Carlos Escobar / Renato Varela *fado varela*
Repertório de João Tenreiro
Olhando p’rós teus olhos juraria
Que tens alguma coisa p’ra contar
Começa já depressa enquanto é dia
Quem sabe se p'rá noite é muito tarde
Tens pena desse fogo já vencido
E bebes o silêncio que é tão meu
Só resta o desamor acontecido
Outono que depressa arrefeceu
O rumo que traçou as nossas vidas
Rumor que não fizemos ao tocar-nos
As vidas que perdemos mal perdidos
E beijos mal beijados ao beijar-nos
Quem tem o teu inverno se eu partir
Terá o calor, o sol, se eu não ficar
O mundo que sonhamos vai cair
E os lençóis amarrotados vão chorar
Na vida tudo é fado
Valentim Matias / Eduardo Lemos
Repertório de Rodrigo
O fado vem do tempo das caravelas
Em que mar fora muita vez era cantado
Faltava o vento e então é que eram elas
Salta a guitarra do saco e vai disto disto
Lá vai fado
Na vida tudo é fado e há fados
Uns tristes, outros mais alegres
Eu vivo a cantar
Um fado desses fados já tão cantados
Mas que tu ainda me pedes
Depois mais tarde, andou por fora de portas
E em palácios, alta noite foi cantado
Mas nas tabernas, entre copos e garotas
Aparecia uma guitarra e vai disto
Lá vai fado
Repertório de Rodrigo
O fado vem do tempo das caravelas
Em que mar fora muita vez era cantado
Faltava o vento e então é que eram elas
Salta a guitarra do saco e vai disto disto
Lá vai fado
Na vida tudo é fado e há fados
Uns tristes, outros mais alegres
Eu vivo a cantar
Um fado desses fados já tão cantados
Mas que tu ainda me pedes
Depois mais tarde, andou por fora de portas
E em palácios, alta noite foi cantado
Mas nas tabernas, entre copos e garotas
Aparecia uma guitarra e vai disto
Lá vai fado
Talvez um dia, quem sabe
Carlos Escobar / Vital D’Assunção
Repertório de João Tenreiro
Talvez um dia, quem sabe
Repertório de João Tenreiro
Talvez um dia, quem sabe
O amor tenha razão
E o braço que tem desejo
E o braço que tem desejo
Na loucura deste beijo
Dê razão ao coração
O azul do teu olhar
Dê razão ao coração
O azul do teu olhar
Tem um negro de ternura
Agarras um grito rouco
Agarras um grito rouco
Pelo muito que foi pouco
Pelo medo da loucura
Ó Deuses rezem por mim
Por razões que não vos dei
Quero o meu ombro cheiinho
Se o mereço Deus, não sei
Ter amor é dar o braço
Pelo medo da loucura
Ó Deuses rezem por mim
Por razões que não vos dei
Quero o meu ombro cheiinho
Se o mereço Deus, não sei
Ter amor é dar o braço
É um olhar de revés
Dois olhares, cumplicidade
Dois olhares, cumplicidade
Num olhar que dá verdade
Da verdade que tu és
Verdade que tenho em mim
Da verdade que tu és
Verdade que tenho em mim
De um perdão que não me cabe
Ilusão de amor perdido
Ilusão de amor perdido
Num perdão de amor sofrido
Talvez um dia, quem sabe
Talvez um dia, quem sabe
Maria sardenta
Jerónimo Bragança / Nóbrega e Sousa
Repertório de Carlos Ramos
Menina dos meus olhos
Maria sardenta
São tristes os teus olhos
Que dor te atormenta?
Chamaram-te sardenta
Repertório de Carlos Ramos
Menina dos meus olhos
Maria sardenta
São tristes os teus olhos
Que dor te atormenta?
Chamaram-te sardenta
É todo o teu desgosto
Não digas a ninguém
As sardas do teu rosto
Não digas a ninguém
As sardas do teu rosto
Até te ficam bem
Na tua carne viva
Na tua carne viva
Em vez de mil dores
Na tua carne viva
Na tua carne viva
As sardas são flores
Alegra o teu sorriso
Alegra o teu sorriso
Não sejas pessimista
Não penses nisso mais
A gente prende a vista
Não penses nisso mais
A gente prende a vista
Aonde vê sinais
Feliz seria se deixasses
Feliz seria se deixasses
Matar o meu desejo que me tenta
Beijar-te os mil sinais das faces
Beijar-te os mil sinais das faces
Maria sardenta
Tua guitarra
Torre da Guia / Alvaro Martins
Repertório de Joana Costa
Tua guitarra, no teu abraço cingida
Também se embala em cada gemido ou ai
Como a criança entre joelhos metida
Que se regala com as carícias do pai
Tua guitarra, amiga e companheira
Das horas mortas, quando as almas sem acoite
Vão procurar alegria mensageira
Que abre a porta aos tristes filhos da noite
Tua guitarra, caminhando para os teus dedos
De doze cordas com emoções desiguais
Que desamarram esses milhões de segredos
Que tu acordas dos silêncios musicais
Repertório de Joana Costa
Tua guitarra, no teu abraço cingida
Também se embala em cada gemido ou ai
Como a criança entre joelhos metida
Que se regala com as carícias do pai
Tua guitarra, amiga e companheira
Das horas mortas, quando as almas sem acoite
Vão procurar alegria mensageira
Que abre a porta aos tristes filhos da noite
Tua guitarra, caminhando para os teus dedos
De doze cordas com emoções desiguais
Que desamarram esses milhões de segredos
Que tu acordas dos silêncios musicais
Se eu deixar
Carlos Escobar / Popular *fado das horas*
Repertório de João Tenreiro
Há horas com menos horas
Quando me sinto sem ti
E se tardas se demoras
São horas que não vivi
Este fado que eu canto
Repertório de João Tenreiro
Há horas com menos horas
Quando me sinto sem ti
E se tardas se demoras
São horas que não vivi
Este fado que eu canto
São cinco quadras de amor
São encanto e desencanto
São encanto e desencanto
De um desencontro maior
Chamo-te fado das horas
Chamo-te fado das horas
Desde a hora de partida
Há horas que te demoras
Há horas que te demoras
São as más horas da vida
Bateste à porta, saíste
Bateste à porta, saíste
Não saíste de mansinho
Eu sei lá o que sentiste
Eu sei lá o que sentiste
Voltaste devagarinho
Fiz-te tantas, tantas, tantas
Fiz-te tantas, tantas, tantas
Que às vezes chego a pensar
Eu mereço que me deixes
Eu mereço que me deixes
Mas só deixas se eu deixar
Fado de Coimbra n°4
António Lobo Antunes / Júlio Proença *fado esmeraldinha*
Repertório de Joana Costa
Não vem ao caso dizer quanto te amo
Aperto o sol no peito e não és tu
Que noite nos meus braços se te chamo
Que vestido de sombra em corpo nú
Não vem ao caso dizer que sinto frio
Se amanheço a teu lado e tu não estás
E escrevo um poema que ninguém ouviu
Com as palavras que não sou capaz
Não vem ao caso dizer que ainda te espero
Como quem espera um filho que morreu
Digo que te desejo, e não te quero
Digo que não te quero, e não sou eu
Repertório de Joana Costa
Não vem ao caso dizer quanto te amo
Aperto o sol no peito e não és tu
Que noite nos meus braços se te chamo
Que vestido de sombra em corpo nú
Não vem ao caso dizer que sinto frio
Se amanheço a teu lado e tu não estás
E escrevo um poema que ninguém ouviu
Com as palavras que não sou capaz
Não vem ao caso dizer que ainda te espero
Como quem espera um filho que morreu
Digo que te desejo, e não te quero
Digo que não te quero, e não sou eu
Voltar um dia
José Quaresma / Alfredo Duarte *marceneiro*
Repertório de Paulo Filipe
Partiste e tudo morreu
Logo uma sobra desceu
Sob o meu resto de chão
Saudade vem sem demora
Não tem marcada uma hora
P’ra invadir meu coração
Teu rosto revejo ainda
Dentro da rosa mais linda
Repertório de Paulo Filipe
Partiste e tudo morreu
Logo uma sobra desceu
Sob o meu resto de chão
Saudade vem sem demora
Não tem marcada uma hora
P’ra invadir meu coração
Teu rosto revejo ainda
Dentro da rosa mais linda
Que mora no meu jardim
Julguei que era loucura
Uma profunda aventura
Julguei que era loucura
Uma profunda aventura
Amar na vida assim
Recordo agora o momento
Que guardo no pensamento
Recordo agora o momento
Que guardo no pensamento
Em amor e nostalgia
Eu tenho ainda a esperança
Que não mata nem cansa
Eu tenho ainda a esperança
Que não mata nem cansa
De te ver voltar um dia
São saudades meu amor
Letra e musica de António Afonso
Repertório de Joana Costa
Não há que ter saudades naufragadas
Feitas de amor por alguém que partiu
Quem as tiver tem as penas arrancadas
Da asa dor que nunca mais voou
Saudades são pedaços de partida
Que nos traíram no adeus ao cais
E nunca mais serão capazes de dar vida
Porque partiram e não voltam mais
Saudade
Repertório de Joana Costa
Não há que ter saudades naufragadas
Feitas de amor por alguém que partiu
Quem as tiver tem as penas arrancadas
Da asa dor que nunca mais voou
Saudades são pedaços de partida
Que nos traíram no adeus ao cais
E nunca mais serão capazes de dar vida
Porque partiram e não voltam mais
Saudade
Quem não tiver saudades, meu amor
Saudades
Saudades
Quem não tiver saudades, não tem dor
Saudades são as rédeas do tempo
Esse cavalo solto ao vento
São saudades meu amor
Não há que ter saudades naufragadas
Na maré viva, no mar do pensamento
Para esquecer as coisas mais amargas
A lei da vida deu-nos a lei do tempo
Saudades são destroços de ventura
Que o amor navega pelo peito
Recordações como cinzas por moldura
Na dor acesa do amor imperfeito
Saudades são as rédeas do tempo
Esse cavalo solto ao vento
São saudades meu amor
Não há que ter saudades naufragadas
Na maré viva, no mar do pensamento
Para esquecer as coisas mais amargas
A lei da vida deu-nos a lei do tempo
Saudades são destroços de ventura
Que o amor navega pelo peito
Recordações como cinzas por moldura
Na dor acesa do amor imperfeito
Mais e menos
Vasco da Graça Moura / José Marques do Amaral
Repertório de Maria Clara
No amor, regras que contam
Há uma só que não é vã
Amar hoje mais do que ontem
Mas bem menos que amanhã
E eu num fado que isto guarde
Repertório de Maria Clara
No amor, regras que contam
Há uma só que não é vã
Amar hoje mais do que ontem
Mas bem menos que amanhã
E eu num fado que isto guarde
Também acrescentaria
Amo-te mais cada tarde
Amo-te mais cada tarde
Do que amei nascendo o dia
E cada vez muito mais
E cada vez muito mais
Do que antes, mas tais requintes
São muito menos, ver vais
São muito menos, ver vais
Do que nos dias seguintes
Com resultados tão plenos
Com resultados tão plenos
Como somar dois e dois
Muito mais e muito menos
Muito mais e muito menos
Conforme antes e depois
Asas no tempo
Carlos Escobar / Carlos Barra
Repertório de João Tenreiro
Cabeça de vento
Repertório de João Tenreiro
Cabeça de vento
Sem asas no tempo
Vem cá velha amiga
Que em tempo de mágoa
Quiseste dar vida
Vem cá velha amiga
Adeus velha amiga
Vem cá velha amiga
Que em tempo de mágoa
Me deste o teu braço
Seguiste o teu rumo
Seguiste o teu rumo
Laranja sem sumo
O vento voando
O vento voando
E o teu corpo vergando
À lei do cansaço
Quiseste dar vida
À vida perdida
E a vida deixou-te
Deu corda, enforcou-te
E a vida deixou-te
Deu corda, enforcou-te
Na corda da vida
Dançaste, dançaste
Dançaste, dançaste
Rodaste, rodaste
Pião a rodar
Pião a rodar
A girar a girar
Numa luta vencida
És trigo maduro
És trigo maduro
Que só deu pão duro
Seara cortada
Seara cortada
Em manhã de geada
Raiz a secar
Perdoa a descrença
Perdoa a descrença
E o preto da tinta
Mas estava cá dentro
Mas estava cá dentro
E a raiva que sinto
Não deixa que minta
Vem cá velha amiga
Um ombro um abraço
Descansa-se se queres
E quando quiseres
Descansa-se se queres
E quando quiseres
Acerta o teu passo
A vida sem vida
A vida sem vida
Foi vida vendida
Mas és força viva
Mas és força viva
Não deixes que a vida
Te faça palhaço
Adeus velha amiga
Amante perdida
Amante de amores
Amante de amores
De poucos valores
E travo na boca
A cama é só minha
A cama é só minha
A casa é tão fria
Eu tenho o que tenho
Tu tens o que tinhas
A noite vazia
A noite vazia
Chinelas da Mouraria
Linhares Barbosa / Santos Moreira
Versão do repertório de Carlos Ramos
Chinelas da Mouraria
Não há vida como a delas
Baquetas em harmonia
Tamborilando as vielas
Felizes ou malfadadas
Podem ser p'la vida fora
Porque elas marcam, coitadas
Os passos que uma mulher
Dá na vida, hora a hora
Vão atrás da procissão
Têm o rufar dos tambores
Solenes pelo caminho
Sentem que ao pisar o chão
Pisam as humildes flores
De alfazema e rosmaninho
É vê-las nos bailaricos
Estalinhos de Santo António
Não fazem mais algazarra
São como dois mafarricos
Nos pezinhos dum demónio
Que no amor se desgarra
Conta-se que certa vez
Numa castiça toirada
Uma chinela atirada
Feriu a cara do Marquês
Desde então, desde essa era
Com verdade ou fantasia
A chinela da Severa
Entrou na história do fado
Do fado da Mouraria
Esta perda
Carlos Escobar / Franklim Godinho
Repertório de João Tenreiro
Nunca o amor me amarrou
Nas amarras do amor
Dei a carne do que sou
Nas camas do meu calor
À mercê d’um arrastar
Repertório de João Tenreiro
Nunca o amor me amarrou
Nas amarras do amor
Dei a carne do que sou
Nas camas do meu calor
À mercê d’um arrastar
Pisei rosas no caminho
Mais valera mais amor
Mais valera mais amor
E dar carinho ao carinho
Disse adeus a tanta gente
Disse adeus a tanta gente
De tanta gente parti
Lembranças de quem já sente
Lembranças de quem já sente
A despedida de ti
Usei ferro p’ra matar
Usei ferro p’ra matar
Foi com ferro que morri
De tão pouco amor te dar
De tão pouco amor te dar
Com tanto amor te perdi
Esta perda que me cala
Esta perda que me cala
E deixa mudo de dor
Saudade que já me embala
Saudade que já me embala
Lá nos braços de quem for
Oração
Jorge Empis / Alfredo Duarte *fado cravo*
Repertório de Francisco Stoffel
Quero-te mais do que vida
Como quem co'a morte lida
Quero a Deus Nosso Senhor
Quero-te com toda a alma
E ninguém me leva a palma
A querer-te com tanto ardor
Como fadista à guitarra
Preso está na mesma garra
Repertório de Francisco Stoffel
Quero-te mais do que vida
Como quem co'a morte lida
Quero a Deus Nosso Senhor
Quero-te com toda a alma
E ninguém me leva a palma
A querer-te com tanto ardor
Como fadista à guitarra
Preso está na mesma garra
Assim preso por ti estou
Como a tristeza à saudade
Como a morte á eternidade
Como a tristeza à saudade
Como a morte á eternidade
Como a dor a quem chorou
Por isso confio ao fado
Que è amigo dedicado
Por isso confio ao fado
Que è amigo dedicado
As penas do coração
Pego na guitarra e canto
E ás vezes este meu pranto
Pego na guitarra e canto
E ás vezes este meu pranto
Faz lembrar uma oração
Pretensão estranha
Alfredo Guedes / Casimiro Ramos *fado janelas enfeitadas*
Repertório de Alfredo Guedes
Esta pretensão de gente que pretendo
Talvez vos seja estranha e no entanto
Jamais me venderei e não entendo
O que vêdes em mim, quando eu canto
O meu gesticular não é estudado
Porque sou verdadeiro no cantar
E podem crer que quando canto o fado
É um pouco de mim, que estou a dar
Canto fados que falam de saudade
Tristeza, amor, ciúme, enfim... a vida
E se alguém me quizer dar amizade
Não a quero amanhã desiludida
Repertório de Alfredo Guedes
Esta pretensão de gente que pretendo
Talvez vos seja estranha e no entanto
Jamais me venderei e não entendo
O que vêdes em mim, quando eu canto
O meu gesticular não é estudado
Porque sou verdadeiro no cantar
E podem crer que quando canto o fado
É um pouco de mim, que estou a dar
Canto fados que falam de saudade
Tristeza, amor, ciúme, enfim... a vida
E se alguém me quizer dar amizade
Não a quero amanhã desiludida
Fado João
Maria Carlota de Noronha / João de Noronha
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Não posso cantar o fado
O fado faz-me chorar
Faz-me lembrar o passado
Que já não pode voltar
Eu cantava noite e dia
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Não posso cantar o fado
O fado faz-me chorar
Faz-me lembrar o passado
Que já não pode voltar
Eu cantava noite e dia
Sem nada me dar cuidado
Não tenho a mesma alegria
Não tenho a mesma alegria
Não posso cantar o fado
Se quando canto, entristeço
Se quando canto, entristeço
Não é para admirar
Tenho saudades de tudo
Tenho saudades de tudo
O fado faz-me chorar
Quando oiço alguma guitarra
Quando oiço alguma guitarra
Ou alguém cantando o fado
Sinto que minha alma chora
Sinto que minha alma chora
Faz-me lembrar o passado
Cantigas á desgarrada
Cantigas á desgarrada
Que sempre me hão-de lembrar
Adeus tempo em que as cantava
Adeus tempo em que as cantava
Que já não pode voltar
Se chorar fosse pecado
Alfredo Gago da Câmara / José António Sabrosa
Repertório de Paulo Filipe
Os teus olhos me mentiram
Quando me disseste há horas
Que as tuas fontes secaram
E há muito que já não choras
Se chorar fosse pecado
Repertório de Paulo Filipe
Os teus olhos me mentiram
Quando me disseste há horas
Que as tuas fontes secaram
E há muito que já não choras
Se chorar fosse pecado
Que seria então de ti
E de mim?... um condenado
E de mim?... um condenado
Desde o dia em que nasci
Olha que o choro atrevido
Olha que o choro atrevido
Quando a lágrima faz vir
Muitas vezes é fingido
Muitas vezes é fingido
E até se chora a sorrir
Quem me dera ser o ar
Quem me dera ser o ar
P’ra secar teus olhos de água
E meigamente enxugar
E meigamente enxugar
Das lágrimas, tua mágoa
Por um copo de vinho
José Fanha / Jorge Ganhão
Repertório de Jorge Ganhão
Por um copo de vinho te diria
Onde o mundo começa e se dilata
Onde a veia rebenta e se desata
A fonte da ternura e da alegria
Por um beijo azul por uma mão
Dançaria contigo até cair
Na cama maravilha de faquir
Que arranca a luz da lua ao coração
Eu sei no mar a cor dos laranjais
E a rota das gaivotas sob a pele
E tudo te diria pão e mel
Por um copo de vinho e pouco mais
Repertório de Jorge Ganhão
Por um copo de vinho te diria
Onde o mundo começa e se dilata
Onde a veia rebenta e se desata
A fonte da ternura e da alegria
Por um beijo azul por uma mão
Dançaria contigo até cair
Na cama maravilha de faquir
Que arranca a luz da lua ao coração
Eu sei no mar a cor dos laranjais
E a rota das gaivotas sob a pele
E tudo te diria pão e mel
Por um copo de vinho e pouco mais
Descrente ou crente
Alfredo Guedes / Rapsódia de musicas
Repertório de Alfredo Guedes
Fado Tango de Joaquim Campos
Repertório de Alfredo Guedes
Fado Tango de Joaquim Campos
Sou o crente mais descrente
Que Deus tem na sua mão
Sou de tal modo diferente
Que até nem sei, francamente
Sou de tal modo diferente
Que até nem sei, francamente
Se hei-de ser crente ou não
Fado Tamanquinhas de Carlos Neves
Dezenas em mim já estão
Fado Tamanquinhas de Carlos Neves
Dezenas em mim já estão
Verdades do meu nascer
Se poucas felizes são
Eis assim uma razão
Se poucas felizes são
Eis assim uma razão
P'ró que acabo de dizer
Fado Pedro Rodrigues
Não quero, longe de mim
Que julguem minha intenção
Fado Pedro Rodrigues
Não quero, longe de mim
Que julguem minha intenção
Pretender a santidade
Apenas quero, isso sim
Que a verdade, como o pão
Apenas quero, isso sim
Que a verdade, como o pão
Não ma dê Deus, só metade
Fado Zé Negro de Francisco J. Marques
Eu sei e afirmo conciso
Que nos piores momentos
Eu sei e afirmo conciso
Que nos piores momentos
Quando são de duvidar
Se Deus é justo e preciso
Nos seus justos julgamentos
Se Deus é justo e preciso
Nos seus justos julgamentos
Se acaso é ele a julgar
Fado Três Bairros de Casimiro Ramos
Quando o meu corpo finar
Na terra for repousar
Fado Três Bairros de Casimiro Ramos
Quando o meu corpo finar
Na terra for repousar
Mãos pousadas em oração
Então sim, estou preparado
Para poder afirmar
Então sim, estou preparado
Para poder afirmar
Se existe Deus, ou não
Fado Robalinho
Sebastião Robalinho / Joaquim Pimentel
Repertório de Sebastião Robalinho
Não nasci na Mouraria
Bairro Alto ou Madragoa
Nasci p’rás bandas do norte
E mal conheço Lisboa
Mas sou fadista de lei
Posso afirmá-lo não minto
Canto o fado como eu sei
Como eu posso e como eu sinto
Gosto do fado corrido
Repertório de Sebastião Robalinho
Não nasci na Mouraria
Bairro Alto ou Madragoa
Nasci p’rás bandas do norte
E mal conheço Lisboa
Mas sou fadista de lei
Posso afirmá-lo não minto
Canto o fado como eu sei
Como eu posso e como eu sinto
Gosto do fado corrido
Do Mouraria ao Menor
Gosto do fado batido
Gosto do fado batido
Quando marcado a rigor
De todos o mais castiço
De todos o mais castiço
Gosto deles cá pra mim
Cá p'ró tio Robalinho
Cá p'ró tio Robalinho
Nascido em Gaia Sandim
Há quem diga mal do fado
Há quem fale sem saber
O fado não é culpado
Do destino de um qualquer
Gosto de cantar o fado
Ao canta-lo sou feliz
O fado é hino sagrado
Das canções do meu país
Há quem diga mal do fado
Há quem fale sem saber
O fado não é culpado
Do destino de um qualquer
Gosto de cantar o fado
Ao canta-lo sou feliz
O fado é hino sagrado
Das canções do meu país
Fado anadia
Marques dos Santos / José Maria dos Cavalinhos
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Eu sei que no céu profundo
Nunca brilhou minha estrela
Sinto que a vida do mundo
Jamais poderei vivê-la
Penso que a vida que vivo
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Eu sei que no céu profundo
Nunca brilhou minha estrela
Sinto que a vida do mundo
Jamais poderei vivê-la
Penso que a vida que vivo
Não passa duma ilusão
Pois não encontro o motivo
Pois não encontro o motivo
Do bater do coração
Creio viver sem ter vida
Creio viver sem ter vida
Viver vida sem alento
Tal como folha caída
Tal como folha caída
Andando ao sabor do vento
Não quero sofrer a sorte
Não quero sofrer a sorte
Nesta má sina contida
Prefiro pedir a morte
Prefiro pedir a morte
Que me leva á outra vida
Velho barco
Zulmiro Vieira / António Rodrigues
Repertório de Sebastião Robalinho
Meu velho barco cansado
Repertório de Sebastião Robalinho
Meu velho barco cansado
Do tempo e dos vendavais
É mais triste este meu fado
É mais triste este meu fado
Quando estás junto do cais
No teu casco envelhecido
No teu casco envelhecido
De tanta tanta viagem
Quanto roteiro vencido
Quanto roteiro vencido
E quando porto esquecido
Tu trazes como bagagem
Meu velho barco
Tu trazes como bagagem
Meu velho barco
No Tejo em arco
Embandeirado na tarde amena
Só tu tens pena deste meu fado
Quanta tristeza
Vive em mim presa e em ti também
Mas só a gente
Mas só a gente
É quem a sente, e mais ninguém
Deitei ao mar os ciúmes
Deitei ao mar os ciúmes
Que tinha no coração
E ele fez dos meus queixumes
E ele fez dos meus queixumes
A rota da solidão
Como é igual o nosso fado
Como é igual o nosso fado
Nossa cruz nosso tormento
Meu velho barco cansado
Meu velho barco cansado
Nosso fim está ligado
Ao sol ao mar e ao vento
Ao sol ao mar e ao vento
Lençóis de fado
Euclides Carvalho / Alfredo Gago da Câmara
Repertório de Paulo Filipe
Não sei se é fado ou destino
Esta forma de viver
Que tenho desde menino
E alimento até morrer
Fiz da guitarra meu leito
Repertório de Paulo Filipe
Não sei se é fado ou destino
Esta forma de viver
Que tenho desde menino
E alimento até morrer
Fiz da guitarra meu leito
Sem lençóis mas confortado
Por descobrir que em meu peito
Por descobrir que em meu peito
Existem lençóis de fado
Eu tenho o fado na alma
Eu tenho o fado na alma
E às vezes sonho acordado
Mesmo só na noite calma
Mesmo só na noite calma
Meus lençóis cheiram a fado
O fado nasceu comigo
O fado nasceu comigo
E a cantá-lo sou feliz
Por dar refúgio e abrigo
Por dar refúgio e abrigo
À canção do meu País
O tempo sem idade
Alfredo Guedes / Joaquim Campos *fado amora*
Repertório de Alfredo Guedes
O tempo não tem idade
Por isso, é-lhe indiferente
Que vivas a mocidade
A rir-te de toda a gente
Mas ele tem tal poder
Repertório de Alfredo Guedes
O tempo não tem idade
Por isso, é-lhe indiferente
Que vivas a mocidade
A rir-te de toda a gente
Mas ele tem tal poder
Que a seu tempo é bem capaz
De um dia te convencer
De um dia te convencer
A olhares para trás
E então dirás, num lamento
E então dirás, num lamento
Tão bons momentos perdidos
Fugiram juntos com o tempo
Fugiram juntos com o tempo
E não serão repetidos
Vive o teu tempo melhor
Vive o teu tempo melhor
Ele corre como o vento
Dá muito tempo ao amor
Dá muito tempo ao amor
P'ró amor há sempre tempo
Filhos do fado
Manuel Alcobia / Armando Machado *fado maria rita*
Repertório de Ana Maurício
Na rua do meu passado
O sol parece cansado
De vir dar descanso á lua
Já não quer sair da cama
E é de sombra e de lama
Que se veste a minha rua
Crianças de mão estendida
Vão matando a fome á vida
Repertório de Ana Maurício
Na rua do meu passado
O sol parece cansado
De vir dar descanso á lua
Já não quer sair da cama
E é de sombra e de lama
Que se veste a minha rua
Crianças de mão estendida
Vão matando a fome á vida
Na esmola que a vida tem
Mas talvez, quando adormecem
As suas almas confessem
Mas talvez, quando adormecem
As suas almas confessem
Que têm fome também
Mulheres com olhos baços
Carregam nos finos braços
Mulheres com olhos baços
Carregam nos finos braços
Os tristes filhos do fado
Ás vezes rezam o terço
Como quem embala o berço
Ás vezes rezam o terço
Como quem embala o berço
Onde ninguém está deitado
Homens donos de olhos secos
Vagueiam por entre os becos
Homens donos de olhos secos
Vagueiam por entre os becos
Onde a tristeza desiste
Desiste de ser tristeza
E fica com a certeza
Desiste de ser tristeza
E fica com a certeza
De que Deus também está triste
Fado Cid
Quando alguém vive longe de quem ama
Maria Manuel Cid / José Cid
Repertório de João Chora
Quando alguém vive longe de quem ama
E sente a alma triste e dolorida
Há sempre uma saudade que nos chama
P'ra nos ir matando e dando vida
E quando a gente se esquece de lembrar
Aquilo que se lembra de esquecer
Há logo uma saudade p'ra matar
E logo outra saudade p'ra viver
É que a saudade vem devagarinho
Lembrar outra saudade mais antiga
E quando a gente encontra esse caminho
É quando ao sofrimento a dor obriga
E nesse passo incerto e dolorido
Saudade, as saudades apagando
O tempo torna tudo mais comprido
E a gente vai saudades desejando
Maria Manuel Cid / José Cid
Repertório de João Chora
Quando alguém vive longe de quem ama
E sente a alma triste e dolorida
Há sempre uma saudade que nos chama
P'ra nos ir matando e dando vida
E quando a gente se esquece de lembrar
Aquilo que se lembra de esquecer
Há logo uma saudade p'ra matar
E logo outra saudade p'ra viver
É que a saudade vem devagarinho
Lembrar outra saudade mais antiga
E quando a gente encontra esse caminho
É quando ao sofrimento a dor obriga
E nesse passo incerto e dolorido
Saudade, as saudades apagando
O tempo torna tudo mais comprido
E a gente vai saudades desejando
Rumo a nada
Carlos Escobar / José Luís Nobre Costa
Repertório de João Tenreiro
Disseste adeus antes da nossa despedida
Roubámos vida da nossa vida
Do nosso amor que foi um barco em maré brava
Que baloiçava mas que voltava
Voltou p’ra nós a tristeza desse dia
Ficou sem nós a nossa maré vazia
Maré de um mar que vai e volta rumo a nada
Onda agitada, espuma queimada
Agora és livre, vive a vida, mas nem tentes
Amor tão grande, amar não penses
Se a nossa estrada nos levar a outros braços
Restos, pedaços, tristes abraços
Dei-te o que dei, raiva, medo e alegria
Ciúme, amor que lutaram dia a dia
Tanto carinho tão vivido em mundo nosso
Talvez te esqueças, mas eu não posso
Repertório de João Tenreiro
Disseste adeus antes da nossa despedida
Roubámos vida da nossa vida
Do nosso amor que foi um barco em maré brava
Que baloiçava mas que voltava
Voltou p’ra nós a tristeza desse dia
Ficou sem nós a nossa maré vazia
Maré de um mar que vai e volta rumo a nada
Onda agitada, espuma queimada
Agora és livre, vive a vida, mas nem tentes
Amor tão grande, amar não penses
Se a nossa estrada nos levar a outros braços
Restos, pedaços, tristes abraços
Dei-te o que dei, raiva, medo e alegria
Ciúme, amor que lutaram dia a dia
Tanto carinho tão vivido em mundo nosso
Talvez te esqueças, mas eu não posso
Os amores da minha vida
Euclides Carvalho / Miguel Ramos *fado alberto*
Repertório de Paulo Filipe
Os três grandes amores da minha vida
Por quem nutro carinho devotado
Dou dentro da minha alma aos três guarida
E os canto nos versos deste meu fado
Amores que são todo o meu enlevo
Iguais mas com ternuras diferentes
A quem tudo o que sou eu hoje devo
E vivem cada dia em mim presentes
Por eles reparti meu coração
Dando a cada um o amor devido
Pois só compartilhando esta afeição
O amor nas nossas vidas faz sentido
Trindade símbolo de “amor perfeito”
Divino que transcende mais além
E guardo no sacrário do meu peito
Minha avó, minha tia e minha mãe
Repertório de Paulo Filipe
Os três grandes amores da minha vida
Por quem nutro carinho devotado
Dou dentro da minha alma aos três guarida
E os canto nos versos deste meu fado
Amores que são todo o meu enlevo
Iguais mas com ternuras diferentes
A quem tudo o que sou eu hoje devo
E vivem cada dia em mim presentes
Por eles reparti meu coração
Dando a cada um o amor devido
Pois só compartilhando esta afeição
O amor nas nossas vidas faz sentido
Trindade símbolo de “amor perfeito”
Divino que transcende mais além
E guardo no sacrário do meu peito
Minha avó, minha tia e minha mãe
Recordação
Rafael Mota / Alberto Costa
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Tive uma guitarra um dia
Guitarra que eu tanto amava
Porque ela sempre gemia
Nas horas em que eu cantava
Nesse tempo tão amado
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Tive uma guitarra um dia
Guitarra que eu tanto amava
Porque ela sempre gemia
Nas horas em que eu cantava
Nesse tempo tão amado
Eu cantava noite e dia
Por gostar muito do fado
Por gostar muito do fado
Tive uma guitarra um dia
E assim, dessa maneira
E assim, dessa maneira
Nunca dela me afastava
Era a minha companheira
Era a minha companheira
Guitarra que eu tanto amava
Ás vezes queria mostrar
Ás vezes queria mostrar
Que a tristeza não sentia
Mas não podia cantar
Mas não podia cantar
Porque ela sempre gemia
Mas no dia em que a perdi
Mas no dia em que a perdi
A saudade me ficava
Porque nunca mais a vi
Porque nunca mais a vi
Nas horas em que eu cantava
As velas
Alfredo Guedes / António dos Santos
Repertório de Alfredo Guedes
Se me pedem p'ra cantar
Sinto saudades dos dias
Tal qual a vela ruím
Conforme se vai findar
Por estranhas ironias
Nos dá luz até ao fim
Velas nas mesas são fado
São como eu quero ser / Já que é esta a minha cruz
Recordações do passado
Que teimam no seu viver / E até fim dão sempre luz
Ó velas que iluminais
O meu rosto já cansado / E o de toda esta gente
Vêde se vos apagais
Quando acabar o meu fado / E dai-me luz novamente
Repertório de Alfredo Guedes
Se me pedem p'ra cantar
Sinto saudades dos dias
Tal qual a vela ruím
Conforme se vai findar
Por estranhas ironias
Nos dá luz até ao fim
Velas nas mesas são fado
São como eu quero ser / Já que é esta a minha cruz
Recordações do passado
Que teimam no seu viver / E até fim dão sempre luz
Ó velas que iluminais
O meu rosto já cansado / E o de toda esta gente
Vêde se vos apagais
Quando acabar o meu fado / E dai-me luz novamente
Meu coração
Carlos Conde / Alfredo Duarte *fado cravo*
Repertório de Esmeralda Amoedo
Coração cala os meus ais
Bate mais pausadamente
Dá menos pressa ao meu fim
Não me faças chorar mais
Com pena de certa gente
Que não tem pena de mim
Não te prendas a ninguém
Sabes lá no teu sentir
Repertório de Esmeralda Amoedo
Coração cala os meus ais
Bate mais pausadamente
Dá menos pressa ao meu fim
Não me faças chorar mais
Com pena de certa gente
Que não tem pena de mim
Não te prendas a ninguém
Sabes lá no teu sentir
Do que este mundo é capaz
Há gente a quem se faz bem
Que ainda se fica a rir
Que ainda se fica a rir
Do bem que a gente lhes faz
Não me pretendas lançar
No desgosto mais profundo
Não me pretendas lançar
No desgosto mais profundo
Na mágoa mais dolorida
Quero ser livre p’ra cantar
Rir das misérias do mundo
Quero ser livre p’ra cantar
Rir das misérias do mundo
E das mentiras da vida
A morte é certa, é fatal
E a vida vivida á toa
A morte é certa, é fatal
E a vida vivida á toa
Nem sempre se contradiz
Fazer bem, não fica mal
Mas olha que a gente boa
Fazer bem, não fica mal
Mas olha que a gente boa
É sempre a mais infeliz
Após falar desta sorte
Um pobre pediu-me pão
Após falar desta sorte
Um pobre pediu-me pão
Eu dei-lho, por caridade
Ás vezes quero ser forte
Mas este meu coração
Ás vezes quero ser forte
Mas este meu coração
Nunca me faz a vontade
Marcha de Elvas
Carlos Escobar / Carlos Barra
Repertório de João Tenreiro
Cá vai Elvas, vai na marcha
Repertório de João Tenreiro
Cá vai Elvas, vai na marcha
Revoltilho é alegria
Um pé no Forte da Graça
Um pé no Forte da Graça
O outro em Santa Luzia
Santo Onofre, Boa Fé
Santo Onofre, Boa Fé
Vamos a toque de caixa
Ao São Pedro vais a pé
Ao São Pedro vais a pé
Pois é a pé que se marcha
Fonte Nova, fica assente
À capela dos Terceiros
Cada um canta o que sente
Cantem Elvas companheiros
Cantem Elvas minha gente
Fonte Nova, fica assente
À capela dos Terceiros
Cada um canta o que sente
Cantem Elvas companheiros
Cantem Elvas minha gente
Cantem a nossa cidade
Das Portas de São Vicente
Das Portas de São Vicente
Ao Bairro da Piedade
Desde as Portas de Olivença
Desde as Portas de Olivença
Vamos cantar ao Castelo
Nesta marcha ninguém esqueça
Nesta marcha ninguém esqueça
Até marcha o Zé de Melo
Entrem nas Portas da esquina
Entrem nas Portas da esquina
Pelos Arcos da Amoreira
Cá vai Elvas que é menina
Cá vai Elvas que é menina
E mãe do Paco Bandeira
O meu amor pequenino
Letra e musica de: Alfredo Gago da Câmara
Repertório de: Paulo Filipe
O meu amor pequenino
Tão perto, andava sumido
Encontrei-o por destino
Num grão de areia, pedido
Fugia de um temporal
Repertório de: Paulo Filipe
O meu amor pequenino
Tão perto, andava sumido
Encontrei-o por destino
Num grão de areia, pedido
Fugia de um temporal
Desidratado, sem tino
Soprado no areal
Soprado no areal
O meu amor pequenino
E por dunas de aflição
E por dunas de aflição
Bem triste, desiludido
Também lá meu coração
Também lá meu coração
Tão perto, andava sumido
Mas depois da tempestade
Mas depois da tempestade
Nasce sempre um sol a pino
E entre fados de saudade
E entre fados de saudade
Encontrei-o por destino
Em minhas mãos, que ironia!
Em minhas mãos, que ironia!
Contando o fado corrido
O seu coração batia
O seu coração batia
Num grão de areia, perdido
De noite sou feliz
Carlos Plácido / Renato Varela *fado varela*
Repertório de José Manuel Castro
De noite é quando eu oiço a solidão
A dizer-me baixinho o rumo certo
De noite é que o silêncio é meu irmão
E me transformo em ave e sou liberto
De noite é quando penso que fui eu
Quem fez a tempestade e a bonança
Transformo-me num deus e subo ao céu
E faço sorrir alguém que não tem esperança
De noite é que meus passos encontram passos
A vaguear na noite que não quis
De noite dão-me beijos e abraços
De noite é que eu sonho e sou feliz
Amor de cabelos brancos
António Sala / Eduardo Olímpio
Repertório de Maria Dilar
Estão sempre no jardim à beira cais
Um búzio de ternura em cada olhar
E à volta saltam putos e pardais
Eles saltam, a saudade a recordar
Ele veste-lhe o casaco aconchegado
Ela pôe-lhe o cachecol num doce jeito
Vão de braço dado, lado a lado
Baloiçando o amor de encontro ao peito
Quem toda a vida amou, nunca envelhece
São jovens estes velhos do jardim
Amor, é este amor que permanece
Desde o primeiro beijo até ao fim
Dos filhos que tiveram, têm netos
Os netos, nova infãncia renascida
São dois velhos que se abrigam na ternura
E que tecem com ternura toda a vida
Repertório de Maria Dilar
Estão sempre no jardim à beira cais
Um búzio de ternura em cada olhar
E à volta saltam putos e pardais
Eles saltam, a saudade a recordar
Ele veste-lhe o casaco aconchegado
Ela pôe-lhe o cachecol num doce jeito
Vão de braço dado, lado a lado
Baloiçando o amor de encontro ao peito
Quem toda a vida amou, nunca envelhece
São jovens estes velhos do jardim
Amor, é este amor que permanece
Desde o primeiro beijo até ao fim
Dos filhos que tiveram, têm netos
Os netos, nova infãncia renascida
São dois velhos que se abrigam na ternura
E que tecem com ternura toda a vida
Fado
Maria José Rijo / Pedro Rodrigues
Repertório de João Tenreiro
Não sei se sorte é destino
Nem sei se destino é fado
Sei que cruzei teu caminho
E, agora vivo a teu lado
Se a vida nos der por dita
Que só nos separa a morte
Então, amor, acredita
Que destino é também sorte
Que sorte boa ou ruim
É destino, sina e fado
E ser feliz para mim
É ter-te sempre a meu lado
E ninguém jure nem diga
Que tem seu destino em mão
Pois ninguém há que consiga
Dar ordens ao coração
Nenhuma amarra lhe serve
Nem obedece à razão
Até dum rei faz um servo
Quando pulsa por paixão
Não sei se sorte é destino
Nem sei se destino é fado
Sei que cruzei teu caminho
E sou feliz a teu lado
Criança de todos nós
Torre da Guia / Fernando Tordo *fado meu corpo*
Repertório de Alfredo Guedes
Criança, verbo para começar
A ouvir e a falar... o vento
Criança, asa nova de partida
Para a viagem da vida... no tempo
Teus olhos duas meigas abelhinhas
Nos favos das adivinhas... de mel
Sonhando que o fel é sempre doce
Como se o fel não fosse... de fel
Sementes
Repertório de Alfredo Guedes
Criança, verbo para começar
A ouvir e a falar... o vento
Criança, asa nova de partida
Para a viagem da vida... no tempo
Teus olhos duas meigas abelhinhas
Nos favos das adivinhas... de mel
Sonhando que o fel é sempre doce
Como se o fel não fosse... de fel
Sementes
Em seara de ilusão
Deixa-as o homem no chão
Para o vento dispersar
Tão fortes
Deixa-as o homem no chão
Para o vento dispersar
Tão fortes
Que mesmo assim pequeninas
Rompem raízes sozinhas
Que ninguém pode arrancar
Criança, pensamento renovado
De quem vive acorrentado... ao cais
Esperança que se faz pela revolta
Desse tempo que não volta... jamais
Mãozitas com destinos sem fronteiras
Amarradas nas barreiras... tão cedo
Brincando aos soldadinhos de guerra
Por entre as grades da terra... sem medo
Rompem raízes sozinhas
Que ninguém pode arrancar
Criança, pensamento renovado
De quem vive acorrentado... ao cais
Esperança que se faz pela revolta
Desse tempo que não volta... jamais
Mãozitas com destinos sem fronteiras
Amarradas nas barreiras... tão cedo
Brincando aos soldadinhos de guerra
Por entre as grades da terra... sem medo
Ai Jesus
Popular c/adaptação de Jorge Rosa / Fontes Rocha
Repertório de Maria da Fé
Estava de todo ceguinha
Quando te tinha por companhia
Tão ceguinha que não via
Hoje só me desesperas
Já nada em ti me seduz
O que tu és, o que tu eras
Ai Jesus, ai Jesus, ai Jesus
Sempre com mansas falinhas
Sei que me tinhas no teu caminho
E a água pró teu moinho
Repertório de Maria da Fé
Estava de todo ceguinha
Quando te tinha por companhia
Tão ceguinha que não via
O que me estava guardado
Mas como quem adivinha
Vai p'rá casinha um certo dia
Adivinhei o teu jogo
Mas como quem adivinha
Vai p'rá casinha um certo dia
Adivinhei o teu jogo
Trataste logo em pôr-te de lado
Já foste o meu “ai Jesus”
Ai Jesus, o que tu eras
Há uma vida, cor e luz
Esperanças, sonhos e quimeras
Já foste o meu “ai Jesus”
Ai Jesus, o que tu eras
Há uma vida, cor e luz
Esperanças, sonhos e quimeras
Hoje só me desesperas
Já nada em ti me seduz
O que tu és, o que tu eras
Ai Jesus, ai Jesus, ai Jesus
Sempre com mansas falinhas
Sei que me tinhas no teu caminho
E a água pró teu moinho
Levavas sem mais demora
Mas trocaram-se as voltinhas
Tu não convinhas ao meu viver
Quiseste desaparecer
Mas trocaram-se as voltinhas
Tu não convinhas ao meu viver
Quiseste desaparecer
Nem quero crer no querer de agora
Lisboa Pessoa
Letra e musica de Paco Gonzalez
Repertório de José Manuel Castro
Amante de poetas
Repertório de José Manuel Castro
Amante de poetas
Filha de navegantes
Chorada na distância
Chorada na distância
Em fados de paixão
Colina da ternura
Colina da ternura
À espera de emigrantes
Menina da saudade
Menina da saudade
Mulher feita razão
Lisboa
Que foste à catequese na Moirama
Com cheiro de alecrim e alfazema
Vestida de papoila e manjerico
Lisboa.
Fragata de trabalho, voz do povo
Gaivota de Camões e de Herculano
Noitada de Bocage em fado novo
Irmã deste meu Tejo
Lisboa
Que foste à catequese na Moirama
Com cheiro de alecrim e alfazema
Vestida de papoila e manjerico
Lisboa.
Fragata de trabalho, voz do povo
Gaivota de Camões e de Herculano
Noitada de Bocage em fado novo
Irmã deste meu Tejo
Florida madrugada
Recanto da minh'alma
Recanto da minh'alma
Que um sonho me quis dar
Guitarra do meu fado
Guitarra do meu fado
Lisboa minha amada
Poema de uma vida
Poema de uma vida
Que me propus cantar
Lisboa
Pessoa de Fernando, amor guardado
No cofre da saudade do meu fado
Que canta o teu destino de ansiedade
Lisboa
Por mim sempre cantada e tão querida
Colcha de azul bebé da minha vida
Menina da saudade, que saudade
Lisboa
Pessoa de Fernando, amor guardado
No cofre da saudade do meu fado
Que canta o teu destino de ansiedade
Lisboa
Por mim sempre cantada e tão querida
Colcha de azul bebé da minha vida
Menina da saudade, que saudade
Mãos dadas
José Luís Gordo / Verónica
Repertório de Maria da Fé
De mãos dadas
Repertório de Maria da Fé
De mãos dadas
Sentados no mesmo banco
De almas apaixonadas
De almas apaixonadas
E os olhos rasos de pranto
É o amor, pelos grandes, proibido
É o amor, pelos grandes, proibido
Que nasce como a flor
E chora por ter nascido
Foi a brincar que o amor aconteceu
Dum sorriso e dum olhar
Foi a brincar que o amor aconteceu
Dum sorriso e dum olhar
Um tão grande amor nasceu
Duas crianças vivendo a mesma alegria
Duas vidas, uma esperança
Duas crianças vivendo a mesma alegria
Duas vidas, uma esperança
Que em ternura se despia
Dois jovens, duas idades nascendo
Duas esperanças num sonho
Dois jovens, duas idades nascendo
Duas esperanças num sonho
Que no tempo vai crescendo
Olhos nos olhos e as mãos entrelaçadas
Que parecem quatro molhos
Olhos nos olhos e as mãos entrelaçadas
Que parecem quatro molhos
De ternuras amarradas
Fado ribatejano
Carlos Dias / Amadeu dos Santos
Repertório de Hermínia Silva
Ribatejo da lealdade
Repertório de Hermínia Silva
Ribatejo da lealdade
É o brasão desta gente
Gente nobre que tem vaidade
Gente nobre que tem vaidade
Em ser fiel e valente
A bravura dos teus campinos
A bravura dos teus campinos
Deu-te Deus por destino
Porque a um toiro enfrentar
Porque a um toiro enfrentar
P'ró saber dominar
Isso é que é ser campino
P'ra entender tudo o que vi
Eu queria ter nascido aqui
Na lezíria onde o sol é mais quente
Até brilha na alma da gente;
Ter por brasão, o coração
Aquela fé que não engana
Ter alma, ralé de cigana
Eis o que eu queria ter
P'ra ser ribatejana
O campino ao seguir o gado
Isso é que é ser campino
P'ra entender tudo o que vi
Eu queria ter nascido aqui
Na lezíria onde o sol é mais quente
Até brilha na alma da gente;
Ter por brasão, o coração
Aquela fé que não engana
Ter alma, ralé de cigana
Eis o que eu queria ter
P'ra ser ribatejana
O campino ao seguir o gado
O barrete saltando
Nas lezírias ao sol irado
Nas lezírias ao sol irado
Parece até ir bailando
Fé em Deus, coração ardente
Fé em Deus, coração ardente
São primores que eu invejo
Crença, coragem, amor
Crença, coragem, amor
Lealdade e valor
Isto é que é Ribatejo
Isto é que é Ribatejo
A prova dos nove
Artur Ribeiro / Fontes Rocha *fado isabel*
Repertório de José Manuel Castro
Como quem vai ver se chove
No meio duma chuvada
Tirei a prova dos nove
Ao teu amor... e deu nada
Depois fiz de novo a prova
Repertório de José Manuel Castro
Como quem vai ver se chove
No meio duma chuvada
Tirei a prova dos nove
Ao teu amor... e deu nada
Depois fiz de novo a prova
Na esperança de ter errado
E tornei mais funda a cova
E tornei mais funda a cova
Que entre nós tinha cavado
Não devia ficar triste
Não devia ficar triste
Pois sabia de antemão
Que nenhum amor resiste
Que nenhum amor resiste
A qualquer equação
Nunca resulta na prática
Nunca resulta na prática
E provoca sofrimentos
Por as leis da matemática
Por as leis da matemática
A aquilatar sentimentos
Mas sou teimoso, e assim
Mas sou teimoso, e assim
Lembrei-me, já no final
De tirar a prova a mim
De tirar a prova a mim
E deu zero, por sinal
Porta maldita
Jorge Rosa / Fontes Rocha
Repertório de Maria da Fé
Fechaste a porta eu fiquei
Repertório de Maria da Fé
Fechaste a porta eu fiquei
Por detrás daquela porta
Menos viva, mais que morta
Menos viva, mais que morta
Mais perdida, menos eu
Fechaste a porta e eu não sei
Fechaste a porta e eu não sei
Se sei de mim desde então
Há uma vez, um coração
Há uma vez, um coração
Que por ti sempre bateu
Porta maldita
É atrás dela que grita
A fé que não acredita
Nesta despedida fria
Porta que dita
Horas ao meu desespero
Porta cerrada que eu espero
Ver aberta, qualquer dia
Fechaste a porta e depois
Porta maldita
É atrás dela que grita
A fé que não acredita
Nesta despedida fria
Porta que dita
Horas ao meu desespero
Porta cerrada que eu espero
Ver aberta, qualquer dia
Fechaste a porta e depois
Daquela porta fechada
Vi que pouco mais que nada
Vi que pouco mais que nada
Do nosso amor, existia
Fechaste a porta entre os dois
Fechaste a porta entre os dois
Esse muro de madeira
Cerrou á nossa maneira
Cerrou á nossa maneira
A história que nos unia
Recado meu
Carlos Escobar / Casimiro Ramos *fado três bairros*
Repertório de João Tenreiro
Canto fados porque gosto
E se quiserem aposto
Há p’ra aí gente a gostar
Gostam de fado que eu sou
Da alma que sinto e dou
Do meu gosto de cantor
Canto fados e cantigas
P’ra rapazes, raparigas
Repertório de João Tenreiro
Canto fados porque gosto
E se quiserem aposto
Há p’ra aí gente a gostar
Gostam de fado que eu sou
Da alma que sinto e dou
Do meu gosto de cantor
Canto fados e cantigas
P’ra rapazes, raparigas
P'ró carpinteiro que serra
P'rós senhores que estão sentados
P'ró rapaz que faz recados
P'rós senhores que estão sentados
P'ró rapaz que faz recados
P’ra gente da minha terra
A tela já foi pintada
A função está acabada
A tela já foi pintada
A função está acabada
E fiquei feliz comigo
Eu canto porque me querem
Canto sempre que quiserem
Eu canto porque me querem
Canto sempre que quiserem
Quis dizer… sou vosso amigo
Com a guitarra a trinar
A viola a acompanhar
Com a guitarra a trinar
A viola a acompanhar
Eu abraço o meu país
E com esta voz que é vossa
Vou cantar até que possa
E com esta voz que é vossa
Vou cantar até que possa
Que possa cantar feliz
Aquele automóvel
Letra e musica de Frederico de Brito
Repertório de Tristão da Silva
Montei num cavalo que é meu companheiro
De tanta jornada
Que tinha galgado num passo ligeiro
Dez léguas de estrada
Mas vamos ao resto
Que às vezes há casos que alegra contá-los
Passou por nós lesto
Um grande automóvel de trinta cavalos
E o meu cavalito
Um pouco espantado parou por momentos
Depois apressado
Lá foi estrada fora de crinas ao vento
Meu pobre cavalo
Num passo ligeiro lá ia seguindo
Sem ver os cavalos
Que iriam puxando um carro tão lindo
Mas ai... numa curva
Da estrada comprida e ao pé de um silvado
Aquele automóvel
De tanta corrida ficou empanado
E o meu cavalito
Relinchava imponente de cauda aos estalos
A rir-se contente
Daquele automóvel de trinta cavalos
Resignação entristecida
Alfredo Guedes / Alfredo Duarte *marceneiro*
Repertório de Alfredo Guedes
Quando o tempo me envelhece
Eu fico resignado
Aceito essa condição
Mas o que mais me entristece
É estar no tempo parado
P’ra dar ao tempo, razão
Primaveras vão passando
Sobre mim, já tão cansado
Repertório de Alfredo Guedes
Quando o tempo me envelhece
Eu fico resignado
Aceito essa condição
Mas o que mais me entristece
É estar no tempo parado
P’ra dar ao tempo, razão
Primaveras vão passando
Sobre mim, já tão cansado
Quase entregue ao abandono
Assim eu vivo buscando
Nos Invernos do passado
Assim eu vivo buscando
Nos Invernos do passado
Razões para o meu Outono
Mas não quero, nem entendo
Que o tempo seja inclemente
Mas não quero, nem entendo
Que o tempo seja inclemente
E me seja tão verdade
O que desejo e pretendo
É que o tempo docemente
O que desejo e pretendo
É que o tempo docemente
Não dê tempo p'rá saudade
Poema à boca fechada
José Saramago - 1922 /2010
Prémio Nobel da Literatura em 1988
Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça
Calado estou, calado ficarei
Pois que a língua que falo é de outra raça
Palavras consumidas se acumulam
Se represam, cisterna de águas mortas
Ácidas mágoas em limos transformadas
Vaza de fundo em que há raízes tortas
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas
Nem só animais bóiam, mortos, medos
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos
Só direi, crispadamente recolhido e mudo
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo
Prémio Nobel da Literatura em 1988
Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça
Calado estou, calado ficarei
Pois que a língua que falo é de outra raça
Palavras consumidas se acumulam
Se represam, cisterna de águas mortas
Ácidas mágoas em limos transformadas
Vaza de fundo em que há raízes tortas
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas
Nem só animais bóiam, mortos, medos
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos
Só direi, crispadamente recolhido e mudo
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo
Poentes outonais
José Amaro / Jaime Santos
Repertório de José Manuel Castro
Este tema foi gravado por Alice Maria com o título
Repertório de José Manuel Castro
Este tema foi gravado por Alice Maria com o título
*Caem folhas p'la cidade* com a autoria atribuída a José Amaro
Vens falar-me neste Outono
Vens falar-me neste Outono
No calor do Verão passado
Acordar-me em pleno sono
Acordar-me em pleno sono
De um amor desencontrado
Se ainda te amo, perguntas
Se ainda te amo, perguntas
Se ainda te quero, queres saber
Somos duas sombras juntas
Somos duas sombras juntas
Dia enevoado, entardecer
Nosso fado foi desgosto
Sol já posto em tom vermelho
Somos corpos sem ter rosto
Lado oposto doutro espelho
Caem folhas p'la cidade
São poentes outonais
Como é lívida a saudade
Meu amor, não chores mais
Somos tática viagem
Nosso fado foi desgosto
Sol já posto em tom vermelho
Somos corpos sem ter rosto
Lado oposto doutro espelho
Caem folhas p'la cidade
São poentes outonais
Como é lívida a saudade
Meu amor, não chores mais
Somos tática viagem
Sem regresso, sem sentido
No amor não há paragem
No amor não há paragem
E o regresso é proibido
Gestos languidos, doridos
Gestos languidos, doridos
Sob a luz crepuscular
Noite calma dos sentidos
Noite calma dos sentidos
Não me venhas recordar
Saudade das saudades
António de Bragança / José António Sabrosa *fado anadia*
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Cansada de ter saudade
Tudo fiz para esquecer
E hoje tenho saudade
De saudade já não ter
Sem força p’ra suportar
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Cansada de ter saudade
Tudo fiz para esquecer
E hoje tenho saudade
De saudade já não ter
Sem força p’ra suportar
A minha fatalidade
Ajoelhei a rezar
Ajoelhei a rezar
Cansada de ter saudade
Roguei a Deus dar-me a sorte
Roguei a Deus dar-me a sorte
Esta vida até morrer
Essa saudade de morte
Essa saudade de morte
Tudo fiz para esquecer
Foi minha prece atendida
Foi minha prece atendida
Por Deus na sua bondade
Como estou arrependida
Como estou arrependida
E hoje tenho saudade
Castigo p’ra quem não pensa
Castigo p’ra quem não pensa
Quem não sabe o que é sofrer
Pois sinto saudade imensa
Pois sinto saudade imensa
De saudade já não ter
Traz até mim
Paco Gonzalez / Fernando Freitas *fado noquinhas*
Repertório de José Manuel Castro
Traz até junto a mim os sonhos irreais
De ninfas e castelos perdidos no além
O crepitar da chama, o verde da verdura
O riso da criança traz até junto a mim
Se podes traz também vendavais de alegria
Tufões de felicidade, o azul do firmamento
A brancura da espuma, o sabor da verdade
P'ra embelezar a hora do meu primeiro encontro
Despido da matéria, voando livremente
Irei á entrevista, p'ra receber de ti
Bálsamo p'ro sofrimento, fragmentos de luar
Na vasta imensidão do teu profundo olhar
Repertório de José Manuel Castro
Traz até junto a mim os sonhos irreais
De ninfas e castelos perdidos no além
O crepitar da chama, o verde da verdura
O riso da criança traz até junto a mim
Se podes traz também vendavais de alegria
Tufões de felicidade, o azul do firmamento
A brancura da espuma, o sabor da verdade
P'ra embelezar a hora do meu primeiro encontro
Despido da matéria, voando livremente
Irei á entrevista, p'ra receber de ti
Bálsamo p'ro sofrimento, fragmentos de luar
Na vasta imensidão do teu profundo olhar
Marcha da Madragoa 1980
Jorge Rosa / Fontes Rocha
Repertório de Maria da Fé
Ainda Lisboa
Repertório de Maria da Fé
Ainda Lisboa
Sonha e dorme a sonho solto
E o luar passeia envolto
No seu manto de mil estrelas
A Madragoa
E o luar passeia envolto
No seu manto de mil estrelas
A Madragoa
Já toda ela se agita
Airosa, fresca, bonita
Num bailado de chinelas
Ainda o galo
Airosa, fresca, bonita
Num bailado de chinelas
Ainda o galo
Não canta o seu bom dia
Já o meu bairro á porfia
Trabalha de que maneira
É um regalo
Já o meu bairro á porfia
Trabalha de que maneira
É um regalo
Ver cortejos de varinas
Descendo a Rua das Trinas
A caminho da Ribeira
Madragoa, chinela no pé
Madragoa, festiva gaivota
Descendo a Rua das Trinas
A caminho da Ribeira
Madragoa, chinela no pé
Jeito de maré p’ra cá e p’ra lá
Madragoa, canastra à cabeça
Ligeira na pressa que a vida lhe dá
Madragoa, festiva gaivota
Que grita na lota, que canta e apregoa
Madragoa, salgada e ladina
Madragoa, salgada e ladina
Vistosa varina, cartaz de Lisboa
A Madragoa
A Madragoa
Que canta desde menina
Cantigas que o mar ensina
Com o mar dança também
Doa a quem doa
Cantigas que o mar ensina
Com o mar dança também
Doa a quem doa
É dos bairros a rainha
E a coisa mais alfacinha
De quantas Lisboa tem
E se abençoa
E a coisa mais alfacinha
De quantas Lisboa tem
E se abençoa
A fé dos seus monumentos
Pois igrejas e conventos
Dão-lhe fé e caridade
À Madragoa
Pois igrejas e conventos
Dão-lhe fé e caridade
À Madragoa
Não falta desde criança
Toda a virtude da esperança
Que é a esperança da cidade
Toda a virtude da esperança
Que é a esperança da cidade
Peço perdão à vida
Angela Palha / João Rocha
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Perdi-me na noite escura
Que trazes nos olhos teus
Para enxugar o teu pranto
Com a ternura dos meus
Esquecer-te é impossível
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Perdi-me na noite escura
Que trazes nos olhos teus
Para enxugar o teu pranto
Com a ternura dos meus
Esquecer-te é impossível
Mas é fácil de dizer
Quando a raiz é profunda
Quando a raiz é profunda
E arrancá-la faz doer
Diz-me baixinho, amor
Diz-me baixinho, amor
Que ainda gostas de mim
Mesmo que seja mentira
Mesmo que seja mentira
Mente sempre até ao fim
Perdi o amor à vida
Perdi o amor à vida
Por teu amor me perdi
E a vida perdeu-me agora
E a vida perdeu-me agora
Não esquecendo que a esqueci
Chorava por ti
José Luís Gordo / Fontes Rocha
Repertório de Maria da Fé
Chorava por ti, chorava
Horas e dias chorava
A fome que me comia
Por tanto chorar, cansava
E as palavras que ditava
Eram a cruz da agonia
Esperava por ti, esperava
E nada mais se me dava
Repertório de Maria da Fé
Chorava por ti, chorava
Horas e dias chorava
A fome que me comia
Por tanto chorar, cansava
E as palavras que ditava
Eram a cruz da agonia
Esperava por ti, esperava
E nada mais se me dava
Queria morrer a esperar
Pois quem espera sempre alcança
E eu era essa criança
Pois quem espera sempre alcança
E eu era essa criança
Sempre à espera de alcançar
Cantava para ti, cantava
Quando o teu amor chegava
Cantava para ti, cantava
Quando o teu amor chegava
Envolto, vestido em mel
E a cantar, então chorava
Quando a noite te levava
E a cantar, então chorava
Quando a noite te levava
Com amarguras de fel
Subscrever:
Mensagens (Atom)