Repertório de Helena Sarmento
P'lo artigo
cento e tal
Da regra dos bons costumes
A maçã do senhor Nunes
É um bem
celestial
Estão a postos os jurados
Numa sala as testemunhas
O arguido rói as
unhas
Os juízes
descansados
Não fui eu, foi a serpente
Não sei mais o que lhes diga
Isso é história muito antiga
Contada por muita gente
Comi por ter muita fome
Suplicou o acusado
Sou órfão de pai e mãe
E estou desempregado
Quantos anos p'ra que constem
Perguntou o presidente
Oitenta feitos ontem
O Meirinho
diligente
O senhor não
tem vergonha
De ter fome
àquela hora
Mas que vício ou que peçonha
O não deixou vir embora?
Já me custa
muito a andar
E o que eu quero já me esquece
Fui vítima de
maus tratos
E não tinha GPS
Não pense que nos engana
É suprema esta questão
A maçã que aqui se trata
É a civilização
E que sorte tem o senhor
Demandado nesta liça
Que tem pago defensor
Que a tremer, pediu justiça
Vai o réu, pois, condenado
À pena mais capital
Disse o último jurado
Esconjurado está o mal
Tudo está no seu lugar
A maçã dos bons costumes
A árvore que é do Nunes
Os polícias a acenar
O arguido prá cadeia
A cadeia a transbordar
O Meirinho pró Ikea
Os juízes a jantar