José Saramago / Joaquim Campos *fado puxavante estilado*
Repertório de Carlos do Carmo
Trago no bolso do peito
Um lenço de seda fina
Dobrado de certo jeito
Não sei quem tanto lhe ensina
Que quanto faz, é bem feito
Acena nas despedidas
Quando a voz já lá não chega
Por distâncias desmedidas
Depois no bolso aconchega
As saudades permitidas
Nunca mais chegava ao fim
Se as graças todas dissesse
Deste meu lenço e de mim
Mas uma coisa acontece
De que não sei porque sim
Quando os meus olhos molhados
Pedem auxílio do lenço
São pedidos escusados
E é bem por isso que penso
Que os meus olhos, se molhados
Só se enxugam no teu lenço
Fado das amarguras
Vasco Graça Moura / Rogério Charraz
Repertório de Inês de Vasconcellos
Meu amor, se me és o mundo
Nestas minhas desventuras
Podes ver quanto me afundo
No lodo das amarguras
No lodo das amarguras
Não posso viver contente
De meu próprio natural
O meu bem corre-me mal
E o meu mal é recorrente;
Mas a mim infelizmente
Parece que mais abundo
Em tristezas num segundo
Do que os mais em toda a vida;
És a história repetida
Meu amor, se me és o mundo
Eu dei, tu deste, nós demos
Um ao outro a vida acesa
Tinha a força da represa
Darmos tudo o que pudemos;
E as palavras que dissemos
De paixão e ardente juras
Os afagos, as ternuras
Tudo isso agora parece;
Que não trava o que acontece
Nestas minhas desventuras
Repertório de Inês de Vasconcellos
Meu amor, se me és o mundo
Nestas minhas desventuras
Podes ver quanto me afundo
No lodo das amarguras
No lodo das amarguras
Não posso viver contente
De meu próprio natural
O meu bem corre-me mal
E o meu mal é recorrente;
Mas a mim infelizmente
Parece que mais abundo
Em tristezas num segundo
Do que os mais em toda a vida;
És a história repetida
Meu amor, se me és o mundo
Eu dei, tu deste, nós demos
Um ao outro a vida acesa
Tinha a força da represa
Darmos tudo o que pudemos;
E as palavras que dissemos
De paixão e ardente juras
Os afagos, as ternuras
Tudo isso agora parece;
Que não trava o que acontece
Nestas minhas desventuras
Canção de vida
Letra e música de Jorge Palma
Repertório de Carlos do Carmo
Nascemos tão furiosamente sábios
Dispensamos a razão
Corremos com sorrisos nos lábios
De encontro ao mundo em contramão
Crescemos descortinando o nosso fado
Desvendando a nossa voz
Mantemos bem-acondicionado
O fugitivo que há em nós
E tu, tu que nem sempre me entendes
Mas que tão bem sabes aconchegar
Aquele que eu sou
Talvez num breve instante, ao olhares-me
Consigas simplesmente, sem pudor
Rever-te em mim
Às vezes nada nos pode causar medo
Tudo corre de feição
Revezes também constam no enredo
Pois não há bela sem senão
Mais tarde valorizamos a inocência
E o que dela resta em nós
Mais tarde temos plena consciência
De que o final é sempre a sós
Repertório de Carlos do Carmo
Nascemos tão furiosamente sábios
Dispensamos a razão
Corremos com sorrisos nos lábios
De encontro ao mundo em contramão
Crescemos descortinando o nosso fado
Desvendando a nossa voz
Mantemos bem-acondicionado
O fugitivo que há em nós
E tu, tu que nem sempre me entendes
Mas que tão bem sabes aconchegar
Aquele que eu sou
Talvez num breve instante, ao olhares-me
Consigas simplesmente, sem pudor
Rever-te em mim
Às vezes nada nos pode causar medo
Tudo corre de feição
Revezes também constam no enredo
Pois não há bela sem senão
Mais tarde valorizamos a inocência
E o que dela resta em nós
Mais tarde temos plena consciência
De que o final é sempre a sós
Ao correr da pele
Letra e música de Amélia Muge
Repertório de Nathalie Pires
O meu amor tem a pele tão macia
A sede nele não tem valia
O meu amor é um cravo de rosa ao peito
Aroma escravo com que me enfeito
Só mais uma coisa vos digo
Já muito em segredo
Ao brincar comigo
Pega num pião
Feito do meu coração
E gira com ele sem medo
O meu amor se está brando é uma lentura
Nada falando pela ternura
O meu amor parece de veludo
Eu faço dele o meu sobretudo
O meu amor tem a pele tão macia
O meu amor é um cravo de rosa ao peito
O meu amor se está brando é uma lentura
Parece de veludo
Eu faço dele o meu sobretudo
Repertório de Nathalie Pires
O meu amor tem a pele tão macia
A sede nele não tem valia
O meu amor é um cravo de rosa ao peito
Aroma escravo com que me enfeito
Só mais uma coisa vos digo
Já muito em segredo
Ao brincar comigo
Pega num pião
Feito do meu coração
E gira com ele sem medo
O meu amor se está brando é uma lentura
Nada falando pela ternura
O meu amor parece de veludo
Eu faço dele o meu sobretudo
O meu amor tem a pele tão macia
O meu amor é um cravo de rosa ao peito
O meu amor se está brando é uma lentura
Parece de veludo
Eu faço dele o meu sobretudo
O olhar e a morte
António Calém / Miguel Ramos *fado alberto*
Repertório de João Braga
Há olhares que matam sem viver
Eu vi um dia alguém à luz da lua
E nesse alguém eu senti-me anoitecer
E nessa voz ainda ouvi: sou tua
Depois, veio outra noite e outra vida
Unidos num só corpo e tão distantes
Que mais parecia a sombra dolorida
Da luz do sol que então éramos dantes
Mas hoje nada resta do que fomos
Morreu a esperança vã de te sonhar
Em mim ficaram apenas os meus sonhos
E o nada que ficou em teu lugar
Repertório de João Braga
Há olhares que matam sem viver
Eu vi um dia alguém à luz da lua
E nesse alguém eu senti-me anoitecer
E nessa voz ainda ouvi: sou tua
Depois, veio outra noite e outra vida
Unidos num só corpo e tão distantes
Que mais parecia a sombra dolorida
Da luz do sol que então éramos dantes
Mas hoje nada resta do que fomos
Morreu a esperança vã de te sonhar
Em mim ficaram apenas os meus sonhos
E o nada que ficou em teu lugar
Fado em amor perfeito
João Barge / Pedro Moreira
Repertório de Nathalie Pires
Meu amor, amor em chamas
Feito de noite e de lume
Coração onde derramas
Toda a cor do teu perfume
Meu amor, amor amante
Repertório de Nathalie Pires
Meu amor, amor em chamas
Feito de noite e de lume
Coração onde derramas
Toda a cor do teu perfume
Meu amor, amor amante
Amor de perdas e danos
Eterno como o instante
Eterno como o instante
De nós termos vinte anos
Meu amor, amor liberto
Meu amor, amor liberto
Feito de sal e luar
Mora tão longe ou tão perto
Mora tão longe ou tão perto
Do que tens para me dar
Meu amor, amor perfeito
Meu amor, amor perfeito
Preso na cor das cerejas
Não cabe dentro do peito
Não cabe dentro do peito
Por saber que me desejas
Meu amor, amor inteiro
Meu amor, amor inteiro
Cheio de luz e de sombra
Vai num olhar derradeiro
Vai num olhar derradeiro
Vem nos olhos de uma pomba
Cântico negro
José Régio
“Vem por aqui”
Dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços
“Vem por aqui”
Dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços
E seguros de que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos
Há, nos olhos meus, ironias e cansaços
E cruzo os braços, e nunca vou por ali
A minha glória é esta: criar desumanidade
Não acompanhar ninguém
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde me levam meus próprios passos
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos
Redemoinhar aos ventos como farrapos
Arrastar os pés sangrentos, a ir por aí...
Se vim ao mundo
Eu olho-os com olhos lassos
Há, nos olhos meus, ironias e cansaços
E cruzo os braços, e nunca vou por ali
A minha glória é esta: criar desumanidade
Não acompanhar ninguém
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde me levam meus próprios passos
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos
Redemoinhar aos ventos como farrapos
Arrastar os pés sangrentos, a ir por aí...
Se vim ao mundo
Foi só para desflorar florestas virgens
E desenhar meus próprios pés
E desenhar meus próprios pés
Na areia inexplorada
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos
Ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?
Corre, nas vossas veias
Ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?
Corre, nas vossas veias
Sangue velho dos avós
E vós amais o que é fácil
Eu amo o longe e a miragem
E vós amais o que é fácil
Eu amo o longe e a miragem
Amo os abismos
As torrentes, os desertos
Ide!... Tendes estradas, tendes jardins
As torrentes, os desertos
Ide!... Tendes estradas, tendes jardins
Tendes canteiros, tendes pátria
Tendes tetos, e tendes regras
Tendes tetos, e tendes regras
E tratados, e filósofos, e sábios
Eu tenho a minha loucura
Levanto-a, como um facho
Eu tenho a minha loucura
Levanto-a, como um facho
A arder na noite escura
E sinto espuma, e sangue
E sinto espuma, e sangue
E cânticos nos lábios
Deus e o Diabo é que guiam
Deus e o Diabo é que guiam
Mais ninguém
Todos tiveram pai
Todos tiveram pai
Todos tiveram mãe
Mas eu, que nunca principio nem acabo
Nasci do amor que há
Mas eu, que nunca principio nem acabo
Nasci do amor que há
Entre Deus e o Diabo
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções
Ninguém me peça definições
Ninguém me diga: "vem por aqui"
A minha vida é um vendaval que se soltou
É uma onda que se alevantou
É um átomo a mais que se animou
Não sei por onde vou, não sei para onde vou
Sei que não vou por aí
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções
Ninguém me peça definições
Ninguém me diga: "vem por aqui"
A minha vida é um vendaval que se soltou
É uma onda que se alevantou
É um átomo a mais que se animou
Não sei por onde vou, não sei para onde vou
Sei que não vou por aí
Amor incurável
Telmo Pires / Armando Machado *fado súplica*
Repertório de Nathalie Pires
Voltaste e eu caí na tentação
De sentir dos teus braços, o calor
Voltei a enganar meu coração
Sabendo-te incapaz de dar amor
Essa força que me atrai e me fascina
Impossível resistir ao teu olhar
É loucura esta paixão que me domina
Sentimentos que não posso controlar
E depois de fazer-nos tanto mal
Ferir-nos, uma outra e outra vez
Parece ser mas não, não é normal
Perdemos toda a nossa lucidez
Este amor é um mal que não tem cura
É doença que aumenta sem parar
Dois loucos que perdidos na loucura
Encontram mil razões para sonhar
Repertório de Nathalie Pires
Voltaste e eu caí na tentação
De sentir dos teus braços, o calor
Voltei a enganar meu coração
Sabendo-te incapaz de dar amor
Essa força que me atrai e me fascina
Impossível resistir ao teu olhar
É loucura esta paixão que me domina
Sentimentos que não posso controlar
E depois de fazer-nos tanto mal
Ferir-nos, uma outra e outra vez
Parece ser mas não, não é normal
Perdemos toda a nossa lucidez
Este amor é um mal que não tem cura
É doença que aumenta sem parar
Dois loucos que perdidos na loucura
Encontram mil razões para sonhar
Eu tenho tanta pena… pai
Letra e música de José Gonçalez
Repertório de José Gonçalez
Eu tenho tanta pena
Que não possas ‘star comigo
Agora que o presente se desenha
Sobre o meu passado antigo
Eu tenho tanta pena
Dessas coisas do destino
Quando a história é a resenha
Dum homem que foi menino
Mas eu tenho é a vontade
Repertório de José Gonçalez
Eu tenho tanta pena
Que não possas ‘star comigo
Agora que o presente se desenha
Sobre o meu passado antigo
Eu tenho tanta pena
Dessas coisas do destino
Quando a história é a resenha
Dum homem que foi menino
Mas eu tenho é a vontade
De te poder dar a mão
Dar um murro na saudade
Dar um murro na saudade
Que me prende à solidão;
Quero abrir uma janela
Quero abrir uma janela
E deixar o sol entrar
E pintar uma aguarela
E pintar uma aguarela
Onde tu possas morar;
E depois dou-te umas asas
P’ra que tu possas voar
Eu tenho tanta pena
De não ‘stares aqui agora
Quando a vida me acena
Com os meus sonhos de outrora
Eu tenho tanta pena
De tudo o que já lá vai
Da tua voz amena
De poder chamar-te pai
E depois dou-te umas asas
P’ra que tu possas voar
Eu tenho tanta pena
De não ‘stares aqui agora
Quando a vida me acena
Com os meus sonhos de outrora
Eu tenho tanta pena
De tudo o que já lá vai
Da tua voz amena
De poder chamar-te pai
Soledad
Cecília Meireles / Alain Oulman
Repertório de Amália
Soledad… antes que o sol se vá
Como um pássaro perdido
Também te direi adeus
Soledad, soledad
Também te direi adeus
Terra… terra morrendo de fome
Pedras secas, folhas bravas
Ai quem te pôs esse nome
Soledad, soledad
Sabia o que são palavras
Antes que o sol se vá
Como um sonho de agonia
Cairás dos olhos meus, Soledad
Indiazinha… indiazinha tão sentada
Na cinza do chão deserta
Que pensas, não pensas nada
Soledad, soledad
Que a vida é toda secreta
Como estrela…
Repertório de Amália
Soledad… antes que o sol se vá
Como um pássaro perdido
Também te direi adeus
Soledad, soledad
Também te direi adeus
Terra… terra morrendo de fome
Pedras secas, folhas bravas
Ai quem te pôs esse nome
Soledad, soledad
Sabia o que são palavras
Antes que o sol se vá
Como um sonho de agonia
Cairás dos olhos meus, Soledad
Indiazinha… indiazinha tão sentada
Na cinza do chão deserta
Que pensas, não pensas nada
Soledad, soledad
Que a vida é toda secreta
Como estrela…
Como estrela nestas cinzas
Antes que o sol se vá
Nem depois não virá Deus
Soledad, soledad
Nem depois não virá Deus
Pois só ele explicaria
A quem teu destino serve
Sem mágoa nem alegria
Um coração tão breve
Também te direi adeus, Soledad
Antes que o sol se vá
Nem depois não virá Deus
Soledad, soledad
Nem depois não virá Deus
Pois só ele explicaria
A quem teu destino serve
Sem mágoa nem alegria
Um coração tão breve
Também te direi adeus, Soledad
Lisboa
Letra e música de João Paulo Esteves da Silva
Repertório de Nathalie Pires
Desespero de acabar
Já não se fala de amor
A neblina da saudade vai mudar de cor
Ficas tão perto do mar
Que o sol já perde o sabor
Cai a noite, não faz mal
Repertório de Nathalie Pires
Desespero de acabar
Já não se fala de amor
A neblina da saudade vai mudar de cor
Ficas tão perto do mar
Que o sol já perde o sabor
Cai a noite, não faz mal
Se ficar ou se me for
Vem, anda correr a cidade
Vem, anda correr a cidade
Não há pressa de partir
A estátua da liberdade deixa lá fugir
Não sinto grande vontade de dançar
Vais-te embora tu também
Não há tempo de acabar
A estátua da liberdade deixa lá fugir
Não sinto grande vontade de dançar
Vais-te embora tu também
Não há tempo de acabar
O que acaba no amor
E dói muito esta verdade
Talvez até mais que o fim da dor
Ficas tão perto do mar
Que o sol já perde o sabor
Cai a chuva nos meus ombros
É talvez melhor
Anda correr a cidade,
E dói muito esta verdade
Talvez até mais que o fim da dor
Ficas tão perto do mar
Que o sol já perde o sabor
Cai a chuva nos meus ombros
É talvez melhor
Anda correr a cidade,
Não há pressa de partir
A estátua da liberdade deixa lá fugir
Não sinto grande vontade
A estátua da liberdade deixa lá fugir
Não sinto grande vontade
De dançar, estar a sorrir
Vais-te embora, vou também
Não há tempo de acabar
Vais-te embora, vou também
Não há tempo de acabar
O que acaba no amor
E dói muito esta verdade
Talvez até mais que o fim da dor
E dói muito esta verdade
Talvez até mais que o fim da dor
A lenda do fado
António Mendes / Franklim Godinho
Repertório de Ana Maurício
Dizem que o fado nasceu
Numa noite triste e fria
Na mais humilde viela
Quando uma estrela do céu
Foi cair na Mouraria
Nos degraus da porta dela
Cota a lenda dessa era
Que esse menino sagrado
Repertório de Ana Maurício
Dizem que o fado nasceu
Numa noite triste e fria
Na mais humilde viela
Quando uma estrela do céu
Foi cair na Mouraria
Nos degraus da porta dela
Cota a lenda dessa era
Que esse menino sagrado
Que veio à terra por bem
Entrou dentro da Severa
Porque ela chamou-lhe fado
Entrou dentro da Severa
Porque ela chamou-lhe fado
E o fado chamou-lhe mãe
Há quem se atreva a contar
Quando a Severa morreu
Há quem se atreva a contar
Quando a Severa morreu
E o deixou na orfandade
O fado pôs-se a chorar
A boa mãe que perdeu
O fado pôs-se a chorar
A boa mãe que perdeu
E assim nasceu a saudade
Por isso é que o fado é triste
Porque chora muitas vezes
Por isso é que o fado é triste
Porque chora muitas vezes
E também nos faz chorar
É porque a tristeza existe
Na alma dos portugueses
É porque a tristeza existe
Na alma dos portugueses
Quando ouve o fado cantar
Gare do Oriente
Amélia Muge / Ricardo Dias
Repertório de Nathalie Pires
Num rendilhar de velas postas
Chamam por mim por todo o mundo
Têm um espelho de água ao fundo
São uma asa aberta ao voo
Do que é partir e regressar
No meio há um mercado
Onde se vendem coisas soltas
Há quem lá passe apreçando a cor
Brilhando na pedrinha
Do cheiro que tem nome de flor
Ao canto há um café aonde tu paraste
E diz o teu olhar a hora de embarcar
Mas não diz quando chegaste
Já bailam as escadas
Sobem os elevadores
Correm sombras e há um vai e vem
São pernas apressando amores
Que foi, o que aconteceu
Alguém procura o que perdeu
E há uma luz que se reflete e bate em cheio
Nesse olhar que é tão passageiro
P’ra lá daquele vidro, do chão assim traçado
Há um atraso, um horário atrasado
O calor diz que fique
Eu sei, chove em Munique
E aqui estou nesta Gare
Que se chama de Oriente
E nela vejo o teu olhar que diz
Que é daqui, dali, ele é qualquer lugar
Repertório de Nathalie Pires
Num rendilhar de velas postas
Chamam por mim por todo o mundo
Têm um espelho de água ao fundo
São uma asa aberta ao voo
Do que é partir e regressar
No meio há um mercado
Onde se vendem coisas soltas
Há quem lá passe apreçando a cor
Brilhando na pedrinha
Do cheiro que tem nome de flor
Ao canto há um café aonde tu paraste
E diz o teu olhar a hora de embarcar
Mas não diz quando chegaste
Já bailam as escadas
Sobem os elevadores
Correm sombras e há um vai e vem
São pernas apressando amores
Que foi, o que aconteceu
Alguém procura o que perdeu
E há uma luz que se reflete e bate em cheio
Nesse olhar que é tão passageiro
P’ra lá daquele vidro, do chão assim traçado
Há um atraso, um horário atrasado
O calor diz que fique
Eu sei, chove em Munique
E aqui estou nesta Gare
Que se chama de Oriente
E nela vejo o teu olhar que diz
Que é daqui, dali, ele é qualquer lugar
A lenda do velho Porto
Carlos Bessa / Pedro Rodrigues
Repertório de José Barbosa
Cai um forte nevoeiro
Sobre esta linda cidade
Que deu nome a Portugal
Parece que o céu inteiro
Quer esconder a verdade
Da história medieval
Diz a lenda, que um dia
El-rei D, Pedro, à toa
Repertório de José Barbosa
Cai um forte nevoeiro
Sobre esta linda cidade
Que deu nome a Portugal
Parece que o céu inteiro
Quer esconder a verdade
Da história medieval
Diz a lenda, que um dia
El-rei D, Pedro, à toa
Anunciou o noivado
Sem saber o que dizia
Quis que o Porto e Lisboa
Sem saber o que dizia
Quis que o Porto e Lisboa
Casassem no seu reinado
Grande cortejo imponente
O Rio Douro subiu
Grande cortejo imponente
O Rio Douro subiu
Barcos do país inteiro
É então que de repente
As portas do céu se abriu
É então que de repente
As portas do céu se abriu
Caiu forte nevoeiro
O Porto desapareceu
E El-rei viu-se obrigado
O Porto desapareceu
E El-rei viu-se obrigado
A anular o casamento
Lisboa se entristeceu
Por romperem seu noivado
Lisboa se entristeceu
Por romperem seu noivado
Deu entrada num convento
O Porto ficou solteiro
Amante da liberdade
O Porto ficou solteiro
Amante da liberdade
Deixá-lo ser, não faz mal
Deus lhe deu o nevoeiro
A essa linda cidade
Deus lhe deu o nevoeiro
A essa linda cidade
Que deu nome a Portugal
Diário
Mário Claudio / Ricardo Dias
Repertório de Nathalie Pires
Quer fosse noite, quer dia
Era uma ãnsia, uma espera
E em cada hora batia
Um coração de pantera
O desfraldado desejo
A sede da maresia
Passavam de beijo a beijo
A chama que nos unia
Morria num sobressalto
As terras da promissão
E as águias pairavam alto
Além dos dedos da mão
Fique de nós o abraço
Ao que perdemos de vista
Não há tempo nem espaço
Não há raiz que persista
Repertório de Nathalie Pires
Quer fosse noite, quer dia
Era uma ãnsia, uma espera
E em cada hora batia
Um coração de pantera
O desfraldado desejo
A sede da maresia
Passavam de beijo a beijo
A chama que nos unia
Morria num sobressalto
As terras da promissão
E as águias pairavam alto
Além dos dedos da mão
Fique de nós o abraço
Ao que perdemos de vista
Não há tempo nem espaço
Não há raiz que persista
Que estranha vida
Vitor de Deus / Arménio de Melo
Repertório de Luís Caeiro
Que estranha forma tenho de viver
Sem nada à minha volta, em solidão
Um misto de te querer e te perder
Ciúmes a jorrar do coração;
Sem nada à minha volta, em solidão
Que estranha forma tenho de viver
Que estranha noite longa, em tempestade
Amor, desejos loucos, alimento
E quando caio em mim sem liberdade
Ao teu corpo e em teus braços me acorrento;
Amor, desejos loucos, alimento
Que estranha noite longa, em tempestade
Vem possuír-me, amor, em cada instante
Afaga meus cabelos, dá-me carinhos
Vem ser minha mulher e minha amante
Se o vento soprar contra, revoltado;
Conduz a minha vida p’los caminhos
Até que o meu amor fique calado
Repertório de Luís Caeiro
Que estranha forma tenho de viver
Sem nada à minha volta, em solidão
Um misto de te querer e te perder
Ciúmes a jorrar do coração;
Sem nada à minha volta, em solidão
Que estranha forma tenho de viver
Que estranha noite longa, em tempestade
Amor, desejos loucos, alimento
E quando caio em mim sem liberdade
Ao teu corpo e em teus braços me acorrento;
Amor, desejos loucos, alimento
Que estranha noite longa, em tempestade
Vem possuír-me, amor, em cada instante
Afaga meus cabelos, dá-me carinhos
Vem ser minha mulher e minha amante
Se o vento soprar contra, revoltado;
Conduz a minha vida p’los caminhos
Até que o meu amor fique calado
Noiva do teu olhar
João Barge / Pedro Moreira
Repertório de Nathalie Pires
Quero ser a tua casa
Quero dar-te a minha mão
Eu preciso de outra asa
Para assim me erguer do chão
Hei-de abrir-te a minha cama
Repertório de Nathalie Pires
Quero ser a tua casa
Quero dar-te a minha mão
Eu preciso de outra asa
Para assim me erguer do chão
Hei-de abrir-te a minha cama
E arder no teu abraço
E à noite quem nos ama
E à noite quem nos ama
Não sabe a cor do cansaço
Hei-de acordar a teu lado
Hei-de acordar a teu lado
Ser noiva do teu olhar
Molhar de luz este fado
Molhar de luz este fado
Como se fosse rezar
Nem toda a luz me cativa
Nem toda a luz me cativa
Nem toda a tristeza passa
Eu sou flor em carne viva
Eu sou flor em carne viva
Que o vento de leve abraça
Canção de Alcântara
Letra de José Galhardo, Lourenço Rodrigues e Carvalho Mourão
Música de Raúl Ferrão
Versão do Repertório de Lídia Ribeiro
Música de Raúl Ferrão
Versão do Repertório de Lídia Ribeiro
Criação de Margarida de Almeida na revista *Fado Liró*
Teatro Variedades, 1928
Teatro Variedades, 1928
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
Ó linda Alcântara
Ó linda Alcântara
Junto à qual o velho Tejo
Reza sempre dia e noite, uma oração
Como eu gostava
Reza sempre dia e noite, uma oração
Como eu gostava
Que coubesses só num beijo
Como cabes toda inteira, no coração
Bairro modesto
Como cabes toda inteira, no coração
Bairro modesto
De modestos pescadores
Onde o povo sabe rir e padecer
A minha mãe
Onde o povo sabe rir e padecer
A minha mãe
A luz do sol e os meus amores
Em Alcântara tudo eu vim a conhecer
Não há bairro de Lisboa mais lindo
Do que aquele onde eu ganho
Em Alcântara tudo eu vim a conhecer
Não há bairro de Lisboa mais lindo
Do que aquele onde eu ganho
O pão para comer
E ali vivo, ora triste, ora rindo
Ali fui criança
E ali vivo, ora triste, ora rindo
Ali fui criança
Ali fui mulher
Eu só queria que no dia em que a morte
O meu pobre corpo
Eu só queria que no dia em que a morte
O meu pobre corpo
Viesse buscar
Eu só queria, meu Deus, ter a sorte
De ainda em Alcântara
Eu só queria, meu Deus, ter a sorte
De ainda em Alcântara
Poder me enterrar
Ó lindo bairro
Ó lindo bairro
Que os antigos guerrilheiros
Amarraram ao valor de Portugal
És o cantinho
Amarraram ao valor de Portugal
És o cantinho
Que os valentes marinheiros
Querem todo só p’ra si, a bem ou mal
Quando é noitinha
Querem todo só p’ra si, a bem ou mal
Quando é noitinha
E as cantigas fatalistas
Já começam p'las vielas a gemer
É para Alcântara
Já começam p'las vielas a gemer
É para Alcântara
Que os últimos fadistas
Vão cantar o triste fado, que vai morrer
Vão cantar o triste fado, que vai morrer
Tudo é Portugal
Artur Ribeiro / Ferrer Trindade
Repertório de Artur Ribeiro
Vem ver a terra das mil candeias
Olha esta gente tão diferente e tão feliz
Vem ver a Serra e as aldeias
Verás então porque razão se diz
Aqui é Portugal
Dono e senhor
Repertório de Artur Ribeiro
Vem ver a terra das mil candeias
Olha esta gente tão diferente e tão feliz
Vem ver a Serra e as aldeias
Verás então porque razão se diz
Aqui é Portugal
Dono e senhor
Da humildade e do amor
E verás que afinal
Onde quer que haja saudade
Tudo é Portugal
Vem ver quem passa, ouve as cantigas
Olha o encanto deste santo ali em paz
Vem ver a graça das raparigas
E quando alguém não souber bem, dirás
E verás que afinal
Onde quer que haja saudade
Tudo é Portugal
Vem ver quem passa, ouve as cantigas
Olha o encanto deste santo ali em paz
Vem ver a graça das raparigas
E quando alguém não souber bem, dirás
O rei dos outros sóis
Artur Ribeiro / Joaquim Campos *alexandrino*
Repertório de Trio Odemira
Um sol para nós dois num céu de tons risonhos
Sem nuvens a causar mais sombras descabidas
É rei dos outros sóis o sol dos nossos sonhos
Nasce do teu olhar e morre em nossas vidas
Um sol para nós que a nossa vida aquece
E desde que nascemos nos tornou bem diferentes
Um sol para nós dois que vela e não esquece
E andamos tu e eu da sua luz pendentes
Um sol para nós dois a dar-nos confiança
Numa vida melhor onde não há pecado
Juntou-nos e depois com raios de esperança
Formou o nosso amor, deu-nos o mesmo fado
Repertório de Trio Odemira
Um sol para nós dois num céu de tons risonhos
Sem nuvens a causar mais sombras descabidas
É rei dos outros sóis o sol dos nossos sonhos
Nasce do teu olhar e morre em nossas vidas
Um sol para nós que a nossa vida aquece
E desde que nascemos nos tornou bem diferentes
Um sol para nós dois que vela e não esquece
E andamos tu e eu da sua luz pendentes
Um sol para nós dois a dar-nos confiança
Numa vida melhor onde não há pecado
Juntou-nos e depois com raios de esperança
Formou o nosso amor, deu-nos o mesmo fado
Canção ao Porto
Artur Ribeiro / Jaime Filipe
Repertório de Artur Ribeiro
Esta canção que vou cantar ao Porto
É oração para rezar ao Porto
Tudo o que sou nasceu em ti, minha cidade
E só te dou o meu amor e esta saudade
Aqui nasci, aqui brinquei, meu Porto
E até sofri quando deixei o Porto
És a feliz inspiração da minha vida
Para quem fiz esta canção sentida
Porto velhinho das ruas antigas
E das cantigas pelo São João
Do riso alegre das raparigas
Ó minha terra só coração
Se a noite vem eu canto a sós ao Porto
O mar também canta na voz ao Porto
E ao luar o Douro então fica absorto
A escutar esta canção ao Porto
Repertório de Artur Ribeiro
Esta canção que vou cantar ao Porto
É oração para rezar ao Porto
Tudo o que sou nasceu em ti, minha cidade
E só te dou o meu amor e esta saudade
Aqui nasci, aqui brinquei, meu Porto
E até sofri quando deixei o Porto
És a feliz inspiração da minha vida
Para quem fiz esta canção sentida
Porto velhinho das ruas antigas
E das cantigas pelo São João
Do riso alegre das raparigas
Ó minha terra só coração
Se a noite vem eu canto a sós ao Porto
O mar também canta na voz ao Porto
E ao luar o Douro então fica absorto
A escutar esta canção ao Porto
Quadras de Aleixo
António Aleixo / Júlio Proença *fado puxavante
Repertório de Trio Odemira
O homem sonha acordado
Repertório de Trio Odemira
O homem sonha acordado
Sonhando, a vida percorre
E desse sonho doirado
E desse sonho doirado
Só acorda quando morre
Embora me queiras tanto
Embora me queiras tanto
Quanto pode o bem-querer
Não me queres tanto quanto
Não me queres tanto quanto
Te quero sem te dizer
Não digas que me enganaste
Não digas que me enganaste
Por ter confiado em ti
Muito mais do que levaste
Muito mais do que levaste
Ganhei eu no que aprendei
Só quando sinceramente
Só quando sinceramente
Sentirmos a dor de alguém
Podemos descrever bem
Podemos descrever bem
A mágoa que essa alguém sente
Campo em festa
Francisco Martins / Vitor Rodrigues
Repertório de Francisco Martins *Fado Marialva*
No meu cavalo montado
Repertório de Francisco Martins *Fado Marialva*
No meu cavalo montado
Logo que a manhã rompia
Com o Rodrigo e o Ricardo
Com o Rodrigo e o Ricardo
O Pietra e o Faria
Por esses campos fora
Por esses campos fora
No seio do Ribatejo
Calça justa, bota e espora
Calça justa, bota e espora
Em Arruda ou em Samora
Da Chamusca ao Alentejo
Com valentia
Toiros vamos apartar
Galhardos na picardia
Garbosos a derribar
E com nobreza
Trazemos no coração
A saudade que está presa
Aos tempos que já lá vão
O Visconde já pingado
Da Chamusca ao Alentejo
Com valentia
Toiros vamos apartar
Galhardos na picardia
Garbosos a derribar
E com nobreza
Trazemos no coração
A saudade que está presa
Aos tempos que já lá vão
O Visconde já pingado
O Palhas na caturreira
O Dentinho desafivelado
O Dentinho desafivelado
Casquinha à antiga maneira
Passeios e romarias
Passeios e romarias
Vilaverde, que saudade
Deu-nos grandes alegrias
Deu-nos grandes alegrias
Era vê-lo nas picarias
Hoje, dele, só Deus sabe
E depois do sol-posto
Hoje, dele, só Deus sabe
E depois do sol-posto
Trinam guitarras de fundo
Dedilhadas com bom gosto
Dedilhadas com bom gosto
P’lo Velez e o Edmundo
Marialavas de cartel
Marialavas de cartel
Que cantam o velho fado
O Rodrigo Miguel
O Rodrigo Miguel
O Xico e o Manel
O Macho e o Pegado
O Macho e o Pegado
Meu amor
Letra e música de Telmo Pires
Repertório do autor
Se juntarmos todas as cores da cidade
O amarelo, o azul do Tejo sem idade
O cinzento desta noite e o encarnado
Vai tudo dar ao triste negro do meu fado
Vou andando pelas ruas tão queridas
Bem sabendo que tantas delas são proibidas
O cinzento desta noite pesa tanto
E eu sem saber p’ra onde ir neste meu pranto
Meu amor se eu não estou a teu lado
Sou um qualquer tom num qualquer fado
Corro a noite inteira só p’ra estar aqui
De repente, já cansado de tanto andar
À procura do teu olhar p’ra me deitar
Nascido dum poema que está à venda
Meu coração lá vai
Repertório do autor
Se juntarmos todas as cores da cidade
O amarelo, o azul do Tejo sem idade
O cinzento desta noite e o encarnado
Vai tudo dar ao triste negro do meu fado
Vou andando pelas ruas tão queridas
Bem sabendo que tantas delas são proibidas
O cinzento desta noite pesa tanto
E eu sem saber p’ra onde ir neste meu pranto
Meu amor se eu não estou a teu lado
Sou um qualquer tom num qualquer fado
Corro a noite inteira só p’ra estar aqui
De repente, já cansado de tanto andar
À procura do teu olhar p’ra me deitar
Nascido dum poema que está à venda
Meu coração lá vai
Não há ninguém que o prenda
O sonho de João Moura
César Marinho / Vitor Rodrigues / Jaime Santos
Repertório de Manuel da Câmara *Fado Marialva*
A sonhar com as toiradas
Saltou do berço e montou
Como num conto de fadas
João Moura toureou
O sonho fez-se façanha
P’lo menino de Monforte
Venceu nas praças de Espanha
Desde o sul até ao norte
Os triunfos consagraram
Um toureiro genial
E com mestria honraram
O nome de Portugal
O Belmonte foi brilhante
O Sandokam, colossal
Majestoso o Importante
O Farrolho é imortal
E as mãos que embalaram
O seu berço tão ditoso
Foram as mãos que fadaram
Um João Moura famoso
Repertório de Manuel da Câmara *Fado Marialva*
A sonhar com as toiradas
Saltou do berço e montou
Como num conto de fadas
João Moura toureou
O sonho fez-se façanha
P’lo menino de Monforte
Venceu nas praças de Espanha
Desde o sul até ao norte
Os triunfos consagraram
Um toureiro genial
E com mestria honraram
O nome de Portugal
O Belmonte foi brilhante
O Sandokam, colossal
Majestoso o Importante
O Farrolho é imortal
E as mãos que embalaram
O seu berço tão ditoso
Foram as mãos que fadaram
Um João Moura famoso
Sou a chuva
Rodrigo Serrão / Pedro Pinhal
Repertório de Maja
Quando a chuva cai de mansinho
E ao ouvido diz, a cantar
Que a saudade de estar contigo
É uma vela sempre a brilhar
Que me leva de encontro ao sonho
Embalada p’la solidão
Sou a chiuva no seu caminho
E ele é pena na minha mão
Alma ausente, sorriso vago
Sou a chuva no seu cantar
Melodia do meu embalo
É a dele sempre a chorar
Pelos teus olhos abrigo manso
Onde acalmo o meu coração
Mas agora sem teu regaço
Só há chuva na minha mão
Quando a chuva cai de mansinho
E ao meu peito diz, a cantar
Cada encontro no caminho
É um desejo de te abraçar
Fomos sonho prometido
Um poema, uma canção
Agora só a chuva canta
É uma lágrima na minha mão
Repertório de Maja
Quando a chuva cai de mansinho
E ao ouvido diz, a cantar
Que a saudade de estar contigo
É uma vela sempre a brilhar
Que me leva de encontro ao sonho
Embalada p’la solidão
Sou a chiuva no seu caminho
E ele é pena na minha mão
Alma ausente, sorriso vago
Sou a chuva no seu cantar
Melodia do meu embalo
É a dele sempre a chorar
Pelos teus olhos abrigo manso
Onde acalmo o meu coração
Mas agora sem teu regaço
Só há chuva na minha mão
Quando a chuva cai de mansinho
E ao meu peito diz, a cantar
Cada encontro no caminho
É um desejo de te abraçar
Fomos sonho prometido
Um poema, uma canção
Agora só a chuva canta
É uma lágrima na minha mão
No sonho de passar além do sonho
Artur Ribeiro / Miguel Ramos *fado margarida*
Repertório de Trio Odemira
No sonho de passar além do sonho
Transformei-me de tudo o que fui antes
Mas transformar alguém é tão medonho
Como o juntar de notas dissonantes
No sonho de passar além de tudo
Quis ver-me nos espelhos atuais
Mas vi-me tão disforme e absurdo
E a mim mesmo jurei não ver-me mais
Que cada se vista de outros fatos
Eu prefiro seguir dias após dia
Poeta por instinto, dos baratos
Poeta que não sabe como cria
Repertório de Trio Odemira
No sonho de passar além do sonho
Transformei-me de tudo o que fui antes
Mas transformar alguém é tão medonho
Como o juntar de notas dissonantes
No sonho de passar além de tudo
Quis ver-me nos espelhos atuais
Mas vi-me tão disforme e absurdo
E a mim mesmo jurei não ver-me mais
Que cada se vista de outros fatos
Eu prefiro seguir dias após dia
Poeta por instinto, dos baratos
Poeta que não sabe como cria
Quase
Fernando Rodrigues / Raúl Ferrão *fado carriche
Repertório de Luís Manhita
Hoje minh’alma adormece
Sem dizer mais que um sofrer
Meu coração enlouquece
Sem nunca te responder
Ao acordar sempre sonha
Do teu olhar, um pouquinho
E espera um dia, quem sabe
Ouvir-te suspirar baixinho
Musa que em coração tocaste
Sem pedir licença sequer
Deixaste meu ser à tua porta
Meu Outono, fado, viver
Repertório de Luís Manhita
Hoje minh’alma adormece
Sem dizer mais que um sofrer
Meu coração enlouquece
Sem nunca te responder
Ao acordar sempre sonha
Do teu olhar, um pouquinho
E espera um dia, quem sabe
Ouvir-te suspirar baixinho
Musa que em coração tocaste
Sem pedir licença sequer
Deixaste meu ser à tua porta
Meu Outono, fado, viver
Nem todo o oiro da terra
Artur Ribeiro / Joaquim Campos *fado vitória*
Repertório de Trio Odemira
Eu dou, em troca de nada
Estes anseios dispersos
A que o mundo chama veia
Pois acho uma coisa errada
A gente vender os versos
Que Deus nos pôs na ideia
Se Deus pôs por sua mão
O que a minha mente encerra
Repertório de Trio Odemira
Eu dou, em troca de nada
Estes anseios dispersos
A que o mundo chama veia
Pois acho uma coisa errada
A gente vender os versos
Que Deus nos pôs na ideia
Se Deus pôs por sua mão
O que a minha mente encerra
Me dá a rima e o tema
Não vendo, faço questão
Pois não oiro da terra
Não vendo, faço questão
Pois não oiro da terra
Que valha qualquer poema
Por isso dou a quem canta
Este cantar magoado
Por isso dou a quem canta
Este cantar magoado
Que Deus me deu quando vim
Dou a quem quer tiver garganta
E saiba cantar o fado
Dou a quem quer tiver garganta
E saiba cantar o fado
E queira cantar por mim
A cor da alegria
João Veiga / José Lopes *fado lopes
Repertório de Salvador Taborda
Nunca pensei na vida
Vir um dia a encontrar
A minha vida escondida
Dentro do teu olhar
Teus olhos têm a cor
Repertório de Salvador Taborda
Nunca pensei na vida
Vir um dia a encontrar
A minha vida escondida
Dentro do teu olhar
Teus olhos têm a cor
A cor da minha alegria
São o meu sonho maior
São o meu sonho maior
São a luz que me alumia
Eu que tanto procurei
Eu que tanto procurei
Por esta minha vida
Afinal encontrei-a
Afinal encontrei-a
Nos teus olhos escondida
O teu olhar é o sol
O teu olhar é o sol
Que aquece a noite calma
São de noite o meu farol
São de noite o meu farol
Que ilumina a minha alma
Quando eu era pecador
Artur Ribeiro / Pedro Rodrigues *fado primavera*
Repertório de Trio Odemira
Eu, de joelhos roguei
A Deus, que puzesse fim
Aos pecados degradantes
Deus ouviu-me e eu mudei
Mas gostava mais de mim
Pecador como era dantes
Em cada paixão traída
No meu ir de mão em mão
Repertório de Trio Odemira
Eu, de joelhos roguei
A Deus, que puzesse fim
Aos pecados degradantes
Deus ouviu-me e eu mudei
Mas gostava mais de mim
Pecador como era dantes
Em cada paixão traída
No meu ir de mão em mão
Bebendo p’la noite fora
Eu perdi anos de vida
Mas sentia o coração
Eu perdi anos de vida
Mas sentia o coração
Coisa que não sinto agora
Agora não sei se vivo
No eterno *tanto faz*
Agora não sei se vivo
No eterno *tanto faz*
De quem vive sem amor
Lamento não ter motivo
P’ra voltar tempos atrás
Lamento não ter motivo
P’ra voltar tempos atrás
Quando era pecador
A minha noiva tristeza
Inês Filipa Rebelo do Carmo / Arménio de Melo
Repertório de Luís Caeiro
A tristeza casou comigo
Repertório de Luís Caeiro
A tristeza casou comigo
Ao ver-me sofrer um dia
Por mais que lute não consigo
Transformá-la em alegria
Conheci-a num inverno
Por mais que lute não consigo
Transformá-la em alegria
Conheci-a num inverno
Com chuva, com vento e frio
Um vendaval do inferno
Um vendaval do inferno
Com luta insana no rio
Bateu-me à porta a chorar
Bateu-me à porta a chorar
Com uma rosa na mão
Talvez para me animar
Talvez para me animar
Ou vender-me uma ilusão
Mas a rosa perfumada
Mas a rosa perfumada
Que ela me trouxera à porta
Estava tão triste, a coitada
Estava tão triste, a coitada
Quando o beijei estava morta
E eu mais triste do que sou
E eu mais triste do que sou
Fiquei naquele desgosto
E uma lágrima deslizou
E uma lágrima deslizou
Pela tristeza do meu rosto
E hoje vivo com a tristeza
E hoje vivo com a tristeza
Pois sou casado com ela
E vejo nela beleza
E vejo nela beleza
Que a vida triste é mais bela
Roleta do destino
Artur Ribeiro / Raúl Ferrão *fado carriche*
Repertório de Trio Odemira
Há duas coisas que a vida
Não me consegue roubar
Esta tristeza incontida
E a morte, quando chegar
Como a provocar a sorte
Que traz consigo ao nascer
O homem tem medo à morte
E tudo faz p’ra morrer
Desde o princípio do homem
Até ao homem presente
Que gerações se consomem
Para destruír a gente
No jogo da nossa vida
A vida, por mais que queira
Nunca levou de vencida
A sua velha parceira
Deus criou essa partida
Onde não impera a sorte
E por algo, deu à vida
Menos trunfos do que à morte
Repertório de Trio Odemira
Há duas coisas que a vida
Não me consegue roubar
Esta tristeza incontida
E a morte, quando chegar
Como a provocar a sorte
Que traz consigo ao nascer
O homem tem medo à morte
E tudo faz p’ra morrer
Desde o princípio do homem
Até ao homem presente
Que gerações se consomem
Para destruír a gente
No jogo da nossa vida
A vida, por mais que queira
Nunca levou de vencida
A sua velha parceira
Deus criou essa partida
Onde não impera a sorte
E por algo, deu à vida
Menos trunfos do que à morte
Aqui tão perto de ti
Letra e música de Múcio de Sá
Repertório de Liliana Martins
Perdida nas janelas da alma
Olho as cidades sem tempo
Cenários de vidas imaginadas
Distante de trabalho intenso;
Mundos no tempo imaginado, só eu sei
Perdidos à entrada do labirinto
No meio da vastidão a poesia
De um dia a mais a viver
Janelas da alma, sol do meio-dia
Riquezas de quem não tem o que fazer;
Cenários de vidas imaginadas
Frestas de luz ao amanhecer
E se o amor bate as asas e voa sobre nós
Eu vou ser feliz, hoje, amanhã e depois
E se o amor bate as asas e voa sobre nós
Eu vou ser feliz aqui tão perto de ti
Repertório de Liliana Martins
Perdida nas janelas da alma
Olho as cidades sem tempo
Cenários de vidas imaginadas
Distante de trabalho intenso;
Mundos no tempo imaginado, só eu sei
Perdidos à entrada do labirinto
No meio da vastidão a poesia
De um dia a mais a viver
Janelas da alma, sol do meio-dia
Riquezas de quem não tem o que fazer;
Cenários de vidas imaginadas
Frestas de luz ao amanhecer
E se o amor bate as asas e voa sobre nós
Eu vou ser feliz, hoje, amanhã e depois
E se o amor bate as asas e voa sobre nós
Eu vou ser feliz aqui tão perto de ti
Não mais saber de mim
Artur Ribeiro / Santos Moreira *fado moreninha*
Repertório de Trio Odemira
Quando o meu coração quiser parar
Então é tempo de ficar dormindo
Então é tempo de ficar, ficar
No jeito de não ter acontecido
É tempo de fugir, fugir enfim
Ao inferno que trago p’ra castigo
É tempo de não mais saber de mim
Ou talvez de ficar por fim, comigo
Quando o meu coração quiser findar
Com este meu morrer assim, aos poucos
Que me dê tempo só para queimar
Que a ninguém deixo os meus poemas loucos
Repertório de Trio Odemira
Quando o meu coração quiser parar
Então é tempo de ficar dormindo
Então é tempo de ficar, ficar
No jeito de não ter acontecido
É tempo de fugir, fugir enfim
Ao inferno que trago p’ra castigo
É tempo de não mais saber de mim
Ou talvez de ficar por fim, comigo
Quando o meu coração quiser findar
Com este meu morrer assim, aos poucos
Que me dê tempo só para queimar
Que a ninguém deixo os meus poemas loucos
Amor, anda ver
Letra e música de Jorge Fernando
Repertório de Nuno da Câmara Pereira
Vamos acordar amanhã cedinho
Beber devagar nas fontes do ar
Repertório de Nuno da Câmara Pereira
Vamos acordar amanhã cedinho
Beber devagar nas fontes do ar
Como fôra vinho
Os dois, estrada fora como se num só
Sem espaço nem hora e sem demora
Qual réstia de pó
Amor anda ver o sol a nascer
Os dois, estrada fora como se num só
Sem espaço nem hora e sem demora
Qual réstia de pó
Amor anda ver o sol a nascer
Sobre o horizonte
Amor anda ver a água a correr
Amor anda ver a água a correr
Debaixo da ponte
Dar-te-ei a flor da mais linda cor
Dar-te-ei a flor da mais linda cor
Que por lá houver
E o sol como em sonho vestirá risonho
E o sol como em sonho vestirá risonho
A flor que prefere
Tu vais de certeza ficar seduzida
Com a natureza de sol à cabeça
Respirando vida
E no trono forte da árvore mais alta
Gravados em corte os nomes que à sorte
Nosso nome exalta
Tu vais de certeza ficar seduzida
Com a natureza de sol à cabeça
Respirando vida
E no trono forte da árvore mais alta
Gravados em corte os nomes que à sorte
Nosso nome exalta
Tradição
Letra e música de Miguel Araújo
Repertório de Raquel Tavares
Rosa, roda a saia
O vento muda, empurra a moda
Nem que a Rosa caia
Nada nunca pára a roda
Vai Rosa cobaia, arredonda-a bem
Que essa tua saia já foi da tua mãe
Já a mãe dela girava essa saia a tempo
Contra o vento, contra o tempo
Que faz girar o mundo
Nem que em plena roda a a rosa caia
Vem Maria, canta
Aos teus amores as dores de outrora
Canta em agonia
Outra que não é de agora
Vai roda gigante, faz girar o mundo
Que a pedra que anda à roda
E contraria aquela pedra que parou
No peito de qualquer Maria
E a Rosa no seu posto ainda rodopia
E vai rodando a saia até qualquer dia
Repertório de Raquel Tavares
Rosa, roda a saia
O vento muda, empurra a moda
Nem que a Rosa caia
Nada nunca pára a roda
Vai Rosa cobaia, arredonda-a bem
Que essa tua saia já foi da tua mãe
Já a mãe dela girava essa saia a tempo
Contra o vento, contra o tempo
Que faz girar o mundo
Nem que em plena roda a a rosa caia
Vem Maria, canta
Aos teus amores as dores de outrora
Canta em agonia
Outra que não é de agora
Vai roda gigante, faz girar o mundo
Que a pedra que anda à roda
E contraria aquela pedra que parou
No peito de qualquer Maria
E a Rosa no seu posto ainda rodopia
E vai rodando a saia até qualquer dia
É melhor assim
António Rocha / Franklim Godinho *4as*
Repertório de Pedro Galveias
Foi bom enquanto durou
A paixão que houve em nós
Mas a paixão acabou
Hoje estamos melhor sós
Não foi amor de raíz
Repertório de Pedro Galveias
Foi bom enquanto durou
A paixão que houve em nós
Mas a paixão acabou
Hoje estamos melhor sós
Não foi amor de raíz
A força que nos juntou
Por isso, como se diz
Por isso, como se diz
Foi bom enquanto durou
Vivemos uma aventura
Vivemos uma aventura
Que se tornou um algoz
Pois foi sol de pouca dura
Pois foi sol de pouca dura
A paixão que houve em nós
Foi triste a realidade
Foi triste a realidade
Que o destino nos traçou
Sonhamos felicidade
Sonhamos felicidade
Mas a paixão acabou
Pode ficar a amizade
Pode ficar a amizade
Pesando contras e prós
Eu acho que na verdade
Eu acho que na verdade
Hoje estamos melhor sós
Rendas pretas
Fernando Tavares Rodrigues / José Campos e Sousa
Repertório de António Pinto Basto
O que sinto por ti são rendas pretas
Recordações vagas, indiscretas
De um corpo que conheci
O que sinto por ti são rendas pretas
Volúpias de cetim, sedas secretas
Que tu despias para mim
Pedaços de fantasia
Repertório de António Pinto Basto
O que sinto por ti são rendas pretas
Recordações vagas, indiscretas
De um corpo que conheci
O que sinto por ti são rendas pretas
Volúpias de cetim, sedas secretas
Que tu despias para mim
Pedaços de fantasia
Que vestias para estar nua
Restos de noite que a lua
Restos de noite que a lua
Na tua pele descobria
O que sinto por ti são rendas pretas
Essas rendas incompletas
O que sinto por ti são rendas pretas
Essas rendas incompletas
Que nos dedos descobri
Quando ao ver-te assim despida
Toda de negro vestida
Quando ao ver-te assim despida
Toda de negro vestida
Me dei e te possuí
Dessas noturnas intrigas
Dessas noturnas intrigas
Que me calaram de espanto
Das meias finas, das ligas
Das meias finas, das ligas
Das rendas que te ofereci;
Lembro ainda o doce encanto
Das rendas pretas em ti
Do corpo que me ofereceste
Do corpo que me ofereceste
Quando entre as rendas te deste
E entre rendas me rendi
E entre rendas me rendi
Tão transparentes macias
As rendas que tu vestias
Hoje tão tristes, sem ti
Vai mais um dia
Pinto Jorge / Paulo de Carvalho
Repertório de Luísa Basto
Às seis o salto da cama
Repertório de Luísa Basto
Às seis o salto da cama
E o puto a resmungar
São dez minutos prá mama
São dez minutos prá mama
E a bucha por arrumar
Sai tudo à rua na guita
Sai tudo à rua na guita
Vai tudo a andar na ganga
No barco há um que arma fita
No barco há um que arma fita
na volta ninguém se zanga
Um jeitinho no transporte
Um jeitinho no transporte
E o puto fica na ama
Só nos faltava esta sorte
Só nos faltava esta sorte
O metro ainda nos trama
Um beijo dado apressado
Um beijo dado apressado
Adeus ao virar da esquina
Num fato mais que coçado
Num fato mais que coçado
A mulher ‘inda menina
Vai mais um dia de trabalho
Em qualquer lado
Vai mais um dia de trabalho
Pelo pão
Mas qualquer dia no trabalho
Ao nosso lado
Há-de ser dia de acabar
O dia não
Sabemos que ainda um dia
Hão-de ver quem tem razão
Lá vão quinhentos pró passe
Vai mais um dia de trabalho
Em qualquer lado
Vai mais um dia de trabalho
Pelo pão
Mas qualquer dia no trabalho
Ao nosso lado
Há-de ser dia de acabar
O dia não
Sabemos que ainda um dia
Hão-de ver quem tem razão
Lá vão quinhentos pró passe
Das viagens que fazemos
E não há ninguém que cace
E não há ninguém que cace
As paragens que perdemos
O puto vem a tossir
O puto vem a tossir
Das friagens que apanhou
A mulher vai a dormir
A mulher vai a dormir
P’las vezes que hoje acordou
À volta é gente da volta
À volta é gente da volta
Do trabalho que fizemos
E pensar que andam à solta
E pensar que andam à solta
Os males de que sofremos
Vai mais um dia passado
Vai mais um dia passado
Se é que esse dia passou
Talvez eu ande enganada
Talvez eu ande enganada
O dia não acabou
Canto das descobertas
Michel Legrand / Marilyn Bergman / Alan Bergman
Versão de Mário Martins
Repertório de José da Câmara
Hoje, os sorrisos da cidade
Versão de Mário Martins
Repertório de José da Câmara
Hoje, os sorrisos da cidade
Trazem sol ao meu olhar
São as notas deste fado
São as notas deste fado
No meu tempo de o cantar
Há a história que se conta
Há a história que se conta
Dum povo à beira do mar
E dum sonho muito antigo
E dum sonho muito antigo
E de vozes para o cantar;
Vozes fortes de muralha
Vozes claras, transparentes
São vozes de coro grego
Vozes fortes de muralha
Vozes molhadas de pranto
E vozes de praça forte
E vozes de praça forte
P’ra defender nosso canto
Vozes que tinham na voz
Vozes que tinham na voz
Mistérios a desvendar
E do tributo que nós
E do tributo que nós
Tão longe fomos pagar
Tantas vezes, tantas vezes
Tantas vezes, tantas vezes
A conceder-nos foral
Por fabuelas proezas
Por fabuelas proezas
Das gentes de Portugal;
Vozes claras, transparentes
Como cristais de firmeza
Vozes gostosas do pão
Que come connosco à mesa
Vozes de tanta ternura
Vozes de tanta ternura
E tamanha dimensão
Com a medida do mundo
Com a medida do mundo
Em dois palmos de canção
São as vozes de além Tejo
São as vozes de além Tejo
São as vozes de além dor
No coral da Epopeia
No coral da Epopeia
Que dobrou o Bojador
São vozes de coro grego
Vestido à moda do Minho
Vozes de nau viageira
Vozes de nau viageira
Que tem garganta de pinho
Tantas vezes, tantas vezes
Tantas vezes, tantas vezes
De grandeza universal
Deste sonho desmedido
Deste sonho desmedido
Dum país no plural
Restos de nada
Maria Luísa Batista / Casimiro Ramos *fado três bairros*
Repertótio de António Vasco Moraes
Ficou no calor da cama
Acesa como uma chama
A lembrança dos sentidos
Ficou o cheiro e o sabor
Daquela noite de amor
Nos nossos corpos doridos
Ficou paixão e carinho
Repertótio de António Vasco Moraes
Ficou no calor da cama
Acesa como uma chama
A lembrança dos sentidos
Ficou o cheiro e o sabor
Daquela noite de amor
Nos nossos corpos doridos
Ficou paixão e carinho
Dentro dos lençóis de linho
Revoltos, amarrotados
E num canto de memória
Revoltos, amarrotados
E num canto de memória
Só eu guardo dessa história
Os sentimentos rasgados
Os lençóis ficaram frios
Os sentimentos rasgados
Os lençóis ficaram frios
Os sentimentos vazios
Afinal o que sobrou?
O amor envelheceu
Afinal o que sobrou?
O amor envelheceu
A paixão arrefeceu
Do nada nada restou
Não guardo rancor nem mágoa
Do nada nada restou
Não guardo rancor nem mágoa
Sou como a corrente d’água
Que procura o mar salgado
Porque é de sal o meu pranto
Que procura o mar salgado
Porque é de sal o meu pranto
Porque é de paz o seu manto
Não lhe interessa o meu passado
Não lhe interessa o meu passado
Cantigas
Maria Manuel Cid / Popular
Repertório de António Vasco de Moraes
Não vejo, não vejo
Repertório de António Vasco de Moraes
Não vejo, não vejo
Não vejo ninguém
Que tenha mais medo
Que tenha mais medo
Que tem o meu bem
De contar segredos
De contar segredos
Segredos contar
E tornar azedos
E tornar azedos
Os beijos roubados
Tu ficas airosa se pões o teu lenço
É da cor da rosa e cheira a incenso
Não vejo, não vejo, não vejo ninguém
Que tenha mais medo que tem o meu bem
Não pintes a boca da cor do carmim
A nódoa da amora é coisa ruim
Se me dás um beijo assim a marcá-los
Quem tiver desejos já pode contá-los
Não vejo, não vejo
Tu ficas airosa se pões o teu lenço
É da cor da rosa e cheira a incenso
Não vejo, não vejo, não vejo ninguém
Que tenha mais medo que tem o meu bem
Não pintes a boca da cor do carmim
A nódoa da amora é coisa ruim
Se me dás um beijo assim a marcá-los
Quem tiver desejos já pode contá-los
Não vejo, não vejo
Não vejo ninguém
Que tenha mais medo
Que tenha mais medo
Que tem o meu bem
Oh minha Rosinha eu hei-de te amar
De dia ao sol, de noite ao luar
De noite ao luar, de noite ao luar
Oh minha Rosinha eu hei-de te amar
Oh minha Rosinha eu hei-de te amar
De dia ao sol, de noite ao luar
De noite ao luar, de noite ao luar
Oh minha Rosinha eu hei-de te amar
Vê lá meu bem
Letra e música de Marcelo Camelo
Repertório de Maja
Vê lá bem meu bem, sinto te informar
Que arranjei alguém p’ra me confortar
Este alguém está quando tu sais
E eu só posso crer pois sem te ter
Nestes braços tais
Vê lá bem, amor, só te quero ver
Somos no papel mas não no viver
Viajares sem mim, me deixares assim
Tive que arranjar alguém p’ra passar
Os dias ruins
Enquanto isso,
Repertório de Maja
Vê lá bem meu bem, sinto te informar
Que arranjei alguém p’ra me confortar
Este alguém está quando tu sais
E eu só posso crer pois sem te ter
Nestes braços tais
Vê lá bem, amor, só te quero ver
Somos no papel mas não no viver
Viajares sem mim, me deixares assim
Tive que arranjar alguém p’ra passar
Os dias ruins
Enquanto isso,
Navegando eu vou sem paz
Sem ter um porto, quase morta
Sem ter um porto, quase morta
Sem um cais
E eu nunca vou esquecer-te, amor
Mas a solidão
E eu nunca vou esquecer-te, amor
Mas a solidão
Deixa o coração neste leva e traz
Vê lá bem, além destes factos vis
Sabes que as traições são bem mais subtis
Se eu te troquei não foi por maldade
Vê lá meu bem, arranjei alguém
Chamado *saudade*
Vê lá bem, além destes factos vis
Sabes que as traições são bem mais subtis
Se eu te troquei não foi por maldade
Vê lá meu bem, arranjei alguém
Chamado *saudade*
Cantar perfeito
João Dias / Armando Macado *fado licas*
Repertório de Maria Armanda
Perfeita é a palavra quando verso
E a graça de cantar é já entrega
A malha em que se tece o universo
É força que nenhuma força nega
Perfeita é a razão de ser poeta
Amar a flor nascida em qualquer chão
Andar de corpo inteiro, alma liberta
Estender a mão aberta a qualquer mão
Perfeito é o lugar aonde estás
Tecendo o linho verde duma esperança
Perfeita é qualquer voz cantando paz
Perfeito é qualquer gesto de criança
Perfeito é o perfil do seio fecundo
Da mãe ganhando o filho de seu ventre
Perfeito movimento é o do mundo
A repartir o sol por toda a gente
Repertório de Maria Armanda
Perfeita é a palavra quando verso
E a graça de cantar é já entrega
A malha em que se tece o universo
É força que nenhuma força nega
Perfeita é a razão de ser poeta
Amar a flor nascida em qualquer chão
Andar de corpo inteiro, alma liberta
Estender a mão aberta a qualquer mão
Perfeito é o lugar aonde estás
Tecendo o linho verde duma esperança
Perfeita é qualquer voz cantando paz
Perfeito é qualquer gesto de criança
Perfeito é o perfil do seio fecundo
Da mãe ganhando o filho de seu ventre
Perfeito movimento é o do mundo
A repartir o sol por toda a gente
Fado século XXI
*A vida é um milagre*
Letra e música de Edgar Nogueira
Repertório de Catarina Rosa
A vida é um milagre
Letra e música de Edgar Nogueira
Repertório de Catarina Rosa
A vida é um milagre
Amor é fogo que arde
Diz Virgílio, diz Camões
Não fôra Cristo a verdade
Que há-de cá voltar, pois há-de
Só havia interrogações
Porque amo a vida logo
A mim própria me interrogo
O que é o homem no tempo
Vela que acende com modo
Luz que se apaga mal acordo
Tão breve como um lamento
Na vida individual
O homem é temporal
E por isso me lamento
Sou uno sem ter igual
Mesmo assim, para meu mal
Só juntos temos assento
Eu gosto imenso da vida
Não gosto é da intriga
Amo somente a verdade
Uma estrela minha amiga
Deu-me luz bem definida
Pois a vida é um milagre
Diz Virgílio, diz Camões
Não fôra Cristo a verdade
Que há-de cá voltar, pois há-de
Só havia interrogações
Porque amo a vida logo
A mim própria me interrogo
O que é o homem no tempo
Vela que acende com modo
Luz que se apaga mal acordo
Tão breve como um lamento
Na vida individual
O homem é temporal
E por isso me lamento
Sou uno sem ter igual
Mesmo assim, para meu mal
Só juntos temos assento
Eu gosto imenso da vida
Não gosto é da intriga
Amo somente a verdade
Uma estrela minha amiga
Deu-me luz bem definida
Pois a vida é um milagre
Marinheiro americano
Amadeu dos Santos / Sebastião Ferreira / Fernando dos Santos
Manuel Carvalho Jnr / Frederico Valério
Repertório de Hermínia Silva
Mim ter ouvido fada e não saber
Cantada por Alfreda Marceneira
Mas não perceber nada do que era
E só ter apanhado bebedeira
Alfredo ter cantado o Bacalhau
E tudo ter na boca posto um rolha
Mas mim fazer barulho no cançau
E levar um camóne aqui no ôlha
Ó fada yes allrigth
Lady Maria Aliça
Ter cantado quatro fadas… chatiça
Ó fada yes allrigth
Mister Cascais Manuel
No guitara, Armandinha, very well
Mim gostar muito de ouvir guitarradas
E ouvir cantigas desgraciadas
Ó fada yes allrigth
Mister Alberto Costa
No corrida choradinha… mim gosta
Lembro do bom Fialha ter cantada
O cantiga no fado corridinha
Todo o gente a chorar, ficar magoada
Mas mim, beber cerveja, beber vinha
Mim chamar o criada por ter sede
E logo um fadista dar chapada
Por não ter visto escrito no parede
Sailance… que se vai cantar o fada
Manuel Carvalho Jnr / Frederico Valério
Repertório de Hermínia Silva
Mim ter ouvido fada e não saber
Cantada por Alfreda Marceneira
Mas não perceber nada do que era
E só ter apanhado bebedeira
Alfredo ter cantado o Bacalhau
E tudo ter na boca posto um rolha
Mas mim fazer barulho no cançau
E levar um camóne aqui no ôlha
Ó fada yes allrigth
Lady Maria Aliça
Ter cantado quatro fadas… chatiça
Ó fada yes allrigth
Mister Cascais Manuel
No guitara, Armandinha, very well
Mim gostar muito de ouvir guitarradas
E ouvir cantigas desgraciadas
Ó fada yes allrigth
Mister Alberto Costa
No corrida choradinha… mim gosta
Lembro do bom Fialha ter cantada
O cantiga no fado corridinha
Todo o gente a chorar, ficar magoada
Mas mim, beber cerveja, beber vinha
Mim chamar o criada por ter sede
E logo um fadista dar chapada
Por não ter visto escrito no parede
Sailance… que se vai cantar o fada
João Cortes
Vitor Rodrigues / Joaquim Campos *fado rosita*
Repertório de Manuel da Câmara
Aquele rosto moreno
Onde sorri o passado
Sereno sem ser pequeno
Enorme por ser forcado
Enfrentou p’rigos e mortes
Repertório de Manuel da Câmara
Aquele rosto moreno
Onde sorri o passado
Sereno sem ser pequeno
Enorme por ser forcado
Enfrentou p’rigos e mortes
Aos consagrados pertence
De seu nome João Cortes
De seu nome João Cortes
Um ilustre Estremocence
Na festa, triunfador
Na festa, triunfador
Onde colheu faustos loiros
Distinto seu pundonor
Distinto seu pundonor
Destemido a pegar toiros
Por razões de gratidão
Por razões de gratidão
Seu nome será lembrando
O Cortes é a lição
O Cortes é a lição
Do culto do bom forcado
No simbolismo imponente
No simbolismo imponente
Perdura ainda o valor
Do cabo nobre e valente
Do cabo nobre e valente
Que sempre honrou Montemor
Canção de amor
Fernando Tavares Rodrigues
Repertório de António Pinto Basto
Amo-te muito
Como se já te amasse assim há muito
Amo-te tanto
Como se fosse apenas por enquanto
Amo-te como quem partiu
Sabendo, ao partir, que já chegou
Amo-te como amo aquilo que te dou
Amo-te como um vinho antigo
Repertório de António Pinto Basto
Amo-te muito
Como se já te amasse assim há muito
Amo-te tanto
Como se fosse apenas por enquanto
Amo-te como quem partiu
Sabendo, ao partir, que já chegou
Amo-te como amo aquilo que te dou
Amo-te como um vinho antigo
Um mosto doce
Amo-te como a Primavera
Amo-te como a Primavera
Que te trouxe
Quero-te como se te amasse
Quero-te como se te amasse
Por encanto
Só sei amar-te assim
Só sei amar-te assim
Como se fosse a mim
E quero amar-te
E quero dar-me sempre a ti
E quero amar-te
E quero dar-me sempre a ti
Constantemente
A um tempo só
O futuro e o passado no presente
E a ternura, esse fogo
Que acendemos mão na mão
Seja sempre amor
A um tempo só
O futuro e o passado no presente
E a ternura, esse fogo
Que acendemos mão na mão
Seja sempre amor
Sem deixar de ser paixão
Deixa aquela rua
José Nunes Pereira / Augusto Pinho
Repertório de João Pedro
Porque é que te ris com tanta vaidade
Se não é feliz, quem diz a verdade
Esconde que eu vejo a tua alegria
Aquele desejo que sonhaste um dia
Deixa aquela rua onde ergui a fé
Que foi minha e tua, agora não é
Fechou-se a janela da minha paixão
Vê lá, tem cautela, não a acordes não
Tu podes passar, passar não importa
Tens de respeitar esta paixão morta
Outra hora vivida não soubeste amar
Agora esquecida, não deve acordar
Repertório de João Pedro
Porque é que te ris com tanta vaidade
Se não é feliz, quem diz a verdade
Esconde que eu vejo a tua alegria
Aquele desejo que sonhaste um dia
Deixa aquela rua onde ergui a fé
Que foi minha e tua, agora não é
Fechou-se a janela da minha paixão
Vê lá, tem cautela, não a acordes não
Tu podes passar, passar não importa
Tens de respeitar esta paixão morta
Outra hora vivida não soubeste amar
Agora esquecida, não deve acordar
Segue o teu rumo
Ricardo Reis / Sueli Costa
Repertório de Carolina
Segue o teu destino
Rega as tuas plantas, ama as tuas rosas
O resto é sombra de árvores alheias
A realidade
Sempre é mais ou menos do que nós queremos
Só nós somos sempre iguais a nós próprios
Suave é viver só
Grande e nobre é sempre viver simplesmente
Deixa a dor nas aras como ex-voto aos deuses
Vê de longe a vida, nunca a interrogues
A resposta está além dos deuses
Mas serenamente imita o Olimpo
No teu coração
Os deuses são deuses porque não se pensam
Porque não se pensam
Repertório de Carolina
Segue o teu destino
Rega as tuas plantas, ama as tuas rosas
O resto é sombra de árvores alheias
A realidade
Sempre é mais ou menos do que nós queremos
Só nós somos sempre iguais a nós próprios
Suave é viver só
Grande e nobre é sempre viver simplesmente
Deixa a dor nas aras como ex-voto aos deuses
Vê de longe a vida, nunca a interrogues
A resposta está além dos deuses
Mas serenamente imita o Olimpo
No teu coração
Os deuses são deuses porque não se pensam
Porque não se pensam
Creio amigo
Maria Manuel Cid / António Mourão
Repertório de António Mourão
Este poema foi também gravado por Carlos Timóteo
Repertório de António Mourão
Este poema foi também gravado por Carlos Timóteo
com música de Custódio Castelo
A vida é destino aberto
Duma lonjura tamanha
Quem percorrer o deserto
Tem abrigo na montanha
Só fica pelo caminho
Quem o caminho temeu
Só p’ra voarmos do ninho
Nas asas que Deus nos deu
Creio amigo que o silêncio é morte
Crei0 amigo que a vontade é lei
Creio amigo que daria a sorte
E no sonho nada encontrei
Vem daí, anda comigo
Não sei bem aonde vou
Se há coisas que te não digo
É que ninguém me ensinou
Vem comigo à descoberta
A vida é porta cerrada
Minha mão estende-se aberta
Sempre que tombes na estrada
A vida é destino aberto
Duma lonjura tamanha
Quem percorrer o deserto
Tem abrigo na montanha
Só fica pelo caminho
Quem o caminho temeu
Só p’ra voarmos do ninho
Nas asas que Deus nos deu
Creio amigo que o silêncio é morte
Crei0 amigo que a vontade é lei
Creio amigo que daria a sorte
E no sonho nada encontrei
Vem daí, anda comigo
Não sei bem aonde vou
Se há coisas que te não digo
É que ninguém me ensinou
Vem comigo à descoberta
A vida é porta cerrada
Minha mão estende-se aberta
Sempre que tombes na estrada
Louca paixão
Maria Estela / Alfredo Correeiro
Repertório de Fernanda Maria
Roubei à vida um bocado
Para viver a teu lado
Fechada nos braços teus
Num momento de loucura
Roubei a febre e ternura
Que não podiam ser meus
Tivemos iguais desejos
Trocamos beijos por beijos
Repertório de Fernanda Maria
Roubei à vida um bocado
Para viver a teu lado
Fechada nos braços teus
Num momento de loucura
Roubei a febre e ternura
Que não podiam ser meus
Tivemos iguais desejos
Trocamos beijos por beijos
Vivemos um só amor
Horas roubadas à vida
Qual ventura proibida
Horas roubadas à vida
Qual ventura proibida
Talvez por isso a melhor
Roubei mas fui condenada
Hoje expio encarcerada
Roubei mas fui condenada
Hoje expio encarcerada
Culpa que foi tua e minha
Só louca, a minha paixão
Ficou no teu coração
Só louca, a minha paixão
Ficou no teu coração
Aonde eu coube inteirinha
Não quero mais fado
Eugénio Pepe / Aníbal Nazaré
Repertório de José da Câmara
Naquela tasca afamada
Depois de ouvir fado a esmo
Sempre na mesma toada
E onde o motivo era o mesmo
Ouvi alguém que pedia
Como quem pede ao balcão
Mas com certa galhardia
E carradas de razão
Por favor, tragam-me um fado
Que não fale das esperas
Que não viva do passado
Nem à sombra das Severas
Não fale nas tascas mais rascas que havia
Nos becos de Alfama e da Mouraria
Não lembre toureiros, campinos, forcados
Se trazem só disso, não quero mais fados
Ouviu-se uma desgarrada
Coisa que é pouco fadista
Tudo a falar em bairrista
Um fado triste e mais nada
E ao recordar a cantiga
Que ao fado tudo se canta
Pedi à maneira antiga
Sem trinados na garganta
Repertório de José da Câmara
Naquela tasca afamada
Depois de ouvir fado a esmo
Sempre na mesma toada
E onde o motivo era o mesmo
Ouvi alguém que pedia
Como quem pede ao balcão
Mas com certa galhardia
E carradas de razão
Por favor, tragam-me um fado
Que não fale das esperas
Que não viva do passado
Nem à sombra das Severas
Não fale nas tascas mais rascas que havia
Nos becos de Alfama e da Mouraria
Não lembre toureiros, campinos, forcados
Se trazem só disso, não quero mais fados
Ouviu-se uma desgarrada
Coisa que é pouco fadista
Tudo a falar em bairrista
Um fado triste e mais nada
E ao recordar a cantiga
Que ao fado tudo se canta
Pedi à maneira antiga
Sem trinados na garganta
Onde Deus me possa ouvir
Letra e música de Vander Lee
Repertório de Cristina Maria
Sabe o que eu queria agora, meu bem?
Saír, chegar lá fora e encontrar alguém
Que não me dissesse nada
Não me perguntasse nada também
Que me oferecesse um colo ou um ombro
Onde eu desaguasse todo o desengano
Mas a vida anda louca
Repertório de Cristina Maria
Sabe o que eu queria agora, meu bem?
Saír, chegar lá fora e encontrar alguém
Que não me dissesse nada
Não me perguntasse nada também
Que me oferecesse um colo ou um ombro
Onde eu desaguasse todo o desengano
Mas a vida anda louca
As pessoas andam tristes
Meus amigos são amigos de ninguém
Meu amor
Deixa eu chorar até me cansar
Me leve p’ra qualquer lugar
Onde Deus possa me ouvir
Minha dor
Eu não consigo compreender
Eu quero algo p’ra beber
Deixa-me aqui, pode saír
Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Entender porque se agridem
Se empurram pró abismo
Se debatem, se combatem sem saber
Meus amigos são amigos de ninguém
Meu amor
Deixa eu chorar até me cansar
Me leve p’ra qualquer lugar
Onde Deus possa me ouvir
Minha dor
Eu não consigo compreender
Eu quero algo p’ra beber
Deixa-me aqui, pode saír
Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Entender porque se agridem
Se empurram pró abismo
Se debatem, se combatem sem saber
Fado do trapo
Pinto Jorge / João Fernando
Repertório de Luísa Basto
Já catou
Os caixotes da cidade sem achar
Os arredores da vida já buscou
Nas ruas desta idade, um só lar
Uma cama esquecida
No latão do lixo que deixámos
Repertório de Luísa Basto
Já catou
Os caixotes da cidade sem achar
Os arredores da vida já buscou
Nas ruas desta idade, um só lar
Uma cama esquecida
No latão do lixo que deixámos
No papel
Que deitámos à rua
Está o pão que nós já desprezamos
Que deitámos à rua
Está o pão que nós já desprezamos
Está o fel
Da sopa que faz sua
Não toquem naquilo que é do Chico
Ninguém quer papel ou trapo
Ai mal de quem quer ficar mais rico
Por ter um caixote e um farrapo
Quem lhe dera
Ter um caixote cheio, mais cartão
Sem entrada na Mitra, ele espera
Poder achar um meio, um portão
Que vá dando guarida
Esta terra
Que vai sendo pesada, esta hora
Já lhe custou a passar, está na guerra
Desta coisa danada, já demora
A vez de descansar
Da sopa que faz sua
Não toquem naquilo que é do Chico
Ninguém quer papel ou trapo
Ai mal de quem quer ficar mais rico
Por ter um caixote e um farrapo
Quem lhe dera
Ter um caixote cheio, mais cartão
Sem entrada na Mitra, ele espera
Poder achar um meio, um portão
Que vá dando guarida
Esta terra
Que vai sendo pesada, esta hora
Já lhe custou a passar, está na guerra
Desta coisa danada, já demora
A vez de descansar
Aicha Conticha
Manuel Alegre / Nuno Nazareth Fernandes
Repertório de João Braga
A armada deixa Arzíla sobre as naus
Brilham uma última vez
Repertório de João Braga
A armada deixa Arzíla sobre as naus
Brilham uma última vez
As armas portuguesas
Quando os moiros chegarem, verão apenas
Uma mulher de negro pelas ruas
Não resta mais de Portugal, só esse luto
Na cidade deserta e abandonada
Os moiros lhe chamarão Aicha Conticha
Os moiros lhe chamarão Aicha Conticha
E enquanto a armada se despede lentamente
Ela só, é senhora da cidade
De negro está vestida, ela só
Ela só na cidade abandonada
E nunca mais Arzíla será perdida
E nunca mais Arzíla será tomada
Talvez um amor antigo
Quando os moiros chegarem, verão apenas
Uma mulher de negro pelas ruas
Não resta mais de Portugal, só esse luto
Na cidade deserta e abandonada
Os moiros lhe chamarão Aicha Conticha
Os moiros lhe chamarão Aicha Conticha
E enquanto a armada se despede lentamente
Ela só, é senhora da cidade
De negro está vestida, ela só
Ela só na cidade abandonada
E nunca mais Arzíla será perdida
E nunca mais Arzíla será tomada
Talvez um amor antigo
Ou um morto querido
Talvez a luz, o branco, o sul
Talvez o puro prazer de olhar
Outros amaram Arzília, mas não tanto
Que tivessem de ficar só por amor
Ela só quis Arzíla por Arzíla
Talvez a luz, o branco, o sul
Talvez o puro prazer de olhar
Outros amaram Arzília, mas não tanto
Que tivessem de ficar só por amor
Ela só quis Arzíla por Arzíla
As rosas não falam
Letra e música de Cartola
Repertório de Gisela João
Bate outra vez com esperanças, o meu coração
Pois já vai terminando o Verão… enfim
Volto ao jardim co’a certeza que devo chorar
Pois sei bem que não queres voltar para mim
Queixo-me às rosas
Mas que loucura
Repertório de Gisela João
Bate outra vez com esperanças, o meu coração
Pois já vai terminando o Verão… enfim
Volto ao jardim co’a certeza que devo chorar
Pois sei bem que não queres voltar para mim
Queixo-me às rosas
Mas que loucura
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubem de ti
Devias vir para ver os meus olhos tristonhos
E quem sabe, talvez nos meus sonhos, por fim
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubem de ti
Devias vir para ver os meus olhos tristonhos
E quem sabe, talvez nos meus sonhos, por fim
Louca paixão
José Patrício / Miguel Ramos*fado alberto*
Repertório de Fernando Jorge
Sentir perto de mim teu meigo olhar
É quanto a mim me basta p’ra riqueza
Meu Deus, como é que pudeste dar
Apenas a alguém, tanta beleza
Na chama desse amor fui-me embalar
No calor dos teus braços vou caír
Amor, se não me pedes p’ra ficar
Sou eu que digo: não quero partir
Ao navegar contigo em mil desejos
Em ondas de paixão por saciar
Alimentar meus lábios nos teus beijos
Nesta fome de amor por acalmar
Se na vida real eu não consigo
Teu corpo com carinho abraçar
Então quero dormir, sonhar contigo
E peço p’ra ninguém mais me acordar
Repertório de Fernando Jorge
Sentir perto de mim teu meigo olhar
É quanto a mim me basta p’ra riqueza
Meu Deus, como é que pudeste dar
Apenas a alguém, tanta beleza
Na chama desse amor fui-me embalar
No calor dos teus braços vou caír
Amor, se não me pedes p’ra ficar
Sou eu que digo: não quero partir
Ao navegar contigo em mil desejos
Em ondas de paixão por saciar
Alimentar meus lábios nos teus beijos
Nesta fome de amor por acalmar
Se na vida real eu não consigo
Teu corpo com carinho abraçar
Então quero dormir, sonhar contigo
E peço p’ra ninguém mais me acordar
Cantar da milésima segunda noite
Rodrigo Emílio / José Campos e Sousa
Repertório de António Pinto Basto
Eu vi o sol em plena noite
Quando ninguém podia vê-lo
Eu vi o sol da meia noite
A raiar no teu cabelo
E houve mil e uma noites
De fulgor inapagável
Da boémia, a mais profunda
Houve mil e uma noites
Mas nenhuma comprarável
À milésima segunda
Quando ninguém podia vê-las
Vi tuas mãos de Dulcineia
Não sei se foi noite de estrelas
Mas sei que foi noite de estreia
E ouvi cantar, cantar em coro
Em cada artéria, em cada vela
O sol do sangue e o fulvo touro
Que te anuncia e me inceideia
Repertório de António Pinto Basto
Eu vi o sol em plena noite
Quando ninguém podia vê-lo
Eu vi o sol da meia noite
A raiar no teu cabelo
E houve mil e uma noites
De fulgor inapagável
Da boémia, a mais profunda
Houve mil e uma noites
Mas nenhuma comprarável
À milésima segunda
Quando ninguém podia vê-las
Vi tuas mãos de Dulcineia
Não sei se foi noite de estrelas
Mas sei que foi noite de estreia
E ouvi cantar, cantar em coro
Em cada artéria, em cada vela
O sol do sangue e o fulvo touro
Que te anuncia e me inceideia
Um fado à mercê da vida
José Fernandes Castro / Carlos Rocha
Repertório de Nelson Duarte
Repertório de Nelson Duarte
Música do fado *Sempre que Lisboa canta*
Eu sou um tempo perdido
Nas madrugadas da vida
Sou um fado acontecido
Numa noite florida
Sou um barco sem maré
Neste mar por navegar
Sou alma cheia de fé
Que passa a vida a cantar
Quando a saudade magoa
Minh’alma entoa esta canção
Eu sou o sopro fugaz
Duma brisa matinal
Sou um poema de paz
Numa guerra triunfal
Sou um livro que se lê
Sou um verso que alguém quer
E assim ando à mercê
Do que a vida me trouxer
Eu sou um tempo perdido
Nas madrugadas da vida
Sou um fado acontecido
Numa noite florida
Sou um barco sem maré
Neste mar por navegar
Sou alma cheia de fé
Que passa a vida a cantar
Quando a saudade magoa
Minh’alma entoa esta canção
E o soluço se apregoa
Mesmo que doa no coração
Mesmo que doa no coração
Quando a saudade faz lei
As outras leis são tempo errado
As outras leis são tempo errado
A saudade a que me dei
Tem as leis do próprio fado
Tem as leis do próprio fado
Eu sou o sopro fugaz
Duma brisa matinal
Sou um poema de paz
Numa guerra triunfal
Sou um livro que se lê
Sou um verso que alguém quer
E assim ando à mercê
Do que a vida me trouxer
Fado menor
Fernando Teles / Popular *fado menor*
Repertório de Maria Alice
Repertório de Maria Alice
Letra extraída do livro *Poetas do Fado Tradicional* de
Daniel Gouveia e Francisco Mendes
Por eu vender o meu corpo
Olham p’ra mim com desdém
As ricas também se vendem
E tudo lhes fica bem
Ninguém censure a mulher
Que p’ra dar aos filhos pão
Depois de tudo sofrer
Ponha seu corpo em leilão
Não há ninguém que suponha
Qual a cruz do meu penar
É ser mãe e ter vergonha
Dos meus filhitos beijar
Por eu vender o meu corpo
Olham p’ra mim com desdém
As ricas também se vendem
E tudo lhes fica bem
Ninguém censure a mulher
Que p’ra dar aos filhos pão
Depois de tudo sofrer
Ponha seu corpo em leilão
Não há ninguém que suponha
Qual a cruz do meu penar
É ser mãe e ter vergonha
Dos meus filhitos beijar
À noite quando me deito
Letra e música de António Silva Reis
Repertório de Tony Reis
Sinto-me só
Repertório de Tony Reis
Sinto-me só
Quando não 'stás a meu lado
Sinto-me só
Sinto-me só
Quando não te canto um fado
Sinto-me só
À noite quando me deito
E sinto dentro do peito
E sinto dentro do peito
A saudade de te ver
Sinto-me só
Sinto-me só
E creio, p’ra meu castigo
Que sem ti eu não consigo
Alento para viver
Trago comigo
A mágoa que me devora
Mas que me obriga
Que sem ti eu não consigo
Alento para viver
Trago comigo
A mágoa que me devora
Mas que me obriga
A pensar a toda a hora
Sei p’ra meu bem
Que contigo sou feliz
Porque o amor é também
O fruto d’uma raiz
Que contigo sou feliz
Porque o amor é também
O fruto d’uma raiz
O filho ceguinho
Amadeu do Vale / Ercília Costa
Repertório de Ercília Costa
Letra extraída do livro *Poetas do Fado Tradicional*
Repertório de Ercília Costa
Letra extraída do livro *Poetas do Fado Tradicional*
de Daniel Gouveia e Francisco Mendes
P’ra dar vista ao meu filhinho
Que me nascera ceguinho
Fiz uma promessa a Deus
Que os dois olhos do meu filho
Se um dia tivessem brilho
Prometi cegar os meus
Tanta e tanta devoção
Eu pus na minha oração
P’ra dar vista ao meu filhinho
Que me nascera ceguinho
Fiz uma promessa a Deus
Que os dois olhos do meu filho
Se um dia tivessem brilho
Prometi cegar os meus
Tanta e tanta devoção
Eu pus na minha oração
Que ela chegou a Jesus
E por milagre divino
Aos olhos do meu menino
E por milagre divino
Aos olhos do meu menino
Chegou finalmente a luz
Muito alegre, fui depressa
P’ra cumprir minha promessa
Muito alegre, fui depressa
P’ra cumprir minha promessa
Caí aos pés do altar
Ergui meus olhos aos céus
E só por graça de Deus
Ergui meus olhos aos céus
E só por graça de Deus
Eu não cheguei a cegar
Três degraus, uma cortina
Linhares Barbosa / Popular *fado menor
Repertório de António Rocha
A 2ª estrofe (que não foi gravada pelo António Rocha) foi extraída do CD de
Repertório de António Rocha
A 2ª estrofe (que não foi gravada pelo António Rocha) foi extraída do CD de
Manuel Cardoso de Menezes que gravou esta letra na música do Fado Lopes
Três degraus, uma cortina
Uma imagem de Jesus
E a luz duma lamparina
Iluminando outra cruz
Viela triste e sombria
Três degraus, uma cortina
Uma imagem de Jesus
E a luz duma lamparina
Iluminando outra cruz
Viela triste e sombria
Uma mulher de má sina
Um letreiro, hospedaria
Um letreiro, hospedaria
Três degraus, uma cortina
Uma cama improvisada
Uma cama improvisada
Que só miséria traduz
Ao fundo, dependurada
Ao fundo, dependurada
Uma imagem de Jesus
Sobre uma mesa de pinho
Sobre uma mesa de pinho
Uma vela de estearina
Uma garrafa com vinho
Uma garrafa com vinho
E a luz duma lamparina
Sempre que a mulher se vende
Sempre que a mulher se vende
E o freguês pede mais luz
A vela também se acende
A vela também se acende
Iluminando outra cruz
A voz de Portugal
Fernando Teles / Guilherme Coração *fado sem pernas*
Repertório de Maria Alice
Repertório de Maria Alice
Letra extraída do livro *Poetas Populares do Fado Tradicional*
de Daniel Gouveia e Francisco Mendes
Ter um fado igual ao meu
Ó Coimbra quem te dera
Na Mouraria nasceu
Teve por mãe a Severa
Fado lindo do Mondego
Ó Coimbra quem te dera
Na Mouraria nasceu
Teve por mãe a Severa
Fado lindo do Mondego
Cantado por noite fora
À alma tira o sossego
À alma tira o sossego
Que de tanto ouvi-lo chora
O de Lisboa é mais triste
O de Lisboa é mais triste
É mais castiço, mais faia
A alma não lhe resiste
A alma não lhe resiste
Ouvindo-o logo desmaia
Por mim ou outro cantado
Por mim ou outro cantado
Na Mouraria ou Choupal
São lindos todos os fados
São lindos todos os fados
São a voz de Portugal
Homem da lezíria
Maria Manuel Cid / Francisco José Marques *fado zé negro
Repertório de Teresa Tarouca
Solta da cinta grosseira
Voava a camisa branca
Que o vento suão enxuga
E o salto de prateleira
Pisa o restolho que arranca
Da terra que a sede enruga
Uma melena teimosa
Repertório de Teresa Tarouca
Solta da cinta grosseira
Voava a camisa branca
Que o vento suão enxuga
E o salto de prateleira
Pisa o restolho que arranca
Da terra que a sede enruga
Uma melena teimosa
Cobre-lhe a testa trigueira
Como mata de capim
E a vara fina e rugosa
Como mata de capim
E a vara fina e rugosa
Batia forte a poeira
Da sua calça de brim
Os dentes brancos de neve
Da sua calça de brim
Os dentes brancos de neve
Brilhavam como centelhas
Nos seus lábios sensuais
E mordiscava de leve
Nos seus lábios sensuais
E mordiscava de leve
Uma papoila vermelha
Colhida pelos trigais
Leva na bota o esporim
Colhida pelos trigais
Leva na bota o esporim
Como lama de uma vala
Pinga o suor do seu rosto
Nesta lezíria sem fim
Pinga o suor do seu rosto
Nesta lezíria sem fim
Até o silêncio fala
Nas tardes do mês de Agosto
Nas tardes do mês de Agosto
Os belos tempo d’outrora
Fernando Teles / Popular *fado corrido serrano*
Repertório de Maria Albertina
Letra extraída do livro *Poetas do Fado Tradicional* de
Repertório de Maria Albertina
Letra extraída do livro *Poetas do Fado Tradicional* de
Daniel Gouveia e Francisco Mendes
Os belos tempos d'outrora
São relíquias do passado
Dois impagáveis tesoiros
A guitarra mais o fado
Era na Lisboa antiga
Os belos tempos d'outrora
São relíquias do passado
Dois impagáveis tesoiros
A guitarra mais o fado
Era na Lisboa antiga
Quinta-Feira d'Ascensão
Dia de consagração
Dia de consagração
Porque era dia de espiga
Com farnéis e sem fadiga
Com farnéis e sem fadiga
Assim que raiava a aurora
Toda a gente, campos fora
Toda a gente, campos fora
Procurava a sombra amena
Ai que saudades, que pena
Dos belos tempos d'outrora
As noites tradicionais
Ai que saudades, que pena
Dos belos tempos d'outrora
As noites tradicionais
De todos os nossos santos
Eram motivos de tantos
Eram motivos de tantos
Ranchos, bailes, festivais
Os círios e os arraiais
Os círios e os arraiais
Rabicha, senhor roubado
Atalaia, sol doirado
Atalaia, sol doirado
Como tudo isso era lindo
Estas coisas, tempo findo
São relíquias do passado
E nas vésperas de toirada
Estas coisas, tempo findo
São relíquias do passado
E nas vésperas de toirada
Nos retiros, que alegria
Até a nobreza se via
Até a nobreza se via
Pelas mesas abancada
Cantava-se à desgarrada
Cantava-se à desgarrada
Até à vinda dos toiros
Cobriram-se assim de loiros
Cobriram-se assim de loiros
Entre a fadistagem vária
A Severa e a Cesária
Dois impagáveis tesoiros
Fidalgos, boémios, artistas
A Severa e a Cesária
Dois impagáveis tesoiros
Fidalgos, boémios, artistas
E toureiros elegantes
Tinham por suas amantes
Tinham por suas amantes
As cantadeiras bairristas
Nesse tempo de fadistas
Nesse tempo de fadistas
E do Colete Encarnado,
Só nos resta por sagrado
Só nos resta por sagrado
Penhor bem nacional
Dois filhos de Portugal
A guitarra mais o fado
Dois filhos de Portugal
A guitarra mais o fado
Destino
Sofia Ferreira / Pedro Marques
Repertório de Sofia Ferreira
Destino meu
Naquela noite em que o negrume te levou
Cravando um punhal
Em minha alma que se acabou
Repertório de Sofia Ferreira
Destino meu
Naquela noite em que o negrume te levou
Cravando um punhal
Em minha alma que se acabou
Que faço deste amor
Que a mim me rasga o coração
Que vida será vivida
Agora nesta solidão
Volta por favor
Mais uma vez, p’ra te dizer
Palavras que me fazem enlouquecer
Amor, grito de dor e tormento
Em lágrimas que se soltam pelo vento
Destino que a maré trouxe até mim
Destino que me faz morrer por ti
Que a mim me rasga o coração
Que vida será vivida
Agora nesta solidão
Volta por favor
Mais uma vez, p’ra te dizer
Palavras que me fazem enlouquecer
Amor, grito de dor e tormento
Em lágrimas que se soltam pelo vento
Destino que a maré trouxe até mim
Destino que me faz morrer por ti
Rosas
Armando Neves /Armandinho *alexandrino do estoril*
Repertório de Ercília Costa
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Por sob o céu azul
Repertório de Ercília Costa
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Por sob o céu azul
Do nosso Portugal
Céu que não tem igual
Céu que não tem igual
Em todo o mundo inteiro
Vicejam roseirais
Vicejam roseirais
Uns da cor do coral
Outros branco ideal
Outros branco ideal
Esmalte verdadeiro
E assim as rosas são
E assim as rosas são
Neste jardim florido
Padrão bem alto erguido
Padrão bem alto erguido
Às virtudes da raça
O branco simboliza
O branco simboliza
O sentimento querido
A paz, amor sentido
A paz, amor sentido
Enchendo as almas de graça
O vermelho, esse então
O vermelho, esse então
É sangue abençoado
É sangue derramado
É sangue derramado
Em tanta e tanta vez
É Alcácer-Quibir
É Alcácer-Quibir
É Flandres, é Salado
É sangue de soldado
É sangue de soldado
É sangue português
Dia de São Martinho
Isidoro de Oliveira / Manuel Maria Rodrigues
Repertório de *Fado Marialva*
É dia de São Martinho
Dia da prova do vinho
Dos safões e da samarra
E à noite, depois da ceia
À luz frouxa da candeia
Canta-se ao som da guitarra
Veste-se de festa o povo
Repertório de *Fado Marialva*
É dia de São Martinho
Dia da prova do vinho
Dos safões e da samarra
E à noite, depois da ceia
À luz frouxa da candeia
Canta-se ao som da guitarra
Veste-se de festa o povo
Tudo prova o vinho novo
É dia de São Martinho
O vinho a cabeça arrasa
É dia de São Martinho
O vinho a cabeça arrasa
E à volta para casa
Já ninguém sabe o caminho
Eu falo, digo o que sinto
Já ninguém sabe o caminho
Eu falo, digo o que sinto
Não há nada como o tinto
P’ra aquecer as almas frias
É dia de São Martinho
P’ra aquecer as almas frias
É dia de São Martinho
Encha lá mais um copinho
Pois um dia não são dias
Atrás dum como outros vão
Pois um dia não são dias
Atrás dum como outros vão
E o tosco canjirão
Não pára de servir vinho
Até alta madrugada
Não pára de servir vinho
Até alta madrugada
á vinho e castanha assada
É dia de São Martinho
É dia de São Martinho
Na minha infãncia
João da Mata / Alfredo Duarte *menor-versiículo*
Repertório de Ercília Costa
Repertório de Ercília Costa
Também conhecido pelo título *saudades que matam*
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
No jardim da minha infância tão ditosa
Semeei doces quimeras de ansiedade
Plantei ilusões e sonhos cor-de-rosa
Para colher desenganos e saudades
Saudades sinto-as cá dentro do meu peito
Ligadas ao sofrimento verdadeiro
Saudades do lar feliz que foi desfeito
P’los vendavais do destino traiçoeiro
Como é triste a minha sorte como influi
Na certeza de cruéis fatalidades
Pois que eu vivendo saudosa do que fui
Tristemente vou morrendo de saudade
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
No jardim da minha infância tão ditosa
Semeei doces quimeras de ansiedade
Plantei ilusões e sonhos cor-de-rosa
Para colher desenganos e saudades
Saudades sinto-as cá dentro do meu peito
Ligadas ao sofrimento verdadeiro
Saudades do lar feliz que foi desfeito
P’los vendavais do destino traiçoeiro
Como é triste a minha sorte como influi
Na certeza de cruéis fatalidades
Pois que eu vivendo saudosa do que fui
Tristemente vou morrendo de saudade
Toca p’rá unha
Maria Manuel Cid / Jaime Santos *fado da bica*
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Céu dum azul infinito
Tarde linda, praça à cunha
O toiro é negro gravito
Cornetim toca prá unha
E salta lesto prá arena
Repertório de Maria do Rosário Bettencourt
Céu dum azul infinito
Tarde linda, praça à cunha
O toiro é negro gravito
Cornetim toca prá unha
E salta lesto prá arena
O forcado valentão
E pisa a terra morena
Com altiva decisão
E, todo donaire e graça
E, todo donaire e graça
Petulante e atrevida
Citando de praça a praça
Citando de praça a praça
Aguenta a investida
E o povo desvairado
E o povo desvairado
Com tamanha valentia
Vendo o toiro dominado
Vendo o toiro dominado
Rompe em alta gritaria
E no brado de respeito
E no brado de respeito
Como carícia dum beijo
Sente o forcado no peito
Sente o forcado no peito
Todo o sol do Ribatejo
Nada a mim me dá cuidado
Conde Sobral / Adriano Batista *fado macau*
Repertório de Leonor Santos
A mim não me dá cuidado
A hora de me deitar
Perder a noite no fado
Não é perder é ganhar
Mesmo que seja egoísta
Repertório de Leonor Santos
A mim não me dá cuidado
A hora de me deitar
Perder a noite no fado
Não é perder é ganhar
Embora seja egoísta
Ou um caso liquidado
Ser boémia ou ser fadista
A mim não me dá cuidado
Eu quero apenas viver
A vida que me agradar
E não me importa saber
A hora de me deitar
Se preocupar alguém
O meu viver agitado
Perder a noite no fado
Venha comigo, também
- - -
- -
-
Versão Original
A hora de me deitar
Perder a noite no fado
Não é perder é ganhar
Embora seja egoísta
Ou um caso liquidado
Ser boémia ou ser fadista
A mim não me dá cuidado
Eu quero apenas viver
A vida que me agradar
E não me importa saber
A hora de me deitar
Se preocupar alguém
O meu viver agitado
Perder a noite no fado
Venha comigo, também
- - -
- -
-
Versão Original
Informação de Daniel Gouveia e Francisco Mendes no livro
*Poetas do Fado Tradicional*
Tema também referenciado com os títulos
*Perder a noite no Fado /ou/ A mim não me dá cuidado*
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
A mim não me dá cuidado
A hora de me deitar
Perder a noite no fado
Não é perder é ganhar
Mesmo que seja egoísta
Ou um caso liquidado
Ser boémio, ou ser fadista
Ser boémio, ou ser fadista
A mim não me dá cuidado
Eu quero apenas viver
Eu quero apenas viver
A vida que me agradar
E não me importa saber
E não me importa saber
A hora de me deitar
Se preocupar alguém
Se preocupar alguém
Este viver agitado
Venha comigo, também
Venha comigo, também
Perder a noite no fado
Dirá logo a quem se afoite
Dirá logo a quem se afoite
Como ele a criticar
Perder assim uma noite
Perder assim uma noite
Não é perder, é ganhar
Braços de cruz
Maria Manuel Cid / Popular *fado menor*
Repertório de António Mello Correia
Repertório de António Mello Correia
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Livro *Poetas Populares do Fado-Tradicional*
Seis lanternas apagadas
Mais duas deitando luz
Que deixam sombras traçadas
Como os braços duma cruz
Cá dentro a guitarra chora
P'la viola acompanhada
Enquanto a noite lá fora
Vai fugindo à madrugada
Saltam versos desgarrados
Do peito do cantador
Saltam versos, nascem fados
E mais promessas de amor
E quando as almas despertam
Ao romper das madrugadas
Já nem sombras se projectam
Das lanternas apagadas
Mais duas deitando luz
Que deixam sombras traçadas
Como os braços duma cruz
Cá dentro a guitarra chora
P'la viola acompanhada
Enquanto a noite lá fora
Vai fugindo à madrugada
Saltam versos desgarrados
Do peito do cantador
Saltam versos, nascem fados
E mais promessas de amor
E quando as almas despertam
Ao romper das madrugadas
Já nem sombras se projectam
Das lanternas apagadas
Amora cantando
Maria de Lurdes Brás / Joaquim Campos *fado amora*
Repertório de Maria de Lurdes Brás
Cá neste lado do rio
Também há fado a preceito
Canta-se o fado com brio
Há fado dentro do peito
Cá na Margem Sul do Tejo
Repertório de Maria de Lurdes Brás
Cá neste lado do rio
Também há fado a preceito
Canta-se o fado com brio
Há fado dentro do peito
Cá na Margem Sul do Tejo
Há fadistas de valor
Cantar fado é o desejo
Cantar fado é o desejo
De quem tem ao fado amor
Brilham estrelas no céu
Brilham estrelas no céu
O sol brilha mais dourado
Navega no Rio Judeu
Navega no Rio Judeu
A esperança de um novo fado
Como discreta magia
Como discreta magia
Anda o silêncio no ar
Há mistério e alegria
Há mistério e alegria
Há grandeza no cantar
Cai a noite, amaina o vento
Cai a noite, amaina o vento
Leve brisa sopra agora
Para se ouvir sem lamento
Para se ouvir sem lamento
Cantar este fado Amora
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