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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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* 7.280' LETRAS <> 3.120.500 VISITAS * MARÇO 2024 *

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Mestre alentejano

João de Vasconcellos e Sá / Popular *fado corrido*
Repertório de António Pinto Basto


Terra de grandes barrigas 
Onde há tanta gente gorda
Às sopas chamam açorda 
E à açorda chamam-lhe migas;
Às razões chamam cantigas 
Milhaduras são gorjetas
Maleitas dizem maletas 
Em vez de encostas, chapadas
Em vez de açoites, nalgadas

E as bolotas são boletas

Terra mole é atasqueiro 
Ir embora é abalar
Deitar fora é aventar 
Fita de coiro é apero;
Vaso com planta é craveiro 
Carpinteiro é abegão
E a choupana é cabanão 
E ás hortas chamam hortejos
Os cestos são cabanejos

E ao trigo chama-se pão

No resto de Portugal 
Ninguém diz palavras tais
As terras baixas são vais 
Monte de feno é frascal;
Vestir bem parece mal 
À aveia chamam cevada
E ao bofetão, orelhada 
Alcofa grande é corbelha
Égua lazã é vermelha

Poldra ‘Isabel’ é melada

Quando um tipo está doente 
Logo dizem que está morto
E a todo o vau chamam horto 
Chamam gajo a toda a gente;
Vestir safões é corrente 
Por acaso, é por atrego
E ao saco chamam talego 
E até nas classes mais ricas
Ser janota é ser maricas

Ser beirão é ser galego

Os porcos medem-se às varas 
E o peixe vende-se aos kilos
E a gente pasma de ouvi-los 
Usar maneiras tão raras;
Chamam relvas às searas 
Ás vezes, não sei porquê
E tratam por vomecê 
Pessoas a quem venero
Não quero, diz-se nã quero

Eu não sei, diz-se *ê nã sê*