Repertório de Nuno da Câmara Pereira
Há um velho arlequim dentro de mim
Que chora quando quer, quando quer ri
Vestido de retalhos de trapo ou de cetim
Sonhando muitos sonhos
Que não são os de arlequim
Toda a sua alegria
Toda a sua alegria
É companhia de lágrimas disfarçadas
Na fantasia entre dor e gargalhadas
Há loucura e ironia
Na fantasia entre dor e gargalhadas
Há loucura e ironia
E muitas paixões esfarrapadas
E tanta, tanta poesia
Arlequim de mil teatros
E tanta, tanta poesia
Arlequim de mil teatros
De mil mundos, de mil palcos
Onde espreita a aventura
Inventor, actor, cantor
Onde espreita a aventura
Inventor, actor, cantor
Das penas de muito amor
Sem fronteiras na loucura
Arlequim italiano
Que em meu corpo lusitano
Sem fronteiras na loucura
Arlequim italiano
Que em meu corpo lusitano
Construiu seu ritual
De ser asa, seta, estrela
De ser asa, seta, estrela
Pinho bravo, caravela
Trovador de Portugal
Arlequim apaixonado
Trovador de Portugal
Arlequim apaixonado
Traz desgarrados das columbinas
Os beijos tão perfumados
Os beijos tão perfumados
De pecados, de desejos
De mentiras, de recados
De mentiras, de recados
Para novos beijos
Arlequim desenganado
Na máscara de papelão
Arlequim desenganado
Na máscara de papelão
Há ilusão de noite fria e escura
No coração há todo um mar de ternura
Mas se perde a ilusão
No coração há todo um mar de ternura
Mas se perde a ilusão
Jamais ganha a amargura
Meu arlequim, meu irmão
Meu arlequim, meu irmão