Versão do repertório de Carlos Ramos
Criação de Estevão Amarante na revista *Cartaz de Lisboa*
Teatro Maria Vitória em 1937
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
Mal canta o galo
Ainda o sol não é nado
Monto a cavalo
E vou p'ra junto do gado
Excecional descrição, algo bucólica, da vida quotidiana do campino
que não se alterou muito de 1937 para cá.
Ainda o sol não é nado
Monto a cavalo
E vou p'ra junto do gado
E os animais
Essas tais feras bravias
Com os seus olhos leais
Parecem dar-me os bons dias
Pampilho ao alto
Essas tais feras bravias
Com os seus olhos leais
Parecem dar-me os bons dias
Pampilho ao alto
Corpo firme no selim
Nunca tive um sobressalto
Nunca tive um sobressalto
Se um toiro investe p'ra mim
Já disse um homem
Que foi toureiro afamado
Mais marradas dá a fome
Mais marradas dá a fome
Do que um toiro tresmalhado
Quando anoitece
E o gado dorme p'lo chão
Rezo uma prece
Por alma dos que lá estão
Quando anoitece
E o gado dorme p'lo chão
Rezo uma prece
Por alma dos que lá estão
P'ra que as searas
Cresçam livres de tormenta
E o mal não mate as pearas
Nem os novilhos de têmpera
Mas quando as cheias
Cresçam livres de tormenta
E o mal não mate as pearas
Nem os novilhos de têmpera
Mas quando as cheias
Destroçam pastos e trigo
E há miséria nas aldeias
E há miséria nas aldeias
Eu vou pensando comigo
Já disse um homem
Já disse um homem
Que foi toureiro afamado
Mais marradas dá a fome
Mais marradas dá a fome
Do que um toiro tresmalhado
Excecional descrição, algo bucólica, da vida quotidiana do campino
que não se alterou muito de 1937 para cá.
Apenas as «marradas da fome» e a «miséria nas aldeias» estarão hoje mais
atenuadas e, mesmo assim, não se sabe. As cheias, essas, quase deixaram
de existir com a construção de barragens ao longo do Tejo.
Mas quanto aos aspetos profissionais, o campino continua a desempenhá-los
como descrito nesta letra, verdadeira pintura em verso.