Manuel Justino / Patxi Andion
Repertório de António Pinto Basto
O fado é um pintor de tons vivos
Que encontra sempre motivos
P’ra um copo e um abraço
O fado é um ardina a gingar
Que ás vezes tem pró jantar
Um café e um bagaço
O fado, é uma sopa de esperança
Uma traineira que balança
Na poesia duma quadra
O fado é uma Rosa cantadeira
É o Cacau da Ribeira
E as cores da Feira da Ladra
O fado é um cacilheiro antigo
Que encontra porto de abrigo
Nas tascas do Cais Sodré
O fado é o povo labutando
É Portugal remando
Às vezes contra a maré
O fado é sombra fugitiva
Um sonho que anda à deriva
Perdido na multidão
O fado é um Jaquinzinho frito
O destino que está escrito
Na palma da nossa mão
O fado é uma tarde de tourada
Água-pé, castanha assada
É um encontro imprevisto
O fado é uma guitarra chorando
É a Amália rezando
Com amor, a Jesus Cristo
O fado é uma noite perdida
É um beco sem saída
É o bulício da lota
O fado é a ternura que voa
Pairando sobre Lisboa
Nos olhos duma gaivota
O fado...