deu-lhe certa bizarria
Essa mulher doutra era
Foi deusa da Mouraria
Raínha da fidalguia
Que foi Maria Severa
Repertório de Júlia Lopes
O Fado nasceu dia
Vestindo nobre samarra
Cantado p’rá fidalguia
Na famosa Mouraria
Ao som da velha guitarra
Breve correu toda Alfama
Bairro Alto e Madragoa
Nas caravelas do Gama
Combateu e ganhou fama
O fado desta Lisboa
Cantou-se nas desgarradas
Ao desafio lá nas hortas
Patuscos e guitarradas
Alegravam as toiradas
Corridas fora de portas
Deu-lhe certa bizarria
Essa mulher doutra era
Foi deusa da Mouraria
Raínha da fidalguia
Que foi Maria Severa
Tu sabes, Maria
Letra e música de Diogo Lucena e Quadros
Repertório de António Pinto Basto
Nasceste co’as rosas bravias
Do chão do teu Ribatejo
Mas sabes bem que devias
Vir ver onde acaba o Tejo
Com teu vestido de chita
Nessa lezíria dourada
Quis Deus que fosses Maria
Maria só e mais nada
Tu sabes, Maria
Que é triste o olhar
D’alguém que queria
Outros braços para abraçar
Tu sabes, Maria
Que esse sentimento
Sai do meu peito de dia
E volta à noite com o vento
Teu cabelo esvoaçando
Quando agitado p’lo vento
São acenos provocando
A todos, o pensamento;
Essa beleza estremece
As ruas da tua terra
És a rainha que volta
Depois de ganhar a guerra
Repertório de António Pinto Basto
Nasceste co’as rosas bravias
Do chão do teu Ribatejo
Mas sabes bem que devias
Vir ver onde acaba o Tejo
Com teu vestido de chita
Nessa lezíria dourada
Quis Deus que fosses Maria
Maria só e mais nada
Tu sabes, Maria
Que é triste o olhar
D’alguém que queria
Outros braços para abraçar
Tu sabes, Maria
Que esse sentimento
Sai do meu peito de dia
E volta à noite com o vento
Teu cabelo esvoaçando
Quando agitado p’lo vento
São acenos provocando
A todos, o pensamento;
Essa beleza estremece
As ruas da tua terra
És a rainha que volta
Depois de ganhar a guerra
Um grande amor
Fernanda de Castro / Miguel Ramos *fado margaridas*
Repertório de Teresa Silva de Carvalho
Um grande amor não cabe em nenhum verso
Como a vida não cabe num jardim
Como não cabe Deus no universo
Nem o meu coração dentro de mim
A noite é mais pequena do que o luar
E é mais vasto o perfume do que a flor
É a onda mais alta do que o mar
Não cabe em nenhum verso um grande amor
Dizer em verso aquilo que se pensa
Ideia de poeta, ideia louca
Não é bastante a frase mais extensa
Diz mais o beijo do que diz a boca
E quando sobre nós desce a tristeza
Como desce a penumbra sobre o dia
Uma lágrima triste e sem beleza
Diz mais do que a palavra nua e fria
Redondilha de amor... para fazê-la
Desse-me Deus a tinta do luar
A candeia suspensa duma estrela
E o tinteiro vastíssimo do mar
Repertório de Teresa Silva de Carvalho
Um grande amor não cabe em nenhum verso
Como a vida não cabe num jardim
Como não cabe Deus no universo
Nem o meu coração dentro de mim
A noite é mais pequena do que o luar
E é mais vasto o perfume do que a flor
É a onda mais alta do que o mar
Não cabe em nenhum verso um grande amor
Dizer em verso aquilo que se pensa
Ideia de poeta, ideia louca
Não é bastante a frase mais extensa
Diz mais o beijo do que diz a boca
E quando sobre nós desce a tristeza
Como desce a penumbra sobre o dia
Uma lágrima triste e sem beleza
Diz mais do que a palavra nua e fria
Redondilha de amor... para fazê-la
Desse-me Deus a tinta do luar
A candeia suspensa duma estrela
E o tinteiro vastíssimo do mar
Caminho de rimas
Mário Raínho / Armando Machado *fado santa luzia*
Repertório de Paulo Filipe
De tão longe aqui cheguei
E se estranho me encontrei
Nesta morada vazia
P’ra que palmilhei a vida
Numa busca desmedida
Entre o sonho e a poesia?
Estado de alma, solidão
Prenhe, o ventre-coração
De tudo um pouco e um nada
Quem me mandou percorrer
Alvoradas, p’ra gemer
Silêncios na madrugada?
De dentro me fui embora
E chegado aqui, agora
À torre da minha dor
Rimo as saudades que trago
Dum tempo que quis ser mago
D’alquimias do amor
Repertório de Paulo Filipe
De tão longe aqui cheguei
E se estranho me encontrei
Nesta morada vazia
P’ra que palmilhei a vida
Numa busca desmedida
Entre o sonho e a poesia?
Estado de alma, solidão
Prenhe, o ventre-coração
De tudo um pouco e um nada
Quem me mandou percorrer
Alvoradas, p’ra gemer
Silêncios na madrugada?
De dentro me fui embora
E chegado aqui, agora
À torre da minha dor
Rimo as saudades que trago
Dum tempo que quis ser mago
D’alquimias do amor
Quadras soltas
Silva Tavares / Francisco Viana *fado vianinha*
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Ando triste sem razão
Detesto quem me conforta
E só sinto o coração
Quando passo à tua porta
Amar é sofrer gozando
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Ando triste sem razão
Detesto quem me conforta
E só sinto o coração
Quando passo à tua porta
Amar é sofrer gozando
Gozando sem perceber
Que os dias se vão passando
E se envelhece a sofrer
Da certeza prometida
Duvido, como da sorte
Porque de certo na vida
Conheço apenas a morte
Creio em ti, toda a verdade
Dos outros não vale um zero
Podes mentir á vontade
Creio em ti porque te quero
Desde o dia que te foste
Toda a ventura perdi
Antes a tua mentira
Do que a verdade sem ti
Que os dias se vão passando
E se envelhece a sofrer
Da certeza prometida
Duvido, como da sorte
Porque de certo na vida
Conheço apenas a morte
Creio em ti, toda a verdade
Dos outros não vale um zero
Podes mentir á vontade
Creio em ti porque te quero
Desde o dia que te foste
Toda a ventura perdi
Antes a tua mentira
Do que a verdade sem ti
Último adeus
João Mário Veiga / Frederico de Brito *fado britinho*
Repertório de António Pinto Basto
Tudo acabou nesse adeus
Em que vi os olhos teus
Partirem p’ra outro lado
Sonhamos tanto, e depois
O que resta de nós dois
É um pouco do passado
Quantos fados te cantei
Quantos poemas rasguei
Repertório de António Pinto Basto
Tudo acabou nesse adeus
Em que vi os olhos teus
Partirem p’ra outro lado
Sonhamos tanto, e depois
O que resta de nós dois
É um pouco do passado
Quantos fados te cantei
Quantos poemas rasguei
Por serem feitos de ti
Esqueci-me de tantos dias
Nas promessas que fazias
Esqueci-me de tantos dias
Nas promessas que fazias
Outro fado descobri
Já é tarde, meu amor
O poente perde a cor
Já é tarde, meu amor
O poente perde a cor
E não te vejo voltar
Com a noite vem a saudade
Mesmo longe és a verdade
Com a noite vem a saudade
Mesmo longe és a verdade
Que ponho no meu cantar
Eu vi minha mãe rezando
Mote: Barreto Coutinho / Glosa: José Mariano / Joaquim Campos *fado amora*
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Eu vi minha mãe rezando
Aos pés da Virgem Maria
Era uma santa escutando
O que outra santa dizia
No dia em que abandonei
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Eu vi minha mãe rezando
Aos pés da Virgem Maria
Era uma santa escutando
O que outra santa dizia
No dia em que abandonei
Meu lar, fortuna buscando
Nunca mais o esquecerei
Nunca mais o esquecerei
Eu vi minha mãe rezando
Eu não sei o que rezava
Eu não sei o que rezava
Eu não sei o que pedia
Sei apenas que chorava
Sei apenas que chorava
Aos pés da Virgem Maria
A linda imagem sorria
A linda imagem sorria
Num sorriso meigo e brando
Aquele rosto vivia
Aquele rosto vivia
Era uma santa escutando
E se minha mãe tornou
E se minha mãe tornou
A ver-me e voltei um dia
Foi porque a santa escutou
Foi porque a santa escutou
O que outra santa dizia
Morena gaiata
António Rocha / Joaquim Neves
Repertório de Artur Batalha
Mora no Bairro de Alfama
Na rua mais concorrida
Uma garota atrevida
Que põe corações em chama
Trago sempre no ouvido
Esta cantiga brejeira
Que a Tia Rosa peixeira
Lhe canta, em tom atrevido
Morena gaiata
Mora no Bairro de Alfama
Na rua mais concorrida
Uma garota atrevida
Que põe corações em chama
Trago sempre no ouvido
Esta cantiga brejeira
Que a Tia Rosa peixeira
Lhe canta, em tom atrevido
Morena gaiata
Que a todos namoras
Não há quem te bata
Não há quem te bata
Na rua onde moras
Mas se algum rapaz
Mas se algum rapaz
Te apanha, pequena
Nunca mais serás
Nunca mais serás
Gaiata morena
Ela segue e sem parrar
Sempre alegre e atrevida
Diz que ‘inda tem muita vida
Para na vida pensar
E o povo, na rua inteira
Canta com grande alarido
O mote já conhecido
Da Tia Rosa peixeira
Ela segue e sem parrar
Sempre alegre e atrevida
Diz que ‘inda tem muita vida
Para na vida pensar
E o povo, na rua inteira
Canta com grande alarido
O mote já conhecido
Da Tia Rosa peixeira
Sou pobre e sou rico
Bruno Bobone / António Pinto Basto *fado sodré*
Repertório de António Pinto Basto
Sou pobre e sou rico, na vida do mundo
Não quero ser mais, quero só ser profundo
Não sonho de noite nem durmo de dia
Não faço acordado, nem muito nem pouco;
Não sofro nem amo como Deus sofria
Sou esperto e sou burro, eu sei que sou louco
Sonhar é um prémio, sonhar é castigo
E eu sonho contigo e sonho comigo
Não sei se acordo quando nasce o dia
Só sei que me sinto a mim, num sonho;
Eu sei que não minto, senão eu sofria
Só eu sou culpado, a culpa em mim ponho
É bom ser feliz, mesmo que por um dia
Bate o coração em nome d’alegria
Só penso calado que pode acabar
E fico parado nem me posso mexer;
E depois eu grito “eu quero acordar”
E hei-de ser feliz com o que a vida me der
No fim, lá acordo pensativo e cansado
Porque a alegria que sentia há bocado
Não se deixou ficar, não se comprometeu
Deixou-me partir, partiu-me o coração;
Mas nada existe que me faça mais eu
Que ter sido feliz um momento, uma paixão
Repertório de António Pinto Basto
Sou pobre e sou rico, na vida do mundo
Não quero ser mais, quero só ser profundo
Não sonho de noite nem durmo de dia
Não faço acordado, nem muito nem pouco;
Não sofro nem amo como Deus sofria
Sou esperto e sou burro, eu sei que sou louco
Sonhar é um prémio, sonhar é castigo
E eu sonho contigo e sonho comigo
Não sei se acordo quando nasce o dia
Só sei que me sinto a mim, num sonho;
Eu sei que não minto, senão eu sofria
Só eu sou culpado, a culpa em mim ponho
É bom ser feliz, mesmo que por um dia
Bate o coração em nome d’alegria
Só penso calado que pode acabar
E fico parado nem me posso mexer;
E depois eu grito “eu quero acordar”
E hei-de ser feliz com o que a vida me der
No fim, lá acordo pensativo e cansado
Porque a alegria que sentia há bocado
Não se deixou ficar, não se comprometeu
Deixou-me partir, partiu-me o coração;
Mas nada existe que me faça mais eu
Que ter sido feliz um momento, uma paixão
Angústia de viver
Lima Brumon / Helena Moreira Viana (ou) Luís Alexandre
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Em dois trabalhos discográficos aparece uma autoria diferente
Tenho a vida a chorar-me nas mãos
Arrancada às algemas da saudade
E aceito esta angústia de viver
P’la mais pura e simples humildade
Nas asas do vento não visito já o prazer
Nem creio na cor translúcida
Da luz que cerca as flores
E é só a tua imagem
Meu amor que me embriaga
Nesta abóboda de lírios
Toda feita dum sonho que se amarga
Nas asas do vento não visito já o assombro
E o riso de criança
É o que me enfeita esta tristeza
Cantigas são promessas
Do que me desencantou
E os lírios olhos mansos
Encharcados da luz que os rejeitou
Tenho a vida a chorar-me nas mãos
Arrancada às algemas da saudade
E aceito esta angústia de viver
P’la mais pura e simples humildade
Nas asas do vento não visito já o prazer
Nem creio na cor translúcida
Da luz que cerca as flores
E é só a tua imagem
Meu amor que me embriaga
Nesta abóboda de lírios
Toda feita dum sonho que se amarga
Nas asas do vento não visito já o assombro
E o riso de criança
É o que me enfeita esta tristeza
Cantigas são promessas
Do que me desencantou
E os lírios olhos mansos
Encharcados da luz que os rejeitou
O choro da guitarra
Mário Rainho / Alfredo Duarte *fado cuf*
Repertório de Fernando Jorge
Guitarra, não derrames mais tristeza
Que ao ouvir-te chorar, mais acentuas
Enquanto vou cantando esta incerteza
Se choras minhas mágoas ou as tuas
Se a minha voz te canta tão serena
Como louca desatas o teu pranto
E eu fico sem jeito, faz-me pena
Então quase emudeço e já não canto
Guitarra, sei que a minha dor entendes
E que tens muito mais que seis sentidos
Porque sõa doze, as cordas com que prendes
A minha alma fadista aos teus gemidos
Quem te deu à nascença essse destino?
Quem te moldou em forma coração
Se te escuto a gemer desde menino
Porque andas a chorar de mão em mão?
Repertório de Fernando Jorge
Guitarra, não derrames mais tristeza
Que ao ouvir-te chorar, mais acentuas
Enquanto vou cantando esta incerteza
Se choras minhas mágoas ou as tuas
Se a minha voz te canta tão serena
Como louca desatas o teu pranto
E eu fico sem jeito, faz-me pena
Então quase emudeço e já não canto
Guitarra, sei que a minha dor entendes
E que tens muito mais que seis sentidos
Porque sõa doze, as cordas com que prendes
A minha alma fadista aos teus gemidos
Quem te deu à nascença essse destino?
Quem te moldou em forma coração
Se te escuto a gemer desde menino
Porque andas a chorar de mão em mão?
Com três letrinhas apenas
Mote popular / Glosa de José Mariano / Popular *fado menor*
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Com três letrinhas apenas
Se escreve a palavra mãe
Que é das palavras pequenas
A maior que o mundo tem
Amor palavra tão grande
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Com três letrinhas apenas
Se escreve a palavra mãe
Que é das palavras pequenas
A maior que o mundo tem
Amor palavra tão grande
Brilha sempre entre centenas
E afinal também se escreve
E afinal também se escreve
Com três letrinhas apenas
Quem amor queira escrever
Quem amor queira escrever
Amor escreve também
E só amor pode ler
E só amor pode ler
Se escreve a palavra mãe
Amor é tudo e na escrita
Amor é tudo e na escrita
Em quatro letras apenas
E mãe, ternura infinita
E mãe, ternura infinita
É das palavras pequenas
Por uma graça divina
Por uma graça divina
Diz tudo quem diga mãe
Palavra tão pequenina
Palavra tão pequenina
A maior que o mundo tem
Laço de amor
Mário Raínho / Raúl Pinto
Repertório de Paulo Filipe
Os nossos corpos unidos
De preconceitos despidos
A que o amor deu um laço
No dorso da nossa cama
Ninguém apaga essa chama
Ninguém desata esse abraço
São murmúrios suspirados
Dois gritos quase abafados
Nas rosas, os nossos beijos
Assim, de mãos enleadas
Nas nossas veias coladas
Sentimos pulsar desejos
Mesmo que lá fora a lua
P’las clareiras da rua
Sua beleza derrame
Vendo o amor que fazemos
Devagar, vai-se escondendo
Porque não tem quem a ame
Repertório de Paulo Filipe
Os nossos corpos unidos
De preconceitos despidos
A que o amor deu um laço
No dorso da nossa cama
Ninguém apaga essa chama
Ninguém desata esse abraço
São murmúrios suspirados
Dois gritos quase abafados
Nas rosas, os nossos beijos
Assim, de mãos enleadas
Nas nossas veias coladas
Sentimos pulsar desejos
Mesmo que lá fora a lua
P’las clareiras da rua
Sua beleza derrame
Vendo o amor que fazemos
Devagar, vai-se escondendo
Porque não tem quem a ame
Amor, primeiro amor
Lima Brunmon / Luís Alexandre
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Amor primeiro amor, não consumado
Minha memória acesa agreste e doce
Passaste tão fugaz, irrealizado
Mas não tive outro amor que maior fosse
Abre-se em mim a voz duma harmonia
Sempre que queres morrer no pensamento
E vais entre a verdade e a fantasia
Amor primeiro amor, vencendo o tempo
És tão perfeito como é a ilusão
Não houve… possa queimar-te a ansiedade
Nem foi tua essa estranha condição
Do amor que se desfaz na realidade
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Amor primeiro amor, não consumado
Minha memória acesa agreste e doce
Passaste tão fugaz, irrealizado
Mas não tive outro amor que maior fosse
Abre-se em mim a voz duma harmonia
Sempre que queres morrer no pensamento
E vais entre a verdade e a fantasia
Amor primeiro amor, vencendo o tempo
És tão perfeito como é a ilusão
Não houve… possa queimar-te a ansiedade
Nem foi tua essa estranha condição
Do amor que se desfaz na realidade
Rua da Conceição
José Luís Gordo / Diogo Lucena e Quadros
Repertório de António Pinto Basto
Na Rua da Conceição
Onde o passado demora
Vai de botão em botão
Nas casas aonde mora
Tem lembranças do passado
Das costureiras de outrora
Até do velho Chiado
Que Lisboa ainda chora
Dedais, dedais e botões
Repertório de António Pinto Basto
Na Rua da Conceição
Onde o passado demora
Vai de botão em botão
Nas casas aonde mora
Tem lembranças do passado
Das costureiras de outrora
Até do velho Chiado
Que Lisboa ainda chora
Dedais, dedais e botões
Para todos os vestidos
Agulhas de corações
Agulhas de corações
Em corações de veludo
Na Rua da Conceição
Na Rua da Conceição
Morada de retroseiros
Vai de botão em botão
Vai de botão em botão
Em beijos casamenteiros
Na Rua da Conceição
Onde as noivas se entretinham
Em dedais de emoções
E linhas para as bainhas
A Rua da Conceição
Morada de retroseiros
Cem anos de tradição
Bailado de costureiros
Elétrico vinte e oito
Teu companheiro de sempre
Nas linhas da tua rua
Onde o passado é presente
E tu, Lisboa, bem sabes
Do tudo de antigamente
Teu coração ‘inda guarda
A Conceição de ser gente
Na Rua da Conceição
Onde as noivas se entretinham
Em dedais de emoções
E linhas para as bainhas
A Rua da Conceição
Morada de retroseiros
Cem anos de tradição
Bailado de costureiros
Elétrico vinte e oito
Teu companheiro de sempre
Nas linhas da tua rua
Onde o passado é presente
E tu, Lisboa, bem sabes
Do tudo de antigamente
Teu coração ‘inda guarda
A Conceição de ser gente
Tudo tem valor
Lima Brummon / Vitor M. Rodrigues
Maria do Rosário Bettencourt
Nada tem mais que o valor
Que tivermos p’ra lhe dar
Uma vida, um grande amor
Todo um sonho num só olhar
Porque olhar de uns é ouro
A outros parece mal
Podemos ver um tesouro
Nas mãos e ele ser um cardo
Se uns nascem p’ra amar
Maria do Rosário Bettencourt
Nada tem mais que o valor
Que tivermos p’ra lhe dar
Uma vida, um grande amor
Todo um sonho num só olhar
Porque olhar de uns é ouro
A outros parece mal
Podemos ver um tesouro
Nas mãos e ele ser um cardo
Se uns nascem p’ra amar
As coisas pequenas
Um lago, um poema
Um lago, um poema
As espigas morenas
Há outros que nascem
Há outros que nascem
P’ra abrirem caminhos
Dirigirem povos
Dirigirem povos
E mudar destinos
Amo a poesia, um poeta
Quer escreva versos ou não
O lavrador ama a terra
Seja pouco ou muito pão
Cada um ama o que vê
Para além do seu olhar
E o valor está no que crê
Nos caminhos por onde andar
Amo a poesia, um poeta
Quer escreva versos ou não
O lavrador ama a terra
Seja pouco ou muito pão
Cada um ama o que vê
Para além do seu olhar
E o valor está no que crê
Nos caminhos por onde andar
Retrato
Letra e música de Amadeu Diniz da Fonseca
Repertório de António Pinto Basto
Telefonei-te manhã cedo, ao acordar
E perguntei-te se tu querias ir jantar
Como disseste “tudo bem” eu lá estarei
Todo contente, nessa manhã ali fiquei
No almoço eu não esqueço, mal comi
Até nem sei se o paguei ou me esqueci
Durante a tarde trabalhei com mais vontade
Para que o tempo escondesse a ansiedade
Depois andei pelas ruas da cidade
Por uma hora, respirando o movimento
Pensei mais uma vez, quanto valia a saudade
Do teu olhar, da tua voz, de um só momento
E fui a casa p’ra escolher o melhor fato
Parecia até que eu ia tirar um retrato
Por breve instante falei comigo, ao saír;
E se ela acaba, afinal, por desistir?
E fui a casa p’ra vestir o melhor fato
Parecia até que eu ia tirar um retrato
E quando eu enfim te vi, fiquei então seguro
Que tinha no teu sorriso, o meu futuro
Repertório de António Pinto Basto
Telefonei-te manhã cedo, ao acordar
E perguntei-te se tu querias ir jantar
Como disseste “tudo bem” eu lá estarei
Todo contente, nessa manhã ali fiquei
No almoço eu não esqueço, mal comi
Até nem sei se o paguei ou me esqueci
Durante a tarde trabalhei com mais vontade
Para que o tempo escondesse a ansiedade
Depois andei pelas ruas da cidade
Por uma hora, respirando o movimento
Pensei mais uma vez, quanto valia a saudade
Do teu olhar, da tua voz, de um só momento
E fui a casa p’ra escolher o melhor fato
Parecia até que eu ia tirar um retrato
Por breve instante falei comigo, ao saír;
E se ela acaba, afinal, por desistir?
E fui a casa p’ra vestir o melhor fato
Parecia até que eu ia tirar um retrato
E quando eu enfim te vi, fiquei então seguro
Que tinha no teu sorriso, o meu futuro
Noite dos meus desejos
Fernando Peres / Popular *fado menor*
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Na noite dos meus desejos
Outono de folhas mortas
Loucas saudades de beijo
Silêncio em todas as portas
Vestido de sombras feito
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Na noite dos meus desejos
Outono de folhas mortas
Loucas saudades de beijo
Silêncio em todas as portas
Vestido de sombras feito
Das sombras que se perderam
Na solidão do meu peito
Na solidão do meu peito
Nas mágoas que não morreram
Estendo os braços à tristeza
Estendo os braços à tristeza
Sem lágrimas p’ra chorar
Por ser a triste certeza
Por ser a triste certeza
Que eu tenho p’ra me abraçar
Andam-me os sonhos perdidos
Andam-me os sonhos perdidos
Por saber que te perdi
E os meus cinco sentidos
E os meus cinco sentidos
Só querem chorar por ti
Vestem-se as horas de medo
Vestem-se as horas de medo
Soluço de escuridão
Na esperança do meu segredo
Na esperança do meu segredo
Na voz do meu coração
Na noite dos meus desejos
Na noite dos meus desejos
A vida fica parada
Na saudade dos teus beijos
Na saudade dos teus beijos
Acontece madrugada
Primeiro encontro
Tiago Torres da Silva / Silvestre Fonseca
Repertório de António Pinto Basto
Ando a morrer de desejo
Só tenho olhos p’ra ela
Sempre que a vejo
Peço-lhe um beijo, não me dá trela
Hoje senti-me bem-vindo
Ao fazer-lhe companhia
Pedi-lhe um beijo, sorrindo
Ela aceitou!... Quem diria?...
E vi que o seu olhar também sorria
Que grande ideia
Repertório de António Pinto Basto
Ando a morrer de desejo
Só tenho olhos p’ra ela
Sempre que a vejo
Peço-lhe um beijo, não me dá trela
Hoje senti-me bem-vindo
Ao fazer-lhe companhia
Pedi-lhe um beijo, sorrindo
Ela aceitou!... Quem diria?...
E vi que o seu olhar também sorria
Que grande ideia
Ter tirado a sexta-feira
Três dias só p’ra namorar
Vou apanhar-te
Três dias só p’ra namorar
Vou apanhar-te
Mesmo ali na Brasileira
E logo vemos
E logo vemos
Onde havemos de ir jantar;
Que grande ideia
Que grande ideia
Ter tirado a sexta-feira
Três dias só p’ra nós os dois
No fim da noite
Três dias só p’ra nós os dois
No fim da noite
Levo-te à Ribeira
O dia nasce
O dia nasce
Vamos p’ra casa depois
Ando a contar cada hora
Para chegar a noitinha
A alma implora
Por quem namora, se está sozinha
Jantamos às nove e meia
Faço mil planos secretos
É noite de lua cheia
Sei onde a podemos ver
Longe dos olhares indiscretos
Reservo a mesa? Ou reservas tu?
Comida indiana, vegana ou chinesa?
Sushi, marisco ou fondue?
Podem ser iscas à portuguesa?
Escolho eu? Ou escolhes tu?
Ando a contar cada hora
Para chegar a noitinha
A alma implora
Por quem namora, se está sozinha
Jantamos às nove e meia
Faço mil planos secretos
É noite de lua cheia
Sei onde a podemos ver
Longe dos olhares indiscretos
Reservo a mesa? Ou reservas tu?
Comida indiana, vegana ou chinesa?
Sushi, marisco ou fondue?
Podem ser iscas à portuguesa?
Escolho eu? Ou escolhes tu?
Canção do velho poeta
José Régio / Maria do Rosário Bettencourtt
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Moço aventureiro
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Moço aventureiro
Que os primeiros passos
Desprendes ligeiro
Com mira aos espaços
Velho, pouco posso
Velho, pouco posso
Tudo mal consigo
Mas irei contigo
Mas irei contigo
Moço trovador
Mas irei contigo
Mas irei contigo
Moço trovador
Que inda p’los dedos
Medes a rigor
Medes a rigor
Teus subtis segredos
Nem que nenhum verso
Nem que nenhum verso
Já persiga… sigo
Rimarei contigo
Rimarei contigo
Moço apaixonado
Rimarei contigo
Rimarei contigo
Moço apaixonado
Que do amor nem sonhas
Que um menino alado
Que um menino alado
Tem manhas medonhas
Do amor já sei tudo
Do amor já sei tudo
Mesmo assim te digo
Que amarei contigo
Que amarei contigo
Moço ilusionista
Que amarei contigo
Que amarei contigo
Moço ilusionista
Que a vida resumes
A acender na pista
A acender na pista
Teus fingidos lumes
Nem que no engano
Nem que no engano
Possa achar abrigo
Fingirei contigo
Fingirei contigo
Nunca nada tive
Fingirei contigo
Fingirei contigo
Nunca nada tive
Menos tenho ao fim
Nunca de si vive
Nunca de si vive
Quem vem ao que vim
Parto mas cantando
Parto mas cantando
Meu mundo inimigo
Mesmo que me expulses
Ficarei contigo
Mesmo que me expulses
Ficarei contigo
O cavalo lusitano
Gustavo Pinto Basto / António Pinto Basto
Repertório de António Pinto Basto
Meu cavalo, meu amigo
És um ser tão especial
Quero percorrer contigo
Os campos de Portugal
És o meu nobre cavalo
E galopas com destreza
És p’ra todos um regalo
Português por natureza
O cavalo lusitano
Repertório de António Pinto Basto
Meu cavalo, meu amigo
És um ser tão especial
Quero percorrer contigo
Os campos de Portugal
És o meu nobre cavalo
E galopas com destreza
És p’ra todos um regalo
Português por natureza
O cavalo lusitano
Ruço, castanho ou lazão
É sempre o mais soberano
É sempre o mais soberano
E é montado com paixão
Lusitano é sua raça
Lusitano é sua raça
Com muito garbo e beleza
Seja no campo ou na praça
Seja no campo ou na praça
Tem a raça portuguesa
Aproveita o nosso tempo
Com perícia desmedida
Tu galopas pelo campo
Em galopo pela vida
Galopar é o teu fado
P’ra mim é esta canção
Lusitano és adorado
Por toda esta nação
Aproveita o nosso tempo
Com perícia desmedida
Tu galopas pelo campo
Em galopo pela vida
Galopar é o teu fado
P’ra mim é esta canção
Lusitano és adorado
Por toda esta nação
Não é fadista quem quer
Joaquim José Lima / José Marques *fado triplicado*
Repertório de Fernando Maurício
Porque canto e sei sentir
Quero expandir e definir
Este meu ponto de vista
Não é fadista quem quer
Ter o prazer em aprender
Mas sim quem nasceu fadista
O fado triplicado
Repertório de Fernando Maurício
Porque canto e sei sentir
Quero expandir e definir
Este meu ponto de vista
Não é fadista quem quer
Ter o prazer em aprender
Mas sim quem nasceu fadista
O fado triplicado
Se no passado deu brado
E gostaram de o ouvir
Eu digo sinceramente
No presente e a toda a gente
Porque canto e sei sentir
Sinto-o a vibrar na alma
Porque canto e sei sentir
Sinto-o a vibrar na alma
Mas com calma e ganha a palma
E o seu valor se regista
Para o poder discutir
Quero expandir e definir
E o seu valor se regista
Para o poder discutir
Quero expandir e definir
Este meu ponto de vista
Tem em mim um bom amigo
Tem em mim um bom amigo
Sem p’rigo de ser antigo
No meu sentir não difere
Digo pois em todo em lado
No meu sentir não difere
Digo pois em todo em lado
Para o fado, está provado
Não é fadista quem quer
Qualquer pessoa se rende
Não é fadista quem quer
Qualquer pessoa se rende
Não se ofende e compreende
Que a voz nunca se conquista
Fadista não pode ser
Que a voz nunca se conquista
Fadista não pode ser
Ter o prazer em aprender
Mas sim quem nasceu fadista
Porque?
António Pinto Basto / Armando Machado *fado súplica*
Repertório de António Pinto Basto
Ó mãe da minha enorme desventura
Serás feita de lama ou de cristal?
Vens do seio da terra ou vens da altura
Cuidar do nosso bem, do nosso mal?
Tu trazes na boca carícia impura
Guardas no peito a folha de um punhal
Caminhas pela mão de Deus segura
Ou guia-te um espírito infernal?
Sombra, porque me encobres o caminho?
Fantasma, porque ris dessa maneira?
Luz, porque tremes quando eu vou sozinho?
E porque hei-de eu amar-te a vida inteira?
Porque chamas por mim, porque t’escondes?
Fantasma, porque ris dessa maneira?
Porque me foges, porque não respondes?
E porque hei-de eu amar-te a vida inteira?
Repertório de António Pinto Basto
Ó mãe da minha enorme desventura
Serás feita de lama ou de cristal?
Vens do seio da terra ou vens da altura
Cuidar do nosso bem, do nosso mal?
Tu trazes na boca carícia impura
Guardas no peito a folha de um punhal
Caminhas pela mão de Deus segura
Ou guia-te um espírito infernal?
Sombra, porque me encobres o caminho?
Fantasma, porque ris dessa maneira?
Luz, porque tremes quando eu vou sozinho?
E porque hei-de eu amar-te a vida inteira?
Porque chamas por mim, porque t’escondes?
Fantasma, porque ris dessa maneira?
Porque me foges, porque não respondes?
E porque hei-de eu amar-te a vida inteira?
Foste ontem, não amanhã
Maria de Lourdes de Carvalho / Carlos da Maia
Repertório de Dina do Carmo
Põe teus olhos em meus olhos
E diz o que neles vês
Eles são luz e verdade
Tudo aquilo em que não crês
Sem te ver te desejava
Põe teus olhos em meus olhos
E diz o que neles vês
Eles são luz e verdade
Tudo aquilo em que não crês
Sem te ver te desejava
De ver-te me alegrei
Agora p’ra te não ver
Agora p’ra te não ver
Dava tudo o que passei
Devolvo risos e beijos
Devolvo risos e beijos
Censuras, promessas, passado
Aceito os meus poemas
Aceito os meus poemas
E as noites do meu fado
Ontem eras o meu sonho
Ontem eras o meu sonho
Depois foste realidade
Hoje és tu o meu passado
Hoje és tu o meu passado
Amanhã nem és saudade
Às vezes em sonho triste
Fernando Pessoa / Idalinho Cabecinho
Repertório de António Severino
Às vezes, em sonho triste
Nos meus desejos existe
Longinquamente um país
Onde ser feliz consiste
Onde ser feliz consiste
Apenas em ser feliz
Vive-se como se nasce
Repertório de António Severino
Às vezes, em sonho triste
Nos meus desejos existe
Longinquamente um país
Onde ser feliz consiste
Onde ser feliz consiste
Apenas em ser feliz
Vive-se como se nasce
Vive-se como se nasce
Sem o querer nem saber
Nessa ilusão de viver
Nessa ilusão de viver
O tempo morre e renasce
Sem que o sintamos correr
O sentir e o desejar
Sem que o sintamos correr
O sentir e o desejar
O sentir e o desejar
São banidos dessa terra
O amor não é amor
São banidos dessa terra
O amor não é amor
Nesse país por onde erra
Meu longínquo divagar
Nem se sonha nem se vive
Nem se sonha nem se vive
Meu longínquo divagar
Nem se sonha nem se vive
Nem se sonha nem se vive
É uma infância sem fim
Parece que se revive
Tão suave é viver assim
Parece que se revive
Tão suave é viver assim
Nesse impossível jardim
Velho canto
Célia Barroca / Luís Petisca
Repertório de Célia Barroca
Na minha voz um canto
Repertório de Célia Barroca
Na minha voz um canto
Um velho canto
Amargo e doce cantar deste povo
De cada vez vencida
Eu canto e me espanto
Da força que este cantar tem de novo
Grito de amargura, triste fado
Amordaçado em noites
Amargo e doce cantar deste povo
De cada vez vencida
Eu canto e me espanto
Da força que este cantar tem de novo
Grito de amargura, triste fado
Amordaçado em noites
De silêncios e de frios
Canção de ternura
Asa de um sonho embarcado
Em manhãs de vento e de navios
Neste canto, um velho canto
A minha voz perdida
Canção de ternura
Asa de um sonho embarcado
Em manhãs de vento e de navios
Neste canto, um velho canto
A minha voz perdida
Para se encontrar de novo
De cada vez vencida
Eu canto e me espanto
Da força que este cantar tem de novo
De cada vez vencida
Eu canto e me espanto
Da força que este cantar tem de novo
Já morreu a Mariquinhas
Lopes Víctor / Popular *fado mouraria*
Repertório de Deolinda Maria
Editado em livro com o título*O testamento da Mariquinhas*
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
A Mariquinhas prós céus
Partiu sem as tamanquinhas
Deixou a guitarra a Deus
E à Moirama as tabuinhas
Caiu chuva, fortemente
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
A Mariquinhas prós céus
Partiu sem as tamanquinhas
Deixou a guitarra a Deus
E à Moirama as tabuinhas
Caiu chuva, fortemente
Num beco da Mouraria
Donde o sol, por ironia
Donde o sol, por ironia
Também quis estar ausente
Nos lábios de tanta gente
Nos lábios de tanta gente
Crente e mesmo dos ateus
Encomendaram a Deus
Encomendaram a Deus
A alma da pecadora
E lá foi, naquela hora
A Mariquinhas prós céus
Fazer milagre, quis Deus
E lá foi, naquela hora
A Mariquinhas prós céus
Fazer milagre, quis Deus
Em trazer ao funeral
Um escol fenomenal
Um escol fenomenal
D’alguns nobres e plebeus
O Conde, o Roque, o Mateus
O Conde, o Roque, o Mateus
O Custódia e o Ginguinhas
Choraram a Mariquinhas
Choraram a Mariquinhas
Essa figura lendária
Que à procura da Cesária
Partiu sem as tamanquinhas
E a Cigarra cantadeira
Que à procura da Cesária
Partiu sem as tamanquinhas
E a Cigarra cantadeira
Não fará mais que gorjeios
Gorjeando os seu anseios
Gorjeando os seu anseios
Num fado à sua maneira
Na Rua da Amendoeira
Na Rua da Amendoeira
Andam já os fariseus
A pregar, feitos judeus
A pregar, feitos judeus
Com fingido sentimento
Que ela no testamento
Deixou a guitarra a Deus
No cofre já tão falado
Que ela no testamento
Deixou a guitarra a Deus
No cofre já tão falado
Ficaram as rendas finas
Muitos laços, as cortinas
Muitos laços, as cortinas
Um lençol todo bordado
E tudo foi averbado
E tudo foi averbado
P’ra deixar a umas velhinhas
No fado velhas rainhas
No fado velhas rainhas
Que lá viram exarado
Eu deixo o meu xaile ao fado
E à Moirama as tabuinhas
Eu deixo o meu xaile ao fado
E à Moirama as tabuinhas
Já que sais
José Gonçalez / Armando Machado *fado santa luzia*
Repertório de António Pinto Basto
Agora que a minha rua
Vai deixar de ser a tua
Porque te queres ir embora
Diz àquele sonho antigo
Que parta também contigo
Que saia p’la porta fora
Podes levar o que é teu
Se quiseres leva o que é meu
Isso a mim já nada interessa
Sai quando eu cá não estiver
Porque eu não te quero ver
Já que sais, parte depressa
Não deixes fotografias
Testemunhas de alegrias
Felicidades doutras luas
Eu não quero mais andar
Por aí, a encalhar
Em tantas lembranças tuas
Não me fales nunca mais
Nem me digas p’ra onde vais
Se finjo que nada importa
Tenho medo que o coração
Não resista à tentação
E te vá bater à porta
Repertório de António Pinto Basto
Agora que a minha rua
Vai deixar de ser a tua
Porque te queres ir embora
Diz àquele sonho antigo
Que parta também contigo
Que saia p’la porta fora
Podes levar o que é teu
Se quiseres leva o que é meu
Isso a mim já nada interessa
Sai quando eu cá não estiver
Porque eu não te quero ver
Já que sais, parte depressa
Não deixes fotografias
Testemunhas de alegrias
Felicidades doutras luas
Eu não quero mais andar
Por aí, a encalhar
Em tantas lembranças tuas
Não me fales nunca mais
Nem me digas p’ra onde vais
Se finjo que nada importa
Tenho medo que o coração
Não resista à tentação
E te vá bater à porta
A Beatriz da Ribeira
António Vasconcelos / Eugénio Pepe
Repertório de Anabela
A Beatriz da Ribeira
Era a vendedeira com maior cartaz
Num corpo esguio, travessa
Virava a cabeça a qualquer rapaz
Mal rompia a madrugada
A sua chegada era um festival
Ela era a luz da Ribeira
Era a mais brejeira que o sol e o sal
Ó Ribeira, ó Ribeira
Levanta a voz e apregoa
No mercado da Ribeira
Estão as mulheres
Ó Ribeira, ó Ribeira
Grita alto o teu pregão
Venham todos à Ribeira
Ver as mulheres que cá estão
Repertório de Anabela
A Beatriz da Ribeira
Era a vendedeira com maior cartaz
Num corpo esguio, travessa
Virava a cabeça a qualquer rapaz
Mal rompia a madrugada
A sua chegada era um festival
Ela era a luz da Ribeira
Era a mais brejeira que o sol e o sal
Ó Ribeira, ó Ribeira
Levanta a voz e apregoa
No mercado da Ribeira
Estão as mulheres
Mais bonitas de Lisboa
Ó Ribeira, ó Ribeira
Grita alto o teu pregão
Venham todos à Ribeira
Ver as mulheres que cá estão
Que belas são
Bravia e cheia de brio
O fado vadio era todo seu
Na Grande Noite do Fado
Cantou e deu brado lá no Coliseu
Deixou de ser vendedeira
Hoje é cantadeira, percorre o país
E a malta diz na Ribeira
Vai ser a primeira, que seja feliz
Bravia e cheia de brio
O fado vadio era todo seu
Na Grande Noite do Fado
Cantou e deu brado lá no Coliseu
Deixou de ser vendedeira
Hoje é cantadeira, percorre o país
E a malta diz na Ribeira
Vai ser a primeira, que seja feliz
Sombra fugidia
António Rocha / Popular *fado menor*
Repertório de António Rocha
Vem, ó sombra fugidia
Repertório de António Rocha
Vem, ó sombra fugidia
Folha verde em meu outono
Gota cristalina e fria
Neste sede de abandono
Verde esperança sem sentido
Gota cristalina e fria
Neste sede de abandono
Verde esperança sem sentido
Onda revolta de mar
Onde navego perdido
Onde navego perdido
Em busca do teu olhar;
Verde esperança sem sentido
Sentido de te alcançar
Vem enquanto a lua espreita
Verde esperança sem sentido
Sentido de te alcançar
Vem enquanto a lua espreita
Dorme o sol em meu passado
E uma saudade se deita
E uma saudade se deita
No meu leito abandonado;
Vem enquanto a lua espreita
O teu corpo imaginado
Traz uma nova alvorada
Vem enquanto a lua espreita
O teu corpo imaginado
Traz uma nova alvorada
Ao escurecer da minha idade
Que já se sente cansada
Que já se sente cansada
D’esperar tua verdade;
Traz uma nova alvorada
P’ra matar esta saudade
Traz uma nova alvorada
P’ra matar esta saudade
Compasso
Amadeu Diniz da Fonseca / Amadeu Diniz da Fonseca e Jorge Silva
Repertório de António Pinto Basto
Dá-me um abraço e dá-me um beijo
Segue o compasso do meu desejo
Dá-me um momento do teu segredo
Cobre o meu espaço sem dor nem medo
E vem sentir num sonho breve
Esta empatia desperta em nós
Este caminho que nos envolve
Na alegria ao estarmos sós
E dá-me as mãos e dá-me o gosto
Desse sorriso aberto e justo
O teu regaço, minha aventura
O meu cansaço, a minha cura
E deixa ouvir os sons da terra
E deixa sentir a força do mar
P’ra lá das portas e das janelas
Que não se cansam de nos guardar
E proteger, de nos unir
De nos receber e ver-nos partir
P’ra lá das fontes, p’ra lá da foz
Repertório de António Pinto Basto
Dá-me um abraço e dá-me um beijo
Segue o compasso do meu desejo
Dá-me um momento do teu segredo
Cobre o meu espaço sem dor nem medo
E vem sentir num sonho breve
Esta empatia desperta em nós
Este caminho que nos envolve
Na alegria ao estarmos sós
E dá-me as mãos e dá-me o gosto
Desse sorriso aberto e justo
O teu regaço, minha aventura
O meu cansaço, a minha cura
E deixa ouvir os sons da terra
E deixa sentir a força do mar
P’ra lá das portas e das janelas
Que não se cansam de nos guardar
E proteger, de nos unir
De nos receber e ver-nos partir
P’ra lá das fontes, p’ra lá da foz
Desse infinito que corre em nós
Por te amar perdi a Deus
Sérgio / Júlio Proença *fado puxavante*
Por te amar perdi a Deus
Por teu amor me perdi
Agora vejo-me só
Sem Deus, sem amor, sem ti
Sem fé navego na vida
Repertório de Ana Rosmaninho
Desconhece-se a estrofe que deveria glosar o 2° verso do mote.
Por te amar perdi a Deus
Por teu amor me perdi
Agora vejo-me só
Sem Deus, sem amor, sem ti
Sem fé navego na vida
Por culpa dos olhos teus
Hoje sinto-me perdida
Hoje sinto-me perdida
Por te amar perdi a Deus
Quando os teus olhos choraram
Quando os teus olhos choraram
Tive pena, senti dó
Mas mentiram e enganaram
Mas mentiram e enganaram
E agora vejo-me só
E perdida nesta estrada
E perdida nesta estrada
Que a teu lado percorri
Sigo triste e abandonada
Sigo triste e abandonada
Sem Deus, sem amor, sem ti
O tempo não passa
António Vasco Moraes / Francisco Viana *fado vianinha*
Repertório de António Vasco Moraes
Cheguei a meio da noite
Da noite da tua vida
Procurando quem me acoite
Esta alma tão despida
Ao longo do meu caminho
Repertório de António Vasco Moraes
Cheguei a meio da noite
Da noite da tua vida
Procurando quem me acoite
Esta alma tão despida
Ao longo do meu caminho
Cheguei a este cansaço
Tenho agora o teu carinho
Tenho agora o teu carinho
O teu colo, o teu abraço
Nele quero descansar
Nele quero descansar
P’ra sempre ficar em paz
Afogar-me em teu olhar
Afogar-me em teu olhar
Nunca mais olhar p’ra trás
Sentir que o tempo não passa
Sentir que o tempo não passa
Não passa, já se desfez
É o meu corpo que te abraça
É o meu corpo que te abraça
Que te abraça outra vez
Ti Alfredo
Francisco Nicholson / Braga Santos
Repertório de Anabela
Tio Alfredo, quando às tantas
Vou p’las vielas à toa
Repertório de Anabela
Tio Alfredo, quando às tantas
Vou p’las vielas à toa
Oiço a tua voz nos céus
Cantas p’ra santos e santas
Cantas p’ra santos e santas
O teu fado de Lisboa
Encantas o próprio Deus
Lá do alto a que subiste
Na viagem sem regresso
Encantas o próprio Deus
Lá do alto a que subiste
Na viagem sem regresso
Que nos leva à eternidade
Certamente ‘inda não viste
Certamente ‘inda não viste
Tudo o que fez o progresso
Da nossa querida cidade
Sob a luz dum candeeiro
Já não se descobre o fado
No rosto de uma mulher
Tio Alfredo Marceneiro
Se visses não querias crer;
Mas chega o anoitecer
Traz a saudade que voa
Para a estrela aonde estás
Porque o fado há-de viver
Enquanto existir lisboa
Alfredo descansa em paz
Na casa da Mariquinhas
Que outrora foi das mais belas
Da nossa querida cidade
Sob a luz dum candeeiro
Já não se descobre o fado
No rosto de uma mulher
Tio Alfredo Marceneiro
Se visses não querias crer;
Mas chega o anoitecer
Traz a saudade que voa
Para a estrela aonde estás
Porque o fado há-de viver
Enquanto existir lisboa
Alfredo descansa em paz
Na casa da Mariquinhas
Que outrora foi das mais belas
Vive hoje uma doidivanas
Deitou fora as tabuínhas
Deitou fora as tabuínhas
Que alindavam as janelas
E mandou pôr persianas
O ardinita, João
Ninguém ouviu nunca mais
E mandou pôr persianas
O ardinita, João
Ninguém ouviu nunca mais
Apregoar nas esquinas
Aquele belo pregão
Aquele belo pregão
Que dava vida aos jornais
Estão a acabar os ardinas
Estão a acabar os ardinas
Sonho junto ao rio
António Rocha / Manuel Mendes
Repertório de António Rocha
Corria o Tejo calmo e lentamente
Um cheiro a maresia enchia o ar
E eu ali parado à tua frente
Perdido nos teus olhos verde mar
Uma brisa suave acariciava
O teu rosto sereno, encantador
Enquanto a minha voz balbuciava
Num som imperceptível, meu amor
Esvoaçavam gaivotas ondulantes
Numa dança que fazia lembrar
O bailar dos meus olhos suplicantes
Perdidos nos teus olhos verde mar
É testemunha a tarde que morria
De tudo quanto o teu olhar não viu
Na paisagem, no amor, na fantasia
Deste sonho nascido junto ao rio
Repertório de António Rocha
Corria o Tejo calmo e lentamente
Um cheiro a maresia enchia o ar
E eu ali parado à tua frente
Perdido nos teus olhos verde mar
Uma brisa suave acariciava
O teu rosto sereno, encantador
Enquanto a minha voz balbuciava
Num som imperceptível, meu amor
Esvoaçavam gaivotas ondulantes
Numa dança que fazia lembrar
O bailar dos meus olhos suplicantes
Perdidos nos teus olhos verde mar
É testemunha a tarde que morria
De tudo quanto o teu olhar não viu
Na paisagem, no amor, na fantasia
Deste sonho nascido junto ao rio
O salgueiro
Célia Barroca / Luís Petisca
Repertório de Célia Barroca
Ai salgueiro, porque choras
Porque te pões a chorar?
Perdi um amor de mel
Num barquinho de papel
Nas areias deste rio
Eu cravei minhas raízes
Vão-se amores, vão-se mágoas
E venham horas felizes
Sentinela deste Tejo
Sou salgueiro cabisbaixo
Que um salgueiro à borda d’água
Sonha ir p’la água abaixo
Nas areias deste rio
Construí minha cabana
Veio a chuva no inverno
Pintou-me a cama de lama
Ai salgueiro, porque choras
Porque te pões a chorar?
Quem me dera ‘star contigo
Seguro nesse lugar
O salgueiro à borda d’água
Mergulha no pensamento
De ser livre como as aves
De ser livre como o vento
Repertório de Célia Barroca
Ai salgueiro, porque choras
Porque te pões a chorar?
Perdi um amor de mel
Num barquinho de papel
Nas areias deste rio
Eu cravei minhas raízes
Vão-se amores, vão-se mágoas
E venham horas felizes
Sentinela deste Tejo
Sou salgueiro cabisbaixo
Que um salgueiro à borda d’água
Sonha ir p’la água abaixo
Nas areias deste rio
Construí minha cabana
Veio a chuva no inverno
Pintou-me a cama de lama
Ai salgueiro, porque choras
Porque te pões a chorar?
Quem me dera ‘star contigo
Seguro nesse lugar
O salgueiro à borda d’água
Mergulha no pensamento
De ser livre como as aves
De ser livre como o vento
Resta-me a esperança
António Rocha / Alfredo Duarte *marcha do marceneiro*
Repertório de António Rocha
Mais um dia sem te ver
Menos um dia de vida
Sem te ouvir, sem te falar
Porque vieste acender
Esta chama adormecida
Que eu não queria despertar
Quanto mais foges de mim
Tanto mais perto te sinto
Menos consigo esquecer-me
Mas se apareces por fim
Vejo-me num labirinto
Onde receio perder-me
O amor que em mim despertaste
É rio que corria manso
E hoje transborda do leito
Falei-te, não me escutaste
Estendo os braços, não te alcanço
Aumenta a angústia em meu peito
Angústia que não se cansa
Desde o dia em que te vi
De me prender em seus laços
Resta-me apenas a esperança
Que não fujas mais de ti
E te entregues em meus braços
Repertório de António Rocha
Mais um dia sem te ver
Menos um dia de vida
Sem te ouvir, sem te falar
Porque vieste acender
Esta chama adormecida
Que eu não queria despertar
Quanto mais foges de mim
Tanto mais perto te sinto
Menos consigo esquecer-me
Mas se apareces por fim
Vejo-me num labirinto
Onde receio perder-me
O amor que em mim despertaste
É rio que corria manso
E hoje transborda do leito
Falei-te, não me escutaste
Estendo os braços, não te alcanço
Aumenta a angústia em meu peito
Angústia que não se cansa
Desde o dia em que te vi
De me prender em seus laços
Resta-me apenas a esperança
Que não fujas mais de ti
E te entregues em meus braços
Confissão
Amadeu Diniz de Fonseca / Popular *fado moleirinha*
Repertório de António Pinto Basto
Passei a vida a correr o mundo inteiro
Dei tantas voltas que nem vão acreditar
Se alguém disser que eu minto, é o primeiro
Contando aquilo que vos quero confessar
Vale sempre a pena lutar p’lo que se quer
Mas nada iguala o amor duma mulher
Vi tantos rios, tantos vales, tantas montanhas
Tantas planícies e cidades tão formosas
Lugares tão belos, de mil cores, vistas tamanhas
Cheias de vida, de lendas fantasioas
Mas não me digam que há um lugar sequer
Mais deslumbrante que um sorriso de mulher
Todos os mares da terra inteira naveguei
Em mil lugares acostei e percorri
Até sereias, julgo eu que as vislumbrei
Por entre as ondas desses mares que eu já vi
Mas de certeza que ainda está para nascer
Coisa mais bela que o olhar duma mulher
Toda a beleza do que nasce tem um fim
A vida tem tempos diferentes p’ra lembrar
Mas quero eu ter a cantar perto de mim
Na hora certa que Deus me queira levar
Na solidão do momento, já sem a ver
A voz serena, cheia de luz, duma mulher
A vida é bela, a vida é linda
Uma graça infinda
Repertório de António Pinto Basto
Passei a vida a correr o mundo inteiro
Dei tantas voltas que nem vão acreditar
Se alguém disser que eu minto, é o primeiro
Contando aquilo que vos quero confessar
Vale sempre a pena lutar p’lo que se quer
Mas nada iguala o amor duma mulher
Vi tantos rios, tantos vales, tantas montanhas
Tantas planícies e cidades tão formosas
Lugares tão belos, de mil cores, vistas tamanhas
Cheias de vida, de lendas fantasioas
Mas não me digam que há um lugar sequer
Mais deslumbrante que um sorriso de mulher
Todos os mares da terra inteira naveguei
Em mil lugares acostei e percorri
Até sereias, julgo eu que as vislumbrei
Por entre as ondas desses mares que eu já vi
Mas de certeza que ainda está para nascer
Coisa mais bela que o olhar duma mulher
Toda a beleza do que nasce tem um fim
A vida tem tempos diferentes p’ra lembrar
Mas quero eu ter a cantar perto de mim
Na hora certa que Deus me queira levar
Na solidão do momento, já sem a ver
A voz serena, cheia de luz, duma mulher
A vida é bela, a vida é linda
Uma graça infinda
Esta benção de viver
É uma aventura e a vida ainda
É mais bem vinda
É uma aventura e a vida ainda
É mais bem vinda
Com o amor duma mulher
Foste uma ilusão
António Rocha / Fontes Rocha *teu nome simplesmente*
Repertório de António Rocha
Pensaste que eu buscava uma aventura
Um risco mais no meu rol de prazer
E viste devaneio onde a ternura
Vibrava no mais fundo do meu ser
Recordo as horas que comigo estavas
Quando só eu falava e tu ouvias
E as escassas respostas que me davas
Me faziam pensar que me entendias
Escutavas as palavras que eu dissesse
Sorrindo para mim cada momento
Por isso me confunde e entristece
A tua ausência, o teu afastamento
Ainda não consigo compreender
O que faz tomar tal atitude
Pois quem melhor pansamos conhecer
É quem mais fácilmente nos ilude
Cantando este poema para ti
Mais uma vez abri meu coração
Olha-me bem nos olhos e sorri
E diz-me que não és uma ilusão
Repertório de António Rocha
Pensaste que eu buscava uma aventura
Um risco mais no meu rol de prazer
E viste devaneio onde a ternura
Vibrava no mais fundo do meu ser
Recordo as horas que comigo estavas
Quando só eu falava e tu ouvias
E as escassas respostas que me davas
Me faziam pensar que me entendias
Escutavas as palavras que eu dissesse
Sorrindo para mim cada momento
Por isso me confunde e entristece
A tua ausência, o teu afastamento
Ainda não consigo compreender
O que faz tomar tal atitude
Pois quem melhor pansamos conhecer
É quem mais fácilmente nos ilude
Cantando este poema para ti
Mais uma vez abri meu coração
Olha-me bem nos olhos e sorri
E diz-me que não és uma ilusão
Envelhecer
Maria Manuel Cid / Franklim Godinho *fado franklim 4as*
Repertório de Teresa Tarouca
Quando o fadista velhinho
Já não tem voz p’ra cantar
Começa a rezar baixinho
E principia a chorar
Tem pena da mocidade
Mas não lhe importa morrer
Que lhe importa de verdade
É sentir-se envelhecer
E da vida já vivida
Recordando a mocidade
Tenta viver outra vida
Toda feita de saudade
E o seu peito magoado
Já não tem voz p’ra cantar
Guarda no peito o seu fado
E prinicipia a chorar
Repertório de Teresa Tarouca
Quando o fadista velhinho
Já não tem voz p’ra cantar
Começa a rezar baixinho
E principia a chorar
Tem pena da mocidade
Mas não lhe importa morrer
Que lhe importa de verdade
É sentir-se envelhecer
E da vida já vivida
Recordando a mocidade
Tenta viver outra vida
Toda feita de saudade
E o seu peito magoado
Já não tem voz p’ra cantar
Guarda no peito o seu fado
E prinicipia a chorar
Caixeirinha do Grandella
Carlos Baleia / Nuno Nazareth Fernandes *fado caixeirinha*
Repertório de António Pinto Basto
Certa manhã no Grandella
Repertório de António Pinto Basto
Certa manhã no Grandella
Vi a bela caixeirinha
E preso nos olhos dela
E preso nos olhos dela
Quase esqueci ao que vinha
Pois beleza como aquela
Pois beleza como aquela
Dava-lhe um ar de rainha
E a simples entretela
E a simples entretela
Que era coisa pobrezinha
Só por roçar nas mãos dela
Só por roçar nas mãos dela
Era da seda, vizinha
Ai, a bela caixeirinha
Ai, a bela caixeirinha
Que morava na viela
Onde voltava à tardinha
Onde voltava à tardinha
Comigo sempre atrás dela
E na porta da tasquinha
E na porta da tasquinha
Plantei-me de sentinela
Guardando a rua estreitinha
Guardando a rua estreitinha
Que parecia larga e bela
Pois a beleza que tinha
Pois a beleza que tinha
Sendo enorme, era singela
E, sempre olhando p’ra ela
E, sempre olhando p’ra ela
Vi que o seu ar de rainha
Era a imagem mais bela
Era a imagem mais bela
Da Lisboa ribeirinha
Meus olhos não tirei dela
Meus olhos não tirei dela
Jurei que seria minha
Não há poder de um Grandella
Não há poder de um Grandella
Ou duma baixa inteirinha
Que impeça a caixeira bela
Que impeça a caixeira bela
De me dar o que eu não tinha
Com a paixão alfacinha
Com a paixão alfacinha
Inspirada p’la donzela
Decerto que se adivinha
Decerto que se adivinha
Que aquela caixeira bela
Que da baixa era rainha
Que da baixa era rainha
Deixou de ser do Grandella
E que a casa tão velhinha
E que a casa tão velhinha
Que antes era apenas dela
É agora também minha
É agora também minha
E o sol inunda a viela
Na voz dos trigais
Célia Barroca / Luís Petisca
Repertório de Célia Barroca
Fui um sonhador
Repertório de Célia Barroca
Fui um sonhador
Esculpi oceanos e mastros e velas
Tracei areais
Tracei areais
E nos verdes pinhais talhei caravelas
Fui aventureiro
Fui aventureiro
Num mar de paixão, de luz e de sombras
Um rude marinheiro
A tanger modinhas ao sabor das ondas
Já fui trovador nos paços reias
E fui lavrador
Um rude marinheiro
A tanger modinhas ao sabor das ondas
Já fui trovador nos paços reias
E fui lavrador
A escutar o mundo na voz dos trigais
Sou filho do povo e andei embarcado
Eu já fui à guerra, eu já fui soldado
Do mar e da terra me fiz namorado
Eu já fui profeta, eu já fui cantor
Eu já fui poeta, fiz trovas de amor
Já fui trovador
Sou filho do povo e andei embarcado
Eu já fui à guerra, eu já fui soldado
Do mar e da terra me fiz namorado
Eu já fui profeta, eu já fui cantor
Eu já fui poeta, fiz trovas de amor
Já fui trovador
Cantei a verdade
Eu já fui à guerra
E da guerra não trouxe
Eu já fui à guerra
E da guerra não trouxe
Nem pão, nem saudade
Quadras da minha solidão
Alda Lara / Jaime Santos *fado da bica*
Repertório de António Vasco Morais
Fica longe o sol que vi
Aquecer meu corpo outrora
Como é breve o sol daqui
E como é longa esta hora
Donde estou vejo partir
Repertório de António Vasco Morais
Fica longe o sol que vi
Aquecer meu corpo outrora
Como é breve o sol daqui
E como é longa esta hora
Donde estou vejo partir
Quem parte certo e feliz
Só eu fico e sonho ir
Só eu fico e sonho ir
Rumo ao sol do meu país
Mas dor de quê? dor de quem?
Mas dor de quê? dor de quem?
Se nada tenho a sofrer
Saudade, amor, sei lá bem
É qualquer coisa a morrer
E assim no pulso dos dias
Sinto chegar outro outono
Passam as horas esguias
Levando o meu abandono
Saudade, amor, sei lá bem
É qualquer coisa a morrer
E assim no pulso dos dias
Sinto chegar outro outono
Passam as horas esguias
Levando o meu abandono
No Tejo escrevi meu nome
Célia Barroca / Luís Petisca
Repertório de Célia Barroca
No Tejo escrevi meu nome
Com minhas mãos de criança
Com mil desejos de afagos
Entre risos e entre esp’rança
Areias foram ternura
Salgueiros foram abraço
E as águas cor de prata
O espelho do meu cansaço
Entre estevas e papoilas
Entre verdes canaviais
Trilhei caminhos descalços
Semeei fundo meus ais
Ao Tejo pedi sustento
Com minhas mãos lavadeiras
Nas doces águas do estio
Nas de inverno traiçoeiras
Ai que saudades que eu tenho
Dos tempos de rapariga
Quando a tristeza lavava
Nos versos duma cantiga
Ao tejo dei-me inteirinha
Dei minhas mãos lavadeiras
Dei minha alma de mulher
Num corpo de mil canseiras
Rio que corres p’ra tão longe
Os meus sonhos não mos leves
Que os momentos de alegria
São tão poucos, são tão breves
Repertório de Célia Barroca
No Tejo escrevi meu nome
Com minhas mãos de criança
Com mil desejos de afagos
Entre risos e entre esp’rança
Areias foram ternura
Salgueiros foram abraço
E as águas cor de prata
O espelho do meu cansaço
Entre estevas e papoilas
Entre verdes canaviais
Trilhei caminhos descalços
Semeei fundo meus ais
Ao Tejo pedi sustento
Com minhas mãos lavadeiras
Nas doces águas do estio
Nas de inverno traiçoeiras
Ai que saudades que eu tenho
Dos tempos de rapariga
Quando a tristeza lavava
Nos versos duma cantiga
Ao tejo dei-me inteirinha
Dei minhas mãos lavadeiras
Dei minha alma de mulher
Num corpo de mil canseiras
Rio que corres p’ra tão longe
Os meus sonhos não mos leves
Que os momentos de alegria
São tão poucos, são tão breves
Açorda d’alho
Joaquim Banza / Joaquim Marrafa
Repertório de António Pinto Basto
Repertório de António Pinto Basto
Participação do Grupo de Cante da Damaia
É fácil fazer, dá pouco trabalho
É água a ferver, coentros e alho
Coentros e alho e água a ferver
Dá pouco trabalho e é fácil fazer
Alhos, coentros e sal
Também se faz com poejo
Esse manjar que nasceu
Lá dentro do nosso Alentejo;
Depois dos alhos pisados
E com a água a ferver
Corta-se o pão aos bocados
Está pronta, vamos comer
Com o panito bem duro
E um ovo para escalfar
O azeite bom e puro
Não há melhor paladar;
Açorda com bacalhau
E azeitonas pisadas
Também não é nada mau
Com umas sardinhas assadas
Lembro-me, quando era moço
Antes de ir p’ró trabalho
Comer ao pequeno almoço
Uma bela açorda d’alho;
Já meus avós me diziam
A força que a açorda dá
Todos os dias comiam
E dez filhos já estão cá
É fácil fazer, dá pouco trabalho
É água a ferver, coentros e alho
Coentros e alho e água a ferver
Dá pouco trabalho e é fácil fazer
Alhos, coentros e sal
Também se faz com poejo
Esse manjar que nasceu
Lá dentro do nosso Alentejo;
Depois dos alhos pisados
E com a água a ferver
Corta-se o pão aos bocados
Está pronta, vamos comer
Com o panito bem duro
E um ovo para escalfar
O azeite bom e puro
Não há melhor paladar;
Açorda com bacalhau
E azeitonas pisadas
Também não é nada mau
Com umas sardinhas assadas
Lembro-me, quando era moço
Antes de ir p’ró trabalho
Comer ao pequeno almoço
Uma bela açorda d’alho;
Já meus avós me diziam
A força que a açorda dá
Todos os dias comiam
E dez filhos já estão cá
Terra queimada
Célia Barroca / Luís Martins
Repertório de Célia Barroca
Tanta terra já queimada
Tanto tojo a despontar
Tanta papoila encarnada
Tanto sonho por lavrar
Nesta terra abandonada
Tudo lembra o teu olhar
Corre o rio no seu leito
E em seu jeito, murmuro
Trovas que trago no peito
Acorda-me o rouxinól
E à noite o vento faz-me chorar
Nesta terra abandonada
Tudo lembra o teu cantar
Repertório de Célia Barroca
Tanta terra já queimada
Tanto tojo a despontar
Tanta papoila encarnada
Tanto sonho por lavrar
Nesta terra abandonada
Tudo lembra o teu olhar
Corre o rio no seu leito
E em seu jeito, murmuro
Trovas que trago no peito
Acorda-me o rouxinól
E à noite o vento faz-me chorar
Nesta terra abandonada
Tudo lembra o teu cantar
As sandálias cor-de-rosa
Eduardo Olímpio / Paco Bandeira
Repertório de António Pinto Basto
Não calces as sandálias cor-de-rosa
Essas sandálias são o meu martírio
Com elas tu desenhas verso em prosa
E fazes da calçada um chão de lírio
Se desces para Alfama, há uma viela
Que fica enamorada e a teus pés
Teus passos, toc-toc, uma aguarela
E o Tejo muda o curso das marés
As tuas sandálias
São duas Amálias
São Cesário Verde
Que em rimas se perde
Repertório de António Pinto Basto
Não calces as sandálias cor-de-rosa
Essas sandálias são o meu martírio
Com elas tu desenhas verso em prosa
E fazes da calçada um chão de lírio
Se desces para Alfama, há uma viela
Que fica enamorada e a teus pés
Teus passos, toc-toc, uma aguarela
E o Tejo muda o curso das marés
As tuas sandálias
São duas Amálias
Cantando a ternura
São o Marceneiro
Gingando certeiro
São o Marceneiro
Gingando certeiro
Como a vida é dura
São Cesário Verde
Que em rimas se perde
E como eu invejo
Fernando Pessoa
A namorar Lisboa
Fernando Pessoa
A namorar Lisboa
Que namora o Tejo
Se vais ao Bairro Alto ouvir um fado
Tuas sandálias pisam a ternura
Mesmo que o verso tenha um tom magoado
O teu andar é sempre uma aventura
O cor-de-rosa das tuas sandálias
Lembra um jardim florido em movimento
Ramos de rosas, de tulipas, de dálias
Que nunca foram minhas e eu lamento
Se vais ao Bairro Alto ouvir um fado
Tuas sandálias pisam a ternura
Mesmo que o verso tenha um tom magoado
O teu andar é sempre uma aventura
O cor-de-rosa das tuas sandálias
Lembra um jardim florido em movimento
Ramos de rosas, de tulipas, de dálias
Que nunca foram minhas e eu lamento
Memória de um tempo
Célia Barroca / Luís Petisca
Repertório de Célia Barroca
Rosa, que sonhaste?
Foi um sonho antigo!
Memória de um tempo
Que bate ao postigo
Rosa, que sonhaste
Que te fez chorar?
Sonhei-me menina
Repertório de Célia Barroca
Rosa, que sonhaste?
Foi um sonho antigo!
Memória de um tempo
Que bate ao postigo
Rosa, que sonhaste
Que te fez chorar?
Sonhei-me menina
Na rua esquecida
E que a meio da vida
E que a meio da vida
Me vem acordar
Deixa-me embalar na noite
Esse sonho sonho antigo
Verás que não volta
Se eu dormir contigo
Deixa-me embalar na noite
Esse sonho sonho antigo
Verás que não volta
Se eu dormir contigo
Deixa-me ficar na noite
Que bate ao postigo
Que o medo não volta
Se eu dormir contigo
Que bate ao postigo
Que o medo não volta
Se eu dormir contigo
A Graça
Letra e música de Amadeu Diniz da Fonseca
Repertório de António Pinto Basto
Ai que coisa sem graça
Tamanha desgraça a de não a ver
Já nem sei o que faça
Para que a Graça torne a aparecer
Ando de volta na Graça
Não sei que se passa nesta Lisboa
Não ver a Graça na Graça
Qual é a Graça? Não se perdoa!
Ó Graça aparece na Graça
Se alguém que passa não te quer bem
É gente que não tem graça
E inveja a Graça que a Graça tem
A Graça é tão engraçada
A sua graça não tem igual
Ao vê-la passar na Graça
Com sua graça tão natural
Por onde andará a Graça?
Graça escondida é minha tristeza
A Graça faz falta à Graça
Graça prendada da natureza
A Graça tão graciosa
Vai aparecer num dia qualquer
No meio da Graça, vaidosa
Abraço a Graça se ela quiser
Ó Graça por tua graça
Aparece na Graça, faço questão
Eu quero que saibas, Graça
Que te dou de graça o meu coração
Repertório de António Pinto Basto
Ai que coisa sem graça
Tamanha desgraça a de não a ver
Já nem sei o que faça
Para que a Graça torne a aparecer
Ando de volta na Graça
Não sei que se passa nesta Lisboa
Não ver a Graça na Graça
Qual é a Graça? Não se perdoa!
Ó Graça aparece na Graça
Se alguém que passa não te quer bem
É gente que não tem graça
E inveja a Graça que a Graça tem
A Graça é tão engraçada
A sua graça não tem igual
Ao vê-la passar na Graça
Com sua graça tão natural
Por onde andará a Graça?
Graça escondida é minha tristeza
A Graça faz falta à Graça
Graça prendada da natureza
A Graça tão graciosa
Vai aparecer num dia qualquer
No meio da Graça, vaidosa
Abraço a Graça se ela quiser
Ó Graça por tua graça
Aparece na Graça, faço questão
Eu quero que saibas, Graça
Que te dou de graça o meu coração
Minha amada Lisboa
Marco Oliveira / Tiago Derriça
Repertório de Marco Oliveira
A minha amada Lisboa
Tem o azul do tejo no olhar
Toda a cidade se ilumina
Quando penteia o seu cabelo ao luar
Conto as estrelas no seu rosto de menina
A minha amada Lisboa
Perfuma cada rua de saudade
E nas vitrinas da avenida
O seu vestido vais espelhando a claridade
Quando ela passa nos meus dias distraída
Que será das vielas e da ponte sobre o rio
Quando encontrar outro lugar nos sonhos dela
Se ela partir sem um adeus no seu navio
Não há-de haver outra cidade como ela
A minha amada Lisboa
Quer ver nascer o sol no meu inverno
Quer ver a chuva em pleno agosto
E andar molhada no Rossio um dia eterno
Quando ela dança o meu sorriso é fogo posto
Que será das vielas que deixou no meu olhar
Quando o luar vier espreitá-la na janela
Daquela casa que deixou sem avisar
Sei que Lisboa vai sentir a falta dela
Repertório de Marco Oliveira
A minha amada Lisboa
Tem o azul do tejo no olhar
Toda a cidade se ilumina
Quando penteia o seu cabelo ao luar
Conto as estrelas no seu rosto de menina
A minha amada Lisboa
Perfuma cada rua de saudade
E nas vitrinas da avenida
O seu vestido vais espelhando a claridade
Quando ela passa nos meus dias distraída
Que será das vielas e da ponte sobre o rio
Quando encontrar outro lugar nos sonhos dela
Se ela partir sem um adeus no seu navio
Não há-de haver outra cidade como ela
A minha amada Lisboa
Quer ver nascer o sol no meu inverno
Quer ver a chuva em pleno agosto
E andar molhada no Rossio um dia eterno
Quando ela dança o meu sorriso é fogo posto
Que será das vielas que deixou no meu olhar
Quando o luar vier espreitá-la na janela
Daquela casa que deixou sem avisar
Sei que Lisboa vai sentir a falta dela
Nas águas do meu navio
Afonso Duarte / Borges de Sousa
Repertório de Célia Barroca
Nas águas vai meu navio
Leva amor que se carrega
É na graça e no feitio
O meu olhar que navega
O mar bate-se na praia
E as águas curvam-se em ondas
É o meu olhar que desmaia
Nas suas formas redondas
Uma se quebra atrás duma
Meus olhos perderam olhos
Querira Deus que a sua espuma
Não traga um feixe de escolhos
São duas ondas de mar
Que se saúdam no rosto
Sendo ambas do meu olhar
Só uma travo com gosto
Repertório de Célia Barroca
Nas águas vai meu navio
Leva amor que se carrega
É na graça e no feitio
O meu olhar que navega
O mar bate-se na praia
E as águas curvam-se em ondas
É o meu olhar que desmaia
Nas suas formas redondas
Uma se quebra atrás duma
Meus olhos perderam olhos
Querira Deus que a sua espuma
Não traga um feixe de escolhos
São duas ondas de mar
Que se saúdam no rosto
Sendo ambas do meu olhar
Só uma travo com gosto
Fado amargura
Ana Sofia Paiva / Marco Oliveira *fado amargura*
Repertório de Marco Oliveira
Contemplo da janela a madrugada
Os carros vão varrendo as avenidas
Perfume de miséria adocicada
Que aos poucos embriaga as nossas vidas
Contemplo esta saudade rotineira
Manchando de vergonha toda a rua
A minha própria dor à cabeceira
Do tédio a que meu corpo se habitua
E as pombas, guardiãs do cemitério
Em que a velha cidade se transforma
Com asas de mortalha e de mistério
Cinzeiro que do céu todo se entorna
Contemplo este compasso de quebranto
Entre a vida que passa e a que ficou
Contemplo esta amargura que hoje canto
Contemplo e jã não sei dizer quem sou
Repertório de Marco Oliveira
Contemplo da janela a madrugada
Os carros vão varrendo as avenidas
Perfume de miséria adocicada
Que aos poucos embriaga as nossas vidas
Contemplo esta saudade rotineira
Manchando de vergonha toda a rua
A minha própria dor à cabeceira
Do tédio a que meu corpo se habitua
E as pombas, guardiãs do cemitério
Em que a velha cidade se transforma
Com asas de mortalha e de mistério
Cinzeiro que do céu todo se entorna
Contemplo este compasso de quebranto
Entre a vida que passa e a que ficou
Contemplo esta amargura que hoje canto
Contemplo e jã não sei dizer quem sou
Um dia atrás do outro
Tiago Torres da Silva / Pilar Homem de Melo
Repertório de Célia Barroca
Não olhes p’ra mim dessa maneira
Como se eu fosse jardim e tu roseira
Manhãs luminosas estão à espera
Então porque não dás rosas… é primavera
O amor é uma andorinha, quando sente frio
Enfrenta sózinha um céu vazio
O ninho do meu peito, o beiral de um telhado
Pelas tuas mãos desfeito, pelas minhas moldado
Não esperes do meu corpo uma rotina
Um dia atrás do outro não é sina
O sol atrás da lua e das marés
É assim que eu sou tua e tu não vês
Repertório de Célia Barroca
Não olhes p’ra mim dessa maneira
Como se eu fosse jardim e tu roseira
Manhãs luminosas estão à espera
Então porque não dás rosas… é primavera
O amor é uma andorinha, quando sente frio
Enfrenta sózinha um céu vazio
O ninho do meu peito, o beiral de um telhado
Pelas tuas mãos desfeito, pelas minhas moldado
Não esperes do meu corpo uma rotina
Um dia atrás do outro não é sina
O sol atrás da lua e das marés
É assim que eu sou tua e tu não vês
Que é feito da Mariquinhas?
Marco Oliveira e Ana Sofia Paiva / Marco Oliveira
Repertório de Marco Oliveira
Que é feito da Mariquinhas?
Há muito que ninguém a vê passar
Foi nas suas tamanquinhas
A casa já está pronta pr’alugar
Quem é que se lembrou de a pôr a andar?
Não se riam as vizinhas
Que dizem que foi desta p’ra pior
Só não sabem, coitadinhas
Quem ri por último é quem ri melhor
Vendeu o espelho e a colcha com barra
Ao preço dumas uvas miudinhas
Mas se ela deixou lá uma guitarra
Um dia há-de voltar, a Mariquinhas
Que é feito da Mariquinhas?
Ninguém sabe onde param as amigas
Correrem as capelinhas
Não há sinal daquelas raparigas
E vai um bairro inteiro prás urtigas
E a saga continua
Ainda vai no adro a procissão
Quem lá vai não se habitua
A falta que ela faz não tem perdão
Rifou as bambinelas mais a jarra
Os móveis e as cortinas às pintinhas
Mas se ela deixou lá uma guitarra
Um dia há-de voltar, a Mariquinhas
A rua está cada vez mais bizarra
Custam couro e cabelo umas ginginhas
O fado que gostava de algazarra
Perdeu a Rosa, o Chico e a Mariquinhas
Lisboa já não é como a cigarra
Espantaram os boémios alfacinhas
Mas se deixaste lá uma guitarra
Adeus, até à volta, Mariquinhas
Repertório de Marco Oliveira
Que é feito da Mariquinhas?
Há muito que ninguém a vê passar
Foi nas suas tamanquinhas
A casa já está pronta pr’alugar
Quem é que se lembrou de a pôr a andar?
Não se riam as vizinhas
Que dizem que foi desta p’ra pior
Só não sabem, coitadinhas
Quem ri por último é quem ri melhor
Vendeu o espelho e a colcha com barra
Ao preço dumas uvas miudinhas
Mas se ela deixou lá uma guitarra
Um dia há-de voltar, a Mariquinhas
Que é feito da Mariquinhas?
Ninguém sabe onde param as amigas
Correrem as capelinhas
Não há sinal daquelas raparigas
E vai um bairro inteiro prás urtigas
E a saga continua
Ainda vai no adro a procissão
Quem lá vai não se habitua
A falta que ela faz não tem perdão
Rifou as bambinelas mais a jarra
Os móveis e as cortinas às pintinhas
Mas se ela deixou lá uma guitarra
Um dia há-de voltar, a Mariquinhas
A rua está cada vez mais bizarra
Custam couro e cabelo umas ginginhas
O fado que gostava de algazarra
Perdeu a Rosa, o Chico e a Mariquinhas
Lisboa já não é como a cigarra
Espantaram os boémios alfacinhas
Mas se deixaste lá uma guitarra
Adeus, até à volta, Mariquinhas
Pena
*Rua Martin Vaz n°2*
Ana Sofia Paiva / Armandinho *alexandrino do estoril*Repertório de Marco Oliveira
Lisboa é uma criança perdida ao pé do mar
Sem casa onde dormir, trapeira onde morar
Brincando alheia à dor, ao vento que assobia
Por entre o doce véu de alguma gelosia
Lisboa é uma criança de crua pele morena
No pátio escuro e pobre da vila mais pequena
Lá vai descendo a rua, velhinha e descalçada
Vender laranja nova por pouco ou quase nada
Noturno passarinho, cativo de orfandade
Correr da doce mágoa ao colo da cidade
Deixando duras penas a quem quiser cantar
Lisboa é uma criança perdida ao pé do mar
Lágrima tola
Célia Barroca / Luís Petisca
Repertório da autora
Que lágrima tola percorre este fado
Sal derramado sem cor nem sentido
Mágoa tão amarga, não sei donde vem
De um sonho de alguém que o terá perdido
Mágoa tão antiga
Que já não me ocorre
Se é viva ou se morre
Que lágrima tola percorre este fado
Sal derramado p’la vida fugida
Que sal tão salgado, ai que água tão fria
Que lágrima tola percorre este dia
Repertório da autora
Que lágrima tola percorre este fado
Sal derramado sem cor nem sentido
Mágoa tão amarga, não sei donde vem
De um sonho de alguém que o terá perdido
Mágoa tão antiga
Que já não me ocorre
Se é viva ou se morre
Que lágrima tola percorre este fado
Sal derramado p’la vida fugida
Que sal tão salgado, ai que água tão fria
Que lágrima tola percorre este dia
Fado sem ti
Manuela de Freitas / João Black *fado menor do porto*
Repertório de Marco Oliveira
Sempre quis cantar um fado
Que não falasse de ti
E de tanto ter tentado
Finalmente consegui
Que só tu é que me inspiras
Repertório de Marco Oliveira
Sempre quis cantar um fado
Que não falasse de ti
E de tanto ter tentado
Finalmente consegui
Que só tu é que me inspiras
Que só de ti é que eu falo
Mentiras, tudo mentiras
Mentiras, tudo mentiras
Este fado vai prová-lo
Será um fado diferente
Será um fado diferente
De todos que já cantei
Falarei de toda a gente
Falarei de toda a gente
Mas de ti não falarei
Nem falo, não há razão
Nem falo, não há razão
Disto que sinto por ti
De seres a maior paixão
De seres a maior paixão
De todas que eu já vivi
E como vês meu amor
E como vês meu amor
Eu não cedo à tentação
Falo seja do que for
Falo seja do que for
Falar de ti é que não
E assim fica provado
E assim fica provado
Que tentei e consegui
Cantei finalmente um fado
Cantei finalmente um fado
Sem nunca falar de ti
Meu canto de viela
Artur Ribeiro / Amadeu Ramim *fado zeca*
Repertório de Fernando Maurício
Há neste meu cantar feito viela
Qualquer coisa sequer que não entendo
Que tanto podem ser saudades dela
Como queixas de mim que vou fazendo
Há neste meu cantar das madrugadas
Um anseio de ser o que não sou
Que tanto podem ser pequenos nadas
Como versos que mais ninguém cantou
Há neste meu cantar feito amargura
Coisas que nem sequer devo lembrar
E que me fazem ir p’la noite escura
À procura de quem não devo amar
Repertório de Fernando Maurício
Há neste meu cantar feito viela
Qualquer coisa sequer que não entendo
Que tanto podem ser saudades dela
Como queixas de mim que vou fazendo
Há neste meu cantar das madrugadas
Um anseio de ser o que não sou
Que tanto podem ser pequenos nadas
Como versos que mais ninguém cantou
Há neste meu cantar feito amargura
Coisas que nem sequer devo lembrar
E que me fazem ir p’la noite escura
À procura de quem não devo amar
Rua da saudade
Ana Sofia Paiva e Marco Oliveira / Marco Oliveira
Repertório de Marco Oliveira
Aquela rua
Repertório de Marco Oliveira
Aquela rua
Junto ao largo da infância
Onde a vida continua
A marcar uma distância
Quem nela mora
Vê o espelho doutra idade
Quando a tarde se demora
Nos olhos duma saudade
Na Rua da Saudade
Na Rua da Saudade
Não há cravos nas janelas
As portas ‘stão fechadas
Não há luz por dentro delas
Poeira do passado
Não há luz por dentro delas
Poeira do passado
Silêncio de oração
Molduras desmaiadas
Retratos de ilusão;
Na Rua da Saudade
Retratos de ilusão;
Na Rua da Saudade
Algo fica de quem parte
Um beijo, uma promessa
De amanhã reencontrar-te
Quem dera ver-te ainda
De amanhã reencontrar-te
Quem dera ver-te ainda
À espera de voltar
À Rua da Saudade
Que foi sempre o teu lugar
Naquela rua
À Rua da Saudade
Que foi sempre o teu lugar
Naquela rua
Ao largo de São Martinho
Vi brinquedos de madeira
Vi brinquedos de madeira
Um cavalo, um passarinho
Calçada escura
Calçada escura
Que Santo António abençoa
Ao relento da ternura
Ao relento da ternura
Coração de outra Lisboa
Na Rua da Saudade
Na Rua da Saudade
Ninguém passa sem chorar
O tempo de mansinho
Adormece a ver passar
Tão belas são as sombras
Adormece a ver passar
Tão belas são as sombras
Dos pátios ao luar
Saudades e encantos
De quem nos quer lembrar;
Saudades e encantos
De quem nos quer lembrar;
Algo fica de quem parte
Um beijo, uma promessa
De amanhã reencontrar-te
Quem dera ver-te ainda
De amanhã reencontrar-te
Quem dera ver-te ainda
À espera de voltar
À Rua da Saudade
Que foi sempre o teu lugar
À Rua da Saudade
Que foi sempre o teu lugar
Fado das docas
Letra e música de Célia Barroca
Repertório da autora
Corri Lisboa, becos escadinhas
Repertório da autora
Corri Lisboa, becos escadinhas
Do Bairro Alto à Madragoa
Segui-te o rastro
Neste meu passo que apresso e troco
Procurei-te o rosto
No fundo baço de mais um copo
Mas foi nas docas
Segui-te o rastro
Neste meu passo que apresso e troco
Procurei-te o rosto
No fundo baço de mais um copo
Mas foi nas docas
Mas foi nas docas
Que o teu olhar me encheu a noite
Que o teu olhar me encheu a noite
De rosas rubras
Deste-me a mão
Sorriu-me o Tejo e não vi mais nada
Pediste-me um beijo
Disse que sim dum’assentada
Cumpriu-se o amor já prometido
Num beijo aceso, num beijo aceso
Deste-me a mão
Sorriu-me o Tejo e não vi mais nada
Pediste-me um beijo
Disse que sim dum’assentada
Cumpriu-se o amor já prometido
Num beijo aceso, num beijo aceso
Num vão de escada p’la madrugada
Fado inventado
Tiago Torres da Silva / Joaquim Campos
Repertório de Célia Barroca
Inventei uma palavra
P’ra te dizer ao ouvido
De cada vez que acordava
Do teu beijo adormecido
Inventei um sentimento
Repertório de Célia Barroca
Inventei uma palavra
P’ra te dizer ao ouvido
De cada vez que acordava
Do teu beijo adormecido
Inventei um sentimento
P’ra trazer a eternidade
À doçura do momento
À doçura do momento
Em que se inventa a saudade
Inda inventei uma cor
Inda inventei uma cor
Que da chama duma vela
Fizesse abrir uma flor
Fizesse abrir uma flor
Mas não murchasse com ela
Depois, deixei-me dormir
Depois, deixei-me dormir
Ao sentir adormecer
O que não pode fugir
O que não pode fugir
De quem se inventa ao nascer
Inventei uma quimera
Inventei uma quimera
Que no escuro nos guiasse
E deixei-me estar à espera
E deixei-me estar à espera
Que o teu amor me inventasse
Eterna namorada
Ana Sofia Paiva / Miguel Ramos *fado margarida*
Repertório de Marco Oliveira
Lisboa, minha eterna namorada
Acordo quase sempre p’ra te ver
Tu és manhã tardia e sossegada
Dum tempo que eu não tenho p’ra perder
Mas quando eu dou por mim preso à janela
Poisado como as pombas e os pardais
Contemplo esta cidade em aguarela
Reparo que ela e eu somos iguais
O sono entristecido das cortinas
Ao vento côr-de-rosa, desmaiado
Estendendo a vida inteira p’las colinas
Na corda dum relógio já cansado
Ao longe, a voz antiga das canções
Magoa as margaridas dos quintais
Lisboa que envelhece os corações
No fundo eu e tu somos iguais
Repertório de Marco Oliveira
Lisboa, minha eterna namorada
Acordo quase sempre p’ra te ver
Tu és manhã tardia e sossegada
Dum tempo que eu não tenho p’ra perder
Mas quando eu dou por mim preso à janela
Poisado como as pombas e os pardais
Contemplo esta cidade em aguarela
Reparo que ela e eu somos iguais
O sono entristecido das cortinas
Ao vento côr-de-rosa, desmaiado
Estendendo a vida inteira p’las colinas
Na corda dum relógio já cansado
Ao longe, a voz antiga das canções
Magoa as margaridas dos quintais
Lisboa que envelhece os corações
No fundo eu e tu somos iguais
À hora da partida
Célia Barroca / Luís Petisca
Repertório da autora
À hora da partida, em cada voz
Um fado triste das vielas
À hora da partida
Minha alma é noite e ansiedade
No cais das descobertas, o meu navio
No meu navio flutua um sonho
Acendem-se as estrelas por meus guias
No cais das descobertas calou-se o fado
Lisboa não vive nem morre, Lisboa dorme
No coração um resto de saudade
Não cabem nesta hora despedidas
Chama por mim um mar de esquecimento
Cidade de chegadas, cidade de partidas
Não coube em ti meu sonho e meu tormento
Repertório da autora
À hora da partida, em cada voz
Um fado triste das vielas
À hora da partida
Minha alma é noite e ansiedade
No cais das descobertas, o meu navio
No meu navio flutua um sonho
Acendem-se as estrelas por meus guias
No cais das descobertas calou-se o fado
Lisboa não vive nem morre, Lisboa dorme
No coração um resto de saudade
Não cabem nesta hora despedidas
Chama por mim um mar de esquecimento
Cidade de chegadas, cidade de partidas
Não coube em ti meu sonho e meu tormento
De cada noite perdida
Marco Oliveira / João David Rosa *fado rosa*
Repertório de Marco Oliveira
Trago ruas e memórias
De cada noite perdida
São retratos das histórias
Do fado da própria vida
A vida que vai passando
Repertório de Marco Oliveira
Trago ruas e memórias
De cada noite perdida
São retratos das histórias
Do fado da própria vida
A vida que vai passando
Lembra mais um sonho ausente
As saudades vão ficando
As saudades vão ficando
No olhar de toda a gente
Quando a noite nos abraça
Quando a noite nos abraça
Nas ruas onde passamos
Há sempre alguém que lembramos
Há sempre alguém que lembramos
Num passado que não passa
A luz do céu da cidade
A luz do céu da cidade
Vem beijar a nossa calma
Como o tempo traz saudade
Como o tempo traz saudade
Às ruas da nossa da nossa alma
São retratos das histórias
São retratos das histórias
Do fado da própria vida
Trago ruas e memórias
Trago ruas e memórias
De cada noite perdida
Bebido o luar
Sophia Melo Breyner / Helena Maria Viana
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Bebido o luar e ébrios de horizontes
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar
Mas solitários somos e passamos
Não são nossos os frutos nem as flores
O céu e o mar apagam-se em exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos
Porquê jardins que nós não colheremos
Límpidos nas auroras a nascer
Porquê o céu e o mar se não seremos
Nunca, os deuses capazes de os viver
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Bebido o luar e ébrios de horizontes
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar
Mas solitários somos e passamos
Não são nossos os frutos nem as flores
O céu e o mar apagam-se em exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos
Porquê jardins que nós não colheremos
Límpidos nas auroras a nascer
Porquê o céu e o mar se não seremos
Nunca, os deuses capazes de os viver
Sombra
Hélia Correia / João Blak *fado menor do porto*
Repertório de Carlos do Carmo
No mais profundo da gente
Onde nem a vista alcança
Uma outra vida balança
Entre o passado e o presente
No mais profundo de nós
Repertório de Carlos do Carmo
No mais profundo da gente
Onde nem a vista alcança
Uma outra vida balança
Entre o passado e o presente
No mais profundo de nós
Onde ninguém se aventura
Anda a canção à procura
Anda a canção à procura
Da voz que lhe há-de dar voz
P’ra lá do muro assombrado
P’ra lá do muro assombrado
Onde nem luz se adivinha
Esvoaça aquela andorinha
Esvoaça aquela andorinha
Que vem morrer no meu fado
E dizem que a voz não vem
E dizem que a voz não vem
De particular garganta
Que não sabemos quem canta
Que não sabemos quem canta
Sempre que em nós canta alguém
Não somos mais que centelha
Não somos mais que centelha
Que a própria sombra acendeu
Mas basta um poema e o céu
Mas basta um poema e o céu
Que está tão longe e ajoelha
Conheces-me
José Fernandes Castro / José Marques *fado triplicado*
Repertório de Ana Margarida Leal
Tu sabes bem quem eu sou
Onde estou / e onde vou
De mim sabes quase tudo
Sabes até que o meu fado
Marcado / p'lo teu passado
É um grito quase mudo
Tu conheces bem a cor
De mim sabes quase tudo
Sabes até que o meu fado
Marcado / p'lo teu passado
É um grito quase mudo
Tu conheces bem a cor
E o valor / que tem a dor
Quando a despedida vem
Conheces a realidade
Conheces a realidade
Da saudade / que m'invade
Pela saudade de alguém
A saudade é mais veloz
A saudade é mais veloz
Do que a voz / sempre que nós
Sentimos a alma fria
Para matar a frieza
Sentimos a alma fria
Para matar a frieza
E a tristeza / tão acesa
Canto por ti noite e dia
Cantando estou bem melhor
Canto por ti noite e dia
Cantando estou bem melhor
Tenho o vigor / e o fulgor
Que só o fado contém
Amor que não esqueci
Que só o fado contém
Amor que não esqueci
Canto por ti / e p'ra ti
Porque me conheces bem
Porque me conheces bem
Minha alma, meu fado
José Fernandes Castro / João Blak *fado menor do porto*
Dei a alma toda ao fado
Fui fadista a vida inteira
Neste jeito dedicado
De honrar a minha Madeira
Nasci fadista por sina
Sou fadista por condão
Mulher que já foi menina
Outono que foi Verão
Ainda tenho vontade
De mostrar com grande empenho
Esta alma que mantenho
Que a alma não tem idade
Vivo feliz, na certeza
De ter dado por inteiro
Este jeito verdadeiro
De ser mulher portuguesa
Repertório de Eugénia Maria
Dei a alma toda ao fado
Fui fadista a vida inteira
Neste jeito dedicado
De honrar a minha Madeira
Nasci fadista por sina
Sou fadista por condão
Mulher que já foi menina
Outono que foi Verão
Ainda tenho vontade
De mostrar com grande empenho
Esta alma que mantenho
Que a alma não tem idade
Vivo feliz, na certeza
De ter dado por inteiro
Este jeito verdadeiro
De ser mulher portuguesa
O lençol desta paixão
Bernardo Sá Nogueira / Carlos da Maia *fado perseguição
Repertório do autor
Gosto tanto de te ouvir
De olhar tua boca a abrir
A soltares teu coração
Que qualquer dia, p’ra ver
A teus pés irei estender
O lençol desta paixão
Vou falar que a alma aqueces
Que me abrasas e entonteces
Repertório do autor
Gosto tanto de te ouvir
De olhar tua boca a abrir
A soltares teu coração
Que qualquer dia, p’ra ver
A teus pés irei estender
O lençol desta paixão
Vou falar que a alma aqueces
Que me abrasas e entonteces
Com teu canto cristalino
Que ao escutar-te, já esquecido
Me sinto às vezes perdido
Que ao escutar-te, já esquecido
Me sinto às vezes perdido
Nas malhas do meu destino
Vou gritar: quero-te agora
Que me não basta uma hora
Vou gritar: quero-te agora
Que me não basta uma hora
Nem carinhos de ternura
Saberás, assim o espero
A razão por que te quero
Saberás, assim o espero
A razão por que te quero
Sem mágoas, nem amargura
Mas se efeito não fizer
Tudo o que então te disser
Mas se efeito não fizer
Tudo o que então te disser
Por agora eu fico assim
O meu desejo é imenso
Não raciocino, não penso
O meu desejo é imenso
Não raciocino, não penso
Quando estás ao pé de mim
Amor de madressilva
Cália Barroca / Popular / Luís Petista
Repertório da autora
Eu trago o beijo das rosas
O cheiro das madressilvas
Nos meus olhos, brilhos mansos
Nos lábios, doces cantigas
Trago ribeiras que riem
Por entre as pedras doiradas
Trago campos de papoilas
Em serenas madrugadas
Vai p’rá torre São João
Repertório da autora
Eu trago o beijo das rosas
O cheiro das madressilvas
Nos meus olhos, brilhos mansos
Nos lábios, doces cantigas
Trago ribeiras que riem
Por entre as pedras doiradas
Trago campos de papoilas
Em serenas madrugadas
Vai p’rá torre São João
Vai p’rá torre
Vai p’rá torre
São João de Barra
Vai p’rá torre, vai p’rá torre
Vai p’rá torre tocar guitarra
Trago o mistério da vida
No rio do meu desejo
Trago o amor a bailar
Nos olhos com que te vejo
Vai p’rá torre, vai p’rá torre
Vai p’rá torre tocar guitarra
Trago o mistério da vida
No rio do meu desejo
Trago o amor a bailar
Nos olhos com que te vejo
Vida curta anda depressa
Bernardo Sá Nogueira / Joaquim Campos *fado puxavante*
Repertório do autor
Num instante, num segundo
Vida curta anda depressa
Toda a beleza do mundo
Coração jamais apressa
Vivemos como imortais
Repertório do autor
Num instante, num segundo
Vida curta anda depressa
Toda a beleza do mundo
Coração jamais apressa
Vivemos como imortais
Mas sabendo, lá no fundo
Que as horas passam, fatais
Que as horas passam, fatais
Num instante, num segundo
Nossa existência se faz
Nossa existência se faz
Numa flecha e atravessa
O tempo, de trás a trás
O tempo, de trás a trás
Vida curta anda depressa
Sem parar por um só dia
Sem parar por um só dia
De meu fado a terra inundo
Devorando co’ alegria
Devorando co’ alegria
Toda a beleza do mundo
Nun galope, num rompante
Nun galope, num rompante
Sem que mar ou rio o impeça
Tua estrela rutilante
Tua estrela rutilante
Coração jamais apressa
Ai o fado
Célia Barroca / Luís Petisca
Repertório da autora
Ai o fado, o que é o fado
É a lágrima teimosa
Que teima sempre e que cai
O meu fado é mais um ai
A rimar com o passado
É este cantar chorado
Como uma prece de santa
E eu sou mais uma que canta
O amor que passa ao lado
Que passa por este fado
Ai o fado, o que é o fado
É o verso e o reverso que atravesso
Nestas horas a cismar
É a saudade a bailar
É a sombra do passado
É o amor que passa ao lado
E eu sou mais uma a cantar
Repertório da autora
Ai o fado, o que é o fado
É a lágrima teimosa
Que teima sempre e que cai
O meu fado é mais um ai
A rimar com o passado
É este cantar chorado
Como uma prece de santa
E eu sou mais uma que canta
O amor que passa ao lado
Que passa por este fado
Ai o fado, o que é o fado
É o verso e o reverso que atravesso
Nestas horas a cismar
É a saudade a bailar
É a sombra do passado
É o amor que passa ao lado
E eu sou mais uma a cantar
Procurei e encontrei
José Fernandes Castro /Alfredo Marceneiro *menor-versículo*
Repertório de Carlos Coelho
Procurei-te num poema / genial
Encontrei-te felizmente / meu amor
Tinhas a força suprema / divinal
Duma rima diferente / por compor
Rimavas com madrugada / por nascer
Rimavas com tempestade / sonhadora
Tinhas na pele perfumada / p’lo prazer
A essência da verdade / encantadora
Tinhas no corpo a vontade / renovada
Dum verso feito p’lo mar / do coração
Tinhas sol de liberdade / controlada
No teu doce respirar / por sedução
Tinhas marca de futuro / desejado
No perfil da tua imagem / singular
Em ti, tudo era puro / e sem pecado
Meu amor, minha coragem / para amar
Repertório de Carlos Coelho
Procurei-te num poema / genial
Encontrei-te felizmente / meu amor
Tinhas a força suprema / divinal
Duma rima diferente / por compor
Rimavas com madrugada / por nascer
Rimavas com tempestade / sonhadora
Tinhas na pele perfumada / p’lo prazer
A essência da verdade / encantadora
Tinhas no corpo a vontade / renovada
Dum verso feito p’lo mar / do coração
Tinhas sol de liberdade / controlada
No teu doce respirar / por sedução
Tinhas marca de futuro / desejado
No perfil da tua imagem / singular
Em ti, tudo era puro / e sem pecado
Meu amor, minha coragem / para amar
Este castigo
Célia Barroca / Luís Petisca
Repertório da autora
Quantos céus
Repertório da autora
Quantos céus
Quantas noites, quantos dias
Quantos sóis me alumiaram
Em pramessas de alegrias
Quantos voos
Quantos sóis me alumiaram
Em pramessas de alegrias
Quantos voos
Em primaveras de pranto
Cresceram no meu olhar
Se afundaram no meu canto
Quantas horas
Cresceram no meu olhar
Se afundaram no meu canto
Quantas horas
Neste morrer acordada
Quanta raiva no silêncio
Da minh’alma amordaçada
Tudo morre
Quanta raiva no silêncio
Da minh’alma amordaçada
Tudo morre
Só não morre este castigo
As dores do pensamento
Que arrasto sempre comigo
As dores do pensamento
Que arrasto sempre comigo
Poemas canhotos
Herberto Hélder / António Vitorino d’Almeida
Repertório de Carlos do Carmo
Estes poemas que chegam
Repertório de Carlos do Carmo
Estes poemas que chegam
Do meio da escuridão
De que ficamos incertos
De que ficamos incertos
Se têm autor ou não
Poemas às vezes perto
Poemas às vezes perto
Da nossa própria razão
Que nos podem fazer ver
Que nos podem fazer ver
O dentro da nossa morte
As forças fora de nós
As forças fora de nós
E a matéria da voz
Fabricada no mais fundo
Fabricada no mais fundo
De outro silêncio do mundo
Que serão eles senão
Que serão eles senão
Uma imensidão de voz
Que vem da terra calada
Que vem da terra calada
Do lado da solidão
Estes poemas que avançam
Estes poemas que avançam
No meio da escuridão
Até não serem mais nada
Até não serem mais nada
Que lápis, papel e mão
E esta tremenda atenção, este nada
Uma cegueira que apago
E esta tremenda atenção, este nada
Uma cegueira que apago
A luz por trás de outra mão
Tudo o que acende e me apaga
Tudo o que acende e me apaga
Alumiação de mais nada
Que a mão parada
Alumiação então
Que a mão parada
Alumiação então
De que esta mão me conduz
Por descaminhos de luz
Por descaminhos de luz
Ao centro da escuridão
Que é fácil a rima em Ão
Que é fácil a rima em Ão
Difícil é ver-se a luz
Rima ou não rima co’a mão
Rima ou não rima co’a mão
Saudade cantadeira
José Fernandes Castro / Georgino de Sousa *fado georgino*
Repertório de Angela Pimenta
A saudade foi ao fado
Mais uma vez com vontade
De pôr a alma à janela
Por lá ficou, lado a lado
Com a dona felicidade
Que também lá foi com ela
Ficaram juntas ao canto
Da sala, aonde os cantores
Repertório de Angela Pimenta
A saudade foi ao fado
Mais uma vez com vontade
De pôr a alma à janela
Por lá ficou, lado a lado
Com a dona felicidade
Que também lá foi com ela
Ficaram juntas ao canto
Da sala, aonde os cantores
Punham nostalgia em nós
E foi com algum espanto
Que ao ouvir falar d'amores
E foi com algum espanto
Que ao ouvir falar d'amores
A saudade ganhou voz
Cheia de brio e de garra
Movida p'la poesia
Cheia de brio e de garra
Movida p'la poesia
A saudade motivou-se
Depois, ao som da guitarra
Cantou com rara mestria
Depois, ao som da guitarra
Cantou com rara mestria
E o fado emocionou-se
Com o olhar marejado
Com a alma bem acesa
Com o olhar marejado
Com a alma bem acesa
E de peito a bater forte
A saudade e o senhor fado
Deram alma portuguesa
Deram alma portuguesa
Ao fado da nossa sorte
Bem-disposto então vá
Júlio Pomar / Paulo de Carvalho
Repertório de Carlos do Carmo
Bem-disposto então vá
Repertório de Carlos do Carmo
Bem-disposto então vá
Pão e vinho sobre a mesa
E cozido à portuguesa?
E cozido à portuguesa?
É sexta-feira, não há
Bem-disposto então vá
Bem-disposto então vá
No cavalo do poder
De burro, não chega lá
De burro, não chega lá
De mula, iremos ver
Bem-disposto então ó meu
Bem-disposto então ó meu
Quem é t’acaba o resto
Das cantigas de protesto?
Das cantigas de protesto?
Inda me passas a réu
Bem-disposto então vá
Bem-disposto então vá
Alevantado do chão
E o bem é da nação
E o bem é da nação
Acabou-se a festa, pá
Bem-disposto então vá
Bem-disposto então vá
Lá fora ver a mudança
Viver sempre também cansa
Viver sempre também cansa
Descanso é que não há
Bem-disposto então vá
Bem-disposto então vá
Que a fome não enganas
Saiam finos e bifanas
Saiam finos e bifanas
Para mais é que não há
Bem-disposto então vá
Bem-disposto então vá
E depois para limpar
Dava jeito um Salazar
Dava jeito um Salazar
Nem por brincadeira, pá
Pois zero de mão beijada
Pois zero de mão beijada
Te será dado de graça
No país que vai à praça
No país que vai à praça
Por pó, terra, cinza e nada
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