Repertório de Maria João Quadros
Sempre soube que a saudade
Se apaixonara por mim
E que sentia vaidade
Por me ver sofrer assim
Eu dei-me a essa paixão
Na tristeza de um noivado
Onde entrego á solidão
Tudo o que me deu o fado
Aprendi a dar o braço
À madrugada mais estreita
Porque a dor acerta o passo
Pelas mãos de quem aceita;
Que é vendo o nosso cansaço
Que a saudade se aproveita
P’ra desfazer o compasso
Com que o nosso amor se deita
Sempre soube que as guitarras
Gostavam de ser tangidas
Só p’ra deitarem as garras
Às minhas noites perdidas
Mas as saudades são vãs
Quando dormem a meu lado
Porque eu acordo as manhãs
P’ra virem ouvir o fado
Sempre soube a solidão
Pois deixei a alma enxuta
Ao chorar por tradição
P’ra dar prazer a quem me escuta
Foi ouvindo o que soubeste
Que o teu fado me procura
Porque o xaile que me déste
É feito de noite escura