Artur Ribeiro / Amadeu Ramim *fado zeca*
Repertório de Fernando Maurício
Há neste meu cantar feito viela
Qualquer coisa sequer que não entendo
Que tanto podem ser saudades dela
Como queixas de mim que vou fazendo
Há neste meu cantar das madrugadas
Um anseio de ser o que não sou
Que tanto podem ser pequenos nadas
Como versos que mais ninguém cantou
Há neste meu cantar feito amargura
Coisas que nem sequer devo lembrar
E que me fazem ir p’la noite escura
À procura de quem não devo amar
Rua da saudade
Ana Sofia Paiva e Marco Oliveira / Marco Oliveira
Repertório de Marco Oliveira
Aquela rua
Repertório de Marco Oliveira
Aquela rua
Junto ao largo da infância
Onde a vida continua
A marcar uma distância
Quem nela mora
Vê o espelho doutra idade
Quando a tarde se demora
Nos olhos duma saudade
Na Rua da Saudade
Na Rua da Saudade
Não há cravos nas janelas
As portas ‘stão fechadas
Não há luz por dentro delas
Poeira do passado
Não há luz por dentro delas
Poeira do passado
Silêncio de oração
Molduras desmaiadas
Retratos de ilusão;
Na Rua da Saudade
Retratos de ilusão;
Na Rua da Saudade
Algo fica de quem parte
Um beijo, uma promessa
De amanhã reencontrar-te
Quem dera ver-te ainda
De amanhã reencontrar-te
Quem dera ver-te ainda
À espera de voltar
À Rua da Saudade
Que foi sempre o teu lugar
Naquela rua
À Rua da Saudade
Que foi sempre o teu lugar
Naquela rua
Ao largo de São Martinho
Vi brinquedos de madeira
Vi brinquedos de madeira
Um cavalo, um passarinho
Calçada escura
Calçada escura
Que Santo António abençoa
Ao relento da ternura
Ao relento da ternura
Coração de outra Lisboa
Na Rua da Saudade
Na Rua da Saudade
Ninguém passa sem chorar
O tempo de mansinho
Adormece a ver passar
Tão belas são as sombras
Adormece a ver passar
Tão belas são as sombras
Dos pátios ao luar
Saudades e encantos
De quem nos quer lembrar;
Saudades e encantos
De quem nos quer lembrar;
Algo fica de quem parte
Um beijo, uma promessa
De amanhã reencontrar-te
Quem dera ver-te ainda
De amanhã reencontrar-te
Quem dera ver-te ainda
À espera de voltar
À Rua da Saudade
Que foi sempre o teu lugar
À Rua da Saudade
Que foi sempre o teu lugar
Fado das docas
Letra e música de Célia Barroca
Repertório da autora
Corri Lisboa, becos escadinhas
Repertório da autora
Corri Lisboa, becos escadinhas
Do Bairro Alto à Madragoa
Segui-te o rastro
Neste meu passo que apresso e troco
Procurei-te o rosto
No fundo baço de mais um copo
Mas foi nas docas
Segui-te o rastro
Neste meu passo que apresso e troco
Procurei-te o rosto
No fundo baço de mais um copo
Mas foi nas docas
Mas foi nas docas
Que o teu olhar me encheu a noite
Que o teu olhar me encheu a noite
De rosas rubras
Deste-me a mão
Sorriu-me o Tejo e não vi mais nada
Pediste-me um beijo
Disse que sim dum’assentada
Cumpriu-se o amor já prometido
Num beijo aceso, num beijo aceso
Deste-me a mão
Sorriu-me o Tejo e não vi mais nada
Pediste-me um beijo
Disse que sim dum’assentada
Cumpriu-se o amor já prometido
Num beijo aceso, num beijo aceso
Num vão de escada p’la madrugada
Fado inventado
Tiago Torres da Silva / Joaquim Campos
Repertório de Célia Barroca
Inventei uma palavra
P’ra te dizer ao ouvido
De cada vez que acordava
Do teu beijo adormecido
Inventei um sentimento
Repertório de Célia Barroca
Inventei uma palavra
P’ra te dizer ao ouvido
De cada vez que acordava
Do teu beijo adormecido
Inventei um sentimento
P’ra trazer a eternidade
À doçura do momento
À doçura do momento
Em que se inventa a saudade
Inda inventei uma cor
Inda inventei uma cor
Que da chama duma vela
Fizesse abrir uma flor
Fizesse abrir uma flor
Mas não murchasse com ela
Depois, deixei-me dormir
Depois, deixei-me dormir
Ao sentir adormecer
O que não pode fugir
O que não pode fugir
De quem se inventa ao nascer
Inventei uma quimera
Inventei uma quimera
Que no escuro nos guiasse
E deixei-me estar à espera
E deixei-me estar à espera
Que o teu amor me inventasse
Eterna namorada
Ana Sofia Paiva / Miguel Ramos *fado margarida*
Repertório de Marco Oliveira
Lisboa, minha eterna namorada
Acordo quase sempre p’ra te ver
Tu és manhã tardia e sossegada
Dum tempo que eu não tenho p’ra perder
Mas quando eu dou por mim preso à janela
Poisado como as pombas e os pardais
Contemplo esta cidade em aguarela
Reparo que ela e eu somos iguais
O sono entristecido das cortinas
Ao vento côr-de-rosa, desmaiado
Estendendo a vida inteira p’las colinas
Na corda dum relógio já cansado
Ao longe, a voz antiga das canções
Magoa as margaridas dos quintais
Lisboa que envelhece os corações
No fundo eu e tu somos iguais
Repertório de Marco Oliveira
Lisboa, minha eterna namorada
Acordo quase sempre p’ra te ver
Tu és manhã tardia e sossegada
Dum tempo que eu não tenho p’ra perder
Mas quando eu dou por mim preso à janela
Poisado como as pombas e os pardais
Contemplo esta cidade em aguarela
Reparo que ela e eu somos iguais
O sono entristecido das cortinas
Ao vento côr-de-rosa, desmaiado
Estendendo a vida inteira p’las colinas
Na corda dum relógio já cansado
Ao longe, a voz antiga das canções
Magoa as margaridas dos quintais
Lisboa que envelhece os corações
No fundo eu e tu somos iguais
À hora da partida
Célia Barroca / Luís Petisca
Repertório da autora
À hora da partida, em cada voz
Um fado triste das vielas
À hora da partida
Minha alma é noite e ansiedade
No cais das descobertas, o meu navio
No meu navio flutua um sonho
Acendem-se as estrelas por meus guias
No cais das descobertas calou-se o fado
Lisboa não vive nem morre, Lisboa dorme
No coração um resto de saudade
Não cabem nesta hora despedidas
Chama por mim um mar de esquecimento
Cidade de chegadas, cidade de partidas
Não coube em ti meu sonho e meu tormento
Repertório da autora
À hora da partida, em cada voz
Um fado triste das vielas
À hora da partida
Minha alma é noite e ansiedade
No cais das descobertas, o meu navio
No meu navio flutua um sonho
Acendem-se as estrelas por meus guias
No cais das descobertas calou-se o fado
Lisboa não vive nem morre, Lisboa dorme
No coração um resto de saudade
Não cabem nesta hora despedidas
Chama por mim um mar de esquecimento
Cidade de chegadas, cidade de partidas
Não coube em ti meu sonho e meu tormento
De cada noite perdida
Marco Oliveira / João David Rosa *fado rosa*
Repertório de Marco Oliveira
Trago ruas e memórias
De cada noite perdida
São retratos das histórias
Do fado da própria vida
A vida que vai passando
Repertório de Marco Oliveira
Trago ruas e memórias
De cada noite perdida
São retratos das histórias
Do fado da própria vida
A vida que vai passando
Lembra mais um sonho ausente
As saudades vão ficando
As saudades vão ficando
No olhar de toda a gente
Quando a noite nos abraça
Quando a noite nos abraça
Nas ruas onde passamos
Há sempre alguém que lembramos
Há sempre alguém que lembramos
Num passado que não passa
A luz do céu da cidade
A luz do céu da cidade
Vem beijar a nossa calma
Como o tempo traz saudade
Como o tempo traz saudade
Às ruas da nossa da nossa alma
São retratos das histórias
São retratos das histórias
Do fado da própria vida
Trago ruas e memórias
Trago ruas e memórias
De cada noite perdida
Bebido o luar
Sophia Melo Breyner / Helena Maria Viana
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Bebido o luar e ébrios de horizontes
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar
Mas solitários somos e passamos
Não são nossos os frutos nem as flores
O céu e o mar apagam-se em exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos
Porquê jardins que nós não colheremos
Límpidos nas auroras a nascer
Porquê o céu e o mar se não seremos
Nunca, os deuses capazes de os viver
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Bebido o luar e ébrios de horizontes
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar
Mas solitários somos e passamos
Não são nossos os frutos nem as flores
O céu e o mar apagam-se em exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos
Porquê jardins que nós não colheremos
Límpidos nas auroras a nascer
Porquê o céu e o mar se não seremos
Nunca, os deuses capazes de os viver
Sombra
Hélia Correia / João Blak *fado menor do porto*
Repertório de Carlos do Carmo
No mais profundo da gente
Onde nem a vista alcança
Uma outra vida balança
Entre o passado e o presente
No mais profundo de nós
Repertório de Carlos do Carmo
No mais profundo da gente
Onde nem a vista alcança
Uma outra vida balança
Entre o passado e o presente
No mais profundo de nós
Onde ninguém se aventura
Anda a canção à procura
Anda a canção à procura
Da voz que lhe há-de dar voz
P’ra lá do muro assombrado
P’ra lá do muro assombrado
Onde nem luz se adivinha
Esvoaça aquela andorinha
Esvoaça aquela andorinha
Que vem morrer no meu fado
E dizem que a voz não vem
E dizem que a voz não vem
De particular garganta
Que não sabemos quem canta
Que não sabemos quem canta
Sempre que em nós canta alguém
Não somos mais que centelha
Não somos mais que centelha
Que a própria sombra acendeu
Mas basta um poema e o céu
Mas basta um poema e o céu
Que está tão longe e ajoelha
Conheces-me
José Fernandes Castro / José Marques *fado triplicado*
Repertório de Ana Margarida Leal
Tu sabes bem quem eu sou
Onde estou / e onde vou
De mim sabes quase tudo
Sabes até que o meu fado
Marcado / p'lo teu passado
É um grito quase mudo
Tu conheces bem a cor
De mim sabes quase tudo
Sabes até que o meu fado
Marcado / p'lo teu passado
É um grito quase mudo
Tu conheces bem a cor
E o valor / que tem a dor
Quando a despedida vem
Conheces a realidade
Conheces a realidade
Da saudade / que m'invade
Pela saudade de alguém
A saudade é mais veloz
A saudade é mais veloz
Do que a voz / sempre que nós
Sentimos a alma fria
Para matar a frieza
Sentimos a alma fria
Para matar a frieza
E a tristeza / tão acesa
Canto por ti noite e dia
Cantando estou bem melhor
Canto por ti noite e dia
Cantando estou bem melhor
Tenho o vigor / e o fulgor
Que só o fado contém
Amor que não esqueci
Que só o fado contém
Amor que não esqueci
Canto por ti / e p'ra ti
Porque me conheces bem
Porque me conheces bem
Minha alma, meu fado
José Fernandes Castro / João Blak *fado menor do porto*
Dei a alma toda ao fado
Fui fadista a vida inteira
Neste jeito dedicado
De honrar a minha Madeira
Nasci fadista por sina
Sou fadista por condão
Mulher que já foi menina
Outono que foi Verão
Ainda tenho vontade
De mostrar com grande empenho
Esta alma que mantenho
Que a alma não tem idade
Vivo feliz, na certeza
De ter dado por inteiro
Este jeito verdadeiro
De ser mulher portuguesa
Repertório de Eugénia Maria
Dei a alma toda ao fado
Fui fadista a vida inteira
Neste jeito dedicado
De honrar a minha Madeira
Nasci fadista por sina
Sou fadista por condão
Mulher que já foi menina
Outono que foi Verão
Ainda tenho vontade
De mostrar com grande empenho
Esta alma que mantenho
Que a alma não tem idade
Vivo feliz, na certeza
De ter dado por inteiro
Este jeito verdadeiro
De ser mulher portuguesa
O lençol desta paixão
Bernardo Sá Nogueira / Carlos da Maia *fado perseguição
Repertório do autor
Gosto tanto de te ouvir
De olhar tua boca a abrir
A soltares teu coração
Que qualquer dia, p’ra ver
A teus pés irei estender
O lençol desta paixão
Vou falar que a alma aqueces
Que me abrasas e entonteces
Repertório do autor
Gosto tanto de te ouvir
De olhar tua boca a abrir
A soltares teu coração
Que qualquer dia, p’ra ver
A teus pés irei estender
O lençol desta paixão
Vou falar que a alma aqueces
Que me abrasas e entonteces
Com teu canto cristalino
Que ao escutar-te, já esquecido
Me sinto às vezes perdido
Que ao escutar-te, já esquecido
Me sinto às vezes perdido
Nas malhas do meu destino
Vou gritar: quero-te agora
Que me não basta uma hora
Vou gritar: quero-te agora
Que me não basta uma hora
Nem carinhos de ternura
Saberás, assim o espero
A razão por que te quero
Saberás, assim o espero
A razão por que te quero
Sem mágoas, nem amargura
Mas se efeito não fizer
Tudo o que então te disser
Mas se efeito não fizer
Tudo o que então te disser
Por agora eu fico assim
O meu desejo é imenso
Não raciocino, não penso
O meu desejo é imenso
Não raciocino, não penso
Quando estás ao pé de mim
Amor de madressilva
Cália Barroca / Popular / Luís Petista
Repertório da autora
Eu trago o beijo das rosas
O cheiro das madressilvas
Nos meus olhos, brilhos mansos
Nos lábios, doces cantigas
Trago ribeiras que riem
Por entre as pedras doiradas
Trago campos de papoilas
Em serenas madrugadas
Vai p’rá torre São João
Repertório da autora
Eu trago o beijo das rosas
O cheiro das madressilvas
Nos meus olhos, brilhos mansos
Nos lábios, doces cantigas
Trago ribeiras que riem
Por entre as pedras doiradas
Trago campos de papoilas
Em serenas madrugadas
Vai p’rá torre São João
Vai p’rá torre
Vai p’rá torre
São João de Barra
Vai p’rá torre, vai p’rá torre
Vai p’rá torre tocar guitarra
Trago o mistério da vida
No rio do meu desejo
Trago o amor a bailar
Nos olhos com que te vejo
Vai p’rá torre, vai p’rá torre
Vai p’rá torre tocar guitarra
Trago o mistério da vida
No rio do meu desejo
Trago o amor a bailar
Nos olhos com que te vejo
Vida curta anda depressa
Bernardo Sá Nogueira / Joaquim Campos *fado puxavante*
Repertório do autor
Num instante, num segundo
Vida curta anda depressa
Toda a beleza do mundo
Coração jamais apressa
Vivemos como imortais
Repertório do autor
Num instante, num segundo
Vida curta anda depressa
Toda a beleza do mundo
Coração jamais apressa
Vivemos como imortais
Mas sabendo, lá no fundo
Que as horas passam, fatais
Que as horas passam, fatais
Num instante, num segundo
Nossa existência se faz
Nossa existência se faz
Numa flecha e atravessa
O tempo, de trás a trás
O tempo, de trás a trás
Vida curta anda depressa
Sem parar por um só dia
Sem parar por um só dia
De meu fado a terra inundo
Devorando co’ alegria
Devorando co’ alegria
Toda a beleza do mundo
Nun galope, num rompante
Nun galope, num rompante
Sem que mar ou rio o impeça
Tua estrela rutilante
Tua estrela rutilante
Coração jamais apressa
Ai o fado
Célia Barroca / Luís Petisca
Repertório da autora
Ai o fado, o que é o fado
É a lágrima teimosa
Que teima sempre e que cai
O meu fado é mais um ai
A rimar com o passado
É este cantar chorado
Como uma prece de santa
E eu sou mais uma que canta
O amor que passa ao lado
Que passa por este fado
Ai o fado, o que é o fado
É o verso e o reverso que atravesso
Nestas horas a cismar
É a saudade a bailar
É a sombra do passado
É o amor que passa ao lado
E eu sou mais uma a cantar
Repertório da autora
Ai o fado, o que é o fado
É a lágrima teimosa
Que teima sempre e que cai
O meu fado é mais um ai
A rimar com o passado
É este cantar chorado
Como uma prece de santa
E eu sou mais uma que canta
O amor que passa ao lado
Que passa por este fado
Ai o fado, o que é o fado
É o verso e o reverso que atravesso
Nestas horas a cismar
É a saudade a bailar
É a sombra do passado
É o amor que passa ao lado
E eu sou mais uma a cantar
Procurei e encontrei
José Fernandes Castro /Alfredo Marceneiro *menor-versículo*
Repertório de Carlos Coelho
Procurei-te num poema / genial
Encontrei-te felizmente / meu amor
Tinhas a força suprema / divinal
Duma rima diferente / por compor
Rimavas com madrugada / por nascer
Rimavas com tempestade / sonhadora
Tinhas na pele perfumada / p’lo prazer
A essência da verdade / encantadora
Tinhas no corpo a vontade / renovada
Dum verso feito p’lo mar / do coração
Tinhas sol de liberdade / controlada
No teu doce respirar / por sedução
Tinhas marca de futuro / desejado
No perfil da tua imagem / singular
Em ti, tudo era puro / e sem pecado
Meu amor, minha coragem / para amar
Repertório de Carlos Coelho
Procurei-te num poema / genial
Encontrei-te felizmente / meu amor
Tinhas a força suprema / divinal
Duma rima diferente / por compor
Rimavas com madrugada / por nascer
Rimavas com tempestade / sonhadora
Tinhas na pele perfumada / p’lo prazer
A essência da verdade / encantadora
Tinhas no corpo a vontade / renovada
Dum verso feito p’lo mar / do coração
Tinhas sol de liberdade / controlada
No teu doce respirar / por sedução
Tinhas marca de futuro / desejado
No perfil da tua imagem / singular
Em ti, tudo era puro / e sem pecado
Meu amor, minha coragem / para amar
Este castigo
Célia Barroca / Luís Petisca
Repertório da autora
Quantos céus
Repertório da autora
Quantos céus
Quantas noites, quantos dias
Quantos sóis me alumiaram
Em pramessas de alegrias
Quantos voos
Quantos sóis me alumiaram
Em pramessas de alegrias
Quantos voos
Em primaveras de pranto
Cresceram no meu olhar
Se afundaram no meu canto
Quantas horas
Cresceram no meu olhar
Se afundaram no meu canto
Quantas horas
Neste morrer acordada
Quanta raiva no silêncio
Da minh’alma amordaçada
Tudo morre
Quanta raiva no silêncio
Da minh’alma amordaçada
Tudo morre
Só não morre este castigo
As dores do pensamento
Que arrasto sempre comigo
As dores do pensamento
Que arrasto sempre comigo
Poemas canhotos
Herberto Hélder / António Vitorino d’Almeida
Repertório de Carlos do Carmo
Estes poemas que chegam
Repertório de Carlos do Carmo
Estes poemas que chegam
Do meio da escuridão
De que ficamos incertos
De que ficamos incertos
Se têm autor ou não
Poemas às vezes perto
Poemas às vezes perto
Da nossa própria razão
Que nos podem fazer ver
Que nos podem fazer ver
O dentro da nossa morte
As forças fora de nós
As forças fora de nós
E a matéria da voz
Fabricada no mais fundo
Fabricada no mais fundo
De outro silêncio do mundo
Que serão eles senão
Que serão eles senão
Uma imensidão de voz
Que vem da terra calada
Que vem da terra calada
Do lado da solidão
Estes poemas que avançam
Estes poemas que avançam
No meio da escuridão
Até não serem mais nada
Até não serem mais nada
Que lápis, papel e mão
E esta tremenda atenção, este nada
Uma cegueira que apago
E esta tremenda atenção, este nada
Uma cegueira que apago
A luz por trás de outra mão
Tudo o que acende e me apaga
Tudo o que acende e me apaga
Alumiação de mais nada
Que a mão parada
Alumiação então
Que a mão parada
Alumiação então
De que esta mão me conduz
Por descaminhos de luz
Por descaminhos de luz
Ao centro da escuridão
Que é fácil a rima em Ão
Que é fácil a rima em Ão
Difícil é ver-se a luz
Rima ou não rima co’a mão
Rima ou não rima co’a mão
Saudade cantadeira
José Fernandes Castro / Georgino de Sousa *fado georgino*
Repertório de Angela Pimenta
A saudade foi ao fado
Mais uma vez com vontade
De pôr a alma à janela
Por lá ficou, lado a lado
Com a dona felicidade
Que também lá foi com ela
Ficaram juntas ao canto
Da sala, aonde os cantores
Repertório de Angela Pimenta
A saudade foi ao fado
Mais uma vez com vontade
De pôr a alma à janela
Por lá ficou, lado a lado
Com a dona felicidade
Que também lá foi com ela
Ficaram juntas ao canto
Da sala, aonde os cantores
Punham nostalgia em nós
E foi com algum espanto
Que ao ouvir falar d'amores
E foi com algum espanto
Que ao ouvir falar d'amores
A saudade ganhou voz
Cheia de brio e de garra
Movida p'la poesia
Cheia de brio e de garra
Movida p'la poesia
A saudade motivou-se
Depois, ao som da guitarra
Cantou com rara mestria
Depois, ao som da guitarra
Cantou com rara mestria
E o fado emocionou-se
Com o olhar marejado
Com a alma bem acesa
Com o olhar marejado
Com a alma bem acesa
E de peito a bater forte
A saudade e o senhor fado
Deram alma portuguesa
Deram alma portuguesa
Ao fado da nossa sorte
Bem-disposto então vá
Júlio Pomar / Paulo de Carvalho
Repertório de Carlos do Carmo
Bem-disposto então vá
Repertório de Carlos do Carmo
Bem-disposto então vá
Pão e vinho sobre a mesa
E cozido à portuguesa?
E cozido à portuguesa?
É sexta-feira, não há
Bem-disposto então vá
Bem-disposto então vá
No cavalo do poder
De burro, não chega lá
De burro, não chega lá
De mula, iremos ver
Bem-disposto então ó meu
Bem-disposto então ó meu
Quem é t’acaba o resto
Das cantigas de protesto?
Das cantigas de protesto?
Inda me passas a réu
Bem-disposto então vá
Bem-disposto então vá
Alevantado do chão
E o bem é da nação
E o bem é da nação
Acabou-se a festa, pá
Bem-disposto então vá
Bem-disposto então vá
Lá fora ver a mudança
Viver sempre também cansa
Viver sempre também cansa
Descanso é que não há
Bem-disposto então vá
Bem-disposto então vá
Que a fome não enganas
Saiam finos e bifanas
Saiam finos e bifanas
Para mais é que não há
Bem-disposto então vá
Bem-disposto então vá
E depois para limpar
Dava jeito um Salazar
Dava jeito um Salazar
Nem por brincadeira, pá
Pois zero de mão beijada
Pois zero de mão beijada
Te será dado de graça
No país que vai à praça
No país que vai à praça
Por pó, terra, cinza e nada
Sopro madeirense
José Fernandes Castro / Júlio Proença *fado esmeraldinha*
Repertório de Maria José Figueira
O sopro do meu fado é um poema
Que canto à minha Ilha da Madeira
Poema que só tem força suprema
Por ser cantado assim desta maneira
Cantando com prazer e com rigor
Sentida pela alma que hoje sou
A força deste fado tem a cor
Da fé que o céu da ilha me ensinou
A minha condição de ser fadista
É culpa desta raça portuguesa
Que não se compra, apenas se conquista
Com brio e com muito mais nobreza
O sopro do meu canto é este amor
Que faz de mim um ser abençado
Bendito este jardim encantador
Bendita esta Madeira do meu fado
Repertório de Maria José Figueira
O sopro do meu fado é um poema
Que canto à minha Ilha da Madeira
Poema que só tem força suprema
Por ser cantado assim desta maneira
Cantando com prazer e com rigor
Sentida pela alma que hoje sou
A força deste fado tem a cor
Da fé que o céu da ilha me ensinou
A minha condição de ser fadista
É culpa desta raça portuguesa
Que não se compra, apenas se conquista
Com brio e com muito mais nobreza
O sopro do meu canto é este amor
Que faz de mim um ser abençado
Bendito este jardim encantador
Bendita esta Madeira do meu fado
Vai devagar coração
António Rocha / Raúl Pinto *fado raul pinto*
Repertório de António Rocha
Silêncio em horas perdidas
São meus tristes pensamentos
Vai devagar coração
P’ra não viveres duas vidas
Nestes escassos momentos
De doce recordação
Coração, não me condenes
Porque te faço sentir
Que segues caminho errado
Mas eeu não quero que penes
Nem te deixes iludir
Na mentira do meu fado
Fado que não te convém
Porque não tem pró guiar
O calor daquela mão
Que há muito espero e não vem
Não te deixes arrastar
Vai devagar coração
Repertório de António Rocha
Silêncio em horas perdidas
São meus tristes pensamentos
Vai devagar coração
P’ra não viveres duas vidas
Nestes escassos momentos
De doce recordação
Coração, não me condenes
Porque te faço sentir
Que segues caminho errado
Mas eeu não quero que penes
Nem te deixes iludir
Na mentira do meu fado
Fado que não te convém
Porque não tem pró guiar
O calor daquela mão
Que há muito espero e não vem
Não te deixes arrastar
Vai devagar coração
Não voltes
Moita Girão / Pedro Rodrigues
Repertório de Fernando Maurício
Porque teimas em seguir
Cegamente a caminhar
Na poeira dos meus passos
Não vês que eu ando a fugir
A fugir de te apertar
Novamente nos meus braços
Desde o dia em que abalaste
Do jardim do nosso amor
Repertório de Fernando Maurício
Porque teimas em seguir
Cegamente a caminhar
Na poeira dos meus passos
Não vês que eu ando a fugir
A fugir de te apertar
Novamente nos meus braços
Desde o dia em que abalaste
Do jardim do nosso amor
A saudade não se mede
As rosas murcham na haste
Os cravos perdem a cor
As rosas murcham na haste
Os cravos perdem a cor
E os lírios morrem à sede
Se o inverno se avizinha
Se o inverno se avizinha
Eu já sou não como era
Cai tanta neve em meu peito
Não podes ser andorinha
Que volta na primavera
Não podes ser andorinha
Que volta na primavera
Ao ninho que deixou feito
Sabes que não sei mentir
Se hoje só te posso dar
Sabes que não sei mentir
Se hoje só te posso dar
Um coração em pedaços
Deixa-me andar a fugir
A fugir de te apertar
Deixa-me andar a fugir
A fugir de te apertar
Novamente nos meus braços
Mariquinhas.com
Vasco Graça Moura / Paulo de Carvalho
Repertório de Carlos do Carmo
A quem quer pintar o sete
À moda dos alfacinhas
Dá bem mais do que promete
A formosa Mariquinhas
Consta que já reabriu
Repertório de Carlos do Carmo
A quem quer pintar o sete
À moda dos alfacinhas
Dá bem mais do que promete
A formosa Mariquinhas
Consta que já reabriu
A Casa da Mariquinhas
E que tem as amiguinhas
E que tem as amiguinhas
Mais lindas que já se viu
Quem o disse, sugeriu
Quem o disse, sugeriu
Que se vá ver na internet
O site dela promete
O site dela promete
Só meiguices e fosquinhas
E diz mais nas entrelinhas
E diz mais nas entrelinhas
A quem quer pintar o sete
Será caro mas é bom
Será caro mas é bom
Não vos sei dizer o preço
É este o seu endereço
É este o seu endereço
Mariquinhas ponto com
Tem mobílias de bom tom
Tem mobílias de bom tom
E discretas tabuínhas
E até vende camisinhas
E até vende camisinhas
Para os encontros brejeiros
Vão lá muitos estrangeiros
Vão lá muitos estrangeiros
À moda dos alfacinhas
Faz-se em duas ou três linhas
Faz-se em duas ou três linhas
Uma marcação de amor
E se está muito calor
E se está muito calor
Há no tecto as ventoinhas
Quando chega a Mariquinhas
Quando chega a Mariquinhas
Com escassa toilette
Logo os corações derrete
Logo os corações derrete
Por ser boa rapariga
Não faltando até quem diga
Não faltando até quem diga
Dá bem mais do que promete
O progresso é mesmo assim
O progresso é mesmo assim
Hoje não há nada inédito
Usa-se o cartão de crédito
Usa-se o cartão de crédito
Paga-se antes e no fim
O sabão cheira a jasmim
O sabão cheira a jasmim
E as bebidas são fresquinhas
Se é altiva entre as vizinhas
Se é altiva entre as vizinhas
Virtuosa não será
Mas virtual se fez já
Mas virtual se fez já
A formosa Mariquinhas
Canção
Sophia de Mello Breyner / Mário Pacheco
Repertório de Carlos do Carmo
Clara uma canção
Rente à noite calada
Cismo sem atenção
Com a alma velada
A vida encontrei-a
Repertório de Carlos do Carmo
Clara uma canção
Rente à noite calada
Cismo sem atenção
Com a alma velada
A vida encontrei-a
Tão desencontrada
Embora a lua cheia
E a noite extasiada
A vida mostrou-se
A vida mostrou-se
Caminho de nada
Embora brilhasse
Embora brilhasse
Lua sobre a estrada
Como se a beleza
Como se a beleza
Da lua ou do mar
Nada mais dissesse
Nada mais dissesse
Que o próprio brilhar
Por esta razão
Por esta razão
Sem riso nem pranto
Neste sem sentido
Neste sem sentido
Se rompe o encanto
Estou bem
Capicua / Ricardo Cruz
Repertório de Inês de Vasconcellos
Fiz a cama de lavado
E com papel perfumado
Repertório de Inês de Vasconcellos
Fiz a cama de lavado
E com papel perfumado
Forrei a minha gaveta
Duas gotas de lavanda
E sentei-me na varanda
Duas gotas de lavanda
E sentei-me na varanda
A beber um chá de menta
O gato deitado no colo
Ouço Coltrane num solo
O gato deitado no colo
Ouço Coltrane num solo
A tocar no gira-discos
Olho a cidade serena
Que até parece pequena
Olho a cidade serena
Que até parece pequena
No sossego dos chuviscos
Estou bem
Assim sem ninguém
Estou bem
Assim sem ninguém
Tão bem
Sabe tão bem saber
Sabe tão bem saber
Estar em solidão
Como também
Quando a companhia vem
Estou bem
Como também
Quando a companhia vem
Estou bem
Sabendo bem
Saborear a confusão
A sala silenciosa
Parece estar ansiosa
A sala silenciosa
Parece estar ansiosa
Que retorne o frenesim
Mas eu aproveito o tempo
Faço render o momento
Mas eu aproveito o tempo
Faço render o momento
De ter espaço só pra mim
Aconchego-me na manta
Abro um livro, mas às tantas
Aconchego-me na manta
Abro um livro, mas às tantas
Vou deixando o sono ler
Quando uma mão pequenina
Me acorda com uma festinha
Me acorda com uma festinha
E a casa volta a encher
Jogo do lenço
José Saramago / Joaquim Campos *fado puxavante estilado*
Repertório de Carlos do Carmo
Trago no bolso do peito
Um lenço de seda fina
Dobrado de certo jeito
Não sei quem tanto lhe ensina
Que quanto faz, é bem feito
Acena nas despedidas
Quando a voz já lá não chega
Por distâncias desmedidas
Depois no bolso aconchega
As saudades permitidas
Nunca mais chegava ao fim
Se as graças todas dissesse
Deste meu lenço e de mim
Mas uma coisa acontece
De que não sei porque sim
Quando os meus olhos molhados
Pedem auxílio do lenço
São pedidos escusados
E é bem por isso que penso
Que os meus olhos, se molhados
Só se enxugam no teu lenço
Repertório de Carlos do Carmo
Trago no bolso do peito
Um lenço de seda fina
Dobrado de certo jeito
Não sei quem tanto lhe ensina
Que quanto faz, é bem feito
Acena nas despedidas
Quando a voz já lá não chega
Por distâncias desmedidas
Depois no bolso aconchega
As saudades permitidas
Nunca mais chegava ao fim
Se as graças todas dissesse
Deste meu lenço e de mim
Mas uma coisa acontece
De que não sei porque sim
Quando os meus olhos molhados
Pedem auxílio do lenço
São pedidos escusados
E é bem por isso que penso
Que os meus olhos, se molhados
Só se enxugam no teu lenço
Fado das amarguras
Vasco Graça Moura / Rogério Charraz
Repertório de Inês de Vasconcellos
Meu amor, se me és o mundo
Nestas minhas desventuras
Podes ver quanto me afundo
No lodo das amarguras
No lodo das amarguras
Não posso viver contente
De meu próprio natural
O meu bem corre-me mal
E o meu mal é recorrente;
Mas a mim infelizmente
Parece que mais abundo
Em tristezas num segundo
Do que os mais em toda a vida;
És a história repetida
Meu amor, se me és o mundo
Eu dei, tu deste, nós demos
Um ao outro a vida acesa
Tinha a força da represa
Darmos tudo o que pudemos;
E as palavras que dissemos
De paixão e ardente juras
Os afagos, as ternuras
Tudo isso agora parece;
Que não trava o que acontece
Nestas minhas desventuras
Repertório de Inês de Vasconcellos
Meu amor, se me és o mundo
Nestas minhas desventuras
Podes ver quanto me afundo
No lodo das amarguras
No lodo das amarguras
Não posso viver contente
De meu próprio natural
O meu bem corre-me mal
E o meu mal é recorrente;
Mas a mim infelizmente
Parece que mais abundo
Em tristezas num segundo
Do que os mais em toda a vida;
És a história repetida
Meu amor, se me és o mundo
Eu dei, tu deste, nós demos
Um ao outro a vida acesa
Tinha a força da represa
Darmos tudo o que pudemos;
E as palavras que dissemos
De paixão e ardente juras
Os afagos, as ternuras
Tudo isso agora parece;
Que não trava o que acontece
Nestas minhas desventuras
Canção de vida
Letra e música de Jorge Palma
Repertório de Carlos do Carmo
Nascemos tão furiosamente sábios
Dispensamos a razão
Corremos com sorrisos nos lábios
De encontro ao mundo em contramão
Crescemos descortinando o nosso fado
Desvendando a nossa voz
Mantemos bem-acondicionado
O fugitivo que há em nós
E tu, tu que nem sempre me entendes
Mas que tão bem sabes aconchegar
Aquele que eu sou
Talvez num breve instante, ao olhares-me
Consigas simplesmente, sem pudor
Rever-te em mim
Às vezes nada nos pode causar medo
Tudo corre de feição
Revezes também constam no enredo
Pois não há bela sem senão
Mais tarde valorizamos a inocência
E o que dela resta em nós
Mais tarde temos plena consciência
De que o final é sempre a sós
Repertório de Carlos do Carmo
Nascemos tão furiosamente sábios
Dispensamos a razão
Corremos com sorrisos nos lábios
De encontro ao mundo em contramão
Crescemos descortinando o nosso fado
Desvendando a nossa voz
Mantemos bem-acondicionado
O fugitivo que há em nós
E tu, tu que nem sempre me entendes
Mas que tão bem sabes aconchegar
Aquele que eu sou
Talvez num breve instante, ao olhares-me
Consigas simplesmente, sem pudor
Rever-te em mim
Às vezes nada nos pode causar medo
Tudo corre de feição
Revezes também constam no enredo
Pois não há bela sem senão
Mais tarde valorizamos a inocência
E o que dela resta em nós
Mais tarde temos plena consciência
De que o final é sempre a sós
Ao correr da pele
Letra e música de Amélia Muge
Repertório de Nathalie Pires
O meu amor tem a pele tão macia
A sede nele não tem valia
O meu amor é um cravo de rosa ao peito
Aroma escravo com que me enfeito
Só mais uma coisa vos digo
Já muito em segredo
Ao brincar comigo
Pega num pião
Feito do meu coração
E gira com ele sem medo
O meu amor se está brando é uma lentura
Nada falando pela ternura
O meu amor parece de veludo
Eu faço dele o meu sobretudo
O meu amor tem a pele tão macia
O meu amor é um cravo de rosa ao peito
O meu amor se está brando é uma lentura
Parece de veludo
Eu faço dele o meu sobretudo
Repertório de Nathalie Pires
O meu amor tem a pele tão macia
A sede nele não tem valia
O meu amor é um cravo de rosa ao peito
Aroma escravo com que me enfeito
Só mais uma coisa vos digo
Já muito em segredo
Ao brincar comigo
Pega num pião
Feito do meu coração
E gira com ele sem medo
O meu amor se está brando é uma lentura
Nada falando pela ternura
O meu amor parece de veludo
Eu faço dele o meu sobretudo
O meu amor tem a pele tão macia
O meu amor é um cravo de rosa ao peito
O meu amor se está brando é uma lentura
Parece de veludo
Eu faço dele o meu sobretudo
O olhar e a morte
António Calém / Miguel Ramos *fado alberto*
Repertório de João Braga
Há olhares que matam sem viver
Eu vi um dia alguém à luz da lua
E nesse alguém eu senti-me anoitecer
E nessa voz ainda ouvi: sou tua
Depois, veio outra noite e outra vida
Unidos num só corpo e tão distantes
Que mais parecia a sombra dolorida
Da luz do sol que então éramos dantes
Mas hoje nada resta do que fomos
Morreu a esperança vã de te sonhar
Em mim ficaram apenas os meus sonhos
E o nada que ficou em teu lugar
Repertório de João Braga
Há olhares que matam sem viver
Eu vi um dia alguém à luz da lua
E nesse alguém eu senti-me anoitecer
E nessa voz ainda ouvi: sou tua
Depois, veio outra noite e outra vida
Unidos num só corpo e tão distantes
Que mais parecia a sombra dolorida
Da luz do sol que então éramos dantes
Mas hoje nada resta do que fomos
Morreu a esperança vã de te sonhar
Em mim ficaram apenas os meus sonhos
E o nada que ficou em teu lugar
Fado em amor perfeito
João Barge / Pedro Moreira
Repertório de Nathalie Pires
Meu amor, amor em chamas
Feito de noite e de lume
Coração onde derramas
Toda a cor do teu perfume
Meu amor, amor amante
Repertório de Nathalie Pires
Meu amor, amor em chamas
Feito de noite e de lume
Coração onde derramas
Toda a cor do teu perfume
Meu amor, amor amante
Amor de perdas e danos
Eterno como o instante
Eterno como o instante
De nós termos vinte anos
Meu amor, amor liberto
Meu amor, amor liberto
Feito de sal e luar
Mora tão longe ou tão perto
Mora tão longe ou tão perto
Do que tens para me dar
Meu amor, amor perfeito
Meu amor, amor perfeito
Preso na cor das cerejas
Não cabe dentro do peito
Não cabe dentro do peito
Por saber que me desejas
Meu amor, amor inteiro
Meu amor, amor inteiro
Cheio de luz e de sombra
Vai num olhar derradeiro
Vai num olhar derradeiro
Vem nos olhos de uma pomba
Cântico negro
José Régio
“Vem por aqui”
Dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços
“Vem por aqui”
Dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços
E seguros de que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos
Há, nos olhos meus, ironias e cansaços
E cruzo os braços, e nunca vou por ali
A minha glória é esta: criar desumanidade
Não acompanhar ninguém
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde me levam meus próprios passos
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos
Redemoinhar aos ventos como farrapos
Arrastar os pés sangrentos, a ir por aí...
Se vim ao mundo
Eu olho-os com olhos lassos
Há, nos olhos meus, ironias e cansaços
E cruzo os braços, e nunca vou por ali
A minha glória é esta: criar desumanidade
Não acompanhar ninguém
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde me levam meus próprios passos
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos
Redemoinhar aos ventos como farrapos
Arrastar os pés sangrentos, a ir por aí...
Se vim ao mundo
Foi só para desflorar florestas virgens
E desenhar meus próprios pés
E desenhar meus próprios pés
Na areia inexplorada
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos
Ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?
Corre, nas vossas veias
Ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?
Corre, nas vossas veias
Sangue velho dos avós
E vós amais o que é fácil
Eu amo o longe e a miragem
E vós amais o que é fácil
Eu amo o longe e a miragem
Amo os abismos
As torrentes, os desertos
Ide!... Tendes estradas, tendes jardins
As torrentes, os desertos
Ide!... Tendes estradas, tendes jardins
Tendes canteiros, tendes pátria
Tendes tetos, e tendes regras
Tendes tetos, e tendes regras
E tratados, e filósofos, e sábios
Eu tenho a minha loucura
Levanto-a, como um facho
Eu tenho a minha loucura
Levanto-a, como um facho
A arder na noite escura
E sinto espuma, e sangue
E sinto espuma, e sangue
E cânticos nos lábios
Deus e o Diabo é que guiam
Deus e o Diabo é que guiam
Mais ninguém
Todos tiveram pai
Todos tiveram pai
Todos tiveram mãe
Mas eu, que nunca principio nem acabo
Nasci do amor que há
Mas eu, que nunca principio nem acabo
Nasci do amor que há
Entre Deus e o Diabo
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções
Ninguém me peça definições
Ninguém me diga: "vem por aqui"
A minha vida é um vendaval que se soltou
É uma onda que se alevantou
É um átomo a mais que se animou
Não sei por onde vou, não sei para onde vou
Sei que não vou por aí
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções
Ninguém me peça definições
Ninguém me diga: "vem por aqui"
A minha vida é um vendaval que se soltou
É uma onda que se alevantou
É um átomo a mais que se animou
Não sei por onde vou, não sei para onde vou
Sei que não vou por aí
Amor incurável
Telmo Pires / Armando Machado *fado súplica*
Repertório de Nathalie Pires
Voltaste e eu caí na tentação
De sentir dos teus braços, o calor
Voltei a enganar meu coração
Sabendo-te incapaz de dar amor
Essa força que me atrai e me fascina
Impossível resistir ao teu olhar
É loucura esta paixão que me domina
Sentimentos que não posso controlar
E depois de fazer-nos tanto mal
Ferir-nos, uma outra e outra vez
Parece ser mas não, não é normal
Perdemos toda a nossa lucidez
Este amor é um mal que não tem cura
É doença que aumenta sem parar
Dois loucos que perdidos na loucura
Encontram mil razões para sonhar
Repertório de Nathalie Pires
Voltaste e eu caí na tentação
De sentir dos teus braços, o calor
Voltei a enganar meu coração
Sabendo-te incapaz de dar amor
Essa força que me atrai e me fascina
Impossível resistir ao teu olhar
É loucura esta paixão que me domina
Sentimentos que não posso controlar
E depois de fazer-nos tanto mal
Ferir-nos, uma outra e outra vez
Parece ser mas não, não é normal
Perdemos toda a nossa lucidez
Este amor é um mal que não tem cura
É doença que aumenta sem parar
Dois loucos que perdidos na loucura
Encontram mil razões para sonhar
Eu tenho tanta pena… pai
Letra e música de José Gonçalez
Repertório de José Gonçalez
Eu tenho tanta pena
Que não possas ‘star comigo
Agora que o presente se desenha
Sobre o meu passado antigo
Eu tenho tanta pena
Dessas coisas do destino
Quando a história é a resenha
Dum homem que foi menino
Mas eu tenho é a vontade
Repertório de José Gonçalez
Eu tenho tanta pena
Que não possas ‘star comigo
Agora que o presente se desenha
Sobre o meu passado antigo
Eu tenho tanta pena
Dessas coisas do destino
Quando a história é a resenha
Dum homem que foi menino
Mas eu tenho é a vontade
De te poder dar a mão
Dar um murro na saudade
Dar um murro na saudade
Que me prende à solidão;
Quero abrir uma janela
Quero abrir uma janela
E deixar o sol entrar
E pintar uma aguarela
E pintar uma aguarela
Onde tu possas morar;
E depois dou-te umas asas
P’ra que tu possas voar
Eu tenho tanta pena
De não ‘stares aqui agora
Quando a vida me acena
Com os meus sonhos de outrora
Eu tenho tanta pena
De tudo o que já lá vai
Da tua voz amena
De poder chamar-te pai
E depois dou-te umas asas
P’ra que tu possas voar
Eu tenho tanta pena
De não ‘stares aqui agora
Quando a vida me acena
Com os meus sonhos de outrora
Eu tenho tanta pena
De tudo o que já lá vai
Da tua voz amena
De poder chamar-te pai
Soledad
Cecília Meireles / Alain Oulman
Repertório de Amália
Soledad… antes que o sol se vá
Como um pássaro perdido
Também te direi adeus
Soledad, soledad
Também te direi adeus
Terra… terra morrendo de fome
Pedras secas, folhas bravas
Ai quem te pôs esse nome
Soledad, soledad
Sabia o que são palavras
Antes que o sol se vá
Como um sonho de agonia
Cairás dos olhos meus, Soledad
Indiazinha… indiazinha tão sentada
Na cinza do chão deserta
Que pensas, não pensas nada
Soledad, soledad
Que a vida é toda secreta
Como estrela…
Repertório de Amália
Soledad… antes que o sol se vá
Como um pássaro perdido
Também te direi adeus
Soledad, soledad
Também te direi adeus
Terra… terra morrendo de fome
Pedras secas, folhas bravas
Ai quem te pôs esse nome
Soledad, soledad
Sabia o que são palavras
Antes que o sol se vá
Como um sonho de agonia
Cairás dos olhos meus, Soledad
Indiazinha… indiazinha tão sentada
Na cinza do chão deserta
Que pensas, não pensas nada
Soledad, soledad
Que a vida é toda secreta
Como estrela…
Como estrela nestas cinzas
Antes que o sol se vá
Nem depois não virá Deus
Soledad, soledad
Nem depois não virá Deus
Pois só ele explicaria
A quem teu destino serve
Sem mágoa nem alegria
Um coração tão breve
Também te direi adeus, Soledad
Antes que o sol se vá
Nem depois não virá Deus
Soledad, soledad
Nem depois não virá Deus
Pois só ele explicaria
A quem teu destino serve
Sem mágoa nem alegria
Um coração tão breve
Também te direi adeus, Soledad
Lisboa
Letra e música de João Paulo Esteves da Silva
Repertório de Nathalie Pires
Desespero de acabar
Já não se fala de amor
A neblina da saudade vai mudar de cor
Ficas tão perto do mar
Que o sol já perde o sabor
Cai a noite, não faz mal
Repertório de Nathalie Pires
Desespero de acabar
Já não se fala de amor
A neblina da saudade vai mudar de cor
Ficas tão perto do mar
Que o sol já perde o sabor
Cai a noite, não faz mal
Se ficar ou se me for
Vem, anda correr a cidade
Vem, anda correr a cidade
Não há pressa de partir
A estátua da liberdade deixa lá fugir
Não sinto grande vontade de dançar
Vais-te embora tu também
Não há tempo de acabar
A estátua da liberdade deixa lá fugir
Não sinto grande vontade de dançar
Vais-te embora tu também
Não há tempo de acabar
O que acaba no amor
E dói muito esta verdade
Talvez até mais que o fim da dor
Ficas tão perto do mar
Que o sol já perde o sabor
Cai a chuva nos meus ombros
É talvez melhor
Anda correr a cidade,
E dói muito esta verdade
Talvez até mais que o fim da dor
Ficas tão perto do mar
Que o sol já perde o sabor
Cai a chuva nos meus ombros
É talvez melhor
Anda correr a cidade,
Não há pressa de partir
A estátua da liberdade deixa lá fugir
Não sinto grande vontade
A estátua da liberdade deixa lá fugir
Não sinto grande vontade
De dançar, estar a sorrir
Vais-te embora, vou também
Não há tempo de acabar
Vais-te embora, vou também
Não há tempo de acabar
O que acaba no amor
E dói muito esta verdade
Talvez até mais que o fim da dor
E dói muito esta verdade
Talvez até mais que o fim da dor
A lenda do fado
António Mendes / Franklim Godinho
Repertório de Ana Maurício
Dizem que o fado nasceu
Numa noite triste e fria
Na mais humilde viela
Quando uma estrela do céu
Foi cair na Mouraria
Nos degraus da porta dela
Cota a lenda dessa era
Que esse menino sagrado
Repertório de Ana Maurício
Dizem que o fado nasceu
Numa noite triste e fria
Na mais humilde viela
Quando uma estrela do céu
Foi cair na Mouraria
Nos degraus da porta dela
Cota a lenda dessa era
Que esse menino sagrado
Que veio à terra por bem
Entrou dentro da Severa
Porque ela chamou-lhe fado
Entrou dentro da Severa
Porque ela chamou-lhe fado
E o fado chamou-lhe mãe
Há quem se atreva a contar
Quando a Severa morreu
Há quem se atreva a contar
Quando a Severa morreu
E o deixou na orfandade
O fado pôs-se a chorar
A boa mãe que perdeu
O fado pôs-se a chorar
A boa mãe que perdeu
E assim nasceu a saudade
Por isso é que o fado é triste
Porque chora muitas vezes
Por isso é que o fado é triste
Porque chora muitas vezes
E também nos faz chorar
É porque a tristeza existe
Na alma dos portugueses
É porque a tristeza existe
Na alma dos portugueses
Quando ouve o fado cantar
Gare do Oriente
Amélia Muge / Ricardo Dias
Repertório de Nathalie Pires
Num rendilhar de velas postas
Chamam por mim por todo o mundo
Têm um espelho de água ao fundo
São uma asa aberta ao voo
Do que é partir e regressar
No meio há um mercado
Onde se vendem coisas soltas
Há quem lá passe apreçando a cor
Brilhando na pedrinha
Do cheiro que tem nome de flor
Ao canto há um café aonde tu paraste
E diz o teu olhar a hora de embarcar
Mas não diz quando chegaste
Já bailam as escadas
Sobem os elevadores
Correm sombras e há um vai e vem
São pernas apressando amores
Que foi, o que aconteceu
Alguém procura o que perdeu
E há uma luz que se reflete e bate em cheio
Nesse olhar que é tão passageiro
P’ra lá daquele vidro, do chão assim traçado
Há um atraso, um horário atrasado
O calor diz que fique
Eu sei, chove em Munique
E aqui estou nesta Gare
Que se chama de Oriente
E nela vejo o teu olhar que diz
Que é daqui, dali, ele é qualquer lugar
Repertório de Nathalie Pires
Num rendilhar de velas postas
Chamam por mim por todo o mundo
Têm um espelho de água ao fundo
São uma asa aberta ao voo
Do que é partir e regressar
No meio há um mercado
Onde se vendem coisas soltas
Há quem lá passe apreçando a cor
Brilhando na pedrinha
Do cheiro que tem nome de flor
Ao canto há um café aonde tu paraste
E diz o teu olhar a hora de embarcar
Mas não diz quando chegaste
Já bailam as escadas
Sobem os elevadores
Correm sombras e há um vai e vem
São pernas apressando amores
Que foi, o que aconteceu
Alguém procura o que perdeu
E há uma luz que se reflete e bate em cheio
Nesse olhar que é tão passageiro
P’ra lá daquele vidro, do chão assim traçado
Há um atraso, um horário atrasado
O calor diz que fique
Eu sei, chove em Munique
E aqui estou nesta Gare
Que se chama de Oriente
E nela vejo o teu olhar que diz
Que é daqui, dali, ele é qualquer lugar
A lenda do velho Porto
Carlos Bessa / Pedro Rodrigues
Repertório de José Barbosa
Cai um forte nevoeiro
Sobre esta linda cidade
Que deu nome a Portugal
Parece que o céu inteiro
Quer esconder a verdade
Da história medieval
Diz a lenda, que um dia
El-rei D, Pedro, à toa
Repertório de José Barbosa
Cai um forte nevoeiro
Sobre esta linda cidade
Que deu nome a Portugal
Parece que o céu inteiro
Quer esconder a verdade
Da história medieval
Diz a lenda, que um dia
El-rei D, Pedro, à toa
Anunciou o noivado
Sem saber o que dizia
Quis que o Porto e Lisboa
Sem saber o que dizia
Quis que o Porto e Lisboa
Casassem no seu reinado
Grande cortejo imponente
O Rio Douro subiu
Grande cortejo imponente
O Rio Douro subiu
Barcos do país inteiro
É então que de repente
As portas do céu se abriu
É então que de repente
As portas do céu se abriu
Caiu forte nevoeiro
O Porto desapareceu
E El-rei viu-se obrigado
O Porto desapareceu
E El-rei viu-se obrigado
A anular o casamento
Lisboa se entristeceu
Por romperem seu noivado
Lisboa se entristeceu
Por romperem seu noivado
Deu entrada num convento
O Porto ficou solteiro
Amante da liberdade
O Porto ficou solteiro
Amante da liberdade
Deixá-lo ser, não faz mal
Deus lhe deu o nevoeiro
A essa linda cidade
Deus lhe deu o nevoeiro
A essa linda cidade
Que deu nome a Portugal
Diário
Mário Claudio / Ricardo Dias
Repertório de Nathalie Pires
Quer fosse noite, quer dia
Era uma ãnsia, uma espera
E em cada hora batia
Um coração de pantera
O desfraldado desejo
A sede da maresia
Passavam de beijo a beijo
A chama que nos unia
Morria num sobressalto
As terras da promissão
E as águias pairavam alto
Além dos dedos da mão
Fique de nós o abraço
Ao que perdemos de vista
Não há tempo nem espaço
Não há raiz que persista
Repertório de Nathalie Pires
Quer fosse noite, quer dia
Era uma ãnsia, uma espera
E em cada hora batia
Um coração de pantera
O desfraldado desejo
A sede da maresia
Passavam de beijo a beijo
A chama que nos unia
Morria num sobressalto
As terras da promissão
E as águias pairavam alto
Além dos dedos da mão
Fique de nós o abraço
Ao que perdemos de vista
Não há tempo nem espaço
Não há raiz que persista
Que estranha vida
Vitor de Deus / Arménio de Melo
Repertório de Luís Caeiro
Que estranha forma tenho de viver
Sem nada à minha volta, em solidão
Um misto de te querer e te perder
Ciúmes a jorrar do coração;
Sem nada à minha volta, em solidão
Que estranha forma tenho de viver
Que estranha noite longa, em tempestade
Amor, desejos loucos, alimento
E quando caio em mim sem liberdade
Ao teu corpo e em teus braços me acorrento;
Amor, desejos loucos, alimento
Que estranha noite longa, em tempestade
Vem possuír-me, amor, em cada instante
Afaga meus cabelos, dá-me carinhos
Vem ser minha mulher e minha amante
Se o vento soprar contra, revoltado;
Conduz a minha vida p’los caminhos
Até que o meu amor fique calado
Repertório de Luís Caeiro
Que estranha forma tenho de viver
Sem nada à minha volta, em solidão
Um misto de te querer e te perder
Ciúmes a jorrar do coração;
Sem nada à minha volta, em solidão
Que estranha forma tenho de viver
Que estranha noite longa, em tempestade
Amor, desejos loucos, alimento
E quando caio em mim sem liberdade
Ao teu corpo e em teus braços me acorrento;
Amor, desejos loucos, alimento
Que estranha noite longa, em tempestade
Vem possuír-me, amor, em cada instante
Afaga meus cabelos, dá-me carinhos
Vem ser minha mulher e minha amante
Se o vento soprar contra, revoltado;
Conduz a minha vida p’los caminhos
Até que o meu amor fique calado
Noiva do teu olhar
João Barge / Pedro Moreira
Repertório de Nathalie Pires
Quero ser a tua casa
Quero dar-te a minha mão
Eu preciso de outra asa
Para assim me erguer do chão
Hei-de abrir-te a minha cama
Repertório de Nathalie Pires
Quero ser a tua casa
Quero dar-te a minha mão
Eu preciso de outra asa
Para assim me erguer do chão
Hei-de abrir-te a minha cama
E arder no teu abraço
E à noite quem nos ama
E à noite quem nos ama
Não sabe a cor do cansaço
Hei-de acordar a teu lado
Hei-de acordar a teu lado
Ser noiva do teu olhar
Molhar de luz este fado
Molhar de luz este fado
Como se fosse rezar
Nem toda a luz me cativa
Nem toda a luz me cativa
Nem toda a tristeza passa
Eu sou flor em carne viva
Eu sou flor em carne viva
Que o vento de leve abraça
Canção de Alcântara
Letra de José Galhardo, Lourenço Rodrigues e Carvalho Mourão
Música de Raúl Ferrão
Versão do Repertório de Lídia Ribeiro
Música de Raúl Ferrão
Versão do Repertório de Lídia Ribeiro
Criação de Margarida de Almeida na revista *Fado Liró*
Teatro Variedades, 1928
Teatro Variedades, 1928
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
Ó linda Alcântara
Ó linda Alcântara
Junto à qual o velho Tejo
Reza sempre dia e noite, uma oração
Como eu gostava
Reza sempre dia e noite, uma oração
Como eu gostava
Que coubesses só num beijo
Como cabes toda inteira, no coração
Bairro modesto
Como cabes toda inteira, no coração
Bairro modesto
De modestos pescadores
Onde o povo sabe rir e padecer
A minha mãe
Onde o povo sabe rir e padecer
A minha mãe
A luz do sol e os meus amores
Em Alcântara tudo eu vim a conhecer
Não há bairro de Lisboa mais lindo
Do que aquele onde eu ganho
Em Alcântara tudo eu vim a conhecer
Não há bairro de Lisboa mais lindo
Do que aquele onde eu ganho
O pão para comer
E ali vivo, ora triste, ora rindo
Ali fui criança
E ali vivo, ora triste, ora rindo
Ali fui criança
Ali fui mulher
Eu só queria que no dia em que a morte
O meu pobre corpo
Eu só queria que no dia em que a morte
O meu pobre corpo
Viesse buscar
Eu só queria, meu Deus, ter a sorte
De ainda em Alcântara
Eu só queria, meu Deus, ter a sorte
De ainda em Alcântara
Poder me enterrar
Ó lindo bairro
Ó lindo bairro
Que os antigos guerrilheiros
Amarraram ao valor de Portugal
És o cantinho
Amarraram ao valor de Portugal
És o cantinho
Que os valentes marinheiros
Querem todo só p’ra si, a bem ou mal
Quando é noitinha
Querem todo só p’ra si, a bem ou mal
Quando é noitinha
E as cantigas fatalistas
Já começam p'las vielas a gemer
É para Alcântara
Já começam p'las vielas a gemer
É para Alcântara
Que os últimos fadistas
Vão cantar o triste fado, que vai morrer
Vão cantar o triste fado, que vai morrer
Tudo é Portugal
Artur Ribeiro / Ferrer Trindade
Repertório de Artur Ribeiro
Vem ver a terra das mil candeias
Olha esta gente tão diferente e tão feliz
Vem ver a Serra e as aldeias
Verás então porque razão se diz
Aqui é Portugal
Dono e senhor
Repertório de Artur Ribeiro
Vem ver a terra das mil candeias
Olha esta gente tão diferente e tão feliz
Vem ver a Serra e as aldeias
Verás então porque razão se diz
Aqui é Portugal
Dono e senhor
Da humildade e do amor
E verás que afinal
Onde quer que haja saudade
Tudo é Portugal
Vem ver quem passa, ouve as cantigas
Olha o encanto deste santo ali em paz
Vem ver a graça das raparigas
E quando alguém não souber bem, dirás
E verás que afinal
Onde quer que haja saudade
Tudo é Portugal
Vem ver quem passa, ouve as cantigas
Olha o encanto deste santo ali em paz
Vem ver a graça das raparigas
E quando alguém não souber bem, dirás
O rei dos outros sóis
Artur Ribeiro / Joaquim Campos *alexandrino*
Repertório de Trio Odemira
Um sol para nós dois num céu de tons risonhos
Sem nuvens a causar mais sombras descabidas
É rei dos outros sóis o sol dos nossos sonhos
Nasce do teu olhar e morre em nossas vidas
Um sol para nós que a nossa vida aquece
E desde que nascemos nos tornou bem diferentes
Um sol para nós dois que vela e não esquece
E andamos tu e eu da sua luz pendentes
Um sol para nós dois a dar-nos confiança
Numa vida melhor onde não há pecado
Juntou-nos e depois com raios de esperança
Formou o nosso amor, deu-nos o mesmo fado
Repertório de Trio Odemira
Um sol para nós dois num céu de tons risonhos
Sem nuvens a causar mais sombras descabidas
É rei dos outros sóis o sol dos nossos sonhos
Nasce do teu olhar e morre em nossas vidas
Um sol para nós que a nossa vida aquece
E desde que nascemos nos tornou bem diferentes
Um sol para nós dois que vela e não esquece
E andamos tu e eu da sua luz pendentes
Um sol para nós dois a dar-nos confiança
Numa vida melhor onde não há pecado
Juntou-nos e depois com raios de esperança
Formou o nosso amor, deu-nos o mesmo fado
Canção ao Porto
Artur Ribeiro / Jaime Filipe
Repertório de Artur Ribeiro
Esta canção que vou cantar ao Porto
É oração para rezar ao Porto
Tudo o que sou nasceu em ti, minha cidade
E só te dou o meu amor e esta saudade
Aqui nasci, aqui brinquei, meu Porto
E até sofri quando deixei o Porto
És a feliz inspiração da minha vida
Para quem fiz esta canção sentida
Porto velhinho das ruas antigas
E das cantigas pelo São João
Do riso alegre das raparigas
Ó minha terra só coração
Se a noite vem eu canto a sós ao Porto
O mar também canta na voz ao Porto
E ao luar o Douro então fica absorto
A escutar esta canção ao Porto
Repertório de Artur Ribeiro
Esta canção que vou cantar ao Porto
É oração para rezar ao Porto
Tudo o que sou nasceu em ti, minha cidade
E só te dou o meu amor e esta saudade
Aqui nasci, aqui brinquei, meu Porto
E até sofri quando deixei o Porto
És a feliz inspiração da minha vida
Para quem fiz esta canção sentida
Porto velhinho das ruas antigas
E das cantigas pelo São João
Do riso alegre das raparigas
Ó minha terra só coração
Se a noite vem eu canto a sós ao Porto
O mar também canta na voz ao Porto
E ao luar o Douro então fica absorto
A escutar esta canção ao Porto
Quadras de Aleixo
António Aleixo / Júlio Proença *fado puxavante
Repertório de Trio Odemira
O homem sonha acordado
Repertório de Trio Odemira
O homem sonha acordado
Sonhando, a vida percorre
E desse sonho doirado
E desse sonho doirado
Só acorda quando morre
Embora me queiras tanto
Embora me queiras tanto
Quanto pode o bem-querer
Não me queres tanto quanto
Não me queres tanto quanto
Te quero sem te dizer
Não digas que me enganaste
Não digas que me enganaste
Por ter confiado em ti
Muito mais do que levaste
Muito mais do que levaste
Ganhei eu no que aprendei
Só quando sinceramente
Só quando sinceramente
Sentirmos a dor de alguém
Podemos descrever bem
Podemos descrever bem
A mágoa que essa alguém sente
Campo em festa
Francisco Martins / Vitor Rodrigues
Repertório de Francisco Martins *Fado Marialva*
No meu cavalo montado
Repertório de Francisco Martins *Fado Marialva*
No meu cavalo montado
Logo que a manhã rompia
Com o Rodrigo e o Ricardo
Com o Rodrigo e o Ricardo
O Pietra e o Faria
Por esses campos fora
Por esses campos fora
No seio do Ribatejo
Calça justa, bota e espora
Calça justa, bota e espora
Em Arruda ou em Samora
Da Chamusca ao Alentejo
Com valentia
Toiros vamos apartar
Galhardos na picardia
Garbosos a derribar
E com nobreza
Trazemos no coração
A saudade que está presa
Aos tempos que já lá vão
O Visconde já pingado
Da Chamusca ao Alentejo
Com valentia
Toiros vamos apartar
Galhardos na picardia
Garbosos a derribar
E com nobreza
Trazemos no coração
A saudade que está presa
Aos tempos que já lá vão
O Visconde já pingado
O Palhas na caturreira
O Dentinho desafivelado
O Dentinho desafivelado
Casquinha à antiga maneira
Passeios e romarias
Passeios e romarias
Vilaverde, que saudade
Deu-nos grandes alegrias
Deu-nos grandes alegrias
Era vê-lo nas picarias
Hoje, dele, só Deus sabe
E depois do sol-posto
Hoje, dele, só Deus sabe
E depois do sol-posto
Trinam guitarras de fundo
Dedilhadas com bom gosto
Dedilhadas com bom gosto
P’lo Velez e o Edmundo
Marialavas de cartel
Marialavas de cartel
Que cantam o velho fado
O Rodrigo Miguel
O Rodrigo Miguel
O Xico e o Manel
O Macho e o Pegado
O Macho e o Pegado
Meu amor
Letra e música de Telmo Pires
Repertório do autor
Se juntarmos todas as cores da cidade
O amarelo, o azul do Tejo sem idade
O cinzento desta noite e o encarnado
Vai tudo dar ao triste negro do meu fado
Vou andando pelas ruas tão queridas
Bem sabendo que tantas delas são proibidas
O cinzento desta noite pesa tanto
E eu sem saber p’ra onde ir neste meu pranto
Meu amor se eu não estou a teu lado
Sou um qualquer tom num qualquer fado
Corro a noite inteira só p’ra estar aqui
De repente, já cansado de tanto andar
À procura do teu olhar p’ra me deitar
Nascido dum poema que está à venda
Meu coração lá vai
Repertório do autor
Se juntarmos todas as cores da cidade
O amarelo, o azul do Tejo sem idade
O cinzento desta noite e o encarnado
Vai tudo dar ao triste negro do meu fado
Vou andando pelas ruas tão queridas
Bem sabendo que tantas delas são proibidas
O cinzento desta noite pesa tanto
E eu sem saber p’ra onde ir neste meu pranto
Meu amor se eu não estou a teu lado
Sou um qualquer tom num qualquer fado
Corro a noite inteira só p’ra estar aqui
De repente, já cansado de tanto andar
À procura do teu olhar p’ra me deitar
Nascido dum poema que está à venda
Meu coração lá vai
Não há ninguém que o prenda
O sonho de João Moura
César Marinho / Vitor Rodrigues / Jaime Santos
Repertório de Manuel da Câmara *Fado Marialva*
A sonhar com as toiradas
Saltou do berço e montou
Como num conto de fadas
João Moura toureou
O sonho fez-se façanha
P’lo menino de Monforte
Venceu nas praças de Espanha
Desde o sul até ao norte
Os triunfos consagraram
Um toureiro genial
E com mestria honraram
O nome de Portugal
O Belmonte foi brilhante
O Sandokam, colossal
Majestoso o Importante
O Farrolho é imortal
E as mãos que embalaram
O seu berço tão ditoso
Foram as mãos que fadaram
Um João Moura famoso
Repertório de Manuel da Câmara *Fado Marialva*
A sonhar com as toiradas
Saltou do berço e montou
Como num conto de fadas
João Moura toureou
O sonho fez-se façanha
P’lo menino de Monforte
Venceu nas praças de Espanha
Desde o sul até ao norte
Os triunfos consagraram
Um toureiro genial
E com mestria honraram
O nome de Portugal
O Belmonte foi brilhante
O Sandokam, colossal
Majestoso o Importante
O Farrolho é imortal
E as mãos que embalaram
O seu berço tão ditoso
Foram as mãos que fadaram
Um João Moura famoso
Sou a chuva
Rodrigo Serrão / Pedro Pinhal
Repertório de Maja
Quando a chuva cai de mansinho
E ao ouvido diz, a cantar
Que a saudade de estar contigo
É uma vela sempre a brilhar
Que me leva de encontro ao sonho
Embalada p’la solidão
Sou a chiuva no seu caminho
E ele é pena na minha mão
Alma ausente, sorriso vago
Sou a chuva no seu cantar
Melodia do meu embalo
É a dele sempre a chorar
Pelos teus olhos abrigo manso
Onde acalmo o meu coração
Mas agora sem teu regaço
Só há chuva na minha mão
Quando a chuva cai de mansinho
E ao meu peito diz, a cantar
Cada encontro no caminho
É um desejo de te abraçar
Fomos sonho prometido
Um poema, uma canção
Agora só a chuva canta
É uma lágrima na minha mão
Repertório de Maja
Quando a chuva cai de mansinho
E ao ouvido diz, a cantar
Que a saudade de estar contigo
É uma vela sempre a brilhar
Que me leva de encontro ao sonho
Embalada p’la solidão
Sou a chiuva no seu caminho
E ele é pena na minha mão
Alma ausente, sorriso vago
Sou a chuva no seu cantar
Melodia do meu embalo
É a dele sempre a chorar
Pelos teus olhos abrigo manso
Onde acalmo o meu coração
Mas agora sem teu regaço
Só há chuva na minha mão
Quando a chuva cai de mansinho
E ao meu peito diz, a cantar
Cada encontro no caminho
É um desejo de te abraçar
Fomos sonho prometido
Um poema, uma canção
Agora só a chuva canta
É uma lágrima na minha mão
No sonho de passar além do sonho
Artur Ribeiro / Miguel Ramos *fado margarida*
Repertório de Trio Odemira
No sonho de passar além do sonho
Transformei-me de tudo o que fui antes
Mas transformar alguém é tão medonho
Como o juntar de notas dissonantes
No sonho de passar além de tudo
Quis ver-me nos espelhos atuais
Mas vi-me tão disforme e absurdo
E a mim mesmo jurei não ver-me mais
Que cada se vista de outros fatos
Eu prefiro seguir dias após dia
Poeta por instinto, dos baratos
Poeta que não sabe como cria
Repertório de Trio Odemira
No sonho de passar além do sonho
Transformei-me de tudo o que fui antes
Mas transformar alguém é tão medonho
Como o juntar de notas dissonantes
No sonho de passar além de tudo
Quis ver-me nos espelhos atuais
Mas vi-me tão disforme e absurdo
E a mim mesmo jurei não ver-me mais
Que cada se vista de outros fatos
Eu prefiro seguir dias após dia
Poeta por instinto, dos baratos
Poeta que não sabe como cria
Quase
Fernando Rodrigues / Raúl Ferrão *fado carriche
Repertório de Luís Manhita
Hoje minh’alma adormece
Sem dizer mais que um sofrer
Meu coração enlouquece
Sem nunca te responder
Ao acordar sempre sonha
Do teu olhar, um pouquinho
E espera um dia, quem sabe
Ouvir-te suspirar baixinho
Musa que em coração tocaste
Sem pedir licença sequer
Deixaste meu ser à tua porta
Meu Outono, fado, viver
Repertório de Luís Manhita
Hoje minh’alma adormece
Sem dizer mais que um sofrer
Meu coração enlouquece
Sem nunca te responder
Ao acordar sempre sonha
Do teu olhar, um pouquinho
E espera um dia, quem sabe
Ouvir-te suspirar baixinho
Musa que em coração tocaste
Sem pedir licença sequer
Deixaste meu ser à tua porta
Meu Outono, fado, viver
Nem todo o oiro da terra
Artur Ribeiro / Joaquim Campos *fado vitória*
Repertório de Trio Odemira
Eu dou, em troca de nada
Estes anseios dispersos
A que o mundo chama veia
Pois acho uma coisa errada
A gente vender os versos
Que Deus nos pôs na ideia
Se Deus pôs por sua mão
O que a minha mente encerra
Repertório de Trio Odemira
Eu dou, em troca de nada
Estes anseios dispersos
A que o mundo chama veia
Pois acho uma coisa errada
A gente vender os versos
Que Deus nos pôs na ideia
Se Deus pôs por sua mão
O que a minha mente encerra
Me dá a rima e o tema
Não vendo, faço questão
Pois não oiro da terra
Não vendo, faço questão
Pois não oiro da terra
Que valha qualquer poema
Por isso dou a quem canta
Este cantar magoado
Por isso dou a quem canta
Este cantar magoado
Que Deus me deu quando vim
Dou a quem quer tiver garganta
E saiba cantar o fado
Dou a quem quer tiver garganta
E saiba cantar o fado
E queira cantar por mim
A cor da alegria
João Veiga / José Lopes *fado lopes
Repertório de Salvador Taborda
Nunca pensei na vida
Vir um dia a encontrar
A minha vida escondida
Dentro do teu olhar
Teus olhos têm a cor
Repertório de Salvador Taborda
Nunca pensei na vida
Vir um dia a encontrar
A minha vida escondida
Dentro do teu olhar
Teus olhos têm a cor
A cor da minha alegria
São o meu sonho maior
São o meu sonho maior
São a luz que me alumia
Eu que tanto procurei
Eu que tanto procurei
Por esta minha vida
Afinal encontrei-a
Afinal encontrei-a
Nos teus olhos escondida
O teu olhar é o sol
O teu olhar é o sol
Que aquece a noite calma
São de noite o meu farol
São de noite o meu farol
Que ilumina a minha alma
Quando eu era pecador
Artur Ribeiro / Pedro Rodrigues *fado primavera*
Repertório de Trio Odemira
Eu, de joelhos roguei
A Deus, que puzesse fim
Aos pecados degradantes
Deus ouviu-me e eu mudei
Mas gostava mais de mim
Pecador como era dantes
Em cada paixão traída
No meu ir de mão em mão
Repertório de Trio Odemira
Eu, de joelhos roguei
A Deus, que puzesse fim
Aos pecados degradantes
Deus ouviu-me e eu mudei
Mas gostava mais de mim
Pecador como era dantes
Em cada paixão traída
No meu ir de mão em mão
Bebendo p’la noite fora
Eu perdi anos de vida
Mas sentia o coração
Eu perdi anos de vida
Mas sentia o coração
Coisa que não sinto agora
Agora não sei se vivo
No eterno *tanto faz*
Agora não sei se vivo
No eterno *tanto faz*
De quem vive sem amor
Lamento não ter motivo
P’ra voltar tempos atrás
Lamento não ter motivo
P’ra voltar tempos atrás
Quando era pecador
A minha noiva tristeza
Inês Filipa Rebelo do Carmo / Arménio de Melo
Repertório de Luís Caeiro
A tristeza casou comigo
Repertório de Luís Caeiro
A tristeza casou comigo
Ao ver-me sofrer um dia
Por mais que lute não consigo
Transformá-la em alegria
Conheci-a num inverno
Por mais que lute não consigo
Transformá-la em alegria
Conheci-a num inverno
Com chuva, com vento e frio
Um vendaval do inferno
Um vendaval do inferno
Com luta insana no rio
Bateu-me à porta a chorar
Bateu-me à porta a chorar
Com uma rosa na mão
Talvez para me animar
Talvez para me animar
Ou vender-me uma ilusão
Mas a rosa perfumada
Mas a rosa perfumada
Que ela me trouxera à porta
Estava tão triste, a coitada
Estava tão triste, a coitada
Quando o beijei estava morta
E eu mais triste do que sou
E eu mais triste do que sou
Fiquei naquele desgosto
E uma lágrima deslizou
E uma lágrima deslizou
Pela tristeza do meu rosto
E hoje vivo com a tristeza
E hoje vivo com a tristeza
Pois sou casado com ela
E vejo nela beleza
E vejo nela beleza
Que a vida triste é mais bela
Roleta do destino
Artur Ribeiro / Raúl Ferrão *fado carriche*
Repertório de Trio Odemira
Há duas coisas que a vida
Não me consegue roubar
Esta tristeza incontida
E a morte, quando chegar
Como a provocar a sorte
Que traz consigo ao nascer
O homem tem medo à morte
E tudo faz p’ra morrer
Desde o princípio do homem
Até ao homem presente
Que gerações se consomem
Para destruír a gente
No jogo da nossa vida
A vida, por mais que queira
Nunca levou de vencida
A sua velha parceira
Deus criou essa partida
Onde não impera a sorte
E por algo, deu à vida
Menos trunfos do que à morte
Repertório de Trio Odemira
Há duas coisas que a vida
Não me consegue roubar
Esta tristeza incontida
E a morte, quando chegar
Como a provocar a sorte
Que traz consigo ao nascer
O homem tem medo à morte
E tudo faz p’ra morrer
Desde o princípio do homem
Até ao homem presente
Que gerações se consomem
Para destruír a gente
No jogo da nossa vida
A vida, por mais que queira
Nunca levou de vencida
A sua velha parceira
Deus criou essa partida
Onde não impera a sorte
E por algo, deu à vida
Menos trunfos do que à morte
Aqui tão perto de ti
Letra e música de Múcio de Sá
Repertório de Liliana Martins
Perdida nas janelas da alma
Olho as cidades sem tempo
Cenários de vidas imaginadas
Distante de trabalho intenso;
Mundos no tempo imaginado, só eu sei
Perdidos à entrada do labirinto
No meio da vastidão a poesia
De um dia a mais a viver
Janelas da alma, sol do meio-dia
Riquezas de quem não tem o que fazer;
Cenários de vidas imaginadas
Frestas de luz ao amanhecer
E se o amor bate as asas e voa sobre nós
Eu vou ser feliz, hoje, amanhã e depois
E se o amor bate as asas e voa sobre nós
Eu vou ser feliz aqui tão perto de ti
Repertório de Liliana Martins
Perdida nas janelas da alma
Olho as cidades sem tempo
Cenários de vidas imaginadas
Distante de trabalho intenso;
Mundos no tempo imaginado, só eu sei
Perdidos à entrada do labirinto
No meio da vastidão a poesia
De um dia a mais a viver
Janelas da alma, sol do meio-dia
Riquezas de quem não tem o que fazer;
Cenários de vidas imaginadas
Frestas de luz ao amanhecer
E se o amor bate as asas e voa sobre nós
Eu vou ser feliz, hoje, amanhã e depois
E se o amor bate as asas e voa sobre nós
Eu vou ser feliz aqui tão perto de ti
Não mais saber de mim
Artur Ribeiro / Santos Moreira *fado moreninha*
Repertório de Trio Odemira
Quando o meu coração quiser parar
Então é tempo de ficar dormindo
Então é tempo de ficar, ficar
No jeito de não ter acontecido
É tempo de fugir, fugir enfim
Ao inferno que trago p’ra castigo
É tempo de não mais saber de mim
Ou talvez de ficar por fim, comigo
Quando o meu coração quiser findar
Com este meu morrer assim, aos poucos
Que me dê tempo só para queimar
Que a ninguém deixo os meus poemas loucos
Repertório de Trio Odemira
Quando o meu coração quiser parar
Então é tempo de ficar dormindo
Então é tempo de ficar, ficar
No jeito de não ter acontecido
É tempo de fugir, fugir enfim
Ao inferno que trago p’ra castigo
É tempo de não mais saber de mim
Ou talvez de ficar por fim, comigo
Quando o meu coração quiser findar
Com este meu morrer assim, aos poucos
Que me dê tempo só para queimar
Que a ninguém deixo os meus poemas loucos
Amor, anda ver
Letra e música de Jorge Fernando
Repertório de Nuno da Câmara Pereira
Vamos acordar amanhã cedinho
Beber devagar nas fontes do ar
Repertório de Nuno da Câmara Pereira
Vamos acordar amanhã cedinho
Beber devagar nas fontes do ar
Como fôra vinho
Os dois, estrada fora como se num só
Sem espaço nem hora e sem demora
Qual réstia de pó
Amor anda ver o sol a nascer
Os dois, estrada fora como se num só
Sem espaço nem hora e sem demora
Qual réstia de pó
Amor anda ver o sol a nascer
Sobre o horizonte
Amor anda ver a água a correr
Amor anda ver a água a correr
Debaixo da ponte
Dar-te-ei a flor da mais linda cor
Dar-te-ei a flor da mais linda cor
Que por lá houver
E o sol como em sonho vestirá risonho
E o sol como em sonho vestirá risonho
A flor que prefere
Tu vais de certeza ficar seduzida
Com a natureza de sol à cabeça
Respirando vida
E no trono forte da árvore mais alta
Gravados em corte os nomes que à sorte
Nosso nome exalta
Tu vais de certeza ficar seduzida
Com a natureza de sol à cabeça
Respirando vida
E no trono forte da árvore mais alta
Gravados em corte os nomes que à sorte
Nosso nome exalta
Tradição
Letra e música de Miguel Araújo
Repertório de Raquel Tavares
Rosa, roda a saia
O vento muda, empurra a moda
Nem que a Rosa caia
Nada nunca pára a roda
Vai Rosa cobaia, arredonda-a bem
Que essa tua saia já foi da tua mãe
Já a mãe dela girava essa saia a tempo
Contra o vento, contra o tempo
Que faz girar o mundo
Nem que em plena roda a a rosa caia
Vem Maria, canta
Aos teus amores as dores de outrora
Canta em agonia
Outra que não é de agora
Vai roda gigante, faz girar o mundo
Que a pedra que anda à roda
E contraria aquela pedra que parou
No peito de qualquer Maria
E a Rosa no seu posto ainda rodopia
E vai rodando a saia até qualquer dia
Repertório de Raquel Tavares
Rosa, roda a saia
O vento muda, empurra a moda
Nem que a Rosa caia
Nada nunca pára a roda
Vai Rosa cobaia, arredonda-a bem
Que essa tua saia já foi da tua mãe
Já a mãe dela girava essa saia a tempo
Contra o vento, contra o tempo
Que faz girar o mundo
Nem que em plena roda a a rosa caia
Vem Maria, canta
Aos teus amores as dores de outrora
Canta em agonia
Outra que não é de agora
Vai roda gigante, faz girar o mundo
Que a pedra que anda à roda
E contraria aquela pedra que parou
No peito de qualquer Maria
E a Rosa no seu posto ainda rodopia
E vai rodando a saia até qualquer dia
É melhor assim
António Rocha / Franklim Godinho *4as*
Repertório de Pedro Galveias
Foi bom enquanto durou
A paixão que houve em nós
Mas a paixão acabou
Hoje estamos melhor sós
Não foi amor de raíz
Repertório de Pedro Galveias
Foi bom enquanto durou
A paixão que houve em nós
Mas a paixão acabou
Hoje estamos melhor sós
Não foi amor de raíz
A força que nos juntou
Por isso, como se diz
Por isso, como se diz
Foi bom enquanto durou
Vivemos uma aventura
Vivemos uma aventura
Que se tornou um algoz
Pois foi sol de pouca dura
Pois foi sol de pouca dura
A paixão que houve em nós
Foi triste a realidade
Foi triste a realidade
Que o destino nos traçou
Sonhamos felicidade
Sonhamos felicidade
Mas a paixão acabou
Pode ficar a amizade
Pode ficar a amizade
Pesando contras e prós
Eu acho que na verdade
Eu acho que na verdade
Hoje estamos melhor sós
Rendas pretas
Fernando Tavares Rodrigues / José Campos e Sousa
Repertório de António Pinto Basto
O que sinto por ti são rendas pretas
Recordações vagas, indiscretas
De um corpo que conheci
O que sinto por ti são rendas pretas
Volúpias de cetim, sedas secretas
Que tu despias para mim
Pedaços de fantasia
Repertório de António Pinto Basto
O que sinto por ti são rendas pretas
Recordações vagas, indiscretas
De um corpo que conheci
O que sinto por ti são rendas pretas
Volúpias de cetim, sedas secretas
Que tu despias para mim
Pedaços de fantasia
Que vestias para estar nua
Restos de noite que a lua
Restos de noite que a lua
Na tua pele descobria
O que sinto por ti são rendas pretas
Essas rendas incompletas
O que sinto por ti são rendas pretas
Essas rendas incompletas
Que nos dedos descobri
Quando ao ver-te assim despida
Toda de negro vestida
Quando ao ver-te assim despida
Toda de negro vestida
Me dei e te possuí
Dessas noturnas intrigas
Dessas noturnas intrigas
Que me calaram de espanto
Das meias finas, das ligas
Das meias finas, das ligas
Das rendas que te ofereci;
Lembro ainda o doce encanto
Das rendas pretas em ti
Do corpo que me ofereceste
Do corpo que me ofereceste
Quando entre as rendas te deste
E entre rendas me rendi
E entre rendas me rendi
Tão transparentes macias
As rendas que tu vestias
Hoje tão tristes, sem ti
Vai mais um dia
Pinto Jorge / Paulo de Carvalho
Repertório de Luísa Basto
Às seis o salto da cama
Repertório de Luísa Basto
Às seis o salto da cama
E o puto a resmungar
São dez minutos prá mama
São dez minutos prá mama
E a bucha por arrumar
Sai tudo à rua na guita
Sai tudo à rua na guita
Vai tudo a andar na ganga
No barco há um que arma fita
No barco há um que arma fita
na volta ninguém se zanga
Um jeitinho no transporte
Um jeitinho no transporte
E o puto fica na ama
Só nos faltava esta sorte
Só nos faltava esta sorte
O metro ainda nos trama
Um beijo dado apressado
Um beijo dado apressado
Adeus ao virar da esquina
Num fato mais que coçado
Num fato mais que coçado
A mulher ‘inda menina
Vai mais um dia de trabalho
Em qualquer lado
Vai mais um dia de trabalho
Pelo pão
Mas qualquer dia no trabalho
Ao nosso lado
Há-de ser dia de acabar
O dia não
Sabemos que ainda um dia
Hão-de ver quem tem razão
Lá vão quinhentos pró passe
Vai mais um dia de trabalho
Em qualquer lado
Vai mais um dia de trabalho
Pelo pão
Mas qualquer dia no trabalho
Ao nosso lado
Há-de ser dia de acabar
O dia não
Sabemos que ainda um dia
Hão-de ver quem tem razão
Lá vão quinhentos pró passe
Das viagens que fazemos
E não há ninguém que cace
E não há ninguém que cace
As paragens que perdemos
O puto vem a tossir
O puto vem a tossir
Das friagens que apanhou
A mulher vai a dormir
A mulher vai a dormir
P’las vezes que hoje acordou
À volta é gente da volta
À volta é gente da volta
Do trabalho que fizemos
E pensar que andam à solta
E pensar que andam à solta
Os males de que sofremos
Vai mais um dia passado
Vai mais um dia passado
Se é que esse dia passou
Talvez eu ande enganada
Talvez eu ande enganada
O dia não acabou
Canto das descobertas
Michel Legrand / Marilyn Bergman / Alan Bergman
Versão de Mário Martins
Repertório de José da Câmara
Hoje, os sorrisos da cidade
Versão de Mário Martins
Repertório de José da Câmara
Hoje, os sorrisos da cidade
Trazem sol ao meu olhar
São as notas deste fado
São as notas deste fado
No meu tempo de o cantar
Há a história que se conta
Há a história que se conta
Dum povo à beira do mar
E dum sonho muito antigo
E dum sonho muito antigo
E de vozes para o cantar;
Vozes fortes de muralha
Vozes claras, transparentes
São vozes de coro grego
Vozes fortes de muralha
Vozes molhadas de pranto
E vozes de praça forte
E vozes de praça forte
P’ra defender nosso canto
Vozes que tinham na voz
Vozes que tinham na voz
Mistérios a desvendar
E do tributo que nós
E do tributo que nós
Tão longe fomos pagar
Tantas vezes, tantas vezes
Tantas vezes, tantas vezes
A conceder-nos foral
Por fabuelas proezas
Por fabuelas proezas
Das gentes de Portugal;
Vozes claras, transparentes
Como cristais de firmeza
Vozes gostosas do pão
Que come connosco à mesa
Vozes de tanta ternura
Vozes de tanta ternura
E tamanha dimensão
Com a medida do mundo
Com a medida do mundo
Em dois palmos de canção
São as vozes de além Tejo
São as vozes de além Tejo
São as vozes de além dor
No coral da Epopeia
No coral da Epopeia
Que dobrou o Bojador
São vozes de coro grego
Vestido à moda do Minho
Vozes de nau viageira
Vozes de nau viageira
Que tem garganta de pinho
Tantas vezes, tantas vezes
Tantas vezes, tantas vezes
De grandeza universal
Deste sonho desmedido
Deste sonho desmedido
Dum país no plural
Restos de nada
Maria Luísa Batista / Casimiro Ramos *fado três bairros*
Repertótio de António Vasco Moraes
Ficou no calor da cama
Acesa como uma chama
A lembrança dos sentidos
Ficou o cheiro e o sabor
Daquela noite de amor
Nos nossos corpos doridos
Ficou paixão e carinho
Repertótio de António Vasco Moraes
Ficou no calor da cama
Acesa como uma chama
A lembrança dos sentidos
Ficou o cheiro e o sabor
Daquela noite de amor
Nos nossos corpos doridos
Ficou paixão e carinho
Dentro dos lençóis de linho
Revoltos, amarrotados
E num canto de memória
Revoltos, amarrotados
E num canto de memória
Só eu guardo dessa história
Os sentimentos rasgados
Os lençóis ficaram frios
Os sentimentos rasgados
Os lençóis ficaram frios
Os sentimentos vazios
Afinal o que sobrou?
O amor envelheceu
Afinal o que sobrou?
O amor envelheceu
A paixão arrefeceu
Do nada nada restou
Não guardo rancor nem mágoa
Do nada nada restou
Não guardo rancor nem mágoa
Sou como a corrente d’água
Que procura o mar salgado
Porque é de sal o meu pranto
Que procura o mar salgado
Porque é de sal o meu pranto
Porque é de paz o seu manto
Não lhe interessa o meu passado
Não lhe interessa o meu passado
Cantigas
Maria Manuel Cid / Popular
Repertório de António Vasco de Moraes
Não vejo, não vejo
Repertório de António Vasco de Moraes
Não vejo, não vejo
Não vejo ninguém
Que tenha mais medo
Que tenha mais medo
Que tem o meu bem
De contar segredos
De contar segredos
Segredos contar
E tornar azedos
E tornar azedos
Os beijos roubados
Tu ficas airosa se pões o teu lenço
É da cor da rosa e cheira a incenso
Não vejo, não vejo, não vejo ninguém
Que tenha mais medo que tem o meu bem
Não pintes a boca da cor do carmim
A nódoa da amora é coisa ruim
Se me dás um beijo assim a marcá-los
Quem tiver desejos já pode contá-los
Não vejo, não vejo
Tu ficas airosa se pões o teu lenço
É da cor da rosa e cheira a incenso
Não vejo, não vejo, não vejo ninguém
Que tenha mais medo que tem o meu bem
Não pintes a boca da cor do carmim
A nódoa da amora é coisa ruim
Se me dás um beijo assim a marcá-los
Quem tiver desejos já pode contá-los
Não vejo, não vejo
Não vejo ninguém
Que tenha mais medo
Que tenha mais medo
Que tem o meu bem
Oh minha Rosinha eu hei-de te amar
De dia ao sol, de noite ao luar
De noite ao luar, de noite ao luar
Oh minha Rosinha eu hei-de te amar
Oh minha Rosinha eu hei-de te amar
De dia ao sol, de noite ao luar
De noite ao luar, de noite ao luar
Oh minha Rosinha eu hei-de te amar
Vê lá meu bem
Letra e música de Marcelo Camelo
Repertório de Maja
Vê lá bem meu bem, sinto te informar
Que arranjei alguém p’ra me confortar
Este alguém está quando tu sais
E eu só posso crer pois sem te ter
Nestes braços tais
Vê lá bem, amor, só te quero ver
Somos no papel mas não no viver
Viajares sem mim, me deixares assim
Tive que arranjar alguém p’ra passar
Os dias ruins
Enquanto isso,
Repertório de Maja
Vê lá bem meu bem, sinto te informar
Que arranjei alguém p’ra me confortar
Este alguém está quando tu sais
E eu só posso crer pois sem te ter
Nestes braços tais
Vê lá bem, amor, só te quero ver
Somos no papel mas não no viver
Viajares sem mim, me deixares assim
Tive que arranjar alguém p’ra passar
Os dias ruins
Enquanto isso,
Navegando eu vou sem paz
Sem ter um porto, quase morta
Sem ter um porto, quase morta
Sem um cais
E eu nunca vou esquecer-te, amor
Mas a solidão
E eu nunca vou esquecer-te, amor
Mas a solidão
Deixa o coração neste leva e traz
Vê lá bem, além destes factos vis
Sabes que as traições são bem mais subtis
Se eu te troquei não foi por maldade
Vê lá meu bem, arranjei alguém
Chamado *saudade*
Vê lá bem, além destes factos vis
Sabes que as traições são bem mais subtis
Se eu te troquei não foi por maldade
Vê lá meu bem, arranjei alguém
Chamado *saudade*
Cantar perfeito
João Dias / Armando Macado *fado licas*
Repertório de Maria Armanda
Perfeita é a palavra quando verso
E a graça de cantar é já entrega
A malha em que se tece o universo
É força que nenhuma força nega
Perfeita é a razão de ser poeta
Amar a flor nascida em qualquer chão
Andar de corpo inteiro, alma liberta
Estender a mão aberta a qualquer mão
Perfeito é o lugar aonde estás
Tecendo o linho verde duma esperança
Perfeita é qualquer voz cantando paz
Perfeito é qualquer gesto de criança
Perfeito é o perfil do seio fecundo
Da mãe ganhando o filho de seu ventre
Perfeito movimento é o do mundo
A repartir o sol por toda a gente
Repertório de Maria Armanda
Perfeita é a palavra quando verso
E a graça de cantar é já entrega
A malha em que se tece o universo
É força que nenhuma força nega
Perfeita é a razão de ser poeta
Amar a flor nascida em qualquer chão
Andar de corpo inteiro, alma liberta
Estender a mão aberta a qualquer mão
Perfeito é o lugar aonde estás
Tecendo o linho verde duma esperança
Perfeita é qualquer voz cantando paz
Perfeito é qualquer gesto de criança
Perfeito é o perfil do seio fecundo
Da mãe ganhando o filho de seu ventre
Perfeito movimento é o do mundo
A repartir o sol por toda a gente
Fado século XXI
*A vida é um milagre*
Letra e música de Edgar Nogueira
Repertório de Catarina Rosa
A vida é um milagre
Letra e música de Edgar Nogueira
Repertório de Catarina Rosa
A vida é um milagre
Amor é fogo que arde
Diz Virgílio, diz Camões
Não fôra Cristo a verdade
Que há-de cá voltar, pois há-de
Só havia interrogações
Porque amo a vida logo
A mim própria me interrogo
O que é o homem no tempo
Vela que acende com modo
Luz que se apaga mal acordo
Tão breve como um lamento
Na vida individual
O homem é temporal
E por isso me lamento
Sou uno sem ter igual
Mesmo assim, para meu mal
Só juntos temos assento
Eu gosto imenso da vida
Não gosto é da intriga
Amo somente a verdade
Uma estrela minha amiga
Deu-me luz bem definida
Pois a vida é um milagre
Diz Virgílio, diz Camões
Não fôra Cristo a verdade
Que há-de cá voltar, pois há-de
Só havia interrogações
Porque amo a vida logo
A mim própria me interrogo
O que é o homem no tempo
Vela que acende com modo
Luz que se apaga mal acordo
Tão breve como um lamento
Na vida individual
O homem é temporal
E por isso me lamento
Sou uno sem ter igual
Mesmo assim, para meu mal
Só juntos temos assento
Eu gosto imenso da vida
Não gosto é da intriga
Amo somente a verdade
Uma estrela minha amiga
Deu-me luz bem definida
Pois a vida é um milagre
Marinheiro americano
Amadeu dos Santos / Sebastião Ferreira / Fernando dos Santos
Manuel Carvalho Jnr / Frederico Valério
Repertório de Hermínia Silva
Mim ter ouvido fada e não saber
Cantada por Alfreda Marceneira
Mas não perceber nada do que era
E só ter apanhado bebedeira
Alfredo ter cantado o Bacalhau
E tudo ter na boca posto um rolha
Mas mim fazer barulho no cançau
E levar um camóne aqui no ôlha
Ó fada yes allrigth
Lady Maria Aliça
Ter cantado quatro fadas… chatiça
Ó fada yes allrigth
Mister Cascais Manuel
No guitara, Armandinha, very well
Mim gostar muito de ouvir guitarradas
E ouvir cantigas desgraciadas
Ó fada yes allrigth
Mister Alberto Costa
No corrida choradinha… mim gosta
Lembro do bom Fialha ter cantada
O cantiga no fado corridinha
Todo o gente a chorar, ficar magoada
Mas mim, beber cerveja, beber vinha
Mim chamar o criada por ter sede
E logo um fadista dar chapada
Por não ter visto escrito no parede
Sailance… que se vai cantar o fada
Manuel Carvalho Jnr / Frederico Valério
Repertório de Hermínia Silva
Mim ter ouvido fada e não saber
Cantada por Alfreda Marceneira
Mas não perceber nada do que era
E só ter apanhado bebedeira
Alfredo ter cantado o Bacalhau
E tudo ter na boca posto um rolha
Mas mim fazer barulho no cançau
E levar um camóne aqui no ôlha
Ó fada yes allrigth
Lady Maria Aliça
Ter cantado quatro fadas… chatiça
Ó fada yes allrigth
Mister Cascais Manuel
No guitara, Armandinha, very well
Mim gostar muito de ouvir guitarradas
E ouvir cantigas desgraciadas
Ó fada yes allrigth
Mister Alberto Costa
No corrida choradinha… mim gosta
Lembro do bom Fialha ter cantada
O cantiga no fado corridinha
Todo o gente a chorar, ficar magoada
Mas mim, beber cerveja, beber vinha
Mim chamar o criada por ter sede
E logo um fadista dar chapada
Por não ter visto escrito no parede
Sailance… que se vai cantar o fada
João Cortes
Vitor Rodrigues / Joaquim Campos *fado rosita*
Repertório de Manuel da Câmara
Aquele rosto moreno
Onde sorri o passado
Sereno sem ser pequeno
Enorme por ser forcado
Enfrentou p’rigos e mortes
Repertório de Manuel da Câmara
Aquele rosto moreno
Onde sorri o passado
Sereno sem ser pequeno
Enorme por ser forcado
Enfrentou p’rigos e mortes
Aos consagrados pertence
De seu nome João Cortes
De seu nome João Cortes
Um ilustre Estremocence
Na festa, triunfador
Na festa, triunfador
Onde colheu faustos loiros
Distinto seu pundonor
Distinto seu pundonor
Destemido a pegar toiros
Por razões de gratidão
Por razões de gratidão
Seu nome será lembrando
O Cortes é a lição
O Cortes é a lição
Do culto do bom forcado
No simbolismo imponente
No simbolismo imponente
Perdura ainda o valor
Do cabo nobre e valente
Do cabo nobre e valente
Que sempre honrou Montemor
Canção de amor
Fernando Tavares Rodrigues
Repertório de António Pinto Basto
Amo-te muito
Como se já te amasse assim há muito
Amo-te tanto
Como se fosse apenas por enquanto
Amo-te como quem partiu
Sabendo, ao partir, que já chegou
Amo-te como amo aquilo que te dou
Amo-te como um vinho antigo
Repertório de António Pinto Basto
Amo-te muito
Como se já te amasse assim há muito
Amo-te tanto
Como se fosse apenas por enquanto
Amo-te como quem partiu
Sabendo, ao partir, que já chegou
Amo-te como amo aquilo que te dou
Amo-te como um vinho antigo
Um mosto doce
Amo-te como a Primavera
Amo-te como a Primavera
Que te trouxe
Quero-te como se te amasse
Quero-te como se te amasse
Por encanto
Só sei amar-te assim
Só sei amar-te assim
Como se fosse a mim
E quero amar-te
E quero dar-me sempre a ti
E quero amar-te
E quero dar-me sempre a ti
Constantemente
A um tempo só
O futuro e o passado no presente
E a ternura, esse fogo
Que acendemos mão na mão
Seja sempre amor
A um tempo só
O futuro e o passado no presente
E a ternura, esse fogo
Que acendemos mão na mão
Seja sempre amor
Sem deixar de ser paixão
Deixa aquela rua
José Nunes Pereira / Augusto Pinho
Repertório de João Pedro
Porque é que te ris com tanta vaidade
Se não é feliz, quem diz a verdade
Esconde que eu vejo a tua alegria
Aquele desejo que sonhaste um dia
Deixa aquela rua onde ergui a fé
Que foi minha e tua, agora não é
Fechou-se a janela da minha paixão
Vê lá, tem cautela, não a acordes não
Tu podes passar, passar não importa
Tens de respeitar esta paixão morta
Outra hora vivida não soubeste amar
Agora esquecida, não deve acordar
Repertório de João Pedro
Porque é que te ris com tanta vaidade
Se não é feliz, quem diz a verdade
Esconde que eu vejo a tua alegria
Aquele desejo que sonhaste um dia
Deixa aquela rua onde ergui a fé
Que foi minha e tua, agora não é
Fechou-se a janela da minha paixão
Vê lá, tem cautela, não a acordes não
Tu podes passar, passar não importa
Tens de respeitar esta paixão morta
Outra hora vivida não soubeste amar
Agora esquecida, não deve acordar
Segue o teu rumo
Ricardo Reis / Sueli Costa
Repertório de Carolina
Segue o teu destino
Rega as tuas plantas, ama as tuas rosas
O resto é sombra de árvores alheias
A realidade
Sempre é mais ou menos do que nós queremos
Só nós somos sempre iguais a nós próprios
Suave é viver só
Grande e nobre é sempre viver simplesmente
Deixa a dor nas aras como ex-voto aos deuses
Vê de longe a vida, nunca a interrogues
A resposta está além dos deuses
Mas serenamente imita o Olimpo
No teu coração
Os deuses são deuses porque não se pensam
Porque não se pensam
Repertório de Carolina
Segue o teu destino
Rega as tuas plantas, ama as tuas rosas
O resto é sombra de árvores alheias
A realidade
Sempre é mais ou menos do que nós queremos
Só nós somos sempre iguais a nós próprios
Suave é viver só
Grande e nobre é sempre viver simplesmente
Deixa a dor nas aras como ex-voto aos deuses
Vê de longe a vida, nunca a interrogues
A resposta está além dos deuses
Mas serenamente imita o Olimpo
No teu coração
Os deuses são deuses porque não se pensam
Porque não se pensam
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