para muitos mais tributos!
Para
entender melhor o sentimento
Que
a poesia dá em rima ou prosa
Queria
ter vivido nesse tempo
Do
Carlos Conde e do Linhares Barbosa;
E
também d’outros poetas de craveira
Radamanto
e Gabriel de Oliveira
Para
entender melhor o tal talento
Que
só tem quem já nasce abençoado
Queria
ter vivido nesse tempo
Em
que o Farinha era o próprio fado;
O
Manuel de Almeida já dizia
Que
do fado, não era quem queria
Queria
ter vivido nesse tempo
Em
que Vieitas, Peres e Gabino
Carlos
Ramos, Tristão e Natalino
Cantavam
encantando o próprio vento;
Do
tempo do António baladeiro
Do
Vicente e do Alfredo Marceneiro
Queria
ter vivido nesse tempo
Em
que Tony, Mourão e Chico Zé
Conseguiam
agitar e pôr de pé
O
povo, em perfeito encantamento;
Do
tempo em que o Max e o fado
Passeavam
quase sempre lado a lado
Mas
sou do tempo do grande Maurício
Carlos
do Carmo, Zel e Pelarigo
Rodrigo
que andará sempre comigo
Nesta
união de amor, feitiço-vício;
António
Rocha e Nuno de Aguiar
Que
ao fado muito têm para dar
Sou
do tempo do grande Camané
Do
Pedro e do Hélder, seu irmão
Do
Ricardo Ribeiro, porqu'ele é
Suporte
do amor à tradição;
Do
Daniel Gouveia, professor
Do
Jorge, que já é Comendador
Falando
novamente em poesias
O
mote com o qual cheguei aqui
Direi
que sou do tempo do Ary
De Rainho, de Tiago e João Dias;
Do
tempo em que muitos, muitos mais
Sendo
tão desiguais, são imortais
Talvez
a inspiração volte a aparecer
Pra
que possa falar entusiasmado
Nas
vozes femininas que a meu ver
Perfumaram
de amor o nosso fado;
Berta
Cardoso, Celeste, Beatriz
Lucília,
Amália, fado de raiz
Argentina,
Valejo, Nazaré
Maria
Armanda e Maria da Fé
Maria
Portugal, José da Guia
Leopoldina
e Fernanda Maria;
Existem
outras mais que foram santas
Existe
fado em muito mais gargantas
Nomes
de enorme grandeza
P'la
nobreza / p'la firmeza
E p'la beleza maior
Consagrados
justamente
Por
quem sente / ainda presente
Essa gente de valor;
Gente
a quem o fado deve
O
que teve / e o que não teve
Em nome dum grande amor