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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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* 7.310' LETRAS <> 3.180.000 VISITAS * ABRIL 2024 *

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Com sentido

Maria de Lurdes Brás / Fontes Rocha *fado dos sentidos*
Repertório de Maria de Lurdes Brás

Se não fossem tuas mãos
O meu rosto acariciar
Carinhos puros e sãos
Jamais iria encontrar

Quando teus olhos me olham 
Bem fundo dentro de mim
Em silêncio os meus choram 
Vibra meu peito sem fim

Se me falas com ternura 
Tem sentido a minha vida
Vai para longe amargura 
Volta, esperança perdida

Se a tua boca me beija 
Com sentido amor profundo
Já nada em mim se deseja 
Sinto-me dona do mundo

Canto aquilo que escrevi

Silvestre José / Alfredo Duarte *fado cravo*
Repertório de José Guerreiro

Canto aquilo que escrevi
As mágoas que já vivi
A razão dos meus dilemas
Comecei com um rascunho
E agora com o meu punho
Vou escrevendo alguns poemas

Em cada letra que invento
Vou buscar o meu sustento 
Que me dá vida e vigor
Escrevo a minha liberdade
Também escrevo com saudade 
E faço versos de amor

Escrevo a minha descoberta
Procuro a palavra certa 
Cada palavra è encanto
Escrevo dor e alegria
Dou largas à fantasia 
Escrevo ao riso e ao pranto

Cada verso è uma aventura
Poesia, minha loucura 
Luta que nunca perdi
Ao cantar aquilo que escrevo
Dou ao fado aquilo que devo 
Canto aquilo que escrevi

A rua dos desejos

Letra e musica de Manuel Fernandes
Repertório de  Manuel Fernandes

Foi na rua do desejo 
Que ele encontrou sua amada
Disse apenas um gracejo 
Não gostou, ficou zangada

Não deixou de a acompanhar 
Dizendo: se não se importa
Gostava de conversar 
Que o amor bateu-me à porta

Mas quem lhe deu confiança 
P'ra falar comigo assim?
Repare que a vizinhança
Não deixa de olhar p'ra mim

Se o teu olhar é só meu 
Minha vida será tua
Foi sina que Deus nos deu 
Morarmos na mesma rua

Se dás conta do que faço 
Se dou conta do que fazes
Vizinha, dá-me o teu braço 
E vamos fazer as pazes

Pazes feitas deu ensejo 
P'ra deixarem de brigar
Pois na rua do desejo 
Já nasceu um novo lar

Se querem saber quem sou

Silvestre José / Alfredo Duarte *marcha do marceneiro*
Repertório de José Guerreiro

Quando chega certa idade
E bate à porta a saudade
Do tempo em que era menino
Dá vontade de cantar
Um fado pra relembrar
O que me fez o destino

Vou-me assim apresentar
Aos que me estão a escutar 
Que como eu, amam o fado
Meu nome é José Guerreiro
Nasci filho do Barreiro 
Com caminho já traçado

A vida é como um rio
Representa um desafio 
Cada um quer ser primeiro
Há muito que eu não vejo
Essa margem sul do Tejo 
Porque fiquei em Aveiro

Tenho uma alma fadista
Que não quer perder de vista 
O condão que trouxe ao mundo
Canto pra vós meus amigos
Ricos, pobres ou mendigos 
Com sentimento profundo

Fado triste, com amargura
Também pode ter ternura 
Pouca vez o fado é sorte
Está no sangue de quem canta
Corre na minha garganta 
Vou cantá-lo até à morte

Aguarela ribatejana

Maria Nelson / Jaime Santos
Repertório de Manuel Fernandes

Um Tejo alegre e contente 
Um campo de sol e oiro
A lezíria sempre ardente 
Um campino mais um toiro

Uma espera, uma corrida 
Uma vela sobre o Tejo
Uma sorte, uma colhida 
Tudo isto è Ribatejo

Ó Ribatejo
Terra mimosa e louçã
De Samora a Salvaterra
Da Chamusca à Golegã
Ó Ribatejo
De calção e de barrete
Anda o mar beijando a terra
De Montijo a Alcochete


Num alegre colorido 
Sem tristezas e sem mágoa
Anda o fandango batido 
P'las gentes da Borda d'água

Andam forcados varinos 
Sempre abraçados ao Tejo
Com os valentes campinos 
Dos campos do Ribatejo

A noite é meu abrigo

Maria de Lurdes Brás / Joaquim Campos *fado puxavante*
Repertório de Maria de Lurdes Brás

Mal o sol se vai embora
Surge a lua lá no céu
É na noite que ele mora
Esse fado que é tão meu

Com o fado me entretenho 
Nele encontro um bom amigo
É na noite que eu tenho 
Esse meu eterno, abrigo

Esta força de viver 
Que me dá a noite escura
Vivo a noite com prazer 
Sinto alegria e ternura

Na madrugada se acoite 
Esta minha solidão
É no abrigo da noite 
Que guardo o meu coração

Se a noite me dá guarida 
Meu coração está consigo
Se ao fado entrego a vida 
Faço da noite um abrigo

Fado-viagem-lição

Silvestre José / Georgino de Sousa *fado georgino*
Repertório de José Guerreiro

Fiz viagem pelo fado
Cantando sem estar errado
Pedro Rodrigues com glória
Na Marcha do Marceneiro
Perseguição por inteiro
Que lindo, o fado Vitória

Cigano sem alarido
Corri no fado Corrido 
E puxei no Puxavante
Ao som do Carlos da Maia
No Zé Negro fiz-me faia 
Fado Cuf é diamante

No Britinho lembrei vidas
Vividas no Margaridas 
Sentidas no Esmeraldinha
Alberto ou fado Latino
Do Proença fiz destino 
Descrito no Vianinha

Como um Porto loiro e tinto
Entoei o Raúl Pinto 
E um Bailado muito bravo
No Dois Tons eu fui assim
Trinei no fado Franklim 
Não esqueci Menor e Cravo

Envolvente foi Isabela
Do Meia-noite ao Varela 
Um Tango de olhos enxutos
Fado Freira é uma quimera
Tamanquinhas, Primavera 
Terminei cantando os Putos

Motivos sobre a saudade

Carlos Cunha / Popular *fado menor*
Repertório de Tristão da Silva

Quando a saudade vier
Morar dentro do teu peito
Então é que vais saber
Todo o mal que me tens feito

Não sabes avaliar 
A dor que meu peito sente
Porque é que vamos gostar 
De quem não gosta da gente

Saudade poema lindo 
É como a rosa em botão
Quando
mais se vai abrindo 
Mais perfuma o coração

Perguntaste o que é saudade 
Talvez seja, creio eu
Vontade de ver de novo
Um amor que se perdeu

A saudade foi-se embora 
Ao voltares naquele dia
E eu sinto saudade, agora 
Da saudade que sentia

Brilhem as manhãs

Maria de Lurdes Brás/ José António Silva *fado bacalhau*
Repertório de Nuno de Aguiar

Correm as nuvens no céu
Apagaram-se as estrelas
Brilha menos meu olhar
Nem o teu sorriso é meu
E nem as palavras belas
Nunca mais te ouvi falar

Eu fui só uma aventura
Um jogo por ti jogado 
Uma breve novidade
De ti só fica amargura
Não vou ficar baralhado 
Nem de ti vou ter saudade

Há sorrisos bem ardentes
Olhos que dizem verdades 
Bocas que falam sem querer
Tu não sabes o que sentes
O teu mundo é só vaidades 
Falas sem nada dizer

À vida eu agradeço
Até as palavras vãs 
As tristezas e alegrias
Por amor a Deus, só peço
Nasçam todas as manhãs 
Brilhe o sol todos os dias

À cidade do labor

Silvestre José / Manuel Maria Rodrigues manel maria*
Repertório de Angelo Oliveira

São João sem ser o santo
É uma cidade de encanto
Trabalhadora e ordeira
Não falo dum São qualquer
Pra que fiquem a saber
É São João da Madeira

Bem perto do litoral
Capital de Portugal 
Na indústria do calçado
Quem tiver cabeça ao léu
Cá encontra algum chapéu 
Pois aqui è fabricado

È concelho bem pequeno
No entanto atinge o pleno 
Olhando ao nível de vida
Cidade nova onde abunda
Tanta mas, tanta rotunda 
Linda se estiver florida

Emblema idolatrado
Muito industrializado 
O povo lhe tem amor
Que cá passa nunca esquece
Esta terra se conhece 
Pelo seu grande labor

Desde sempre ganhou fama
E acendeu sua chama 
Que mantém viva a madeira
Dum São João laborioso
Operário voluntarioso 
Com trabalho de primeira

A jóia que eu te dei

Maria de Lurdes Brás / Jorge Fontes
Repertório de Maria de Lurdes Brás

Essa jóia que te dei 
Em forma de coração
É de ouro e de lei 
Representa uma paixão

Esta paixão que eu sinto 
A arder dentro do peito
E a ninguém eu consinto 
Que te ame deste jeito

Essa jóia 
No teu peito pendurada
É o símbolo do amor
Da mulher apaixonada
Essa jóia 
Não é uma jóia qualquer
É um coração de ouro
Um coração de mulher

Entreguei meu coração 
Para o homem que escolhi
Tu és a minha paixão 
Desde a hora em que te vi

Essa jóia pequenina 
Tem amor e tem querer
Representa a minha sina 
De ser tua até morrer

Mensagem para homenagem

Silvestre José / Francisco José Marques *fado zé negro*
Repertório de Angelo Oliveira

Eu só quero agradecer
Neste mundo que a crescer
Vai ceifando muita vida
Por mim não lhe levo a mal
È a ordem natural
Prepare-se a despedida

Cruel interrogação
Mora no meu coração 
Sinto que de lá não sai
E digo de mim para mim
Porque teria de ser assim 
Com o meu querido pai?

Como seria melhor
Vê-lo na rua ao redor 
Das coisas de que ele mais gosta
Com tudo o que lhe pertence
Nesta vida que nos vence 
E nos ganha sempre a aposta

Já que o destino não quis
Ele totalmente feliz 
Até ao fim dos seus dias
Que lhe conceda a virtude
De ter alguma saúde 
E mais umas alegrias

Pai, aceita esta mensagem
Que representa a homenagem 
A quem a vida me deu
Quem tem filhos tem cadilhos
Tomara todos os filhos 
Terem um pai como o meu

A roda da vida

Emília Reis e Manuel Guiomar
Repertório de António Mourão

Roda que roda 
Com conta peso e medida
A grande nora da vida
Anda em frente sem parar
Anda que anda 
Enquanto volta e não volta
Pode haver reviravolta
E a roda deixar de andar

Falem que falem
Vivo a vida com prazer
Porque no mundo, a meu ver
Só conta a hora presente
Digam o que digam
Bem ou mal, tanto me faz
Parar è ficar p'ra trás
Meu norte è andar prá frente

A vida tem tristeza, alegria e dor
Também tem horas de amor
Que eu quero aproveitar
Quero viver a vida, como ela è
Como eu gosto e quero, até
A roda deixar de andar

É da torre mais alta

Ary dos Santos / Alain Oulman
Repertório de Amália

É da torre mais alta que eu canto este meu pranto 
Que eu canto este meu sangue, este meu povo
Dessa torre maior em que apenas sou grande
Por me cantar de novo, por me cantar de novo

Cantar como quem despe a ganga da tristeza
Como quem bebe a água da saudade
Chama que nasce e cresce e vive e morre acesa
Chama que nasce e cresce em plena liberdade

Mas nunca se dói, só quem a cantar magoa
Dói-me o Tejo vencido, dói-me a secura
Dói-me o tempo perdido, dói-me o mel da lonjura
Dói-me o povo esquecido e morro de ternura
Dói-me o tempo perdido e morro de ternura

O canto do coração

José Gonçalez / João Gil
Repertório de Cuca Roseta

Trago na voz por encanto
Numa mistura de canto 
A tristeza, e a alegria
São versos dessa novela
Onde a alma se revela 
Em forma de poesia

Trago um cheiro a mar nos versos
Que ficam sempre dispersos 
No verde da felicidade
Que perdidos nas marés
Vêm morrer a meus pés 
Como restos de saudade

Trago os bairros de Lisboa
Embarcados na canoa 
Desse Tejo enamorado
E trago fases de lua
Espalhadas pela rua 
Como pedaços de fado

Sei que tenho aqui ao canto
Todo vestido d' espanto
O canto do coração
Já lhe chamaram lamento
Dor, tristeza, sofrimento
Chamo-lhe apenas paixão

Trago uma tristeza breve
Quando a voz, em mim, se atreve 
A roubar-me o coração
Mas é o canto da alma
Que embora triste, me acalma 
As noites de solidão

E quando uma guitarra
Vai teimando ser amarra 
Dos desejos prometidos
Convoco os búzios da praia
P’ra lançar na minha saia 
A sorte dos meus sentidos

E volto a ser fantasia
E volto a ser alegria 
Toda vestida d’espanto
Sou a voz dos meus poetas
Que encontram palavras certas 
P’ra pôr nos fado que canto

Rosas

Duarte / Carlos Manuel Proença e Duarte
Repertório de Duarte

Mais um domingo em Lisboa 
E já não tens p’ra onde ir
A solidão não perdoa 
Quem não consegue dormir

Ninguém te fala na rua 
Ninguém conhece o teu nome
De que te serve a procura
Se esta mesma te consome?

Secaram as rosas
Secaram as rosas
Matamos… 
Matamos as rosas

Declamado
Os dias trazem fantasmas 
Dos dias todos iguais
Quem anda sempre em viagem 
Não quer ter coisas a mais

Empenhei-me tanto que às vezes 
Inventei que me esquecias
Cantei tanto que às vezes 
Me pareceu que retribuías

Mas não aplaudiste ???
Eu vi que aplaudiste
Viste em mim o doce escorpião 
O solitário príncipe da melancolia

Belo demais p’ra viver
Frágil demais p’ra morrer
Se tudo o resto falhar 
Podes sempre dizer que te menti
Só espero que estejas bem 
E se assim for, que assim seja

Estás cada vez mais sozinho 
Por ventura deprimido
Mesmo quem escolhe o caminho 
Às vezes anda perdido

Secaram as rosas… secaram as rosas
Matámos as rosas… morreram as rosas
Secaram as rosas… matamos as rosas
Morreram as rosas
Secaram as rosas… matamos as rosas, amor
Vou sentir a tua falta

IV acto

Manuela de Freitas / Joaquim Campos *fado tango*
Repertório de Camané

Sem memória nem intento
E sempre a recomeçar
Sem mágoa ou ressentimento
Ser apenas alimento
Se eu aprendesse com o mar

Sem rumo nem pensamento 
Sem destino nem lugar
Se eu aprendesse com o vento
Ser apenas o momento 
Que se contenta em passar

Se
eu pudesse, como o vento 
Se eu pudesse, como o mar
Ser apenas elemento
Ar e água em movimento 
Se eu pudesse descansar;
Ai ser o mar e o vento
Ser apenas o que invento 
Se eu pudesse descansar

O som desta guitarra

Silvestre José / Popular *fado das horas*
Repertório de José Guerreiro

Nas cordas desta guitarra
Que liberta o som magoado
Razão de ser duma vida
Sempre dedicada ao Fado

Toda a magia que encerra 
Este som que estou escutando
Que a todos vai apanhando
É a paz depois da guerra
O melhor som desta terra 
Bota, colete, samarra
Tradição que nos amarra 
Neste quadro lindo e fresco
Vê-se todo o pitoresco
Nas cordas desta guitarra     

Escuta-se o rigoroso 
Bem dedilhado a preceito   
No silêncio e no respeito 
Sublime e delicioso      
Tocado por virtuoso 
Prioridade é para o fado
Sentido e corporizado
Paira no ar uma crença
As notas ditam sentença
Que liberta o som magoado  

O tempo vai-se passando 
Dias piores, dias bons
E à guitarra tira sons 
Que mais arrebatam quando
O público está esperando 
Ansioso, mas sentado
E o Armindo concentrado 
Dá início à variação
Da vida que tem na mão
Sempre dedicada ao fado

Logo desde o nascimento 
Tem missão para cumprir
A chorar ou a sorrir 
Subtraindo ao instrumento
Os tons que dão tanto alento 
Feitos de forma sentida
Na chegada e despedida 
De cada letra cantada
Com dicção acentuada
Razão de ser duma vida

Cansado

Moreira da Cruz / Joaquim Campos *fado amora*
Repertório de António Mourão

Tão novo, já tão cansado
Que depressa envelheci
Sou novo, quando a teu lado
Sou velho, longe de ti

Tão cedo cheguei ao fim 
Que caminho percorri
Tenho saudades de mim 
Que depressa envelheci

Mas se me olhas como antes 
Até me esquece o passado
Volto a ser o que era dantes 
Sou novo quando a teu lado

Porém, se te vais embora  
Logo a alegria perdi
Não sou mais o que era outrora 
Sou velho longe de ti

No fim do século

Silveste José / Armindo Fernandes
Repertório de José Guerreiro

No fim do século, o fado
Continua atualizado
Sempre igual, mas diferente
E nova gente conquista
Já não há quem lhe resista
È um poder sempre presente

No salão ou na taberna
Trova que não è moderna 
Tem justamente ambições
De se impor no século novo
Continuando a ser do povo 
Respeitando as tradições

Fado alegre e fado triste
Quero ver quem lhe resiste 
Tanto encanto se desprende
Em cada fado cantado
Se for bem acompanhado 
Há sempre alguém que se rende

Fado que és o meu destino
Logo desde pequenino 
Já te amava sem saber
Canto no século acabado
Se puder vou cantar fado 
No que está para nascer

Mãe amor eterno

Maria de Lurdes Brás / Franklim Godinho
Repertório de Maria de Lurdes Brás 

Ser mãe é sentir a dor
De dar à luz um novo ser
È mostrar o seu amor
De quem ama com prazer

A mãe é uma roseira 
Que desabrocha em botão
É mulher é companheira 
Está presente e sempre à mão

Mãe é Verão é Primavera 
É Outono é Inverno
Não tem idade nem era 
É um amor sempre eterno

São três letrinhas apenas 
Mas que nos soa tão bem
É das palavras pequenas 
A maior que o mundo tem
E não há nada mais doce
Mais doce que amor de mãe

Não quero o teu retrato

Manuel Paião / Eduardo Damas
Repertório de António Mourão

Não quero mais olhar o teu retrato
Nem lembrar o amor cruel, ingrato
Não quero não, sofrer esta tortura
Não quero mais viver esta amargura

Chorei, amor, meu sofrimento
Abandonado com o meu lamento
Se eu já perdi a felicidade
Quero ficar, quero ficar com a saudade


Amei-te meu amor, p'ra ti vivia
Com a tua vaidade só eu sofria
Por fim, sem um adeus foste-te embora
E o teu amor findou... eu sei agora

Vai de roda

Letra e musica de Duarte
Repertório do autor

Vai de roda, vai de roda
Vai de roda sem parar
Quem nunca esteve na roda
Não pode a roda enganar

Vai de roda, vai de roda
Vai de roda que é tão breve
Tenho uns amigos na roda
Deixam a roda mais leve

Vai de roda, vai de roda
Vai de roda alguns amores
Quantos mais amores na roda
Mais te perseguem as dores

Vai de roda, vai de roda
Vai de roda até ao fim
Já tentei fugir da roda
Mas ela rodou por mim

Fado do destino

José Guimarães / Manuel dos Santos
Repertório de Selma Fernandes

Está escrito no destino, o meu destino
Ao ver-te, o meu passado foi-se embora
Procuro compreender e não atino
Porque gostei de ti naquela hora

Meus olhos te fitaram com amor
Talvez a procurar novas marés
Muralhas que eu não consigo transpor
Desse castelo altivo que tu ès

Encontro com sabor a despedida
Lembranças dum passado que ficou
Fui mais uma a passar na tua vida
Fui rio que teu mar não aceitou

Talvez que estas palavras tão banais
Não cheguem p'ra dizer o que senti
Será melhor não ver-te nunca mais
P'ra não me ver chorar, chorar por ti

O cantar da minha vida

Silvestre José / Júlio de Sousa *fado loucura*
Repertório de José Guerreiro

Escrevo fados com meu jeito
São pedaços encantados 
Arrancados ao meu peito
Nos meus versos brilha a cor
De pensamentos dispersos 
Somados com muito amor

O dedilhar
Da banza que me acompanha
Sensação tão doce e estranha
Que me acolhe e dá guarida
A minha voz
Mostra com simplicidade
Ser de amor e de saudade
O cantar da minha vida

Ao compor este tema
Junto saudade e amor 
Faço nascer o poema
Se è loucura ser assim
Vou viver esta aventura
Que tenho dentro de mim

Chorei não tive vergonha

António Terra / Francisco Viana *fado vianinha*
Repertório de António Terra

Dizem que é feio chorar
Eu chorei no teu regaço                
Contigo quis partilhar
Minha dor e meu cansaço

Chorei, não foi p'ra carpir 
Um amor que me fugiu
Ao chorar pude sentir 
O que a tu’alma sentiu

Disso não tenho vergonha 
Se eu me sinto aliviado                
Nesta vida tão medonha 
Que bom estares a meu lado

Meu olhos tu enxugaste 
Doçura vi em teu rosto
Nesse gesto me lembraste 
Minha mãe de quem eu gosto

Bravo, Paulo Caetano

Maria de Lurdes Brás / Cruz e Sousa
Repertório de Maria de Lurdes Brás

Toureiro com graça
Português de raça, tão bravo e valente
Casaca a brilhar
Na praça vais dar alegria à gente

És bom cavaleiro
E o teu companheiro de real nobreza
Firme na montada
Porque hoje a tourada é bem à portuguesa

Bravo, bravo: grita a gente
Feliz, contente 
Deixas a praça de pé
És o toureiro do ano
Viva o Paulo Caetano
Bravo, bravo 
Meu valente, olé, olé

Dás graças a Deus
Coragem te deu, destreza e bravura
Com calma serena
Enfrentas na arena um toiro Miura

Altivo e imponente
Montas no Valente e começa a lida
Pedindo mais sorte
Enfrentas a morte, arriscando a vida  

Era de noite e levaram

Letra e musica de José Afonso (?)
Repertório de António Mourão

Era de noite e levaram
Quem nesta cama dormia
Nela dormia... nela dormia
Sua boca amordaçaram
Com panos de seda fria
De seda fria... de seda fria

Era de noite e roubaram
O que nesta casa havia
Na casa havia... na casa havia
Só corvos negros ficaram
Dentro da casa vazia
Casa vazia.. casa vazia

Rosa branca, rosa fria
Na boca da madrugada
Da madrugada... da madrugada
Hei-de plantar-te um dia
Sob o meu peito queimada
Na madrugada... na madrugada