Seja meu fado o que for
Carlos
Baleia / Daniel Gouveia *fado mesclado*
Repertório
de Daniel Gouveia
Tenho
meu fado de cor
Em
tudo o que veio de ti
Tu
foste o fado maior
Dos
amores que eu vivi
Não
digam que ele é Menor
Pois
por ele me perdi
Eu
estou preso nesse dia
Em
que o meu sonho ruiu
E
chorei numa agonia
Que
o fado nunca sentiu
Não
digam que é Mouraria
Este
meu fado vazio
Desde
então tenho vivido
Se
a isto viver se chama
Nas
saudades sem sentido
Que
vêm da tua cama
Não
digam que é Corrido
Fado
triste de quem ama
Seja
meu fado o que for
Veio
de ti e em mim ficou
Fado
que tenho de cor
E
que minha voz calou
Para não cantar a dor
E a saudade que deixou
Se tu fosses como eu queria
Carlos
Baleia / Daniel Gouveia
Repertório
de Daniel Gouveia
Se
tu fosses como eu queria
Em vez de seres como és
Decerto
te adoraria
E cairia a teus pés;
Serias
dona do mundo
Se o mundo me pertencesse
E
até um amor profundo
Talvez a ti, te oferecesse;
Bastaria
um só olhar
Um sorriso, uma ternura
P’rá
vida se transformar
Em duradoura ventura
Mas, tu, tirana
És
cruel, és indiferente
E soberana
Assim
passas entre a gente
Segues sem ver
Altiva no teu andar
Todo este querer
Que
eu guardo para te dar
E nesse andar
Onde
pisas sentimentos
Não há pesar
Por
desgostos ou tormentos
Mas
um dia tarde ou cedo
Quando o amor te atingir
Decerto
sentirás medo
Ou vontade de fugir;
E
rezo aos santos amigos
Que eu seja disso culpado
Desejando-te
castigos
Pelo desprezo que tens dado;
Castigos
que a mim te prendam
Correntes que não desatem
Beijos
que me surpreendam
Ou carícias que me matem
Pois
tu, tirana
Tão cruel e indiferente
A
tal soberana
Que nem via a outra gente
Hás-de
perder
O estilo do teu pisar
E
merecer
O amor que posso dar;
E
encantada
Com vida de nova cor
Por mim chamada
Correrás para o amor
Prece à noite
Torre
da Guia / Manuel dos Santos
Repertório
de Fernando João
Que
a noite seja leito de ventura
Em cada coração despedaçado
Que a noite seja fonte de ternura
Nas trevas de quem vive abandonado
Em cada coração despedaçado
Que a noite seja fonte de ternura
Nas trevas de quem vive abandonado
Tragam-me
a noite inteira numa taça
E um vinho de verdade que me aqueça
A noite é mensageira e por desgraça
Só vive de saudade quem regressa
E um vinho de verdade que me aqueça
A noite é mensageira e por desgraça
Só vive de saudade quem regressa
E
muito-muito antes que amanheça
Que exista ainda um fado por fadar
E que um par de amantes adormeça
Nos braços dum pecado por pecar
Que exista ainda um fado por fadar
E que um par de amantes adormeça
Nos braços dum pecado por pecar
Que a noite seja rumo e caminho
Jornada de regresso à felicidade
Que a noite seja lar, seja cantinho
Jornada de regresso à felicidade
Que a noite seja lar, seja cantinho
De paz, de amor, de liberdade
Envelhecer em Lisboa
Carlos
Baleia / Daniel Gouveia
Repertório
de Linda Leonardo
Sinto
a cidade
Em passos que vou cumprindo
No
avançar da idade
Em sonhos que vão caindo
E
a saudade
Colada nos meus cansaços
Segue
o rumo dos meus passos
A falar da mocidade
No
empedrado
Vou lendo histórias antigas
Livro
magoado
Que inspira suas cantigas
Ouvem-se
os sinos
Das igrejas do Chiado
E
os meus passos peregrinos
São ecos do meu enfado
Sinos
de fado
Estranha oração de Lisboa
Um
som salgado
Na cidade de Pessoa
Poema
ouvido
Soluço que dobra a esquina
E
é repetido de colina p'ra colina
Peso
nos ombros
Água nos olhos saudosos
Dos
meus escombros
Relembro tempos viçosos
Ao
caminhar nesta viela escondida
Sem partir e sem chegar
Cumpro meus passos na vida
O rio do meu sonho
José
Fernandes Castro / Armando Machado *fado marana*
Repertório
de Rute Rita
O
rio do meu sonho já secou
Agora
só existo neste fado
O
mar onde o meu barco navegou
Tem
ondas de prazer desencantado
O
rio do meu pranto, tem agora
O
sal da solidão e do tormento
A
vida já não tem data nem hora
Pois
tudo se resume ao sofrimento
O
rio transbordante do meu peito
Não
tem o encantamento das marés
Meu
sonho, já distante e já desfeito
Não
tem a cor do amor com que me vês
Mas
mesmo assim, eu quero que o meu rio
Naufrague,
no teu mar encapelado
E
vá beijar a proa dum navio
Que trago a navegar neste meu fado
Sé velhinha
Américo
Costa / Isidro Batista
Repertório de João Correia
Este tema foi também gravado com o título "Passo à Sé"
Este tema foi também gravado com o título "Passo à Sé"
Passo
à Sé já de noitinha
Vou encostar-me ao pelouro
Tranquila
em sonho ledo
Vejo
a Ribeira rainha
Enamorar-se do do Douro
Dando
ciúme a Barredo
E
a Maria Manuela
Com o seu xaile traçado
À
modinha afadistada
No
chão se ajoelha e reza
E pôs-se a cantar o fado
Até
alta madrugada
Eu quero viver sempre
na Sé
Porque tu, Sé
És o meu torrão
amado
Tu, Sé velhinha
És o meu berço
sagrado
E do Porto és a
rainha
E és rainha do fado
Vejo
o Chico de samarra
E calça à boca de sino
Isto,
às três da madrugada
Leva
consigo a guitarra
E já ébrio, quase sem tino
Cambaleia
na calçada
Eu
vejo o Fá e a amante
Em sincera comunhão
Embora
dois plebeus
Eu
vejo a lua distante
A cair na
imensidão
E à Sé dizendo adeus
Para sempre
Carlos
Baleia / Daniel Gouveia
Repertório
de Daniel Gouveia
Nasceu
o amor, nos dias de escola
Ela
era traquina, ele, um mariola
E
assim se olhavam, num jeito maroto
Amor
da menina, paixão do garoto
Corações
gravados em muito jardim
Num
dia de sol, disseram que sim
E
a gente sabia qual era o destino
Num
dia de chuva, nasceu um menino
E
foram marchando, vencendo a batalha
Sabendo
sorrir, desculpando a falha
E
em seus olhares não morre o desejo
Que
as breves zangas acabam num beijo
A
velha menina e seu rapazola
De
cabelos brancos, já não vão à escola
E
é coisa bem rara passear pela rua
Mas o amor de sempre neles continua
Há choro na Mouraria
Carlos
Baleia / Daniel Gouveia *fado naifa*
Repertório
de Daniel Gouveia
Este poema também foi gravado por Daniel Gouveia
na Marcha do Manuel Maria de Manuel Maria Rodrigues
Certa
noite violenta
Frente à taberna sebenta
Uma
navalha matou
Na
rua do Capelão
Dois
homens foram ao chão
Mas
só um se levantou
Gritos
da mesma mulher
Que
se dava a um qualquer
Soaram
pelo desgraçado
E
desfizeram-se em pranto
Nunca
ninguém soube quanto
Junto
ao corpo trespassado
Ele
fora um marinheiro
Que
num gesto cavalheiro
Quis
defender a Severa
Da
arremetida de um faia
Malvado,
que de atalaia
Por
ela ficara à espera
Coisa
nova para ela
Ter
recebido a tutela
De
um homem que ia a passa
E
a fadista, comovida
A
dura mulher da vida
Só lhe agradece a chorar
A luz dum grande amor
José
Fernandes Castro/ João Maria dos Anjos
Repertório
de Rute Rita
Desliga
a luz da tristeza
E
dá-me a claridade
Desse
teu olhar feliz
A
cor da tua beleza
Tem
a mesma intensidade
Do
amor que eu sempre quis
Desliga
a luz e sossega
Nos
braços deste prazer
Que
me sufoca no peito
Este
peito que se entrega
Ao
suave amanhecer
Deste
nosso amor perfeito
Desliga
a luz do luar
E
vem comigo provar
Os
sonhos da sedução
Em
nome do amor profundo
Temos toda a luz do mundo
E o mundo na nossa mão
Num bar
Domingos
Gonçalves Costa / Eugénio Pepe
Repertório
de Tony de Matos
De
bar em bar
Bebida
atrás de bebida
Foi assim a minha vida
Meses, tentando esquecê-la
Mas era à noite
Foi assim a minha vida
Meses, tentando esquecê-la
Mas era à noite
Que
a minh'alma incompreendida
Por entre a noite perdida
Louca, corria atrás dela
Ninguém suponha
Que um homem que adora e quer
Poderá sentir vergonha
Por gostar duma mulher
Pode chorar
Pode sentir-se infeliz
Ao fazer como eu já fiz
Esconder suas dores num bar
Na imensidão
Por entre a noite perdida
Louca, corria atrás dela
Ninguém suponha
Que um homem que adora e quer
Poderá sentir vergonha
Por gostar duma mulher
Pode chorar
Pode sentir-se infeliz
Ao fazer como eu já fiz
Esconder suas dores num bar
Na imensidão
Desse
bar, só uma imagem
P'ra me tirar a coragem
Surgia na escuridão
Imagem bela
Que
eu adoro e no entantoP'ra me tirar a coragem
Surgia na escuridão
Imagem bela
Eu estava ali para um canto
Louco, tentando esquecê-la
Louco, tentando esquecê-la
P’ra me livrar da saudade
Mário Rainho / Frutuoso França *fado jovita*
Repertório de Fernando Jorge
Esta melodia que aparece como sendo o Fado Jovita
é o Fado Moreninha de Santos Moreira
Desculpem, que a saudade não me deixa
E não me sai da alma, onde se abriga
Já fiz ao coração, tanta vez, queixa
Mas esse pobre louco não me liga
Bem tento excomungá-la do meu peito
Da boca, aonde sobe a toda a hora
Mas, a saudade sempre arranja jeito
Desculpas pra ficar, não ir embora
Se acamo, os meus lençóis, pra dormir
Logo ela toma conta d’almofada
E possui os meus sonhos, a sorrir
Desperta-me por tudo e até por nada
Mas hei-de arranjar modo de despejo
Para a arrancar de mim, forçosamente
Nem que, pra isso, engane o seu desejo
E vá viver contigo, novamente
Já fiz ao coração, tanta vez, queixa
Mas esse pobre louco não me liga
Bem tento excomungá-la do meu peito
Da boca, aonde sobe a toda a hora
Mas, a saudade sempre arranja jeito
Desculpas pra ficar, não ir embora
Se acamo, os meus lençóis, pra dormir
Logo ela toma conta d’almofada
E possui os meus sonhos, a sorrir
Desperta-me por tudo e até por nada
Mas hei-de arranjar modo de despejo
Para a arrancar de mim, forçosamente
Nem que, pra isso, engane o seu desejo
E vá viver contigo, novamente
Anjos caídos
Fernando Campos de Castro / Pedro Rodrigues
Repertório de Paulo Cangalhas
Nesta hora de partida
Será tempo de ficar
Neste desejo que abrasa
Dois amantes sem ter casa
E sem ter onde morar
Fiquemos à beira-esquina
Onde a noite se insinua
Depois que tudo adormeça
E a cidade nos ofereça
O quarto aberto da rua
Com lençóis de neblina
Sob a luz dum candeeiro
Boca na boca em ternura
Seremos corpo em loucura
Bem maiores que o mundo inteiro
Como dois anjos caídos
Nas pedras negras do chão
Dormiremos já cansados
Com os corpos abraçados
Em forma de coração
Fado nocturno
Feijó
Teixeira / Francisco José Marques *fado zé negro*
Repertório
de Amália
Tema gravado por Carlos do Carmo com o título *Rodam as quatro estações*
Rodam
as quatro estações
Dá
lugar o sol à lua
Cai
a noite sem pregões
E
nós ficámos na rua
A
escutar dois corações
Que
dizem que vou ser tua
Podes
dizer-me um adeus
E olhar-me com desdém
Eu
sei que não serás meu
Só
quero que todo o bem
Que agora mesmo morreu
Não
o dês a mais ninguém
Cegam-me
as luzes perdidas
Que se escondem p’la cidade
Horas
mortas já vencidas
Doem-me
as dores da saudade
E das saudades fingidas
De
quem finge ter saudades
Depressa, vem depressa
Diogo
Clemente / Manuel Mendes
Repertório
de André Vaz
Depressa,
vem depressa ter comigo
Antes
que eu escreva aquilo que não quero
Beijos
que ficam dores, o quadro antigo
Que
impele teimosamente ao desespero
Depressa,
com a força das marés
Banha-me
a praia, salga a minha areia
P’ra
que eu esqueça do amor o seu revés
E
a voz suave e rouca da sereia
Depressa,
vem beijar-me como dantes
Guarda-me
a alma, sou eu que te chamo
Falei
co’a solidão há uns instantes
E
tanto ódio te tenho, como te amo
Depressa,
leva a dor do pensamento
Que
assim que eu te abraçar já não interessa
O
tudo que hoje quero é o momento
Depressa meu amor, vem mais depressa
Fado na palma da mão
Diamantina e Tiago Santos / Popular *mouraria estilizado*
Repertório de Diamantina
Não sei se é fado ou sina
Ou se é sina este fado
Que trago desde menina
Na palma da mão, gravado
Sonhei viver p’ra cantar
E p’ra te ter a meu lado
Ninguém me soube contar
De ciúmes morre o fado
Sem pedir, prendeu-me a si
Deixou-me presa em vontade
E agora guardo de ti
Somente a terna saudade
Deve ser este o meu fado
Saber ao fado dar sina
Pois continua gravado
Nas minhas mãos de menina
Casario
Vasco Graça Moura / José Campos e Sousa
Repertório de António Pinto Basto
Em Lisboa eu prefiro o casario
Que se narcisa visto da outra banda
No espelho às vezes turvo deste rio
Na limpidez do rio às vezes branda
É entre o mar da palha e o bugio
Que o renque das fachadas se desmanda
Em tons de porcelana ao desafio
Em cada patamar, cada varanda
E a luz de água e azul a derramar-se
Vem envolver-lhe o vulto refletido
Dar-lhe o contraste de uns ciprestes, dar-se
Como um banho lustral e desmedido
É véu de gaze leve o seu disfarce
Mas é tão ténue e frágil o tecido
Que pode acontecer que ainda o esgarce
Um voo de gaivotas esquecido
Então seu corpo sob o véu rasgado
Terá uma outra luz densa e leitosa
Translúcida nudez do compassado
No espelho às vezes turvo deste rio
Na limpidez do rio às vezes branda
É entre o mar da palha e o bugio
Que o renque das fachadas se desmanda
Em tons de porcelana ao desafio
Em cada patamar, cada varanda
E a luz de água e azul a derramar-se
Vem envolver-lhe o vulto refletido
Dar-lhe o contraste de uns ciprestes, dar-se
Como um banho lustral e desmedido
É véu de gaze leve o seu disfarce
Mas é tão ténue e frágil o tecido
Que pode acontecer que ainda o esgarce
Um voo de gaivotas esquecido
Então seu corpo sob o véu rasgado
Terá uma outra luz densa e leitosa
Translúcida nudez do compassado
Coração da cidade branca e rosa
Gente do mar
João Dias / Casimiro Ramos *fado três
bairros*
Repertório de Rodrigo
Eu nasci olhando o mar
Com movimento de gente
Remando contra a maré
Mas no duro mourejar
Não deixa de olhar de frente
A vida tal como é
Remando contra a maré
Mas no duro mourejar
Não deixa de olhar de frente
A vida tal como é
Gente com a pele curtida
Queimada de sol e sal
Queimada de sol e sal
No rigor dos temporais
Vidas lutando pela vida
Longe deste vendaval
Vidas lutando pela vida
Longe deste vendaval
De lutas para cá do cais
Eu nasci ouvindo o vento
Em fragas e areais
Em fragas e areais
Soprando em velas redondas
Aprendi corpo ao relento
Entre moços e arrais
Aprendi corpo ao relento
Entre moços e arrais
O alfabeto das ondas
Gente para quem o norte
É o pão de cada dia
É o pão de cada dia
E diz só o que é preciso
O pão às vezes é morte
O pão às vezes é morte
E o mar quando se arrelia
Quase nunca traz aviso
O palhaço
Autor desconhecido / Amadeu Ramim *fado zeca*
Repertório de José Manuel Barreto
Foi na pista dum circo, certo dia
Um famoso palhaço trabalhava
E o publico em delírio e alegria
Não nota que na pista alguém chorava
Dada por finda a sua atuação
Do público se despede o artista
Mas nisto uma estrondosa ovação
Exige que o palhaço volte à pista
Ao longe ouviu-se a voz dum garotinho
Que o rir de muita gente interrompeu
Dizendo; vem depressa meu paizinho
Porque a minha mãezinha já morreu
Abraçado ao petiz a soluçar
O palhaço caiu por sobre a pista
Então ouviu-se o público a gargalhar
Pensando ser trabalho do artista
O palhaço levantando-se se ergueu
Dizendo para todos com voz forte
A mulher que eu mais amo já morreu
E vós estais a rir da sua morte
O garoto que eu agora muito abraço
É tudo quanto resta do meu lar
Por isso tenham pena dum palhaço
E o publico em delírio e alegria
Não nota que na pista alguém chorava
Dada por finda a sua atuação
Do público se despede o artista
Mas nisto uma estrondosa ovação
Exige que o palhaço volte à pista
Ao longe ouviu-se a voz dum garotinho
Que o rir de muita gente interrompeu
Dizendo; vem depressa meu paizinho
Porque a minha mãezinha já morreu
Abraçado ao petiz a soluçar
O palhaço caiu por sobre a pista
Então ouviu-se o público a gargalhar
Pensando ser trabalho do artista
O palhaço levantando-se se ergueu
Dizendo para todos com voz forte
A mulher que eu mais amo já morreu
E vós estais a rir da sua morte
O garoto que eu agora muito abraço
É tudo quanto resta do meu lar
Por isso tenham pena dum palhaço
Que leva a vida rir pra não chorar
Campa florida
Carlos Macedo / Popular *fado menor*
Repertório de Carlos Macedo
Numa noite de luar
Eu quis visitar alguém
Sozinho eu fui rezar
À campa de minha mãe
Eu à campa me abracei
Lamentando a sorte minha
O que na vida serei
Sem ti, minha mãezinha
DECLAMADO
Venho aqui p’ra te dizer
Que vivo sem ter ninguém
Quem na vida uma mãe perder
Perde pois, tudo o que tem
Ainda me lembro bem
Quando eu te disse adeus
Custou-me muito, também
Ver fechar os olhos teus
E agora, adeus mãezinha
Vou-te deixar, novamente
Tu em tempos foste minha
E partiste para sempre
Eu a campa abandonei
Deixando-a bem florida
Com as lágrimas que chorei
Por minha mãezinha querida
A moldura dos meus olhos
Carlos
Conde / Túlio Pereira da Silva
Repertório
de Manuel Fernandes
Quando
ela chega à janela
Logo
o olhar dela tudo alumia
Seus
olhos são dois faróis
Que
lembram sois durante o dia
No
Bairro Alto onde mora
Ela
que adora goivos, roseiras
É
a graça, a formusura
Duma
moldura de trepadeiras
Naquele primeiro
andar
Da Travessa da Queimada
Mora a luz do meu
olhar
Nos olhos da minha
amada
O seu olhar
encantador
Vivo, travesso,
ladino
São duas rimas do
amor
No fado do meu
destino
Sem
ela a noite persiste
Tem
luz mais triste, cor mais sombria
Pois
é quando o olhar dela
Chega
à janela, que nasce o dia
Andou
na marcha, bailou
Dançou,
cantou fados, canções
E
eu durante a noite toda
Dancei à roda de dois balões
Pensando à noite
Letra
e música de Hélder do Ó
Repertório
de autor
O
som da noite embalava a minha cama
Quando
vesti de ti, meu pensamento
Ardia
em mim aquele fogo, aquela chama
Desse
desejo inflamado que sustento
Porque és a mentira
que eu quisera verdade
És o meu tempo
inteiro de saudade
És a razão que não
tem razão de ser
És a vontade que eu tenho
de te ter;
És a força que ainda
me suporta
És quem eu quero ver
quando abro a porta
És aquela maravilha
que sonhei
És a canção que adoro
e que não sei
No
meu silêncio oiço o som da tua voz
Que
me serviu de companhia a noite inteira
Trago
comigo aquela mágoa que há em nós
E
aquela estrela que foi nossa companheira
És a música que me
entra no ouvido
És o tema do meu
cantar dolorido
És a espera
impaciente mas esp’rançada
És o frio que sinto
quando é madrugada;
És a felicidade
porque há tanto espero
És a minha vida toda porque eu quero
Minha mãe minha querida
Repertório
de Francisca Gomes
Eu
quero que este fado seja o seu
Por
tudo o que me deu nesta vida
Que
seja agradecida como eu
Por
ser eternamente a mais querida
Ser
mãe não lhe bastou no dia a dia
O
muto era para si tão pouco ou nada
Que
dava tudo com tal alegria
Apenas
por saber que era amada
O
tempo fez mais forte o nosso amor
E
cada abraço mais que só ternura
As
lutas que travou sem temor
Fizeram-me
sentir sempre segura
É
minha mãe, e eu quero-lhe dizer
Cantando
com carinho e emoção
O
quanto é meu orgulho, meu viver
Meu mundo mundo, meu bater do coração
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