António Mendes / Joaquim Campos *fado alexandrino*
Repertório de Vítor Miranda
Perguntei à Mouraria, sincero e amistoso
Porque razão vestia de luto rigoroso
Diz ela a soluçar, de olhar turvo e sem brilho
Estou de luto a lembrar a morte do meu filho
Dos bairros mais bairristas, o mais antigo eu sou
Fui mãe de outros fadistas e agora, vivo só
Sou viveiro do Fado e catedral bendita
Quem sabe o meu passado, em mim se ressuscita
O meu filho partiu, foi triste a sua hora
Porque o fado sentiu, isto, que eu sinto agora
Sou mãe da grande lenda, que não fica esquecida
Para quem compreenda a dor na minha vida
O que será do Fado sem essa voz castiça
Que andou por todo o lado, fiel e submissa
Fadista popular, quem sabe, está no céu
Para os anjos a cantar, com a voz que Deus lhe deu
Bem sei
Frederico de Brito / Júlio de Sousa *fado loucura*
Repertório de Mariamélia
É loucura, que eu bem sei
O ter que andar à procura
D’alguém que eu nunca encontrei
Sorte vil, que eu lamento
Até o meu céu d’anil
Se tinge a cada momento
Chorai, chorai
Guitarras da minha terra
Que o vosso pranto encerra
As mágoas do passado
E o mundo a rir
A rir às gargalhadas
Não tem dó das desgraçadas
Que morrem cantando o Fado
No meu rosto, tenho escrito
O mais profundo desgosto
Por este viver maldito
Pobre louca, trago em vão
Um riso a bailar na boca
E o pranto no coração
Repertório de Mariamélia
É loucura, que eu bem sei
O ter que andar à procura
D’alguém que eu nunca encontrei
Sorte vil, que eu lamento
Até o meu céu d’anil
Se tinge a cada momento
Chorai, chorai
Guitarras da minha terra
Que o vosso pranto encerra
As mágoas do passado
E o mundo a rir
A rir às gargalhadas
Não tem dó das desgraçadas
Que morrem cantando o Fado
No meu rosto, tenho escrito
O mais profundo desgosto
Por este viver maldito
Pobre louca, trago em vão
Um riso a bailar na boca
E o pranto no coração
À procura do fado
Gabino Ferreira / Júlio Proença *fado proença*
Repertório de Gabino Ferreira
Andei vagueando à toa
Por esta velha Lisboa
Loucamente apaixonado
Dias e noites a fio
À chuva, ao calor, ao frio
P’ra ver se encontrava o fado
Ao Bairro da Mouraria
Há muito que já não ia
Repertório de Gabino Ferreira
Andei vagueando à toa
Por esta velha Lisboa
Loucamente apaixonado
Dias e noites a fio
À chuva, ao calor, ao frio
P’ra ver se encontrava o fado
Ao Bairro da Mouraria
Há muito que já não ia
Nem por Alfama passava
Então pensei dar um salto
Fui até ao Bairro Alto
Então pensei dar um salto
Fui até ao Bairro Alto
Mas ali também não ‘stva
À Madragoa desci
Ali também não o vi
À Madragoa desci
Ali também não o vi
Fui então até à Graça
Mas por cruel ironia
Toda a Graça me dizia
Mas por cruel ironia
Toda a Graça me dizia
Há muito que aqui não passa
Fui depois a Campolide
Campo de Ourique, Carnide
Fui depois a Campolide
Campo de Ourique, Carnide
Eu sei lá por onde eu andei
Farto de o ter procurado
Já me sentia cansado
Farto de o ter procurado
Já me sentia cansado
E p’ra descansar parei
E mesta curta paragem
Sem ter do fado uma aragem
E mesta curta paragem
Sem ter do fado uma aragem
Do fado que é muito meu
E então pensei, descansado
Para que procuro o fado
E então pensei, descansado
Para que procuro o fado
Se o próprio fado sou eu
O brilho do teu olhar
António Cálem / Francisco Viana *fado vianinha*
Repertório de João Braga
O brilho do teu olhar
Ninguém o pode entender
É como o fundo do mar
Que a água tenta esconder
Nunca sei se os teus olhos
Repertório de João Braga
O brilho do teu olhar
Ninguém o pode entender
É como o fundo do mar
Que a água tenta esconder
Nunca sei se os teus olhos
Poisam nos meus a sonhar
Mas sei quais são os escolhos
Mas sei quais são os escolhos
O brilho do teu olhar
Mistério em que perdi
Mistério em que perdi
E em que vivo a sofrer
Sonho que nasça de ti
Sonho que nasça de ti
Ninguém o pode entender
Lanço as velas à ventura
Lanço as velas à ventura
No mar largo desse olhar
Mas é mais cega a negrura
Mas é mais cega a negrura
É como o fundo do mar
Preso a ti para toda a vida
Preso a ti para toda a vida
Longe de mim a viver
Sou como a ilha perdida
Sou como a ilha perdida
Que a água tenta esconder
Vida da minha vida
Luis Gouveia / Miguel Ramos
Repertório de Manuel Monteiro
Minha mãe vou escrever-te
E é tal a minha ansiedade
Repertório de Manuel Monteiro
Minha mãe vou escrever-te
E é tal a minha ansiedade
Que me faz tremer a mão
Há tanto tempo sem ver-te
Já nem sei como a saudade
Cabe no meu coração
Oh minha mãe
Há tanto tempo sem ver-te
Já nem sei como a saudade
Cabe no meu coração
Oh minha mãe
O teu filhinho está bem
Só as saudades que tem
Lhe causam esta aflição
Mãe adorada
Só as saudades que tem
Lhe causam esta aflição
Mãe adorada
A tua imagem sagrada
Eu trago-a sempre guardada
Dentro do meu coração
Diz-me se aos teus cabelos
Os fios brancos chegaram
Mãezinha da minha vida
E se os teus olhos tão belos
São os mesmos que choraram
Pelos meus à despedida
Estou a escrever-te
Dentro do meu coração
Diz-me se aos teus cabelos
Os fios brancos chegaram
Mãezinha da minha vida
E se os teus olhos tão belos
São os mesmos que choraram
Pelos meus à despedida
Estou a escrever-te
Mas nem sei o que dizer-te
Pois em sonhos estou a ver-te
Como santa no altar
Que a luz de Deus
Pois em sonhos estou a ver-te
Como santa no altar
Que a luz de Deus
Ilumine os olhos teus
P’ra poderem ver os meus
Quando eu de novo voltar
P’ra poderem ver os meus
Quando eu de novo voltar
Praga
Letra de Gabriel de Oliveira
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Do arquivo de Francisco Mendes
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Do arquivo de Francisco Mendes
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Podes rir, podes zombar
Do desgosto que sofri
Passou, já me conformei
E agora vivo a pensar
Que há-de cair sobre ti
A praga que te roguei
Lembrando os pecados teus
Uma praga, com razão
Do desgosto que sofri
Passou, já me conformei
E agora vivo a pensar
Que há-de cair sobre ti
A praga que te roguei
Lembrando os pecados teus
Uma praga, com razão
Saiu-me p’la boca fora
E, a rezar, pedi a Deus
Para te dar maldição
E, a rezar, pedi a Deus
Para te dar maldição
E um desgosto de hora a hora
Merecias ser castigada
Mas que a praga te não caia
Merecias ser castigada
Mas que a praga te não caia
Que Deus te não dê castigo
Pois já és tão desgraçada
Que a gente da tua laia
Pois já és tão desgraçada
Que a gente da tua laia
Foge de falar contigo
Deste-me dias felizes
Deste-me dias felizes
Antes de prevaricares
Hoje para mim és morta
Deus queira que não precises
Hoje para mim és morta
Deus queira que não precises
Mas se um dia precisares
Vem bater à minha porta
São coisas
Letra e música de Jorge Fernando
Repertório de Fábia Rebordão
Cara lavada
Repertório de Fábia Rebordão
Cara lavada
Pega o volante e sai
Roda na estrada
Roda na estrada
Mete a mudança e vai
Que a vida é dura
Que a vida é dura
Pesa-lhe o corpo caído
Sem pintura
Sem pintura
Chegou-lhe a história ao ouvido
São coisas
Muitas coisas p'ra entender
Foi por impulso
São coisas
Muitas coisas p'ra entender
Foi por impulso
Deu costas a tudo mais
Sem ter recurso
Sem ter recurso
Pediu ajuda aos pais
Cabeça cheia
Cabeça cheia
Caiu-lhe o mundo sem dó
Sente-se feia
Sente-se feia
Por ser trocada e estar só
Sem ter suspeita
Sem ter suspeita
Levava os dias iguais
Sempre sujeita
Sempre sujeita
Ao homem a quem quis mais
E, nessa entrega
E, nessa entrega
Tirou de si o sentido
O amor cega
O amor cega
Não cuidou de ter caído
Cara lavada
Cara lavada
Desliza a lágrima vã
Conhece a estrada
Conhece a estrada
Só não sabe o amanhã
Já não tem planos
Já não tem planos
Tudo ficou reduzido
A quatro anos
A quatro anos
D'amor agora traído
Fado Estoril
D.R / Armando Augusto Freire *alexandrino do estoril*
Repertorio de Madalena de Melo
Repertorio de Madalena de Melo
Procura-se informação sobre o autor da letra
Cheio de pasmo e dor, vergado ao desalento
Tu disseste-me adeus, naquele dia triste
E após a despedida, infausta de tormento
Eu chorando fiquei e chorando partiste
O pranto, por amor, desfaz-se entre nós dois
Em gotas de cristal, fazendo-nos sofrer
Fizeram rebrilhar meus olhos, mais que sóis
Quando no tempo, ao fim, nos tornámos a ver
Sendo triste, um adeus, a quem queremos bem
Obriga-me a dizer, após os prantos meus
Que és tu muito feliz, quem diz adeus a alguém
E é triste, quem não tem, a quem dizer adeus
Cheio de pasmo e dor, vergado ao desalento
Tu disseste-me adeus, naquele dia triste
E após a despedida, infausta de tormento
Eu chorando fiquei e chorando partiste
O pranto, por amor, desfaz-se entre nós dois
Em gotas de cristal, fazendo-nos sofrer
Fizeram rebrilhar meus olhos, mais que sóis
Quando no tempo, ao fim, nos tornámos a ver
Sendo triste, um adeus, a quem queremos bem
Obriga-me a dizer, após os prantos meus
Que és tu muito feliz, quem diz adeus a alguém
E é triste, quem não tem, a quem dizer adeus
Se choras
António Cálem / Alvaro Duarte Simões *meia noite e uma guitarra*
Repertório de Fernando Gomes
Se chorares de pura mágoa
Junto à linha do horizonte
Chora como as gotas d’água
Que vão caindo da fonte
Com elas dá vida à terra
Dá frescura a toda a gente
Sê como o gesto que encerra
O lançar duma semente
Que a semente há-de dar sombra
No andar de mil estradas
Mas que não saibam que a sombra
Vem de lágrimas choradas
Repertório de Fernando Gomes
Se chorares de pura mágoa
Junto à linha do horizonte
Chora como as gotas d’água
Que vão caindo da fonte
Com elas dá vida à terra
Dá frescura a toda a gente
Sê como o gesto que encerra
O lançar duma semente
Que a semente há-de dar sombra
No andar de mil estradas
Mas que não saibam que a sombra
Vem de lágrimas choradas
O marinheiro
Letra de Gabriel de Oliveira
Publicada a 09.07.1933 na edição Nº277 do Jornal Guitarra de Portugal
Publicada a 09.07.1933 na edição Nº277 do Jornal Guitarra de Portugal
com a indicação de pertencer ao repertório de Júlio Proença
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Dentro dum barco veleiro
Lá vai o bom marinheiro
Sua pátria defender
Caminha altivo p’ra morte
Como um bravo, como um forte
Que não lhe importa morrer
Assim que o mau tempo amaina
Dentro dum barco veleiro
Lá vai o bom marinheiro
Sua pátria defender
Caminha altivo p’ra morte
Como um bravo, como um forte
Que não lhe importa morrer
Assim que o mau tempo amaina
E apita a dar volta à faina
Ninguém se lembra da guerra
O marujo, descuidado
Ninguém se lembra da guerra
O marujo, descuidado
Revive alegre, o passado
Nas canções da sua terra
Mas no dia da batalha
Nas canções da sua terra
Mas no dia da batalha
Quando começa a metralha
A fazer o seu revés
Logo à ideia lhe vem
A fazer o seu revés
Logo à ideia lhe vem
Sua velha e santa mãe
E tomba sobre o convés
Limpa a lágrima que rola
E tomba sobre o convés
Limpa a lágrima que rola
À manga da camisola
E morre a pensar nos seus
Quem sabe?... nesse momento
E morre a pensar nos seus
Quem sabe?... nesse momento
Talvez num pressentimento
Reze a mãe por ele a Deus
Reze a mãe por ele a Deus
Morri por hoje
Letra e música de Jorge Fernando
Repertório de Fábia Rebordão
Conversas banais
Gente cuja voz
Repertório de Fábia Rebordão
Conversas banais
Curiosos mais que tudo
A quem perguntar
A quem perguntar
Mostro-lhe o meu ar sisudo
Gente cuja voz
Gente cuja voz
Só fala de nós, fingindo
Sem mais que fazer
Sem mais que fazer
Falam sem saber mentindo
Querer saber por ti
Se estamos perto ou estamos longe
Diz-lhes que eu morri por hoje
Não há volta a dar?
Querer saber por ti
Se estamos perto ou estamos longe
Diz-lhes que eu morri por hoje
Não há volta a dar?
Perguntam com ar que ilude
Esperam que depois
Esperam que depois
Isto entre nós dois não mude
Gente cuja voz
Só fala de nós, fingindo
Sem mais que fazer
Sem mais que fazer
Falam sem saber, mentindo
Você chega a estas horas
Frederico de Brito / Fernando Freitas
Repertório de Eulália Duarte
Você chega a esta hora
Com ar de quem não consente
Que uma palavra lhe dê
Você anda lá por fora
Metido com toda a gente
E eu à espera de você
Você não quer ouvir ralhos
Repertório de Eulália Duarte
Você chega a esta hora
Com ar de quem não consente
Que uma palavra lhe dê
Você anda lá por fora
Metido com toda a gente
E eu à espera de você
Você não quer ouvir ralhos
Se eu falo, põe-se à janela
Mostro as razões, não as vê
Você é o meu contraste
Você só me dá trabalhos
E os carinhos são p’ra aquela
Que anda sempre com você
Você é o meu contraste
Não vê que me desconsola
No que eu lhe digo, não crê
Você não é mais que um traste
Você não é mais que um traste
E eu não sou mais que uma tola
Que acreditou em você
Você diz que sai de casa
Você diz que sai de casa
Que eu lhe ponho a alma em brasa
E que anda à minha mercê
Sei que o mal é todo meu
Sei que o mal é todo meu
Mas pode sair, porque eu
Não vou atrás de você
Você sai porque eu o deixo
Você sai porque eu o deixo
Mas deixá-lo, não me queixo
Sem ver de quem nem de quê
Ninguém há-de ouvir meu pranto
Ninguém há-de ouvir meu pranto
Fico p’ra aqui a um canto
Morro a chorar por você
O velho e o novo
David José / Jaime Santos *fado lala*
Repertorio de Natália dos Anjos
Tenho um velho que me alinda
E um novo que me quer
E dos dois não sei ainda
Qual o meu coração prefere
O primeiro é quem me dá
Repertorio de Natália dos Anjos
Tenho um velho que me alinda
E um novo que me quer
E dos dois não sei ainda
Qual o meu coração prefere
O primeiro é quem me dá
Tudo quanto ao outro dou
Nem o velho sabe já
Nem o velho sabe já
Quanto o novo me levou
Sem despiques nem afrontas
Qualquer dos dois me é querido
E nenhum me pede contas
Dos carinhos que divido
Este amor que mal não tem
A paixão é verdadeira
Do mais novo sou a mãe
Do mais velho a companheira
Sem despiques nem afrontas
Qualquer dos dois me é querido
E nenhum me pede contas
Dos carinhos que divido
Este amor que mal não tem
A paixão é verdadeira
Do mais novo sou a mãe
Do mais velho a companheira
A mim jurou-me também
*O cigano é só meu*
Lina Maria Alves / Adelino dos Santos
Repertório de Lina Maria Alves
Dizem práí que ela é dele
Lina Maria Alves / Adelino dos Santos
Repertório de Lina Maria Alves
Dizem práí que ela é dele
Mentira, deixem falar
Pois eu sei que ele é aquele
Pois eu sei que ele é aquele
Que não sabe o que é gostar
Se alguém pensa que ele gosta
Se alguém pensa que ele gosta
Deve de estar iludida
Eu até faço uma aposta
Eu até faço uma aposta
Apostava a minha vida
Não tenho ciúme delas
O amor dele é só meu
E ele não quer aquelas
Que são piores do que eu
Até lhe chamam cigano
É como lhe chamo eu
E elas vão no engano
Mas o cigano é só meu
Se for preciso jurar
Não tenho ciúme delas
O amor dele é só meu
E ele não quer aquelas
Que são piores do que eu
Até lhe chamam cigano
É como lhe chamo eu
E elas vão no engano
Mas o cigano é só meu
Se for preciso jurar
Jura com fé e ardor
Mas ao fim está a brincar
Mas ao fim está a brincar
Não está a falar de amor
Só eu o conheço bem
Só eu o conheço bem
Diz sim por tudo e por nada
A mim jurou-me também
A mim jurou-me também
Mas eu não vivo enganada
99
Letra e música de Fábia Rebordão
Repertório da autora
Depois do escuro, eu sei
Que virá outra luz p'ra iluminar
As linhas que apaguei
Escritas em folhas dúbias sob a luz do luar
A vela que contempla
0 retrato a preto e branco que guardei
Moldura cor cinzenta
Que já foi cor magenta no dia em que a comprei
0 fato no cabide
Desfeito pela traça, degolado ao guardar
0 som que me agride
Das portas do armário que não dão p'ra fechar
Camisa amarrotada
Que nunca foi dobrada, lavada nunca foi
Encontrei já suada
Tão suja e ultrajada, ainda cheirava a dor
Soalho que se move
Que sente passo a passo a minha inquietação
Não choveu, já não chove
Contei noventa e nove e adormeci no chão
Repertório da autora
Depois do escuro, eu sei
Que virá outra luz p'ra iluminar
As linhas que apaguei
Escritas em folhas dúbias sob a luz do luar
A vela que contempla
0 retrato a preto e branco que guardei
Moldura cor cinzenta
Que já foi cor magenta no dia em que a comprei
0 fato no cabide
Desfeito pela traça, degolado ao guardar
0 som que me agride
Das portas do armário que não dão p'ra fechar
Camisa amarrotada
Que nunca foi dobrada, lavada nunca foi
Encontrei já suada
Tão suja e ultrajada, ainda cheirava a dor
Soalho que se move
Que sente passo a passo a minha inquietação
Não choveu, já não chove
Contei noventa e nove e adormeci no chão
Rainha santa
Gabriel de Oliveira / Alberto Ribeiro
Repertório de Alberto Ribeiro
Desconheço se esta letra foi gravada.
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Repertório de Alberto Ribeiro
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Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Desgarradas em Coimbra
São amores que vão distantes
Pois é lá que o fado timbra
Na boca dos estudantes
Quando não se ouvem cantar
Desgarradas em Coimbra
São amores que vão distantes
Pois é lá que o fado timbra
Na boca dos estudantes
Quando não se ouvem cantar
No Mondego, os seus doutores
Dona Inês fica a chorar
Dona Inês fica a chorar
Lá na Fonte dos Amores
Quando a estudantada canta
Quando a estudantada canta
Baladas sentimentais
Dizem que a Rainha Santa
Dizem que a Rainha Santa
Vem 'scutar, junto aos vitrais
Dos homens que se formaram
Dos homens que se formaram
Na velha Universidade
Há saudades que ficaram
Há saudades que ficaram
No Penedo da Saudade
Depois da Queima das Fitas
Depois da Queima das Fitas
Coimbra não tem sossego
Choram tricanas bonitas
Choram tricanas bonitas
Pelas margens do Mondego
Passei por você
Frederico de Brito / Alfredo Duarte Marceneiro
Repertório de Amália
Passei por você há pouco
Ria como ri um louco
Ria sem saber de quê
Não se ria, não se gabe
Pois você ‘inda não sabe
Se eu gosto ou não de você
Você diz que eu não o quero
Que não tenho amor sincero
Repertório de Amália
Passei por você há pouco
Ria como ri um louco
Ria sem saber de quê
Não se ria, não se gabe
Pois você ‘inda não sabe
Se eu gosto ou não de você
Você diz que eu não o quero
Que não tenho amor sincero
Mas nunca me diz porquê
Eu não sei bem se é amor
Mas vá lá p’ra onde for
Eu não sei bem se é amor
Mas vá lá p’ra onde for
Vejo a sombra de você
Não lhe peço que me queira
Nem que eu queime a alma inteira
Não lhe peço que me queira
Nem que eu queime a alma inteira
Nada quero que me dê
O que eu sinto é só comigo
Mas deixá-lo, não lho digo
O que eu sinto é só comigo
Mas deixá-lo, não lho digo
Nem que eu morra por você
Você pensa e muito bem
Que eu não gosto de ninguém
Você pensa e muito bem
Que eu não gosto de ninguém
E que em mim já ninguém crê
Trago a vida mais sombria
Pois não sei de que servia
Trago a vida mais sombria
Pois não sei de que servia
Gostar tanto de você
Por isso é que o fado é triste
Frederico de Brito / João do Carmo Noronha *fado pechincha*
Repertório de Fernanda Maria
Guitarra, para que choras
Se choras sem ter vontade?
‘Inda te gabas que moras
Aonde mora a saudade
Guitarra, tu quando acordas
Repertório de Fernanda Maria
Guitarra, para que choras
Se choras sem ter vontade?
‘Inda te gabas que moras
Aonde mora a saudade
Guitarra, tu quando acordas
Quebras logo o teu encanto
Há risos nas tuas cordas
Há risos nas tuas cordas
Que tu convertes em pranto
Tu mostras um ar sisudo
Tu mostras um ar sisudo
Se te apanham de surpresa
Mas logo resolves tudo
Mas logo resolves tudo
À procura da tristeza
Que de madeira te façam
Que de madeira te façam
Mas não te obriguem a ser
Como as árvores que passam
Como as árvores que passam
A vida inteira a gemer
Já sei que nunca fugiste
Já sei que nunca fugiste
À mágoa que te devora
Por isso é o que o fado é triste
Por isso é o que o fado é triste
Por isso é que o fado chora
Suspiro
Letra e música de Pedro da Silva Martins
Repertório de Fábia Rebordão
Hoje saiu-te um suspiro
Perguntei-te se era meu
Foste um tanto ao quanto esquivo
A dizer que era só teu;
Que foi um ar que te deu
Pois se foi esse o motivo
Um só ai sem intenção
Suspiro pelo suspiro
Que será o meu então
Ai é tão bom ouvir um suspiro
Ai, ou quando alguém nos faz suspirar
Ai, qual é o mal que tem um suspiro
Ó, quando ele é só o peito a cantar
Por vezes também suspiro
Mas não guardo para mim
Suspiro pela saudade
Das coisas boas que eu vivi;
E às vezes também por ti
Eu suspiro e não finjo
Tenho gosto em suspirar
Suspiro pelo suspiro
Que contigo eu quero dar
Repertório de Fábia Rebordão
Hoje saiu-te um suspiro
Perguntei-te se era meu
Foste um tanto ao quanto esquivo
A dizer que era só teu;
Que foi um ar que te deu
Pois se foi esse o motivo
Um só ai sem intenção
Suspiro pelo suspiro
Que será o meu então
Ai é tão bom ouvir um suspiro
Ai, ou quando alguém nos faz suspirar
Ai, qual é o mal que tem um suspiro
Ó, quando ele é só o peito a cantar
Por vezes também suspiro
Mas não guardo para mim
Suspiro pela saudade
Das coisas boas que eu vivi;
E às vezes também por ti
Eu suspiro e não finjo
Tenho gosto em suspirar
Suspiro pelo suspiro
Que contigo eu quero dar
O louco
Frederico de Brito / Joaquim Campos *fado vitória*
Repertório de Maria Alice
Lá vai o pobre tolinho
A cantar pelo caminho
D’olhos pregados no chão
Como quem reza e procura
Nas sombras da noite escura
Uma perdida ilusão
Não é loucura somente
Repertório de Maria Alice
Lá vai o pobre tolinho
A cantar pelo caminho
D’olhos pregados no chão
Como quem reza e procura
Nas sombras da noite escura
Uma perdida ilusão
Não é loucura somente
Aquilo que o louco sente
É a paixão que o devora
Da noite faz o seu dia
É a paixão que o devora
Da noite faz o seu dia
No pranto tem alegria
Por isso é que canta e chora
Foi por mim que enlouqueceu
Foi por mim… que mal fiz eu
Por isso é que canta e chora
Foi por mim que enlouqueceu
Foi por mim… que mal fiz eu
Em lhe negar o amor
Que o pobre louco procura
Nas sombras da noite escura
Que o pobre louco procura
Nas sombras da noite escura
Na sua tão negra dor
Mente-me
Letra de António Amargo
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Mente-me só esta vez
Na tua sinceridade
Porque esta vez é talvez
A vez que falas verdade
Tu, que amor jamais fingiste
Mente-me só esta vez
Na tua sinceridade
Porque esta vez é talvez
A vez que falas verdade
Tu, que amor jamais fingiste
Nessa tua insensatez
Se a ninguém nunca mentiste
Se a ninguém nunca mentiste
Mente-me só esta vez
Mente e não tenhas receio
Mente e não tenhas receio
De mentir com crueldade
Pois francamente não creio
Pois francamente não creio
Na tua sinceridade
Sinceridade encoberta
Sinceridade encoberta
Em que tu próprio não crês
Porque esta vez não é certa
Porque esta vez não é certa
Porque esta vez é talvez
É talvez a vez primeira
É talvez a vez primeira
Que mentes por caridade
É na tua vida inteira
É na tua vida inteira
A vez que falas verdade
Retorno
Letra e música de Fábia Rebordão
Repertório da autora
Gente rude e tão cruel
Repertório da autora
Gente rude e tão cruel
Não pensam que o mal
Que fazem, pode ferir de morte
Passam tempo a difamar
Passam tempo a difamar
Não têm que fazer
Que Deus lhes guarde a melhor sorte
Fazem rezas baixinho às ombreiras das portas
Evocando em silêncio, as almas que mortas
Atrasam-me a vida e fecham-me as portas
0 que é vosso está guardado
Fazem rezas baixinho às ombreiras das portas
Evocando em silêncio, as almas que mortas
Atrasam-me a vida e fecham-me as portas
0 que é vosso está guardado
Eu sei do seu passado
Que muito vos perturba a vida
E o isco do seu mal
Que muito vos perturba a vida
E o isco do seu mal
Retorna por sinal
À própria língua então mordida
Olhos gordos pendurados
Olhos gordos pendurados
Despontam maus olhados
Roda o pescoço, quebra a vida
Incorporam entidades
Roda o pescoço, quebra a vida
Incorporam entidades
Sem ter capacidades
A cruz na testa invertida
Gente que é capaz de tudo
Gente que é capaz de tudo
Cutuca até um mudo
E faz vodoos com o diabo
Fazem bonecos de pano
E faz vodoos com o diabo
Fazem bonecos de pano
E furam sem engano
0 coração de um alvejado
Zanga
Frederico de Brito / Alberto Costa *fado dois tons*
Repertório de Fernanda Maria
Se esta vida continua
Por mais uns dias escassos
As pedras da minha rua
Já te conhecem os passos
E quando passas, vê lá
Repertório de Fernanda Maria
Se esta vida continua
Por mais uns dias escassos
As pedras da minha rua
Já te conhecem os passos
E quando passas, vê lá
Há tantas pedras no chão
Escusas de vir p’ra cá
Escusas de vir p’ra cá
Com sete pedras na mão
Se duma zanga qualquer
Se duma zanga qualquer
O nosso amor acabar
Hei-de ter, se Deus quiser
Hei-de ter, se Deus quiser
Muitas pedras p’ra atirar
Mas, também, se eu não for tua
Mas, também, se eu não for tua
Sempre tua, até ao fim
Que as pedras da minha rua
Que as pedras da minha rua
Se levantem contra mim
Nasci para ser fadista
Letra de Gabriel de Oliveira
Transcrita no livro de A.Victor Machado, “Ídolos do Fado” 1937 , com a indicação
Transcrita no livro de A.Victor Machado, “Ídolos do Fado” 1937 , com a indicação
de pertencer ao repertório de José Porfírio e ser cantada na música do
Fado Natália de José Marques
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Nasci ao meigo trinar
Do velho Fado Corrido
Comecei logo a chorar
Mas ninguém nasce a cantar
E eu chorei por ter nascido
Nasci para ser fadista
Do velho Fado Corrido
Comecei logo a chorar
Mas ninguém nasce a cantar
E eu chorei por ter nascido
Nasci para ser fadista
Para cantar e sofrer
Esse Fado moralista
Esse Fado moralista
Que fez de mim um artista
E me embalou ao nascer
Nasci num bairro afamado
Nasci num bairro afamado
P’la fadistagem antiga
Vivo p’ra cantar o Fado
Vivo p’ra cantar o Fado
Que me traz acorrentado
Ao sabor duma cantiga
Nasci e sinto vaidade
Nasci e sinto vaidade
Pelo bairro onde nasci
Foi lá que, na mocidade
Foi lá que, na mocidade
Cantei o Fado à vontade
E foi lá que o aprendi
Nasci no bairro da Graça
Nasci no bairro da Graça
Pela bondade elevado
Sou filho daquela raça
Sou filho daquela raça
Que, p’ra valer à desgraça
Só de graça canta o Fado
Não passes à Madragoa
Frederico de Brito / Armando Augusto Freire
Repertório de Raul Pereira
Cautela, nunca passes pela Esperança
Pela Esperança das varinas
Das varinas faladoras
Pois ficas com os olhos na lembrança
Na lembrança da saudade
Da saudade que devoras;
Há nelas, uma certa confiança
Confiança que se perde
Que se perde em poucas horas
Não queiras vir de noite à Madragoa
Nem passes descuidado pelas Trinas
Cautela, que anda o vira p’las esquinas
Pés trigueiros, enfiados
Em chinelas pequeninas;
E à noite, pelas ruas e travessas
Há desejos e promessas
A bailar com as varinas
São delas os motivos mais risonhos
Mais risonhos para os meus olhos
Para os meus olhos que as namoram
Namoram esses lábios de medronhos
De medronhos p’ra desejos
P’ra desejos que as devoram;
E algumas são a origem dos meus sonhos
Dos meus sonhos cor da esperança
Cor da Esperança onde elas moram
Repertório de Raul Pereira
Cautela, nunca passes pela Esperança
Pela Esperança das varinas
Das varinas faladoras
Pois ficas com os olhos na lembrança
Na lembrança da saudade
Da saudade que devoras;
Há nelas, uma certa confiança
Confiança que se perde
Que se perde em poucas horas
Não queiras vir de noite à Madragoa
Nem passes descuidado pelas Trinas
Cautela, que anda o vira p’las esquinas
Pés trigueiros, enfiados
Em chinelas pequeninas;
E à noite, pelas ruas e travessas
Há desejos e promessas
A bailar com as varinas
São delas os motivos mais risonhos
Mais risonhos para os meus olhos
Para os meus olhos que as namoram
Namoram esses lábios de medronhos
De medronhos p’ra desejos
P’ra desejos que as devoram;
E algumas são a origem dos meus sonhos
Dos meus sonhos cor da esperança
Cor da Esperança onde elas moram
Último pedido
Frederico de Brito / Raúl Pinto
Repertório de Berta Cardoso
Volta que eu abro-te a porta
Ao menos p’ra convencer-me
Que nunca vivi sem ti
Volta, que eu já não me importa
Agora quero esquecer-me
Do tempo que t’esqueci
Volta que eu já perdoei
Vem à hora que quiseres
Repertório de Berta Cardoso
Volta que eu abro-te a porta
Ao menos p’ra convencer-me
Que nunca vivi sem ti
Volta, que eu já não me importa
Agora quero esquecer-me
Do tempo que t’esqueci
Volta que eu já perdoei
Vem à hora que quiseres
Escusas de fazer alarde
Tu hás-de voltar, bem sei
Volta hoje, se puderes
Tu hás-de voltar, bem sei
Volta hoje, se puderes
Que amanhã pode ser tarde
Dize que vens e que é certo
Jura p’la amizade nossa
Dize que vens e que é certo
Jura p’la amizade nossa
Que ainda não a perdi
A morte já anda perto
Ao menos deixa que eu possa
A morte já anda perto
Ao menos deixa que eu possa
Morrer, abraçada a ti
Falem agora
Letra e música de Jorge Fernando
Repertório de Fábia Rebordão
Não ouço essas conversas
Quem diz que viu, quem mente
Repertório de Fábia Rebordão
Não ouço essas conversas
Isso é banal
Por serem tão perversas
Por serem tão perversas
Fazem-me mal
Falem agora
Falem agora
Eu estou por fora e até já
Não se incomodem, deixem lá
Que eu já estou fora
Conversas de café
Não se incomodem, deixem lá
Que eu já estou fora
Conversas de café
Não quero ter
Falar de outros, não é
Só mal dizer
Quem diz que viu, quem mente
Essas coisinhas
Nas costas de outra gente
Nas costas de outra gente
Eu vejo nas minhas
Um caso mal contado
Um caso mal contado
E outros que tais
Desligo, passo ao lado
Desligo, passo ao lado
Leio os jornais
Lição de amor
Frederico de Brito / Franklim Godinho
Repertorio de Anita Guerreiro
Perguntei o que é amor
Ao meu velho professor
Por causa do verbo amar
Naquele tempo em que a gente
Pergunta inocentemente
Às vezes por perguntar
Aquele velhinho ouviu
Olhou para mim, sorriu
Repertorio de Anita Guerreiro
Perguntei o que é amor
Ao meu velho professor
Por causa do verbo amar
Naquele tempo em que a gente
Pergunta inocentemente
Às vezes por perguntar
Aquele velhinho ouviu
Olhou para mim, sorriu
E respondeu-me depois
Amor… conheci só um
Substantivo comum
Amor… conheci só um
Substantivo comum
Às vezes comum de dois
Mostrando um desgosto acerbo
Disse que amor, como verbo
Mostrando um desgosto acerbo
Disse que amor, como verbo
Não é sempre regular
É triste dizer: amei
É mau dizer: amarei
É triste dizer: amei
É mau dizer: amarei
E não se diz: hei-de amar
O verbo não é p’ra todos
Igual nos tempos, nos modos
O verbo não é p’ra todos
Igual nos tempos, nos modos
Às vezes por tal defeito
Põe-se uma oração de lado
Porque não tem predicado
Põe-se uma oração de lado
Porque não tem predicado
Nem se conhece o sujeito
Hoje é que eu sei dar valor
Ao verbo que o professor
Hoje é que eu sei dar valor
Ao verbo que o professor
Tão bem me tinha ensinado
Pois se há quem tal verbo adore
Também há muito quem chore
Pois se há quem tal verbo adore
Também há muito quem chore
Por já o ter conjugado
A minha oração
Letra de Frederico de Brito
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Antes que queira não posso
Deixar o fado é morrer
É ele o meu Padre Nosso
Que vou rezando a sofrer
Há p’ra aí quem faça alarde
Deixar o fado é morrer
É ele o meu Padre Nosso
Que vou rezando a sofrer
Há p’ra aí quem faça alarde
De que a saúde destroço
P’ra mudar de vida é tarde
P’ra mudar de vida é tarde
Antes que queira não posso
Julgam que vivo cansado
Julgam que vivo cansado
Duma vida de prazer
Não posso é deixar o fado
Não posso é deixar o fado
Deixar o fado é morrer
Pois a canção que mais prezo
Pois a canção que mais prezo
Traz-me em constante alvoroço
E entre as orações que eu rezo
E entre as orações que eu rezo
É ele o meu Padre Nosso
O fado, é só p’ra mim
O fado, é só p’ra mim
Simples razão do meu ser
Ou um rosário sem fim
Ou um rosário sem fim
Que vou rezando a sofrer
Paraíso
David Morão Ferreira / José Mário Branco
Repertório de Camané
Deixa ficar comigo a madrugada
Para que a luz do sol me não constranja
Numa taça de sombra estilhaçada
Deita sumo de lua e de laranja;
Deixa ficar comigo a madrugada
Para que a luz do sol me não constranja
Arranja uma pianola, um disco, um posto
Onde eu oiça o estertor de uma gaivota
Crepite em derredor o mar de agosto
E o outro cheiro, o teu, à minha volta;
Crepite em derredor o mar de agosto
E o outro cheiro, o teu, à minha volta
Depois podes partir, só te aconselho
Que acendas, para tudo ser perfeito
À cabeceira a luz do teu joelho
Entre os lençóis o lume do teu peito;
À cabeceira a luz do teu joelho
Entre os lençóis o lume do teu peito
Podes partir, de nada mais preciso
Para a minha ilusão do paraíso
Repertório de Camané
Deixa ficar comigo a madrugada
Para que a luz do sol me não constranja
Numa taça de sombra estilhaçada
Deita sumo de lua e de laranja;
Deixa ficar comigo a madrugada
Para que a luz do sol me não constranja
Arranja uma pianola, um disco, um posto
Onde eu oiça o estertor de uma gaivota
Crepite em derredor o mar de agosto
E o outro cheiro, o teu, à minha volta;
Crepite em derredor o mar de agosto
E o outro cheiro, o teu, à minha volta
Depois podes partir, só te aconselho
Que acendas, para tudo ser perfeito
À cabeceira a luz do teu joelho
Entre os lençóis o lume do teu peito;
À cabeceira a luz do teu joelho
Entre os lençóis o lume do teu peito
Podes partir, de nada mais preciso
Para a minha ilusão do paraíso
Lenda
Letra de Gabriel de Oliveira
Publicada a 31.03.1934 na edição Nº289 do Jornal Guitarra de Portugal
Esse fadista de lei
De “antes quebrar que torcer”
Publicada a 31.03.1934 na edição Nº289 do Jornal Guitarra de Portugal
com a indicação de pertencer ao repertório de Filipe Pinto
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Por destino fatalista
Segundo uma lenda antiga
Dizem que na Mouraria
Houve em tempos um fadista
Que sabia uma cantiga
Mas se a cantasse morria
Nesse tempo a fadistagem
Segundo uma lenda antiga
Dizem que na Mouraria
Houve em tempos um fadista
Que sabia uma cantiga
Mas se a cantasse morria
Nesse tempo a fadistagem
Era gente destemida
Mas religiosa e crente
Havia camaradagem
Havia camaradagem
Capaz de arriscar a vida
Por amizade, somente
Sobre a cantiga da lenda
Sobre a cantiga da lenda
E o seu lado moralista
Pouco posso adiantar
Findava nesta legenda
Findava nesta legenda
Quem tem alma de fadista
Deve morrer a cantar
Esse fadista de lei
De “antes quebrar que torcer”
Divisa de antigamente
Quis, para honra da grei
Cantar o Fado e morrer
Quis, para honra da grei
Cantar o Fado e morrer
Como um fadista valente
Sonhos meus
Frederico de Brito / Frederico de Brito *fado dos sonhos*
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Sonhos que eu tive, queimei-os
Uns tristes, outros risonhos
Mais raiva do que prazer
Se a vida é um mar de enleios
Quem não quer viver de sonhos
Não se deixe adormecer
Sonhos de esperança, perdi-os
Fartei-me de procurá-los
Com todo o maior empenho
Passam os dias sombrios
E o desejar encontrá-los
É outro sonho que eu tenho
Sonhos d’amor, outros sonhos
Vem a tristeza, a saudade
E há uma jura quebrada
Voltam os dias risonhos
Nos sonhos não há verdade
É tudo um sonho e mais nada
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Sonhos que eu tive, queimei-os
Uns tristes, outros risonhos
Mais raiva do que prazer
Se a vida é um mar de enleios
Quem não quer viver de sonhos
Não se deixe adormecer
Sonhos de esperança, perdi-os
Fartei-me de procurá-los
Com todo o maior empenho
Passam os dias sombrios
E o desejar encontrá-los
É outro sonho que eu tenho
Sonhos d’amor, outros sonhos
Vem a tristeza, a saudade
E há uma jura quebrada
Voltam os dias risonhos
Nos sonhos não há verdade
É tudo um sonho e mais nada
Génese da libertação
Letra e música de Dino Santiago
Repertório de Fábia Rebordão
Escutai a voz desta serva
Ó meu Deus, atende a este lamento
Lentamente, coração bate fora do tempo
Tempo lento que limita o meu tempo
Do tempo que vens e me pedes um tempo
Luto em luto por um homem que é puto
E astuto, no fundo não passo de um tempo
Livre, sai e vai
Leva este lamento
Cai e vai, escorrega na língua que trai
Por isso sai e vai
Abre a porta e liberta este amor
Que hoje morre p'ra viveres
Levanta que o tempo é curto
P'ra tentar, só tentar, não adianta
Evolução, missão, escolhe o tema e avança
Avança na dança da mudança que é mansa
E não cansa da pança que cresce e não vês
Que ela não deixa e só se queixa pela deixa
Da gueixa que beijas e deixas após
E por isso sais e vais
Levas este lamento
Cais e vais, escorregas na língua que trais
Por isso sais e vais
Abre a porta e liberta esse amor
E hoje morre sem viver
Sais e vais, sais e vais
Cais e vais, sais e vais
Sais e vais, sais e vais
Sais e vais
Repertório de Fábia Rebordão
Escutai a voz desta serva
Ó meu Deus, atende a este lamento
Lentamente, coração bate fora do tempo
Tempo lento que limita o meu tempo
Do tempo que vens e me pedes um tempo
Luto em luto por um homem que é puto
E astuto, no fundo não passo de um tempo
Livre, sai e vai
Leva este lamento
Cai e vai, escorrega na língua que trai
Por isso sai e vai
Abre a porta e liberta este amor
Que hoje morre p'ra viveres
Levanta que o tempo é curto
P'ra tentar, só tentar, não adianta
Evolução, missão, escolhe o tema e avança
Avança na dança da mudança que é mansa
E não cansa da pança que cresce e não vês
Que ela não deixa e só se queixa pela deixa
Da gueixa que beijas e deixas após
E por isso sais e vais
Levas este lamento
Cais e vais, escorregas na língua que trais
Por isso sais e vais
Abre a porta e liberta esse amor
E hoje morre sem viver
Sais e vais, sais e vais
Cais e vais, sais e vais
Sais e vais, sais e vais
Sais e vais
O cauteleiro
Frederico de Brito / Júlio de Sousa *fado loucura*
Repertório de Manuel Fernandes
Sem ter norte, nem ter lar
Dizem p’ra aí que dá sorte
O que é p’ra mim tanto azar
É loucura que eu desdenho
O ter que andar à procura
Da pouca sorte que eu tenho
E sem carinho
Repertório de Manuel Fernandes
Sem ter norte, nem ter lar
Dizem p’ra aí que dá sorte
O que é p’ra mim tanto azar
É loucura que eu desdenho
O ter que andar à procura
Da pouca sorte que eu tenho
E sem carinho
Pelas ruas e vielas
Apregoando as cautelas
Vou seguindo o meu caminho
E quem me ouve
Apregoando as cautelas
Vou seguindo o meu caminho
E quem me ouve
Cantarolar esta moda:
É o mil duzentos e quarenta e nove
Que amanhã é que anda a roda
Sente a vibrar como um fado
O pregão do desgraçado
Se um malvado ri de mim
Não vê que eu, sendo aleijado
Minh’alma não é assim
Quem na sorte ri dos mais
Não se lembra que na morte
Todos nós somos iguais
Esta estrofe não foi gravada
Deus aos pobres sempre ajuda
Valem mais p’ra mim uns cobres
Que p’ra muitos a taluda
A pobreza não me importa
Trago nas mãos a riqueza
Que foge da minha porta
É o mil duzentos e quarenta e nove
Que amanhã é que anda a roda
Sente a vibrar como um fado
O pregão do desgraçado
Se um malvado ri de mim
Não vê que eu, sendo aleijado
Minh’alma não é assim
Quem na sorte ri dos mais
Não se lembra que na morte
Todos nós somos iguais
Esta estrofe não foi gravada
Deus aos pobres sempre ajuda
Valem mais p’ra mim uns cobres
Que p’ra muitos a taluda
A pobreza não me importa
Trago nas mãos a riqueza
Que foge da minha porta
Os teus cabelos sereia
Fernando Teles / António Pedro Machado *fado machadinho?*
Dueto de Maria Alice com António Machado *Machadinho*
Os teus cabelos, sereia
Que são da cor do carvão
Tece-os, faz uma cadeia
Que prenda meu coração
P’ra prender meu coração
Dueto de Maria Alice com António Machado *Machadinho*
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Que são da cor do carvão
Tece-os, faz uma cadeia
Que prenda meu coração
P’ra prender meu coração
Não chegam teus madrigais
O galanteio é traição
O galanteio é traição
Desejos provas reais
A dar-te a prova real
A dar-te a prova real
Meu amor, estou sujeito
Agarra neste punhal
Agarra neste punhal
E vem cravá-lo em meu peito
De teu peito apunhalar
De teu peito apunhalar
Nunca senti tais desejos
Prefiro antes devorar
Prefiro antes devorar
A tua boca com beijos
Qualquer dia
Jorge Fernando / Rui Veloso
Repertório de Fábia Rebordão
Qualquer dia vou mudar-me
Qualquer dia, não ouvir a minha alma
Ensurdecer aos apelos mais sensíveis
E assim o coração endurecer
Qualquer dia fecho a mão
Que teimosa fica aberta ao que vier
Na vida a história é muito mais em prosa
Que poemas que mais ninguém quer escrever
Se isso me faz sentir tão vazia
Na inocência em que nasci e em mim ficou
Qualquer dia, vou mudar-me qualquer dia
Mas não hoje, que ainda teimo em ser quem sou
Repertório de Fábia Rebordão
Qualquer dia vou mudar-me
Qualquer dia, não ouvir a minha alma
Ensurdecer aos apelos mais sensíveis
E assim o coração endurecer
Qualquer dia fecho a mão
Que teimosa fica aberta ao que vier
Na vida a história é muito mais em prosa
Que poemas que mais ninguém quer escrever
Se isso me faz sentir tão vazia
Na inocência em que nasci e em mim ficou
Qualquer dia, vou mudar-me qualquer dia
Mas não hoje, que ainda teimo em ser quem sou
A pedra da calçada
Letra de Frederico de Brito
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra publicada no livro de Fernando Cardoso *Poetas Populares*
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Arrancada, desprezada
Uma pedra da calçada
Posta ao canto duma rua
Lembrou o mundo ruim
E pôs-se a contar assim
Os transes da vida sua
Eu sou de serras distantes
Onde as fontes, sussurrantes
Uma pedra da calçada
Posta ao canto duma rua
Lembrou o mundo ruim
E pôs-se a contar assim
Os transes da vida sua
Eu sou de serras distantes
Onde as fontes, sussurrantes
P’la noite velha adormecem
Sobre mim, passaram nobres
Sobre mim, dormiram pobres
Eu vi riquezas mentidas
E vi misérias escondidas
E vim p’ra cidade enorme
Onde nem a noite dorme
Onde nem a noite dorme
E os homens não se conhecem
Sobre mim, passaram nobres
Sobre mim, dormiram pobres
Vi risos maus; dores sublimes
Salpicaram-me, no entanto
Com tristes gotas de pranto
Com tristes gotas de pranto
E negro sangue de crimes
Eu vi riquezas mentidas
E vi misérias escondidas
Vi honra e devassidão
Guardei-me dos homens falsos
Debaixo dos pés descalços
Debaixo dos pés descalços
Dos pobrezinhos sem pão
E aquela pedra sombria
Muito negra, muito fria
E aquela pedra sombria
Muito negra, muito fria
Com um desgosto profundo
Deixou-se ficar ali
Não por vergonha de si
Deixou-se ficar ali
Não por vergonha de si
Mas por vergonha do mundo
Ele zangou-se comigo
Frederico de Brito / Francisco Viana fado vianinha*
Repertório de Fernanda Maria
Ele zangou-se comigo
Disse-me o que é já costume
Calei-me e nada lhe digo
Pois sei que é tudo ciúme
Saiu e fez uma jura
Repertório de Fernanda Maria
Ele zangou-se comigo
Disse-me o que é já costume
Calei-me e nada lhe digo
Pois sei que é tudo ciúme
Saiu e fez uma jura
Dizendo que era de vez
Eu é que sei quanto dura
Eu é que sei quanto dura
A jura que ele me fez
Teimava com tal afinco
Teimava com tal afinco
A decisão foi tão grave
Que a porta ficou no trinco
Que a porta ficou no trinco
E até me levou a chave
Eu fiquei d’olhos enxutos
Eu fiquei d’olhos enxutos
Olho o relógio hora a hora
Quero contar os minutos
Quero contar os minutos
Do tempo que se demora
Ele é como a abelha brava
Ele é como a abelha brava
Vem ao cortiço em segredo
Jurou-me que não voltava
Jurou-me que não voltava
Esta noite vem mais cedo
Má onda
Letra e música de Pedro da Silva Martins
Repertório de Fábia Rebordão
Um sorriso é mais forte
Repertório de Fábia Rebordão
Um sorriso é mais forte
Que uma careta feia
Só por me dar ideia
Só por me dar ideia
Eu não te gabo a sorte
A palavra é mais clara
A palavra é mais clara
Que um olhar de soslaio
Eu não sei porque raio
Eu não sei porque raio
Tu me viraste a cara
Não entendo porque não tentas
Mandar isso p’ra lá
Essa má onda rabugenta
Eh pá... comigo não dá, não dá
Comigo isso não pega
Não entendo porque não tentas
Mandar isso p’ra lá
Essa má onda rabugenta
Eh pá... comigo não dá, não dá
Comigo isso não pega
Comigo isso não dá
Se o meu amor não chega
Se o meu amor não chega
A outro chegará
Dá-me um abraço, já
Teimosia dá mais pena
Dá-me um abraço, já
Teimosia dá mais pena
Que a minha solidão
Ai, fica a ovação, pois
Ai, fica a ovação, pois
Eu já topei a cena
Essa birra já vem torta
Essa birra já vem torta
E eu sei que um dia passa
Não sei por que desgraça
Não sei por que desgraça
Engraças com a minha porta
É má onda, mas enfim
É má onda, mas enfim
Só se estragou uma casa
Por mim é tábua rasa
Por mim é tábua rasa
Que eu até gosto assim
Por esmola ou por favor
Gabriel de Oliveira / Joaquim Campos *fado vitória*
Repertório de Natália dos Anjos
Do arquivo de Luís Morais
Repertório de Natália dos Anjos
Do arquivo de Luís Morais
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Por esmola ou por favor
Não mates esta ilusão
Que nos meus olhos bem lês
Quando eu te falar de amor
Nunca me digas que não
Diz-me sempre que talvez
Há quem tenha a crueldade
Não mates esta ilusão
Que nos meus olhos bem lês
Quando eu te falar de amor
Nunca me digas que não
Diz-me sempre que talvez
Há quem tenha a crueldade
De ser franco, embora fira
As fibras do sentimento
Eu tenho horror à verdade
Eu tenho horror à verdade
Em amor quero a mentira
Que me fale ao desalento
Tem pena, tem dó de mim
Pois meu amor não se cansa
Tem pena, tem dó de mim
Pois meu amor não se cansa
De em seu destino ser crente
Se te custa dizer sim
Diz-me talvez, dá-me esperança
Se te custa dizer sim
Diz-me talvez, dá-me esperança
Qu’eu já me sinto contente
Para que eu não sinta a vida
Tão rudemente esmagando
Para que eu não sinta a vida
Tão rudemente esmagando
O meu pobre coração
Deixa que eu vida iludida
E vai-me sempre enganando
Deixa que eu vida iludida
E vai-me sempre enganando
Mas nunca digas que não
Velha Mouraria
Frederico de Brito / Casimiro Ramos *fado helena*
Repertório de Júlio Peres
Minha velha Mouraria
Mudaste, não sei porquê
Há muito que te não via
Minha velha Mouraria
Quem te viu e quem te vê
Já não oiço o mesmo fado
Repertório de Júlio Peres
Minha velha Mouraria
Mudaste, não sei porquê
Há muito que te não via
Minha velha Mouraria
Quem te viu e quem te vê
Já não oiço o mesmo fado
Que eu ouvi com devoção
Como tudo está mudado
Já não oiço o mesmo fado
Como tudo está mudado
Já não oiço o mesmo fado
Das tascas do Capelão
Uma Severa que outrora
Uma Severa que outrora
Pôs muitas almas em brasa
Sei bem que ainda cá mora
Essa não se foi embora
Sei bem que ainda cá mora
Essa não se foi embora
Apenas mudou de casa
Passei há pouco no Outeiro
Passei há pouco no Outeiro
E vi-lhe um vaso à janela
Pois tinha o mesmo craveiro
E os cravos tinham o cheiro
Pois tinha o mesmo craveiro
E os cravos tinham o cheiro
E o rubor dos lábios dela
Minha velha Mouraria
Minha velha Mouraria
Que má sorte Deus te deu
Ser a saudade sombria
E a lembrança fugidia
Ser a saudade sombria
E a lembrança fugidia
Dum passado que morreu
Fadiga
Letra de António Cálem
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Porque me tardas na vida
Se a vida já tarda em mim?
Porque esperas, se a partida
Já se avizinha do fim?
Esperar horas inteiras
A chegada desse alguém
É como passar barreiras
Para a terra de ninguém
Assim o ter-te encontrado
Só me diz que já é tarde
É como a flor deste cardo
Que renasce quando arde
Se a vida já tarda em mim?
Porque esperas, se a partida
Já se avizinha do fim?
Esperar horas inteiras
A chegada desse alguém
É como passar barreiras
Para a terra de ninguém
Assim o ter-te encontrado
Só me diz que já é tarde
É como a flor deste cardo
Que renasce quando arde
Canção do amor para sempre
Letra e música de Tozé Brito
Repertório de Fábia Rebordão
Atravessei oceanos
Repertório de Fábia Rebordão
Atravessei oceanos
Tantos anos, tanto mar
E aportei nos teus olhos
E aportei nos teus olhos
E aportei nos teus olhos
Cansada de navegar
Cansada de navegar
Cansada de navegar
Vi nos teus olhos a luz
Do farol que procurava
Do farol que procurava
Do farol que procurava
Para aportar minha cruz
Amor, amor, amor, amor
Es o meu porto de abrigo
Já não quero navegar
Só quero ficar contigo
Atravessei tempestades
Amor, amor, amor, amor
Es o meu porto de abrigo
Já não quero navegar
Só quero ficar contigo
Atravessei tempestades
Dum lado ao outro do mundo
E aportei nos teus braços
E aportei nos teus braços
E aportei nos teus braços
E aportei nos teus braços
O teu abraço sem fundo
No teu abraço sem fundo
No teu abraço sem fundo
Encontrei a minha paz
Nunca aportei para sempre
Nunca aportei para sempre
Nunca aportei para sempre
Nunca aportei para sempre
Mas por ti eu sou capaz
O meu marialva
Frederico de Brito / José Marques *fado triplicado*
Repertório de Fernanda Maria
Eu, mais o meu “marialva”
Fomos à Feira d’Agualva
Num trem aberto e enfeitado
Com dois cavalos de raça
Que a passo tinham tal graça
Que até batiam o Fado
Deu-se uma volta na feira
Andámos de brincadeira
Repertório de Fernanda Maria
Eu, mais o meu “marialva”
Fomos à Feira d’Agualva
Num trem aberto e enfeitado
Com dois cavalos de raça
Que a passo tinham tal graça
Que até batiam o Fado
Deu-se uma volta na feira
Andámos de brincadeira
A experimentar um garrano
Que povo que se juntou!
E ao resto, pouco faltou
Que povo que se juntou!
E ao resto, pouco faltou
P’ra enganar um cigano
Na barraca do Vilar
Na barraca do Vilar
Onde fomos abancar
Já se cantava o fadinho
Estava lá o Cadeireiro
Já se cantava o fadinho
Estava lá o Cadeireiro
O Ginguinha, o Cutileiro
O Rosa e o Patusquinho
Depois do fado corrido
Foi o fandango batido
Depois do fado corrido
Foi o fandango batido
Que parecia não ter fim
Que tarde tão bem vivida
Nunca vi na minha vida
Que tarde tão bem vivida
Nunca vi na minha vida
Bailar o fandango assim
E já de volta da feira
Bailava numa ladeira
E já de volta da feira
Bailava numa ladeira
Um trem que vinha enfeitado
Um garrafão de “murraça”
E dois cavalos de raça
Um garrafão de “murraça”
E dois cavalos de raça
Que até batiam o Fado
Nosso fado
Letra de Gabriel de Oliveira
Transcrita em 1937 no livro "Ídolos do Fado", com a indicação de pertencer
Transcrita em 1937 no livro "Ídolos do Fado", com a indicação de pertencer
ao repertório de Rosa Maria e ser cantada na música do popular Fado Mouraria
Desconheço se esta letra foi gravada
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Quanto é lindo o nosso Fado
Na boca das cantadeiras
A recordar o passado
Das fadistas verdadeiras
A mulher de antigamente
Na boca das cantadeiras
A recordar o passado
Das fadistas verdadeiras
A mulher de antigamente
Que na boémia deu brado
Soube mostrar certamente
Soube mostrar certamente
Quanto é lindo o nosso Fado
Nos descantes a atirar
Nos descantes a atirar
Perdendo noites inteiras
Via-se o Fado a bailar
Via-se o Fado a bailar
Na boca das cantadeiras
As desgarradas antigas
As desgarradas antigas
Já foram postas de lado
Hoje só temos cantigas
Hoje só temos cantigas
A recordar o passado
Sem que andasse na boémia
Sem que andasse na boémia
Pelas tascas desordeiras
Fez-me o Destino irmã gémea
Fez-me o Destino irmã gémea
Das fadistas verdadeiras
Atrás de ti
Frederico de Brito / Alfredo Duarte *fado louco*
Repertório de Maria Amorim
Prendi-me no teu olhar
Mas não vi que me prendi
Agora tenho que andar
De rastos, atrás de ti
O meu coração, coitado
Repertório de Maria Amorim
Prendi-me no teu olhar
Mas não vi que me prendi
Agora tenho que andar
De rastos, atrás de ti
O meu coração, coitado
Só merece compaixão
Faz lembrar um desgraçado
Faz lembrar um desgraçado
Que se entregou à prisão
Meus olhos que sem cautela
Meus olhos que sem cautela
Riram pr’aí, tanto, tanto
São duas barcas à vela
São duas barcas à vela
Neste mar-largo de pranto
Meus olhos atravessaram
Meus olhos atravessaram
Um vendaval de desejos
E até por isso ficaram
E até por isso ficaram
Encharcadinhos de beijos
Tem pena de mim, por Deus
Tem pena de mim, por Deus
Olha para o que eu já sofri
Não leves os olhos meus
Não leves os olhos meus
De rastos, atrás de ti
Não sei dizer
Jorge Fernando / Fábia Rebordão
Repertório de Fábia Rebordão
Sempre atenta, não tento dizer que sei
Que não sei dizer o que tento
Portanto não sei dizer
Vira a folha, molha o dedo
Que o medo não tem juízo, acalma
Que o prejuízo não deve só p'ra ti ser
Se resulta que eu pense
Repertório de Fábia Rebordão
Sempre atenta, não tento dizer que sei
Que não sei dizer o que tento
Portanto não sei dizer
Vira a folha, molha o dedo
Que o medo não tem juízo, acalma
Que o prejuízo não deve só p'ra ti ser
Se resulta que eu pense
Não pensar sempre
Desmente se escondo a mente
É um jogo que jogo e assim
Vira a folha, molha o dedo
Que o dedo se apontar fere
Não sei a que se refere
Desmente se escondo a mente
É um jogo que jogo e assim
Vira a folha, molha o dedo
Que o dedo se apontar fere
Não sei a que se refere
Esse medo que tens de mim
Que silêncios traz a tua voz?
Que tormento bate assim?
Que noção tens que ao sentires-te a sós
Seja saudades de mim?
De que emerge esta dorida dor
Que de ausências conheci?
Quer intensa, leve, ou o que for
Seja saudades de mim
Que silêncios traz a tua voz?
Que tormento bate assim?
Que noção tens que ao sentires-te a sós
Seja saudades de mim?
De que emerge esta dorida dor
Que de ausências conheci?
Quer intensa, leve, ou o que for
Seja saudades de mim
Santa Luzia
Letra de Gabriel de Oliveira
Do arquivo de Francisco Mendes com a indicação de ter sido escrita
Do arquivo de Francisco Mendes com a indicação de ter sido escrita
para o repertório de Alberto Costa
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Oh! minha Santa Luzia
Dessa tua linda igreja
Debruçada sobre Alfama
Ouve a estranha melodia
Do Fado que rumoreja
Pelas ruas de má fama
No teu altar ardem velas
Dessa tua linda igreja
Debruçada sobre Alfama
Ouve a estranha melodia
Do Fado que rumoreja
Pelas ruas de má fama
No teu altar ardem velas
Há crentes que estão rezando
Vai morrendo a luz do dia
E, nas bulhentas vielas
Vai morrendo a luz do dia
E, nas bulhentas vielas
Andam fadistas cantando
Oh! minha Santa Luzia
Da natureza o pincel
Oh! minha Santa Luzia
Da natureza o pincel
Vibrantemente lateja
Nas tintas do panorama
Emoldurando o painel
Dessa tua linda igreja
Nas tintas do panorama
Emoldurando o painel
Dessa tua linda igreja
Debruçada sobre Alfama
Provocando o rouxinol
Vagueia o Fado ao relento
Provocando o rouxinol
Vagueia o Fado ao relento
Numa boémia vadia
Entra nas Portas do Sol,
E a Santa, em recolhimento
Ouve a estranha melodia
Cantigas, Avé-Marias
Entra nas Portas do Sol,
E a Santa, em recolhimento
Ouve a estranha melodia
Cantigas, Avé-Marias
Do bom povo que moureja
Sem nunca se erguer da lama
São foros de fidalguia
Do Fado que rumoreja
Sem nunca se erguer da lama
São foros de fidalguia
Do Fado que rumoreja
Pelas ruas de má fama
Deixa-me o vinho
João Fezas Vital / Tó Moliças e Carlos Macedo
Repertório de Carlos Macedo
Olha
Repertório de Carlos Macedo
Olha
Estou aqui sozinho
Só tenho comigo o vinho
Que me engana a solidão
Que bebo para te ver
Sem cansaço, mulher
De mentir e ter razão
Ai
Só tenho comigo o vinho
Que me engana a solidão
Que bebo para te ver
Sem cansaço, mulher
De mentir e ter razão
Ai
A mentira que sou
Quando sofro e me dou
Como só quem sabe rir
Chorar a rir é igual
A quem não mata por mal
E chora p´ra não mentir
Por isso
Quando sofro e me dou
Como só quem sabe rir
Chorar a rir é igual
A quem não mata por mal
E chora p´ra não mentir
Por isso
Deixa-me estar
Meu, amor, a inventar
Que nunca estive sozinho
Amanhã, se me sorriste
Prometo que acordo triste
Agora, deixa-me o vinho
Meu, amor, a inventar
Que nunca estive sozinho
Amanhã, se me sorriste
Prometo que acordo triste
Agora, deixa-me o vinho
Descrença
Carlos Conde / Lino Teixeira
Repertório de Lino Teixeira
Ó Deus por quem rezei
Repertório de Lino Teixeira
Ó Deus por quem rezei
As santas orações
Que a mãe que me levaste
Que a mãe que me levaste
Ás vezes me ensinava
Que mal te fiz, ó Deus?
Que mal te fiz, ó Deus?
Que dás tantos perdões
E não soubeste ouvir
E não soubeste ouvir
As preces que eu rezava
Um corpo sem ter alma
Um corpo sem ter alma
É nau sem timoneiro
É dia sem ter sol
É dia sem ter sol
É noite sem luar
É sorriso a fingir
É sorriso a fingir
É loucura a cantar
É nada ter no mundo
É nada ter no mundo
É ter o mundo inteiro
É triste a minha sina
É triste a minha sina
E franca a rebeldia
Que tu me déste, ó Deus
Que tu me déste, ó Deus
Roubando o meu encanto
Que às vezes quero rir
Que às vezes quero rir
Mas não tenho alegria
E quedo-me a chorar
E quedo-me a chorar
Mas já não tenho pranto
Meu Porto
Neca Rafael / Júlio Proença *fado modesto*
Repertório de Adelina Silva
Nem só Lisboa
E Deus nos deu
Repertório de Adelina Silva
Nem só Lisboa
Nos fala do seu passado
A Madragoa
A Madragoa
É raínha-mãe do fado
O Porto é
O Porto é
A mais nobre das cidades
A velha Sé
A velha Sé
É catedral de saudades
E Deus nos deu
Esta graça divinal
Ser no Porto onde nasceu
O nome de Portugal
Dá-nos conforto
Ser no Porto onde nasceu
O nome de Portugal
Dá-nos conforto
Ser aqui a sua origem
E ser também, este Porto
Nobre cidade da Virgem
Então não foi
E ser também, este Porto
Nobre cidade da Virgem
Então não foi
Deste Porto que partiu
Tanto herói
Tanto herói
Que o mundo igual jamais viu
As caravelas
As caravelas
Sim, largavam da Ribeira
Levando nelas
Levando nelas
Gente altruísta e tripeira
Transpondo a barra
Transpondo a barra
P’rá imensidade do mar
Ia sempre uma guitarra
E um marinhero a cantar
Tão pequenino
Ia sempre uma guitarra
E um marinhero a cantar
Tão pequenino
É o meu Porto imortal
Mas é ele o Deus-menino
Das terras de Portugal
Mas é ele o Deus-menino
Das terras de Portugal
Noite de Natal
Francisco Santos / Frutuoso França
Repertório de Frutuoso França
Na noite de natal, alegre, abençoada
À Luz duma candeia, em tosco pardieiro
Na franca comunhão da sua consoada
Estava a companheira e a filha do mineiro
O mineiro sorria, afagando o corpinho
Da sua linda filha, o seu maior tesoiro
E ela disse, a pular; eu queria, meu paizinho
Em vez duma boneca, uns lindos brincos d’oiro
Com brinquinhos, decerto, eu tinha outra figura
E já podia andar a par d'outras pequenas
Na mina onde trabalhas, o oiro é com fartura
Não deve fazer falta um bocadinho apenas
O mineiro tremeu, beijando a pequenina
E disse: meu amor, vais prestar atenção
O oiro, esse metal que vou tirar na mina
Pertence a outra gente: e o pai não é ladrão
E a filha ao ver que o pai chorava sobre si
Exclamou a sorrir; vamos, tenha juízo
Chorar não vale a pena, eu já compreendi
Que o oiro não faz falta, o pão é que é preciso
Repertório de Frutuoso França
Na noite de natal, alegre, abençoada
À Luz duma candeia, em tosco pardieiro
Na franca comunhão da sua consoada
Estava a companheira e a filha do mineiro
O mineiro sorria, afagando o corpinho
Da sua linda filha, o seu maior tesoiro
E ela disse, a pular; eu queria, meu paizinho
Em vez duma boneca, uns lindos brincos d’oiro
Com brinquinhos, decerto, eu tinha outra figura
E já podia andar a par d'outras pequenas
Na mina onde trabalhas, o oiro é com fartura
Não deve fazer falta um bocadinho apenas
O mineiro tremeu, beijando a pequenina
E disse: meu amor, vais prestar atenção
O oiro, esse metal que vou tirar na mina
Pertence a outra gente: e o pai não é ladrão
E a filha ao ver que o pai chorava sobre si
Exclamou a sorrir; vamos, tenha juízo
Chorar não vale a pena, eu já compreendi
Que o oiro não faz falta, o pão é que é preciso
Jangadeiro vagabundo
João Dias / Raúl Silva
Repertório de Rodrigo
Jangadeiro vagabundo
Nas cinco chagas do mundo
Naufraguei em sete mágoas
Nos quatro braços do vento
Ouvi a ira do tempo
Em marés de negras águas
Afaguei mãos e miséria
Repertório de Rodrigo
Jangadeiro vagabundo
Nas cinco chagas do mundo
Naufraguei em sete mágoas
Nos quatro braços do vento
Ouvi a ira do tempo
Em marés de negras águas
Afaguei mãos e miséria
Mãos que a dita gente séria
Nem sequer de longe entende
Andei por noites de lama
Andei por noites de lama
E em lugares de má fama
Aonde a fome se vende
Ao leme da nau perdida
Ao leme da nau perdida
Fui ao cais fundo da vida
Em busca não sei de quê
E nos becos da vergonha
E nos becos da vergonha
Quem ouve, nem sequer sonha
Aquilo que lá se vê
Em mesas toscas e frias
Fomes de todos os dias
Em mesas toscas e frias
Fomes de todos os dias
E tristezas sem idade
Entre palacetes nobres
Mora a desgraça dos pobres
Entre palacetes nobres
Mora a desgraça dos pobres
À espera da liberdade
Eu quero
Carlos Conde / Alfredo Mendes *fado latino*
Repertório de Maria Amélia Proença
Eu quero ir esta noite prá rambóia
Cantar, bater o fado, andar nas hortas
Fazer uma corrida de tipóiia
E quedar-me a cear fora de portas
Eu quero ir esta noite para a astúrdia
Viver uma noitada em doce afã
Com cenas de ciúme e de balbúrdia
Até às quatro ou cinco da manhã
Eu quero ir esta noite prás adegas
Cantar, sentir o fado em desvario
Onde é que estão p'raí os meus colegas
Que queiram vir cantar ao desafio
Eu quero, pr’abancar, mesas de pinho
Loiça de tosco barro, canjirões
Canecas transbordantes de bom vinho
E motes coroados de ovações
Quero encher o retiro desse fado
Que um dia me inspirou e que eu senti
Viver toda a boémia do passado
Passado que ‘inda sinto e nunca vi
Repertório de Maria Amélia Proença
Eu quero ir esta noite prá rambóia
Cantar, bater o fado, andar nas hortas
Fazer uma corrida de tipóiia
E quedar-me a cear fora de portas
Eu quero ir esta noite para a astúrdia
Viver uma noitada em doce afã
Com cenas de ciúme e de balbúrdia
Até às quatro ou cinco da manhã
Eu quero ir esta noite prás adegas
Cantar, sentir o fado em desvario
Onde é que estão p'raí os meus colegas
Que queiram vir cantar ao desafio
Eu quero, pr’abancar, mesas de pinho
Loiça de tosco barro, canjirões
Canecas transbordantes de bom vinho
E motes coroados de ovações
Quero encher o retiro desse fado
Que um dia me inspirou e que eu senti
Viver toda a boémia do passado
Passado que ‘inda sinto e nunca vi
A saudade acompanhou-me
João Viana / Agostinho Dias *fado bertinha*
Repertório de Vitor Moreira
Por me ver triste, sózinho
A saudade me falou
Deu-me o braço de mansinho
Nunca mais me abandonou
Ela sabendo a valia
Repertório de Vitor Moreira
Por me ver triste, sózinho
A saudade me falou
Deu-me o braço de mansinho
Nunca mais me abandonou
Ela sabendo a valia
Do meu desgosto daninho
Quis fazer-me companhia
Quis fazer-me companhia
Por me ver triste, sózinho
Julgou por bem, dar-me alento
Julgou por bem, dar-me alento
Ainda mais me torturou
Do meu enorme tormento
Do meu enorme tormento
A saudade me falou
Ralhei com ela e então
Ralhei com ela e então
Ainda com mais carinho
Ao vir pedir-me perdão
Ao vir pedir-me perdão
Deu-me o braço de mansinho
Supliquei que fosse embora
Supliquei que fosse embora
Mas teimosa, ele ficou
Desde então, p’la vida fora
Desde então, p’la vida fora
Nunca mais me abandonou
Deus sabe que serás
Artur Ribeiro / Fernando Freitas
Repertório de Carlos Barra
Deus sabe que serás a minha vida inteira
O mote do meu fado, a luz do meu viver
Deus sabe que serás a meta derradeira
Meu último pecado, o meu alvorecer
Deus sabe que serás o meu lugar de sorte
O sol do meu inverno, o meu chorar, talvez
O fim do *tanto faz*, o meu achar do norte
O meu nascer eterno nos beijos que me dês
Deus sabe que serás, no meu fechar de contas
A cifra positiva na casa de perder
Deus sabe que serás, depois das malas prontas
O meu voltar à vida sem tempo p’ra viver
Repertório de Carlos Barra
Deus sabe que serás a minha vida inteira
O mote do meu fado, a luz do meu viver
Deus sabe que serás a meta derradeira
Meu último pecado, o meu alvorecer
Deus sabe que serás o meu lugar de sorte
O sol do meu inverno, o meu chorar, talvez
O fim do *tanto faz*, o meu achar do norte
O meu nascer eterno nos beijos que me dês
Deus sabe que serás, no meu fechar de contas
A cifra positiva na casa de perder
Deus sabe que serás, depois das malas prontas
O meu voltar à vida sem tempo p’ra viver
Um grande amor
Jorge Fernando / Custódio Castelo
Repertório de Fernando Maurício
Amor não é palavra que se diga
Sem o sentir profundo da verdade
Amor é quanto baste, minha amiga
P’ra ‘star longe um segundo e ter saudade
Amor não é somente possuir-te
Em nome dum desejo disfarçado
Amor é num só beijo, definir-te
O que o coração diz, mesmo calado
Amor pode ser dor, pode ser pranto
E pode do prazer ser rei e senhor
Pode passar a margen do encanto
Como pode nem mesmo ser amor
E quem o amor perder, deve lembrar
No momento em que doa a maior dor
Pois só com outro amor pode acalmar
O resto do que foi um grande amor
Repertório de Fernando Maurício
Amor não é palavra que se diga
Sem o sentir profundo da verdade
Amor é quanto baste, minha amiga
P’ra ‘star longe um segundo e ter saudade
Amor não é somente possuir-te
Em nome dum desejo disfarçado
Amor é num só beijo, definir-te
O que o coração diz, mesmo calado
Amor pode ser dor, pode ser pranto
E pode do prazer ser rei e senhor
Pode passar a margen do encanto
Como pode nem mesmo ser amor
E quem o amor perder, deve lembrar
No momento em que doa a maior dor
Pois só com outro amor pode acalmar
O resto do que foi um grande amor
Rumo vazio
Domingos Silva / Francisco Carvalhinho
Repertório de Adelaide Rodrigues
Caminhei, caminhei
Repertório de Adelaide Rodrigues
Caminhei, caminhei
Sem direção, sem rumo
Na esperança de encontrar
Na esperança de encontrar
Nem eu sei bem, o quê
E perdi-me do mundo
E perdi-me do mundo
Como sucede ao fumo
Que se perde no ar
Que se perde no ar
E ninguém mais o vê
Andei, andei, andei
Andei, andei, andei
Em busca d’ilusão
Nem sequer encontrei
Nem sequer encontrei
Uma palavra vã
Que aliviasse a dor
Que aliviasse a dor
Deste meu coração
E me desse a esperança
E me desse a esperança
Do dia de amanhã
Cansei, cansei, cansei
Cansei, cansei, cansei
De tanto caminhar
Nem um raio de luz
Nem um raio de luz
Diante em mim, se abriu
E cansada parei
E cansada parei
Sem brilho no olahr
O meu olhar distante
O meu olhar distante
Tão cheio de vazio
Trago-te apenas saudade
Fernando Peres / Jaime Santos
Repertório de Carlos Barra
Trago-te apenas saudade
Um pouco mais de ansiedade
E nem sequer uma flor
Numa esperança apetecida
Nasce depressa outra vida
Vida dum beijo d’amor
E quero o mal de te querer
O mal de nunca saber
Repertório de Carlos Barra
Trago-te apenas saudade
Um pouco mais de ansiedade
E nem sequer uma flor
Numa esperança apetecida
Nasce depressa outra vida
Vida dum beijo d’amor
E quero o mal de te querer
O mal de nunca saber
Tudo o que a vida nos traz
Sombra é corpo de ninguém
Remorso que não se tem
Sombra é corpo de ninguém
Remorso que não se tem
Vida que não volta atrás
Trago o que resta de mim
Outro princípio do fim
Trago o que resta de mim
Outro princípio do fim
Tudo aquilo que não sei
Esperança dum resto de nada
Promessa de madrugada
Esperança dum resto de nada
Promessa de madrugada
Da vida que não te dei
Volta dos bairros
Letra e música de Frederico de Brito
Repertório de Raúl Pereira
Entrei na velha Alfama à hora em que o sol dorme
E o pálido luar põe corações em chama
E então, não sei porquê, tive uma pena enorme
De não ser marinheiro e não morar na Alfama
Passei pelo Castelo e vi-lhe a sombra austéra
Desci à Mouraria, o bairro sonhador
Julguei-me rufião do quadro da Severa
Tal como descreveu um genial pintor
E fui à Madragoa alegre e galhofeira
Lisboa que desperta ante do sol raiar
Pensei em agarrar nos remos da bateira
Trazer a rede ao ombro e vir p’rá beira mar
Subi ao Bairro Alto, o da Lisboa artista
Brigão e trovador, feliz e malfadado
E foi então ali que me senti fadista
E nunca mais deixei de pertencer ao fado
Repertório de Raúl Pereira
Entrei na velha Alfama à hora em que o sol dorme
E o pálido luar põe corações em chama
E então, não sei porquê, tive uma pena enorme
De não ser marinheiro e não morar na Alfama
Passei pelo Castelo e vi-lhe a sombra austéra
Desci à Mouraria, o bairro sonhador
Julguei-me rufião do quadro da Severa
Tal como descreveu um genial pintor
E fui à Madragoa alegre e galhofeira
Lisboa que desperta ante do sol raiar
Pensei em agarrar nos remos da bateira
Trazer a rede ao ombro e vir p’rá beira mar
Subi ao Bairro Alto, o da Lisboa artista
Brigão e trovador, feliz e malfadado
E foi então ali que me senti fadista
E nunca mais deixei de pertencer ao fado
Um fado que saiba a povo
João Dias / Zeferino Ferreira
Repertório de Selma Fernandes
Haja fado e quem o cante
Ao ritmo do coração
Cantar é tão importante
Como a fartura de pão
Se o fado é voz dum povo
Repertório de Selma Fernandes
Haja fado e quem o cante
Ao ritmo do coração
Cantar é tão importante
Como a fartura de pão
Se o fado é voz dum povo
Que à vida pede mais vida
Haja fado, fado novo
Haja fado, fado novo
Nesta terra renascida
E quem cantou a tristeza
E quem cantou a tristeza
Das noites amordaçadas
Seja arado da beleza
Seja arado da beleza
Destas novas madrugadas
Cantemos como crianças
Cantemos como crianças
A brincar num campo novo
Com gargalhadas de esp’rança
Com gargalhadas de esp’rança
E um fado que saiba a povo
Lembranças falam de ti
Clemente Pereira / António Chaínho *alexandrino
Repertório de Manuel de Almeida
Aquele nosso quarto onde fomos amantes
E a palavra paixão na tua boca ouvi
É hje a catedral de lembranças constantes
Em profundo silêncio, a falarem de ti
O relógio parado a marcar a marcar um desdém
Aquela hora hora exacta em que te foste embora
Duas cartas d’amor a recordar também
Que a mentita vivia à espera dessa hora
Não julgues ter perdão a tua falsidade
Porque se eu te segui na estrada que caminhas
Será p’ra te falar apenas de saudade
Quando um dia também tiveres saudades minhas
Repertório de Manuel de Almeida
Aquele nosso quarto onde fomos amantes
E a palavra paixão na tua boca ouvi
É hje a catedral de lembranças constantes
Em profundo silêncio, a falarem de ti
O relógio parado a marcar a marcar um desdém
Aquela hora hora exacta em que te foste embora
Duas cartas d’amor a recordar também
Que a mentita vivia à espera dessa hora
Não julgues ter perdão a tua falsidade
Porque se eu te segui na estrada que caminhas
Será p’ra te falar apenas de saudade
Quando um dia também tiveres saudades minhas
Inverno a chorar
Letra e música de Jorge Atayde
Repertório de Rodrigo
Vi o inverno a chegar
Senti-me só e chorei
Fiquei então a pensar
Porque caminhos andei
Percorreu meu pensamento
Repertório de Rodrigo
Vi o inverno a chegar
Senti-me só e chorei
Fiquei então a pensar
Porque caminhos andei
Percorreu meu pensamento
O tempo breve da esp'rança
Mas foi veloz como o vento
Mas foi veloz como o vento
Essa era da criança
Os sonhos que nessa idade
Os sonhos que nessa idade
Eram azuis, cor do céu
Fazem-me sentir saudade
Fazem-me sentir saudade
Dum mundo que já morreu
Quando o corpo se cansou
Quando o corpo se cansou
Fui a vida conhecendo
E o que a verdade lembrou
E o que a verdade lembrou
Foram os anos 'squecendo
Olho agora para mim
Olho agora para mim
Vejo o inverno a chorar
Quando tudo chega ao fim
Quando tudo chega ao fim
Fica a chover meu olhar
História da Lady Godiva
Joaquim Silva/ Frutuoso França *alexandrino da lady*
Repertório de Frutuoso França
Certo governador duma antiga cidade
P’ra querer impor mais brio às suas recepções
Mandou lançar ao povo, eivado de vaidade
Pesados contributos, altas contribuições
O povo não podendo com tão grande tributo
Protestava revolto, em grande agitação
Mas o garnde senhor, mantinha, resoluto
Com ironia taroz, tão cruel decisão
Então a esposa, audaz, daqu’ele governador
Dirigiu-se ao marido olhando bem seu rosto
Falou-lhe humildemente, implorando; senhor
O povo libertai, de tão pesado imposto
Então, a régia voz prometeu libertá-lo
Se a sua esposa fosse em completa nudez
Beijada pelo sol, montada num cavalo
De dia percorrer o burgo, lés a lés
E ela sem se deter, num cavalo partiu
Expondo o corpo nú, percorreu a cidade
Mas do burgo infeliz, porta alguma se abriu
Porque o povo não quis vexar tal divindade
Tão heróica mulher sofrendo intimamente
Mostarndo essa nudez, ao seu solar voltou
O esposo ao vè-la assim, beijou-a loucamente
E do cruel imposto, o povo libertou
Repertório de Frutuoso França
Certo governador duma antiga cidade
P’ra querer impor mais brio às suas recepções
Mandou lançar ao povo, eivado de vaidade
Pesados contributos, altas contribuições
O povo não podendo com tão grande tributo
Protestava revolto, em grande agitação
Mas o garnde senhor, mantinha, resoluto
Com ironia taroz, tão cruel decisão
Então a esposa, audaz, daqu’ele governador
Dirigiu-se ao marido olhando bem seu rosto
Falou-lhe humildemente, implorando; senhor
O povo libertai, de tão pesado imposto
Então, a régia voz prometeu libertá-lo
Se a sua esposa fosse em completa nudez
Beijada pelo sol, montada num cavalo
De dia percorrer o burgo, lés a lés
E ela sem se deter, num cavalo partiu
Expondo o corpo nú, percorreu a cidade
Mas do burgo infeliz, porta alguma se abriu
Porque o povo não quis vexar tal divindade
Tão heróica mulher sofrendo intimamente
Mostarndo essa nudez, ao seu solar voltou
O esposo ao vè-la assim, beijou-a loucamente
E do cruel imposto, o povo libertou
Somos para além de nós
Mário Raínho / José Manuel Castro
Repertório de José Manuel Castro
Somos para além de nós esta aventura
Este caminho errante em mar violento
Este céu, este azul, esta coragem
Este cais que nos tarda há tanto tempo
Somos para além de nós esta aventura
O sonho desenhado p’ra nós dois
Doidice que não chega a ser loucura
O tempo que há-de vir a ser depois
Somos para além de nós a teimosia
Com um grito de sol na nossa voz
O que importa, é que o amnhã seja dif’rente
Se o amor há-de ficar para além de nós
Repertório de José Manuel Castro
Somos para além de nós esta aventura
Este caminho errante em mar violento
Este céu, este azul, esta coragem
Este cais que nos tarda há tanto tempo
Somos para além de nós esta aventura
O sonho desenhado p’ra nós dois
Doidice que não chega a ser loucura
O tempo que há-de vir a ser depois
Somos para além de nós a teimosia
Com um grito de sol na nossa voz
O que importa, é que o amnhã seja dif’rente
Se o amor há-de ficar para além de nós
Nome que ninguém me chama
José Luís Gordo / Miguel Ramos
Repertório de Maria da Fé
Madrugadas, marés vazias
De bocas mudas e frias
Errantes pela cidade
Sopra o vento num açoite
Faz mais ternuras à noite
Mais amarga esta saudade
Sou nome que ninguém chama
Breve lençol duma cama
Repertório de Maria da Fé
Madrugadas, marés vazias
De bocas mudas e frias
Errantes pela cidade
Sopra o vento num açoite
Faz mais ternuras à noite
Mais amarga esta saudade
Sou nome que ninguém chama
Breve lençol duma cama
Que não conhece a paixão
Sou estrela sem ter céu
Sou aspecto que morreu
Sou estrela sem ter céu
Sou aspecto que morreu
No grito desta razão
Meu fado não tem alento
Meu fado não tem alento
Triste pedaço de vento
Que sopra de serra em serra
Sou um fado doutro fado
Sou um canto magoado
Sou um fado doutro fado
Sou um canto magoado
Sou um fruto desta terra
Pic-nic de burguesas
Cesário Verde / José Campos e Sousa
Repertório de José Campos e Sousa
Naquele pic-nic de burguesas
Houve uma coisa simplesmente bela
E que, sem ter história nem grandezas
Em todo o caso dava uma aguarela
Foi quando tu, descendo do burrico
Foste colher, sem imposturas tolas
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas
Pouco depois, em cima duns penhascos
Nós acampámos, ‘inda o Sol se via
E houve talhadas de melão, damascos
E pão-de-ló molhado em malvasia
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas
Repertório de José Campos e Sousa
Naquele pic-nic de burguesas
Houve uma coisa simplesmente bela
E que, sem ter história nem grandezas
Em todo o caso dava uma aguarela
Foi quando tu, descendo do burrico
Foste colher, sem imposturas tolas
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas
Pouco depois, em cima duns penhascos
Nós acampámos, ‘inda o Sol se via
E houve talhadas de melão, damascos
E pão-de-ló molhado em malvasia
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas
Disse-te adeus à partida
António Lobo Antunes / Alberto Correia *fado solene*
*O mar acaba ao teu lado*
Repertório de Kátia Guerreiro
Repertório de Kátia Guerreiro
Disse-te adeus à partida
Digo-te adeus à chegada
Se quero tudo na vida
Já de ti não quero nada
Disse-te adeus e depois
Digo-te adeus à chegada
Se quero tudo na vida
Já de ti não quero nada
Disse-te adeus e depois
Fiquei no mesmo lugar
O leito de nós os dois
O leito de nós os dois
Só tem raízes no mar
Dizer adeus é diferente
Dizer adeus é diferente
Quando to digo baixinho
No meio de tanta gente
No meio de tanta gente
É que me sinto sózinho
Com uma gaivota na voz
Com uma gaivota na voz
Disse-te adeus e parti
Se esta cama somos nós
Se esta cama somos nós
Não hei-de morrer sem ti
Um dia
Guilherme Pereira da Rosa / Miguel Ramos *fado margarida*
Repertório de Carlos do Carmo
Um dia cais em ti e tens saudade
Um dia cais em ti e tens saudade
Um dia olhas p'ra trás e sentes pena
É breve, muito breve, a mocidade
Tão grande santo Deus e tão pequena
Um dia morre o riso descuidado
Nenhuma chama triste vive ou arde
Chaga a condenação do nosso fado
A gente quer viver e vê que é tarde
Um dia triste há-de chegar p'ra ti
Que te dará aquilo que me déste
Eu hoje tenho aquilo que perdi
Tu vais perder aquilo que tiveste
É breve, muito breve, a mocidade
Tão grande santo Deus e tão pequena
Um dia morre o riso descuidado
Nenhuma chama triste vive ou arde
Chaga a condenação do nosso fado
A gente quer viver e vê que é tarde
Um dia triste há-de chegar p'ra ti
Que te dará aquilo que me déste
Eu hoje tenho aquilo que perdi
Tu vais perder aquilo que tiveste
Talvez por acaso
Manuela de Freitas / Carlos Manuel Proença
Repertório de Carlos do Carmo
Tu dizes que a culpa é minha
Eu acho que a culpa é tua
E vamos ficando assim
Até que um dia à tardinha
Por acaso numa rua
Tu hás-de passar por mim
Com rancor e azedume
Repertório de Carlos do Carmo
Tu dizes que a culpa é minha
Eu acho que a culpa é tua
E vamos ficando assim
Até que um dia à tardinha
Por acaso numa rua
Tu hás-de passar por mim
Com rancor e azedume
Sem razão e sem emenda
Talvez a gente se insulte
Ou então, contra o costume
Talvez a gente se insulte
Ou então, contra o costume
Talvez a gente se entenda
E o acaso resulte
Por acaso, sem querer
Quem sabe se é dessa vez
E o acaso resulte
Por acaso, sem querer
Quem sabe se é dessa vez
Que nós fazemos as pazes
Possa o acaso fazer
O que a saudade não fez
Possa o acaso fazer
O que a saudade não fez
E nós não fomos capazes
A vida dá-nos sinais
Quanto mais o tempo passa
A vida dá-nos sinais
Quanto mais o tempo passa
De que o amor tem um prazo
Por isso nunca é demais
O que quer que a gente faça
Por isso nunca é demais
O que quer que a gente faça
Para provocar o acaso
O menino que não fui
Mário Rainho / João Maria dos Anjos
Repertório de Fernando Maurício
Nasci talhado de fado
Cresci no tempo a correr
Sem direito de sonhar
Não parei no meu passado
Fui menino sem saber
E condenado a cantar
Tive a noite por guarida
Deram-me o fado, por pão
Por enxerga, a fria rua
Cresci à margem da vida
Ao lado da solidão
Coberto p'la luz da lua
Queria voltar a nascer
E sonhar um só momento
No meu mundo pequenino
Passou o tempo a correr
Não tive idade nem tempo
De brincar e ser menino
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