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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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* 7.330' LETRAS <> 3.180.000 VISITAS * ABRIL 2024 *

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Ai Silvina, Silvininha

António Gedeão / Alain Oulman
Repertório de Camané
                                                                                     
Lindos olhos tem Silvina 
Lindas mãos Silvina tem
E a cintura da Silvina 
É fina como o azevém
Em Silvina tudo exala 
Um cheiro de coisa fina
Mas o que a nada se iguala 
É a fala da Silvina

Porque não cantas Silvina 
Se a tua voz é tão doce
Talvez cantada que fosse 
Mais doce que a glicerina;
Não me apetece cantar 
E muito menos p’ra ti
Eu sou nova, tu és velho 
Já não és homem p’ra mim

Não me tentes Silvininha 
Que eu já não te olho a direito
Sou como o ladrão escondido 
Na azinhaga do teu peito
A azinhaga do meu peito 
Corre entre duas colinas
E o ladrão do meu amor 
Tem pé leve e pernas finas

Canta, canta Silvininha 
Como se fosse para mim
Dar-te-ei um lençol de estrelas 
E uma enxerga de alecrim;
Deixa o teu corpo estendido 
À terra que o há-de comer
A tua cama é de pinho 
Teus lençóis de entristecer

Canta, canta Silvininha 
Uma canção só p’ra mim
Dar-te-ei um escorpião de oiro 
E um aguilhão de marfim
Não quero o teu escorpião 
Nem de oiro nem de prata
Quero o meu amor trigueiro 
Que é firme e não se desata

Pois não cantes Silvininha
Se é essa a tua vontade
Canto eu mesmo assim velho 
Que o cantar não tem idade;
Hás-de tu ser morta e fria 
Sem anos se passarão
Já de ti ninguém se lembra 
Nem de quem te pôs a mão;
Mas sempre há-de haver quem canta
Os versos desta canção
Ai Silvina, ai Silvininha
Amor do meu coração

Velha cantiga

Francisco Branco Rodrigues / Manuel Figueiredo
Repertório de Vicente da Câmara

Quando ao meu peito encostada
Seguro a minha guitarra
Faço tal qual a cigarra
Canto cantigas, mais nada
O nosso fado que dizem ser fatalista
Nele tenho devoção, sou fadista
E canto com o coração

Ó minha velha cantiga
Por seres expressão muito antiga
Corres veloz como o vento;
Quem te cantar a rigor
Vai descobrindo que o fado
Bem cantado no Menor
Toca fundo o sentimento

Sempre que sais da garganta
De quem te canta a preceito
Fazes penetrar no peito
Um sentimento que encanta
Cantas a dor, a alegria, a paixão
Por isso és, concerteza, com razão
Bem da gente portuguesa

Quantas vezes és bizarra
Velha cantiga altaneira
Mesmo assim tu és bandeira
Que tem por lança a guitarra
Porque te sinto
Só por isso és cantado 
Com raça e com prazer
Bem timbrado 
Toda a vida até morrer

Minha Alfama velhinha

Leonel Moura / Fontes Rocha *fado isabel
Repertório de Bruno Igrejas

Da minha Alfama velhinha
Bairro de gente do mar
Vejo o luar à noitinha
E barcos a navegar

Tem as ruas estreitinhas 
E craveiros nas janelas
Que enfeitam as escadinhas 
E dão beleza às vielas

Alfama, bairro velhinho 
Que tem a Casa dos Bicos
Nas tascas há pão e vinho 
Nas ruas há manjericos

Já não se ouvem pregões 
Como nos tempos de outrora
Mas vivem as tradições 
Co’a fadistagem de agora

E o santo casamenteiro 
Deste povo, gente boa
É o santo padroeiro 
D’Alfama e desta Lisboa

Terra natal

Letra e música de Jorge Fernando
Repertório de Alexandra

Agradeço a tua carta, meu irmão
Os conselhos que me dás trazem saudade
Mas sabes, entre nós dois
Hé diferenças… e depois
Eu não gosto da cidade

Acredito que é melhor é viver aí
Onde ninguém sabe da vida de ninguém
Mas aqui onde nasci
Onde cresci, sempre vivi
É onde me sinto bem

Aqui na terra, terra natal
A lua vem
Meu irmão, que emoção
Ninguém fala por mal

Eu prefiro as nossas casas pequeninas
E os carreiros onde o gado vai pastar
Tudo é grande na cidade
Tudo enorme, mas verdade
O espaço é pouco para estar

Vou aqui ficar, fazer minha família
Ver meus filhos a crescer ano p’ra ano
É a força do meu ser
Nada mais precisa ter
Quem nascer provinciano

Mudança

Carlos Baleia / Daniel Gouveia
Repertório de Bruno Igrejas

Prendi suspiros no peito 
Juntei ais no coração
E ao tratá-los com respeito 
Conservei a dor à mão
Porque com ela me deito
Só ela me dá razão

Memória silenciosa 
Do muito que há p’ra lembrar
Faz com que a dor, caridosa 
P’lo meu delírio de amar
Se torne menos penosa
E não me deixe chorar

Ando zangado comigo 
Com este meu sentimento
Que afinal é meu amigo  
E comanda meu tormento
E só me dá por castigo
Sonhos de amor que eu invento

E por não querer sonhar mais 
Parto em busca da mudança
Dou a liberdade aos ais 
Pinto os suspiros de esperança
Mas os sonhos sempre iguais
Dizem que o amor não cansa

Os meus olhos

Ricardo Maria Louro / Alfredo Marceneiro *Fado CUF*
Repertório de José Quaresma

Teus olhos, agonias pelo Tejo
Pairando pelas águas para o mar
Teu corpo adormecido, meu desejo
Tão distante deste meu querer amar

Teus olhos são dois fados, meu castigo
Teu corpo, pedra fria sem ternura
Teus olhos duas águas, meu gemido
Folhas secas sobre a minha sepultura

Teus olhos são dois filhos enjeitados
Dolente caminhar em dia vão
Teus olhos são dois círios apagados
Tão longe de encontrar meu coração

Teus olhos já não choram este amor
Que leva pelo Tejo à beira-mar
Meu corpo já não sente o teu calor
Meus olhos andam loucos por te amar

Sombras

Domingos Costa / Armandino Maia
Repertório de Flora Silva

Daquele amor que um dia me juraste
E que deixou em mim traços fatais
Igual a uma flor sacraste
Ficou somente a sombra e nada mais

Dos beijos venenosos que me déste
E que eu sorvi com louca embrieguês
Ficou só a saudade triste e agreste
Que amor não foi, mas é sombra talvez

Sombra
Que me tortura e não me deixa
Sombra cruel como uma queixa
Dum coração a padecer
Sombra
Que é para mim pesada cruz
Sombra cruél como uma luz
Que eu nunca mais desejo ver

Quantas vezes eu penso em te dizer
A minha dor escondida nos teus braços
Mas sinto dentro em mim anoitecer
E a sombra faz-se então toda em pedaços

Agora, mais que eu queira não consigo
Afastar-me de ti, o que me assombra
Na luz dum puro amor busco outro abrigo
Morre essa luz bendita e é tudo sombra

Por ti aceito

Fernando Campos de Castro / Francisco Mendes
Repertório de Mónica de Jesus

Aceito... por ti aceito esta mágoa
Nos meus olhos rasos de água
Que há tanto tempo persiste
Aceito que voltes já fora de horas
Porque sei que se demoras
Também sei que não partiste

Aceito... por ti aceito este fado
Este silêncio magoado
E posso até perdoar-me
Aceito esta dor que há no meu peito
Mas amor só não aceito
Que voltes a enganar-me

Eu sinto por ti o mesmo de outrora
E se duvidas agora
Não sei mais o que dizer
Talvez seja o destino que queira
Que eu viva doutra maneira
E acabe por te esquecer

Aceito... que na cama do meu sono
Tu sejas puro abandono
Dos sonhos que já sonhei
Aceito que tudo agora é diferente
Mas não dês impunemente
O grande amor que eu te dei

O fado que eu não cantei

Manuel Paião / Eduardo Damas
Repertório de Fernanda Maria
                                                                   
Passaste na minha vida
Como nem eu própria sei
Tu foste p'ra mim um fado
Um fado que eu não cantei

Passaste, olhaste, paraste
Mas depois não mais te vi
E até os próprios ciúmes
Já se esqueceram de ti

O que tu foste p’ra mim 
Juro amor, que hoje não sei
Para mim tu foste um fado 
Um fado que eu não cantei
Tu foste um sol sem calor 
Estrela que não apanhei
Tu foste um fado da vida 
Um fado que eu não cantei

Quando chegavas, partias
Chegavas depois sem esperar
Quando te via, não via
Não paravas de passar

Eu esperei dias e meses
Depois ‘inda mais esperei
Mas hoje não espero nada
Meu fado que não cantei

Cumplicidade

Jorge Fernando / Miguel Ramos *fados alberto e margaridas*
Repertório de Ana Moura

Quando chamo por ti, mais ninguém ouve
A mais ninguém é dado me entender
És o amor em mim que se dissolve
Na água da minh’alma a envelhecer

Sei que o meu pensamento tem uma voz
Que dentro do teu ser se faz ouvir
Assim, quando te penso, somos nós
Na cumplicidade amante de existir

Então d’olhos fechados num momento
Desfaço esta lonjura entre nós
Por ti mil vezes chamo, em pensamento
Em ti, mil vezes ouves minha voz

Disto é que eu gosto

Daniel Martins / Alvaro Martins
Repertório de Nuno de Aguiar

Ó mulher, quando eu morrer
Tu nunca deves vestir
De preto, por sentimento
Veste o vestido mais belo
Encarnado ou amarelo
Para arranjares casamento

Quando eu morrer, meu amor
Tu veste sempre de cor 
Para afastar o desgosto
Não me respeites na morte
Quando o rei morre na corte 
Outro rei é logo posto

Troca o preto pelo branco
Acredita, falo franco 
Não penses ser fantasia
Hoje só quero, minha qu’erida
Que me respeites em vida 
Pois é a minha alegria

Não penses que falo a esmo
Pois a ti faço-te o mesmo 
Se morreres antes de mim
Pois penso logo em casar
Ponho outra em teu lugar 
Porque a vida é mesmo assim

Saloia de Loures

*Anjo de Loures*
Júlio Vieitas (ou) Armando Neves / Pedro Rodrigues
Repertório de José Manuel Rato 

Linda saloia encontrei
Que se sorriu para mim
Tão portuguesa de lei
Que eu com franqueza, não sei
Se há outra saloia assim

Mas andei, ao que parece 
Atrás dela todo do dia
Se tipóias ainda houvesse
Para que eu não a esquecesse 
Certamente lhe diria

Tu és a mais linda jóia 
És a jóia dos amores
Mete a trouxa na tipóia
Anda cá linda saloia  
Que eu vou-te levar a Loures

Nunca mais a vi, porém 
Por não a ver me confranjo
Ainda recordo bem
Essa saloia que tem  
Um rosto formoso, de anjo

Se eu não a posso esquecer 
Talvez ela não me esqueça
Mas gostava de saber
Como é possível haver 
Anjos de trouxa à cabeça

Amor pagão

Renato Manuel / Franklim Godinho *quadras*
Repertório de Renato Manuel

Teus dedos são asas brancas
Nas asas da minha mão
Todo o mundo de sentir
Marcado p’lo coração

Perdidos na natureza 
Tão cheios de amor e serra
Somos os dois, concerteza 
Os mais felizes da terra

Já marcados de luar 
Rebolamos pelo chão
Seremos a ocasião 
Que a circunstância deixar

Há urze nos teus cabelos 
Humidade da montanha
Dá-me graça só de vê-los 
Com essa graça tamanha

Deixemos que o nosso fado 
Seja terra, amor e céu
Sejam corpos lado a lado 
No mundo que Deus nos deu

Eu sei que sou demais

Letra e música de Joaquim Pimentel
Repertório de Ricardo Ribeiro
Tema adaptado do original de Alice Maria

Eu sei que sou demais na tua vida
Eu sei que nem me vês tão apagado
Apenas uma sombra indefinida
O resto de voz triste, condenada;
Eu sei que sou demais na tua vida
De tudo quanto fui, não sou mais nada

Ai quem me dera p
render o teu futuro
E uni-lo ao meu, Assim de tal maneira
Como a hera verde 
Se prende ao velho muro
E ali fica P
ela vida inteira

Eu sei que estou a mais no teu caminho
Eu sei que nada tens para me dar
E sei que nesta luta estou vencido
Por outro amor que tens no meu lugar;
Mas sei amor, que eu… da minha vida
Ninguém, jamais ninguém, pode apagar

Na minha rua

Letra e música de Daniel Gouveia
Repertório de Bruno Igrejas

Quando o sol e até a lua
Visitam a minha rua
Têm de pedir licença
Pois não se atrevem jamais 
Do que ficar p’los beirais
Que a sombra tem mais presença

Mesmo com o dia claro 
Na minha rua é mais raro
Ver a luz do astro-rei
Porque ela é tão estreitinha
Que da janela, a vizinha
Me dá a mão que lhe dei

Sempre lá vivi e bem conheci
Tantos moradores
Ouvi, p’ra acordar, gaitas a tocar
Dos amoladores
Vi regar flores, vi nascer amores
Pelos bailaricos
Gente a discutir, quadras a florir
Entre manjericos

Quem me dera o tempo antigo
Da Tia Rosa ao postigo
P’ra contar as novidades
Ir com os outros prá escola
Onde na velha sacola
Hoje só guardo saudades
Esta rua está diferente
Anda por cá muita gente
Que só vem p’ra ver as vistas
Há fado por todo o lado
Desapareceu o passado
O que mais há é turistas

Já não há varinas, já não há ardinas
Mas que desatino
Nem a Tia Rosa, que morreu idosa
Já não sou menino
Rua que eu adoro, onde ainda moro
Mas o tempo avança
Adeus tradições, adeus afeições
Já não sou criança

Lobo solitário

José Fernandes Castro / Miguel Ramos *fado margarida
Repertório de Bruno Igrejas

Vesti a pele dum lobo solitário
Que vive num profundo afastamento
Vesti também um sonho imaginário
E assim atenuei o sofrimento

Sou fera que não desce ao povoado
Com medo da maldade que lhe dão
Um lobo nem perdido nem achado
Na fúria desta selva em depressão

Apenas sou faminto por castigo
Na selva do poder em abundância
Longe do povoado é que consigo
Viver a sensatez da ignorância

Entre ser um cordeiro bem mandado
Ao serviço de quem faz meu calvário
Prefiro ser o lobo solitário
Que desce quando quer ao povoado

Retrato do povo de Lisboa

Ary dos Santos / José Pinto
Repertório de de Helena de Castro

É da torre mais alta do meu pranto
Que eu canto este meu sangue, este meu povo
Dessa torre maior em que apenas sou grande
por me cantar de novo

Cantar como quem despe a ganga da tristeza
E põe a nu a espádua da saudade
Chama que nasce e cresce e morre acesa
Em plena liberdade

É da voz do meu povo, uma criança
Semi-nua, nas docas de Lisboa
Que eu ganho a minha voz
Caldo verde sem esperança
Laranja de humildade, amarga lança
Até que a voz me doa


Mas nunca se dói só quem a cantar magoa
Dói-me o Tejo vazio, dói-me a miséria
Apunhalada na garganta
Dói-me o sangue vencido a nódoa negra
Punhada no meu canto

O fado mora em Paris

Carlos Mendonça / Túlio Pereira
Repertório de Júlia Silva 

Não chores velha Lisboa
Por não encontrares o fado
Em Alfama ou Madragoa
Onde ele era cantado
O fado teu filho querido
Que a Mouraria criou
Como se encontrou perdido
Foi por isso que abalou

O fado... já ganhou maneiras
Foi além fronteiras e saiu daqui
O fado... que agora é cantado
Meio espanholado
Passou por Madrid
O fado... não disse a ninguém
Quis ir mais além para ser feliz
O fado que é bem português
Já fala francês, pois vive em Paris

Até já diz “merci bien”
Às vezes, quando é cantado
O que é preciso é l'argent
Com mais fado ou menos fado
Já lhe chamam “la chanson”
Alguns franceses artistas
Mas não lhe mudem o tom
Que o fado é só p’ra fadistas

Entrega

Pedro Homem de Mello / Carlos Gonçalves
Repertório de Amália

Descalça venho dos confins da infância
E a minha infância ainda não morreu
Atrás de mim em face ‘inda distante
Menino Deus, Jesus da minha infância;
Tudo o que tenho e nada tenho… é teu

Venho da estranha noite dos poetas
Noite em que o mundo nunca me entendeu
E trago a noite vazia dos poetas
Menino Deus, amigo dos poetas;
Tudo o que tenho e nada tenho… é teu

Feriu-me um dardo, ensanguentei as ruas
Onde o demónio em vão me apareceu
Porque as estrelas todas eram tuas
Menino irmão dos que erram pelas ruas
Tudo o que tenho e nada tenho… é teu

Quem te ignorar, ignora os que são tristes
Óh meu rrmão, Jesus triste como eu
Óh meu irmão, menino de olhos tristes
Nada mais tenho além de uns olhos tristes;
Mas o que tenho e nada tenho… é teu

Que fado é esse afinal?

Duarte Coxo / José Mário Branco *fado gripe*
Repertório de Duarte

Convém que seja moderno
Ritmado sem critério
E fácil de consumir
Que não deixe de imitar
As modas que estão a dar
Que não ouse resistir

Convém que não seja triste
Que se venda, que se lixe 
O valor do seu passado
Que se sirva ao desbarato
Como um hambúrguer no prato 
Produto pré-fabricado

Convém que seja feliz
Não importa o que se diz 
Se agradar a toda a gente
Que a nada diga respeito
Seja a música um efeito 
E a palavra, indiferente

Convém que seja educado
Que se cante em qualquer lado 
Popular, comercial
Mas quando o oiço cantar
Só me resta perguntar 
Que fado é esse afinal?

Há mais marés que marinheiros

Letra e música de Jorge Atayde
Repertório de Rodrigo

Tudo o que possam pensar 
Lisboa tem a valer
Rapazes a suspirar 
Alfama a reviver

Ardinas vendendo jornais 
Castanha assada na rua
Varinas com seus aventais 
E o Tejo amante da lua

Há mais marés que marinheiros
E jóias de pedras finas
Há Manéis, Pedros gaiteiros
Olhando loiras meninas;
Param junto ao Rossio
E p’las ruas do Chiado
Faça sol ou faça frio
Tempo seco ou bem molhado

Luzes toda a noite acesas 
Lembrando tempos passados
Toalhas sujas nas mesas 
Do tinto e dos bons guisados

Quiosques abertos à pinha 
Dos que já vão trabalhar
E bebem a sua ginjinha 
E um bagaço p’ra matabichar