Estevão José Machado / Casimiro Ramos *fado três bairros*
Repertório de Maria Teresa de Noronha
Gostei uma vez na vida
Gostei bastante iludida
De quem tanto me enganava
Agora sem fé, sem esperança
Talvez por minha vingança
Não gosto de quem gostava
Gostei sim, por não saber
Poder em amor haver
Um mal oculto no bem
Hoje firme no meu posto
Recordando esse desgosto
Já não gosto de ninguém
E como sei ser mulher
Mentir-vos-ei se disser
Que dei ao gostar um fim
Gosto sim, posso jurar
Por saber não me enganar
Unicamente de mim
Angústias
Valentim Matias / Alfredo Duarte *fado bailado*
Repertório de Valentim Matias
Versos que nascem de dentro
Versos que são emoções
Traduzem um sentimento
Quantas vezes um lamento
Refletem desilusões
Por vezes não sei que sinto
Repertório de Valentim Matias
Versos que nascem de dentro
Versos que são emoções
Traduzem um sentimento
Quantas vezes um lamento
Refletem desilusões
Por vezes não sei que sinto
Se é dor ou muita emoção
Um sentimento distinto
Um sentimento distinto
Que vou fingindo que finto
E me aperta o coração
Saudades de muito longe
E me aperta o coração
Saudades de muito longe
Mas será que as devo ter
O passado já não foge
O passado já não foge
O que importa é o hoje
E o muito que há pra fazer
O futuro está à porta
E o muito que há pra fazer
O futuro está à porta
O presente vai passando
A minha alma conforta
A minha alma conforta
E acima de tudo importa
Seguir vivendo, sonhando (cantando)
Seguir vivendo, sonhando (cantando)
Águias perdidas
Lima Brummon / Lino Teixeira *fado ginguinha*
Repertório de Teresa Tarouca
A sono sollto dormia há muito a cidade
E eu procurava como louca rua em rua
A tua sombra, entre essas ruas da saudade
Onde uma noite sobre nós raiara a lua
Na minha grande amargura de águia perdida
Que começou co’a tua ausência, eu queria ser
Ao encontrar-te, a perfumada flor da vida
Ou ser de novo uma alegria por viver
Mas fui tão pouco ao teu olhar desencantado
E o nosso abraço uma tristeza tão profunda
Que entre o silêncio o amor com lágrimas quebrado
Abandonou-se nas estranhas mãos da lua
Ergueu-se ao longe a sinfonia das guitarras
Perdida a voz, quebrado o amor, nada entendemos
Beijei-te a fronte e assim sem mágoa nem palavras
Serenamente unidos, meu amor, morremos
Repertório de Teresa Tarouca
A sono sollto dormia há muito a cidade
E eu procurava como louca rua em rua
A tua sombra, entre essas ruas da saudade
Onde uma noite sobre nós raiara a lua
Na minha grande amargura de águia perdida
Que começou co’a tua ausência, eu queria ser
Ao encontrar-te, a perfumada flor da vida
Ou ser de novo uma alegria por viver
Mas fui tão pouco ao teu olhar desencantado
E o nosso abraço uma tristeza tão profunda
Que entre o silêncio o amor com lágrimas quebrado
Abandonou-se nas estranhas mãos da lua
Ergueu-se ao longe a sinfonia das guitarras
Perdida a voz, quebrado o amor, nada entendemos
Beijei-te a fronte e assim sem mágoa nem palavras
Serenamente unidos, meu amor, morremos
Conjugar o verbo amar
Valentim Matias / Armando Machado *fado licas*
Repertório de Valentim Matias
Gostava de saber dizer em verso
O que é sentir amar e ser amado
Algo de tão diferente e tão diverso
Que não cabe nos versos de algum fado
Sentir que num olhar nos entendemos
E que um pequeno gesto tudo diz
Saber que o outro sofre quando sofremos
Amar e ser amado é ser feliz
Amar é ver o mundo com mil cores
É ter a luz do sol sempre a brilhar
Um doce caminhar por entre flores
E mesmo em noite escura ver luar
Porém amarguras e tristezas
Podem esse amor dificultar
Mas quando este é feito de certezas
Que bom é conjugar o verbo amar
Repertório de Valentim Matias
Gostava de saber dizer em verso
O que é sentir amar e ser amado
Algo de tão diferente e tão diverso
Que não cabe nos versos de algum fado
Sentir que num olhar nos entendemos
E que um pequeno gesto tudo diz
Saber que o outro sofre quando sofremos
Amar e ser amado é ser feliz
Amar é ver o mundo com mil cores
É ter a luz do sol sempre a brilhar
Um doce caminhar por entre flores
E mesmo em noite escura ver luar
Porém amarguras e tristezas
Podem esse amor dificultar
Mas quando este é feito de certezas
Que bom é conjugar o verbo amar
Mandei embora a saudade
Domingos Silva / Jorge Fontes
Repertório de Maria Valejo
Eu queria, meu amor
Repertório de Maria Valejo
Eu queria, meu amor
Ver-te um segundo somente
Para matar esta dor
Para matar esta dor
Que me mata lentamente
Há muito tempo eu procuro
Há muito tempo eu procuro
O teu olhar, Santo Deus
Mas não vejo, tudo é escuro
Mas não vejo, tudo é escuro
Sem a luz dos olhos teus
Não queiras não aumentar este sofrer
Que vou vivendo a morrer
Sem que te ver, sem te beijar
Não queiras não que este dolorido
Sofra mais que tem sofrido
Pela luz do teu olhar
Este meu coração fecha
Não queiras não aumentar este sofrer
Que vou vivendo a morrer
Sem que te ver, sem te beijar
Não queiras não que este dolorido
Sofra mais que tem sofrido
Pela luz do teu olhar
Este meu coração fecha
Uma saudade sem fim
A saudade não me deixa
A saudade não me deixa
Sem te ver junto de mim
Meu amor, por caridade
Meu amor, por caridade
Dá fim ao meu sofrimento
Manda embora a saudade
Manda embora a saudade
Que não me deixa um momento
Janela da alma
Mário Rainho / José Marques do Amaral
Repertório de Manuela Cavaco
Tem a alma uma janela
Onde às vezes debruçado
Espreita o coração, por ela
Só pra rever o passado
Em noite que a solidão
Repertório de Manuela Cavaco
Tem a alma uma janela
Onde às vezes debruçado
Espreita o coração, por ela
Só pra rever o passado
Em noite que a solidão
Magoa e não me dá calma
Lá está o meu coração
Lá está o meu coração
Posto à janela da alma
Passam dolentes segundos
Passam dolentes segundos
Que horas muito mais parecem
E há sonhos tão tão profundos
E há sonhos tão tão profundos
Que acordados me enlouquecem
Quase à entrada do dia
Quase à entrada do dia
Sem sono, por caridade
Vem fazer-me companhia
Vem fazer-me companhia
Uma infinita saudade
Tem alma uma janela
Tem alma uma janela
E é por ela que espreita
O meu olhar, dentro dela
O meu olhar, dentro dela
A chorar quando se deita
O teu lugar é aqui
Valentim Matias / Raúl Pinto
Repertório de Valentim Matias
Teus olhos dizem-me tanto
Que enchem os meus de pranto
Quando estou longe de ti
Teus beijos são alimento
Têm sido o meu sustento
Desde o dia em que te vi
Passo dias e mais dias
Esperando o sol qu`irradias
Repertório de Valentim Matias
Teus olhos dizem-me tanto
Que enchem os meus de pranto
Quando estou longe de ti
Teus beijos são alimento
Têm sido o meu sustento
Desde o dia em que te vi
Passo dias e mais dias
Esperando o sol qu`irradias
Nesse teu lindo sorriso
E em toda esta espera
Meu coração desespera
E em toda esta espera
Meu coração desespera
P’lo abraço que preciso
Nem sei se é noite, se é dia
Só sei que sinto magia
Nem sei se é noite, se é dia
Só sei que sinto magia
Quando estou juntinho a ti
Não estranhes que eu te peça
Por favor volta depressa
Não estranhes que eu te peça
Por favor volta depressa
Que o teu lugar é aqui
Trapeiras de Lisboa
Lourenço Rodrigues, Fernando Santos, Almeida Amaral / Raúl
Ferrão
Repertório de Fernanda Batista
Ai Lisboa
Como tu és divertida
Se te vejo cá de cima das trapeiras
Quanto mais olho p’ra ti
Lisboa tão querida
tanto mais fico encantada
Com essas tuas maneiras
Ou ao sol ou à luz do luar
És p’ra mim uma irmã de brincar
E se aqui vou ganhar o meu pão
Não é demais ser para ti meu coração
Oh Lisboa
Que para mim não tens reversos
Manhã cedo corro a ver-te com saudade
E eu só queria
Meu amor, saber fazer versos
P’ra tos oferecer Lisboa
Minha formosa cidade
Como é bom ser avô
Valentim Matias / Pedro Rodrigues
Repertório de Valentim Matias
À mesa de um velho bar
Eu dei por mim a pensar
Como é bom ser avô
É algo de tão diferente
Que entra na alma da gente
E que a mim me fascinou
Somos de novo crianças
E regressam as lembranças
De um tempo já bem distante
Perdoamos travessuras
Vão-se embora as amarguras
Vemos futuro diante
Nova vida a começar
Dá vontade de lutar
E de escolher novos trilhos
Brilho novo no olhar
E o desejo de ajudar
Os filhos dos nossos filhos
Quem diz o contrário mente
Ser avô é tão diferente
Em carinhos e afetos
E não há coisa melhor
Do que juntar com amor
Os avós, filhos e netos
Terra mãe
Letra e música de Nuno Barroso
Repertório de Dora Maria
Sou um poema, uma melodia
Lançado em verso na primavera
Dei luz ao vento que abraça o tempo
E trago em mim ventre de mulher
Sou mãe da terra, sol da primavera
E nasce em mim a planície de cantar
Trago no peito aquele jeito
De ser menina, de ser mulher
De ser mulher
Sou um poema, mais um dilema
Lançado em verso no planeta do amor
Dei luz ao vento que abraça o tempo
E trago em mim ventre de mulher
Sou mãe terra, sol da primavera
E nasce em mim esta planície de cantar
Trago no peito aquele jeito
De ser menina, de ser mulher
De ser mulher
Estações da vida
Valentim Matias / Daniel Gouveia *fado daniel*
Repertório de Valentim Matias
Alguém dizia, sorrindo
Para ti o mundo é lindo
Estás em plena Primavera
Era o tempo dos amores
Dos perfumes e das flores
E de uma ou outra quimera
Céu azul e andorinhas
Voando rente às beirinhas
Dos telhados da cidade
E eis que chega o Verão
É tempo de afirmação
Estás na força da idade
O tempo passa depressa
Sem sequer uma promessa
Duma vida renascida
E nem nos apercebemos
Que de repente estaremos
Em pleno Outono da vida
Mas este não é eterno
A correr vem o inverno
Maiores as noites que os dias
Tempo para descansar (filosofar)
E também pra recordar
Quantas, quantas alegrias (fantasias)
Soneto para os meus pais
Título original *Alma perdida*
Florbela Espanca / Edgar Nogueira
Repertório de Catarina Rosa
Toda esta noite o rouxinol chorou
Gemeu, rezou, gritou perdidamente
Alma de rouxinol, alma da gente
Tu és talvez alguém que se finou
Tu és talvez um sonho que passou
Que se fundiu na dor, suavemente
Talvez sejas a alma, a alma doente
Dalguém que quis amar e nunca amou
Toda a noite choraste e eu chorei
Talvez porque ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós
Contaste tanta coisa à noite calma
Que eu pensei que tu eras a minh'alma
Que chorasse perdida em tua voz
Alma de rouxinol, alma da gente
Tu és talvez alguém que se finou
Tu és talvez um sonho que passou
Que se fundiu na dor, suavemente
Talvez sejas a alma, a alma doente
Dalguém que quis amar e nunca amou
Toda a noite choraste e eu chorei
Talvez porque ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós
Contaste tanta coisa à noite calma
Que eu pensei que tu eras a minh'alma
Que chorasse perdida em tua voz
Meia-noite fadista
Nuno
Lorena / José Marques *fado triplicado*
Repertório
de António de Noronha
Meia-noite,
uma lanterna
Um
degrau, uma taberna
E a petisqueira sublime
Ainda
impera o tacão
No
estilo da tradição
Que a fadistagem imprime
E
ainda é uso, ao balcão
Que
à chama do canjirão
A velha guarda se arrime
Meia-noite,
o caprichar
Duma
guitarra a trinar
Em mão fadista, certeira
Uma
vela meia ardida
Uma
garrafa bebida
E uns olhos de camareira
Na
parede colorida
Um
cartaz duma corrida
E um xaile de cantadeira
Meia-noite,
uma lembrança
E
o rebrilhar duma trança
É lume que mais fascina
E
o cantar é a preceito
No
rigoroso perfeito
Que a velha escola ensina
Tem
o fado o seu conceito
O
faia tem o seu jeito
Tem a gente a sua sina
Meia-noite
e há discussão
Mas
põe fim à confusão
Uma voz que o fado entoa
Gente
boémia e fadista
Aventureira
e artista
A pedir outro Malhoa
Gente
vária e bizarrista
Mas
só um ponto de vista
A tradição de Lisboa
Vai dizer à Mouraria
Letra
e música de João Nobre
Repertório
de Fernanda Batista
Se
foi assim como hoje sou
Que me encontraste
Se
foi assim que te agradei
E me agradaste
Porque
me pedes p’ra mudar
Se sabes bem
Que
ao destino, por mais triste
Não pode fugir ninguém
Não pode fugir ninguém
Vai dizer à Mouraria
Que não cante mais o fado
Diz a Alfama que sorria
E esqueça o que tem chorado;
Diz à Sé p’ra não ser crente
Que não dance à Madragoa
E verás como é diferente
Tão diferente esta Lisboa
Se
o meu amor já não te prende
E te atormenta
Se
te aborreço por assim
Tão ciumenta
Tu
não me peças p’ra mudar
E ser diferente
Se
eu nasci p’ra ter ciúmes
Hei-de-os ter eternamente
Hei-de-os ter eternamente
Só sei que já não sei
Valentim
Matias / Renato Varela *fado varela*
Repertório
de Valentim Matias
Junto
ao mar, num rochedo me sentei
E
ali aguardei o teu regresso
Mas
sei que foi em vão que te esperei
Porque
não alcancei qualquer sucesso
Não
sei se foi o mar que te sumiu
Ou
foi o teu amor que já morreu
Mas
sei que o coração quase ruiu
Depois
de perceber que te perdeu
Ainda
estou aqui a aguardar
Que
possas regressar noutras marés
Pressinto
que me andaste a enganar
Só
sei que já não sei quem é que és
Por
favor, diz-me qual a condição
Que
fazer para te ver regressar
Duvido
que o meu pobre coração
Ainda
vá bater escutando o mar
Os teus lindos olhos pretos
Amália
/ Amélia Muge
Repertório
de Amélia Muge
Os
teus lindos olhos pretos
Teus
olhos de negro olhar
Olham-me
tão inquietos
Teus
lindos olhos pretos
Que
me andam a inquietar
Inquieta se te não vejo
Inquieta por te não ver
Inquieta-me o que eu desejo
E o medo de o dizer
Cá
me ando com a ternura
Que
tem o teu negro olhar
Nunca
vi tanta negrura
Nunca
vi tanta negrura
Mesmo
no escuro a brilhar
Amor à primeira vista
Valentim
Matias / Armando Machado *fado santa luzia*
Repertório
de Valentim Matias
Eu
não sei qual a razão
P’ra
meu pobre coração
Ao
fado se ter rendido
Amor
á primeira vista
Amor
feito de conquista
Amor,
amado e sofrido
Sempre
que a noite chega
A
minha alma se aconchega
Aos
trinados das guitarras
É
na meia escuridão
Que
liberto o coração
E
então solto as amarras
Amarras
do sentimento
Que meus fados alimento
Com
versos por mim sonhados
É
no barco da saudade
Que
embarca toda a verdade
Que
existe nos meus fados
Soneto Andreia
(mudam-se
os tempos, mudam-se as vontade)
Luís
Vaz de Camões / Edgar Nogueira
Repertório
de Catarina Rosa
Mudam-se
os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se
o ser, muda-se a confiança
Todo o mundo é composto de mudança
Todo o mundo é composto de mudança
Tomando
sempre novas qualidades
Continuamente
vemos novidades
Diferentes em tudo da esperança
Do mal ficam as mágoas na lembrança
Diferentes em tudo da esperança
Do mal ficam as mágoas na lembrança
E
do bem, se algum houve, as saudades
O
tempo cobre o chão de verde manto
Que já coberto foi de neve fria
Que já coberto foi de neve fria
E
e em mim converte em choro o doce canto
E
afora este mudar-se cada dia
Outra mudança faz de mor espanto
Que não se muda já como soía
Outra mudança faz de mor espanto
Que não se muda já como soía
Um passeio por Lisboa
Letra e
música de Valentim Matias
Repertório
do autor
Vou
andar pela cidade
Num passeio meio à toa
E
p’ra dizer a verdade
Quero é desfrutar Lisboa
Vejo
o Marquês imponente
Que p’las costas tem o Parque
Tem
a Avenida p’la frente
Lisboa por toda a parte
Dou
um salto ao Castelo
Vejo a cidade e o Tejo
Desço
pela Mouraria
E aguça-me o desejo
De
ver o Martim Moniz
Agora remodelado
Com
mil cores e mil sabores
E em mil línguas falado
Já
na Praça da Figueira
Aí eu faço um compasso
Depois
subo ao Bairro Alto
E desço ao Terreiro do Paço
Talvez
eu vá petiscar
Ali bem perto do Tejo
Mais
tarde rumo a Alfama
E aproveito o ensejo
De
cantar e ouvir e fado
Porque há muito anoiteceu
Encontrei-me
com Lisboa
E magia aconteceu
Passei
no Cais do Sodré
Docas, Parque das Nações
Ficou
tanto para ver
Não faltam ocasiões
Meu coração sem direito
Amália
/ Amélia Muge
Repertório
de Amália Muge
Lá
foi o tal coração
Que
eu tinha contra vontade
Lá
foi aquele ladrão
Não
sei para que cidade
O
meu velho coração
Que
ficou triste comigo
Por
causa desse ladrão
Não
volta a ser meu amigo
Pobre de quem envelhece
Por fora do coração
Que novo nos aparece
Com uma nova paixão
Meu
coração sem direito
De
bater tão apressado
Anda
dentro do meu peito
Onde
não cabe, coitado
Vai-te
embora coração
Eu
não sou boa morada
Onde
mora a solidão
Não
há lugar p’ra mais nada
Maurício, rei soberano
Tributo de José Fernandes Castro
O seu enorme legado
É chama que em nós ficou;
Dentro e fora de Lisboa
Se fala do rei do fado
E dos fados que deixou
Rei-fadista, soberano
Espelho da monarquia
Que nunca foi destronada
Mesmo o sonho mais profano
Se tocado p'la magia
Mesmo o sonho mais profano
Se tocado p'la magia
Voa pela madrugada
A madrugada da vida
Respira a alma do fado
A madrugada da vida
Respira a alma do fado
Que o rei fez acontecer
E como ave ferida
Vai rebuscar ao passado
E como ave ferida
Vai rebuscar ao passado
Os fados que a alma quer
Por força da vida-lei
Partiu da vida terrena
Por força da vida-lei
Partiu da vida terrena
Mas não partiu da memória
Rei Maurício, fado-rei
Podes crer, valeu a pena
Rei Maurício, fado-rei
Podes crer, valeu a pena
Ouvir-te fazer história
Amália sempre
Fernando
João / Acácio Gomes *fado acácio*
Repertório
de Filomena de Sousa
O
fado ficou mais pobre;
Depois
da tua partida
Há
um vazio profundo
O
povo, com alma nobre
Lembra
a tua despedida
Que
fez chorar todo o mundo
Foste
a rainha do fado
Cantaste
como ninguém
A
alma deste país
Ao
recordar o passado
Canto
este fado, porém
Muito
triste e infeliz
Amália,
vou terminar
Este
fado de saudade
Que
canto pensado em ti
P’ra
sempre vou recordar
A
tua voz de verdade
E
esse tempo que vivi
Saudades do meu bairro
Frederico
de Brito / João Nobre
Repertório de Fernanda Batista
Tenho
saudades do
meu bairro pequenino
Do
sol a pino a beijar as sardinheiras
Tenho
saudades duma
infãncia ali passada
Quando
as pedras da calçada
Eram
minhas companheiras
Até parece
Que ao longe, meu bairro diz
Tu aí não és feliz
Não sabes rir nem cantar
Deixa essa rua
Anda cá, traz o teu pranto
Vem enxugá-la no manto
Duma noite de luar
Tenho
saudades da
janela onde eu cantava
E
que lembrava o canteiro dum jardim
Tantas
saudades dum
amor que se dilui
E
ao lembrar o que já fui
Tenho
saudades de mim
Eu já sabia
Frederico
de Brito / Martinho d’Assunção
Repertório
de Carlos Ramos
Já
sei quem és, és aquela
De
quem eu fui à procura
E
andei por aí atrás dela
Pelas
ruas da amargura
Passei
por becos e travessas
P’las
vielas da má vida
Eu
conheci ruas dessas
Que
até nem têm saída
Eu já sabia o que foi o teu passado
Um caminho mal trilhado
Que eu mal sei onde vai dar
Eu já sabia que me julgavas ceginho
E ensinaste-me o caminho
Que eu nem quero lá passar
Já
sei quem és, mas agora
Não
vais dizer que me engano
E
que andei a querer-te um ano
P’ra
esquecer-te numa hora
Mal
de quem sofre de ciúme
Quando
paixões acalenta
Ainda
tens o mau costume
De
ser assim ciumenta
335 gafanhotos
Amália
Rodrigues / Amélia Muge
Repertório
de Amélia Muge
335
gafanhotos / Eu
de galochas
30
carochas / 3
cabrochas
Eu
de galochas
Eram
cem sapos / Cabras
cabrochas
Eu
de galochas
Vinham
patinhos / Pintainhos
Eu
de galochas
Outros
bichinhos / Engraçadinhos
Eu
de galochas
E
as galinhas / Molhadinhas
Estupidazinhas / Iam
atrás
Toca o mesmo
Letra
e música de Frederico de Brito
Repertório
de Carlos Ramos
Naquela
tasca afamada
Depois
de ouvir fado a esmo
Sempre
na mesma toada
E
onde o motivo era o mesmo;
Ouvi
alguém que pedia
Como
quem pede ao balcão
Mas
com certa galhardia
E
carradas de razão
Por favor tragam-me um fado
Que não fale das esperas
Que não viva do passado
Nem à sombra das Severas
Não fale nas tascas
Mais rascas que
havia
Dos becos de Alfama
E da Mouraria
Não lembre toureiros
Campinos,
forcados
Se trazem só disso
Não quero mais
fados
Ouviu-se
uma desgarrada
Coisa
que é pouco fadista
Tudo
a falar em bairrista
Um
fado triste e mais nada;
E
ao recordar a cantiga
Que
ao fado tudo se canta
Pedi
à maneira antiga
Sem
trinados na garganta
Estas minhas raízes
Ciça
Marinho / Raúl Portela *fado magala*
Repertório
de Ciça Marinho
Meu
coração tem um jeito
Que
a qualquer fado se agarra
E
cresce dentro do peito
Ao
trinar duma guitarra
Meu
coração brasileiro
Traz
nas veias, concerteza
O
sangue de um marinheiro
Com
a alma portuguesa
Trago
na voz o lamento
Desse
povo tão valente
Me
orgulho do sentimento
Pois
sou filha dessa gente
Porque
ao trinar da guitarra
Meu
coração tem um jeito
Que
a qualquer fado se agarra
E
cresce dentro do peito
Não te perdi
Letra
e música de João Nobre
Repertório
de Fernanda Batista
Ainda
há pouco
Alguém bateu e a sorrir
Alguém bateu e a sorrir
Quando
a porta fui abrir
Julguei
ver-te, não importa
Será
loucura
Mas
ninguém me faz pensar
Que
tu não hás-de voltar
A
entrar naquela porta
Não te perdi
Tu vives na minha ideia
Em tudo o que rodeia
Recordando o que vivi
Não te perdi
E sinto-te a cada passo
E vejo-te olhando o espaço
Como se olhasse para ti
Na
tua voz
Oiço
às vezes, no momento
Frases
de arrependimento
Que
me encantam e dão mágoa
Mas
quando acordo
Desse
sonho e te não vejo
Presa
de amor e desejo
Sinto
os olhos rasos de água
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