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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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* 7.260 LETRAS <> 3.120.500 VISITAS * MARÇO 2024 *

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Marcha do Castelo

António José / Helena Moreira Viana
Repertório de Carolina

Vem ver o Castelo, aceita o convite
E vem vê-lo sem demora
Eu até tenho um palpite
Que já não te vais embora

Sobe essa escadinha
Desce essa calçada
Vê todo o encanto que ele tem
Pra sua rainha, nunca mudou nada
E até está mais novo, vejam bem

Vem ao Castelo
Tu que andas lá por fora
Não se perdoa que o não vejas agora
Pois na verdade todos sabe conquistar
E apesar da sua idade
Mais gosta de se enfeitar

Outros castelos mais bonitos não invejo
Que o de Lisboa 
Debruçada sobre o Tejo
Tem namorados, quantos mais não sei
E o que suspiram, coitados
Só o sabe o Cristo Rei

Vem cá ao Castelo
Abre bem os olhos
Pois ele talvez te prenda
Traz saia e blusa de folhos
Ou um vestido de renda

Podes ser modesta ou rica, talvez
Ao Castelo tudo fica bem
Anda sempre em festa
Vem daí que vês 
Como vai gostar de ti também

Para dentro do meu ser

Tiago Torres da Silva / Armandinho *fado alexandrino*
Repertório de Cristina Nóbrega

Quem diz não ter saudade de tudo o que perdeu
Ou não fala verdade, ou fala e não viveu
Às vezes, por orgulho, também fingi esquecer
Que o fado é um mergulho p’ra dentro do meu ser

Mas quando a voz se agarra ao saudoso lamento
Das cordas da guitarra, já nada é fingimento
Então o meu futuro dá as mãos ao passado
Trazendo o que procuro e tudo o mais é fado

O resto é o caminho que os meus pés vão pisando
Hei-de ir devagarinho, hei-de ir mas não sei quando
Então a tua vida vem deitar-se a meu lado
E eu peço-lhe guarida, pois tudo o mais é fado

Dança

Fernando Pinto do Amaral / Ricardo Cruz
Repertório de Carolina

Anda, vem dançar comigo
Vem dançar a noite inteira
Anda, escuta o que te digo
Nesta hora derradeira

Vem à chuva, ao frio, ao vento 
Dançar comigo na rua
Vê como arde a fogo lento 
A minha vida na tua

Vê como o luar nos diz 
Coisas tão cheias de luz
Vê como acorda feliz 
A estrela que nos seduz

Anda e dá-me a tua mão 
Vamos ficar enfim, sós
O meu sangue é uma canção 
A vibrar na tua voz

Deixa voar os teus passos 
Na cidade adormecida
Já são asas os meus braços 
Já é tua a minha vida

Depois não digas mais nada 
Fica toda a noite assim
À espera da madrugada 
Sempre mais perto de mim

O que sobrou de um queixume

Letra e musica de Frederico de Brito
Repertório de Carlos do Carmo c/Raquel Tavares
Este tema foi gravado por Carminho com o título *Fado é amor*

Se não sabes o que é fado
Sem ter sombra de pecado
Sem traições, corações aos baldões 
E paixões de vielas
Se não fazes uma ideia
Desta triste melopeia
Que nos alegra e por via de regra 
Chorámos com ela

Se não sabes como encanta
Quem o ouve e quem o canta
Quando se agarra a uma guitarra 
À luz do luar
Fado dum fado nascido
Um grito de espanto, um gemido
Vem ver Lisboa, como ela o entoa 
E o canta a chorar

Fado é amor
Que sobrou d’algum queixume
Que se agarrou ao ciúme
E se embrulhou no seu manto
Fado é a dor
É o meio termo da vida
Nem esperança perdida
Nem riso, nem pranto

Se não sabes que a tristeza
Que nos prende e fica presa
Não é mais que os sinais usuais 
D’alguns ais sem agrado
Se não sabes que a saudade
Que nos abre e nos invade
Só aparece quando não se esquece
Que também é fado

Se não sabes o que é esperança
Que não pára, que não cansa
E é concerteza, tal como a firmeza
Um rasto de fé
Sonho dum sonho desfeito
O gosto dum gosto perfeito
Que nos embala mas que não se iguala 
Ao que o fado é

Lágrima de prata

Mário Rainho / Carlos Dionísio
Repertório de Ana Marta

Uma lágrima de prata 
Como se fosse um desgosto
Que da lua se desata 
E vem poisar em meu rosto

Segue comigo pela noite 
Sinal de luar marcado
E toma sempre pernoite 
Na minha alma de fado

Assim eu vou
A chorar, como um Pierrot
Pela noite, a que me dou
Onde entorno meu cantar
Assim eu vou
De encontro a outros sentidos
Desprende a alma gemidos
Fados que canto a chorar

P'los recantos da cidade 
Meu canto é choro também
Fala de amor e saudade 
De uma dor que sabe bem

Tanto tarda o amanhecer 
De fado em fado caminho
E até o sol nascer 
O meu ser geme baixinho 

Verdes anos

José Luís Gordo / José Marques do Amaral
Repertório de Maria da Fé

Trago meu país primeiro
Por dentro da minha voz
Dou todo o meu corpo inteiro
Ao canto que não tem foz

O meu canto é sempre novo 
É um rio que se alimenta
De matar a sede ao povo 
No canto que ele próprio inventa

Ai fado, amor, meu destino 
Meu namoro de criança
Minha paixão, desatino 
Que só minha voz alcança

Ai, amor, tantos enganos 
Na minha entrega total
Dei-te tantos verdes anos 
Por amor a Portugal

Vem a noite

Vasco Lima Couto / Ferrer Trindade
Repertório de Fernanda Batista

Vem a noite
Com montras que já não sonham
A passagem distraída
E onde se morre a cantar
As impromessas da vida

Vem a hora
De atormentar o silêncio
Da palavra que se reza
Às luzes da meia altura
Que iluminam a voz presa

Porque a rua
Quando compra devagar
Insinua
Um Deus que tarda a chegar
Um Deus morto 
No amor que não se entrega
Que é o porto 
Da loucura quando é cega

Vem o sonho
Que estende um tapete frio
De sombras, à solidão
Para que a chuva dos olhos
Não teça riscos no chão

É o momento
Em que se analisa o vento
Como quem sai de uma gruta
E abre em nós o peito à espera
Do amanhã de outra luta

Lisboa e o Tejo

Mário Raínho / Fontes Rocha
Repertório de Maria Armanda

Lisboa também tem um namorado
E também tem ciúmes, como nós
Lisboa, quando sofre canta o fado
Com um soluço triste em sua voz

Lisboa é namorada delicada
Vaidosa e orgulhosa de assim ser
Lisboa fica às vezes amuada
Se o seu amor, amor não lhe oferecer

Chama-lhe marinheiro
Fala dele na rua
E sente ciúme 
Dos olhos da lua
Chama-lhe marinheiro 
Sem rumo nem rota
Sempre atrás das asas 
De alguma gaivota;
Ele numa onda
Atira-lhe um beijo
E assim namoram
Lisboa e o Tejo

Lisboa tem arrufos com o namoro
Se o vê fazer olhinhos às estrelas
E então vai mirá-lo ao Miradouro
Que não vá o diabo tecê-las

Lisboa, quando desce uma colina
P’ra namorar com ele toda se enfeita
Lisboa veste saia de varina
Para ouvir os piropos que ele deita

Estes meus olhos

Moita Girão / João Alberto
Repertório de Mariana Silva

Dizes que eu era linda flor do teu jardim
A mais sincera, de mais encanto e perfume
Se me beijavas numa ternura sem fim
Não te lembravas que no amor há ciúme

E por tão pouco acabou-se o teu amor
Acabou, morreu a flor
A flor dos teus ideais
Foi amor louco, foi um sonho que passou
Já lá vai, já se acabou
Acabou, não volta mais

Estes meus olhos, hoje não sabem chorar
São dois regatos que secaram no caminho
São pombas mansas esquecidas de voar
São andorinhas que se perderam do ninho

Estes meus olhos, cativos, sem liberdade
Presos no véu da saudade 
Deste amor em que os perdi
Andam sem luz, perdidos da luz dos teus
Andam ceguinhos, meu Deus
Ceguinhos de amor por ti

Não era a cidade fria

Fernando Campos de Castro / José Marques do Amaral
Repertório de Maria de Lourdes

Não era a cidade fria
Nem os soluços do vento
Era uma luz que acendia
Os sonhos no pensamento

Não era a voz da cidade 
Que povoava os ouvido
Era uma louca ansiedade 
Que nos prendia os sentidos

Não eram sombras incertas 
Nem essa noite era fria
Eram as ondas libertas 
Na noite que acontecia

Não era a lua gemendo 
Nem o murmúrio das casas
Eram dois corpos ardendo 
Mas que sonhavam ter asas 

Demos as mãos

Ary dos Santos / Martinho d’Assunção
Repertório de Maria Amélia Proença

Demos as mãos 
E tudo ficou diferente
A tristeza mais ausente
A amizade mais intensa
Demos as mãos 
E o futuro foi presente
Naquela ternura imensa
Que faz a gente ser gente

Demos as mãos 
E senti as tuas veias
Movediças como areias
Latejando no meu pulso
Demos as mãos 
E a carne ficou cativa
Naquele primeiro impulso
Que faz a gente estar viva

Demos as mãos 
E aconteceu a vida
Vida própria e desmedida
Vida à nossa dimensão
Demos as mãos 
E começou a subida
Do coração à cabeça
Da cabeça ao coração

Demos as mãos 
E morremos devagar
No amar e odiar
Dos amantes perseguidos
Demos as mãos 
E ficamos no lugar
Das rosas por despertar
No relógio dos sentidos

Quando nasce um homem

Ary dos Santos / Martinho d’Assunção *alexandrino*
Repertório de Maria da Fé

Eu não nasci aqui, o meu lugar é outro
É na terra de fogo onde as palavras ardem
É na ilha de sal onde os ventos me levam
Na estepe de silêncio onde os homens me ladram

É no falcão da noite que voa sobre as águas
No cavalo dos deuses que correm sobre o vento
No flanco da loucura, à direita do mundo
Na espora do silêncio, à direita do tempo

É no ir dos navios que demandam o rumo
Dum cabo de segredos que não podem dobrar
No galope do medo, na viagem do fumo
Nas terríveis passadas do destino a andar

Eu não nasci aqui, o meu lugar é outro
É onde for o sangue, o abismo, o espasmo, o pólen
É onde eu não chegar, é onde for o grito
Em que se rasga o mundo quando nasce um homem

As pedras que tu pisas

Manuel Paião / Eduardo Damas
Repertório de Fernanda Maria

Não sei o que se passou com o meu coração
Que só sabe sentir esta grande paixão
Eu hoje só sei ver a luz do teu olhar
Só sei olhar p’ra ti, viver para te amar

Tenho ciúmes das pedras que tu pisas
Do ar que tu respiras
E até das próprias brisas
Tenho ciúmes do sol, da lua cheia
De tudo o que te toca
Da luz que te rodeia
Dos próprios sonhos que tu idealizas
Tenho ciúmes
Das pedras que tu pisas

Nã sei o que se passou desde que eu te vi
Só sei que o meu olhar, só sabe olhar p’ra ti
A minha vida é tua e o meu coração
Fugiu já do meu peito, está na tua mão

Outono ou primavera

António Campos / Pedro Rodrigues *fado primavera*
Repertório de Pedro Vilar

Nada tive na chegada
Nem um pouco ou quase nada
Nada tinham p’ra me dar
Não sei o que faço aqui
Pois nada, nada pedi
Nem conheço este lugar

Se uma brisa aqui passasse
Que de leve me tocasse 
E me dissesse o que eu sou
Quem sabe eu não fôra alguém
Que não sabe de onde vem 
Mas que um dia alguém amou

Se eu fosse vinho ou fermento
Ou mesmo um golpe de vento 
Pelo menos tinha um nome
Mas não sei nada de mim
Se sou princípio ou sou fim 
Nem o não ser que consome

Olho em volta e nada faço
Não sinto dor nem cansaço
 Não sou razão nem quimera
Tudo tudo é abandono
Não sei se nasci no outono 
Se morri na primavera

Morrer na Sé

Carlos Bessa / Alvaro Martins
Repertório de Alma Rosa

Quero aqui ficar sempre até morrer
Não quero mudar deste meu lugar
Que me viu nascer

Eu não quero não, bairro encaixotado
Feito de betão e de solidão
Por metro quadrado

Quero a casinha aqui aonde moro
Nesta Sé velhinha que eu tanto adoro

Oh Sé, oh Sé
Oh meu lindo Bairro da Sé
Tudo morre na cidade
Só tu é que estás de pé

De saudades chora quem a Sé deixar
E a qualquer hora, vêm sem demora
A Sé visitar

Eu contrariamente, vivo a cantar
Com a minha gente vivo alegremente
Por aqui estar

Antes de morrer quero ver na Sé
O entardecer que tão lindo é

A chegada dos navios

Ary dos Santos / Martinho d’Assunção
Repertório de Maria da Fé

Chegam heróis e jovens de mãos dadas
Chegam rapazes loiros como o estio
E partem as palavras censuradas
No penacho de fumo do navio

Chegam esperanças, medos e ciladas
Em que a aventura nos embosca o cio
E partem as angústias exiladas
No penacho de fumo do navio

Ao ritmo dos guindastes, estremecemos
Portos abertos ao que nos deslumbra
Somos apenas o que não sabemos
Barcos de sol rumados à penumbra

Piratas d'abordagem que trazemos
A latejar nas veias, que se cumpra
A palavra que nós nunca dissemos
Rosa de sangue a rebentar de sombra

Meu triste fado

Pedro Vilar / Jaime Martins
Repertório de Pedro Vilar

Meu amor, és meu sonho incompleto
Eu vivo num desesto
De incertezas que matam

Talvez eu me encontre um dia
E tenha essa alegria
Do que vejo e não sinto

Sentir teu peito junto ao meu
E sem saber se eu
Te perca e não te encontre

Meu amor, meu amor, que juras fizeste
Meu amor, meu amor, q nada me déste
Meu amor, meu amor, neu sonho acabado
Meu amor, meu amor, meu triste fado

Um grito na escuridão

Carlos Bessa / Alvaro Martins *alma corridinha*
Repertório de Alma Rosa

Um grito na escuridão
Duma boca amordaçada
Dum grito nasce um trovão
Ou quem sabe, talvez nada

Meu país, quero que sintas 
O cheiro da podridão
E das crianças famintas 
Um grito na escuridão

Há hortos de prostituição 
Heroínas na picada
Gritos de morte em vão 
Duma boca amordaçada

Dormem na pedra gelada 
A velhice sem colchão
Rasgam a noite calada 
Dum grito nasce um trovão

Rolem cabeças pelo chão 
Dessa gente tão culpada
Que tem o poder na mão 
Ou quem sabe, talvez nada

Sossega coração

Fernando Pessoa / Paco Bandeira
Repertório de Margarida Bessa


Sossega, coração, não desesperes
Talvez um dia, para além dos dias
Encontres o que queres porque o queres
E então, livre de falsas nostalgias;
Atingirás a perfeição de seres
Sossega, coração, não desesperes

Sossega, coração, contudo, dorme
O sossego não quer razão nem causa
Quer só a noite plácida e enorme
A grande, universal, solene pausa;
Antes que tudo em tudo se transforme
Sossega, coração, contudo, dorme


Mas pobre sonho, que só quer não tê-lo
Pobre esperança a de existir somente
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente;
Como faz mal ao sonho o concebê-lo
Mas pobre sonho, que só quer não tê-lo

Guardei na minha saudade

Vasco Lima Couto / Alfredo Duarte *fado mocita dos caracóis*
Repertório de Carlos do Carmo

Guardei na minha saudade
De poeta alucinado
Este amor sombra de rio
Onde a alma, em desafio
Põe marés em cada fado

Somei as fontes do céu
P’ra sorrir e ficar certo
E andei só, pela cidade
Que me lembra a tua idade
E a tua voz longe e perto


Mas a vida é sempre um templo
A que a dor se entrega tanto
Que nada vale de nada
E antes da tua chegada 
Só te encontro quando canto

Ali então

Sophia de Mello Breyner / João Braga
Repertório de João Braga

Ali então em pleno mundo antigo 
À sombra do cipreste e da videira
Olhando o longo tremular do mar
Num silêncio de luas e de trigo

Como se a morte a dor o tempo a sorte
Não nos tivessem nunca acontecido

Em nossas mãos a pausa há-de poisar
Como o luar que poisa nas videiras
E em frente ao longo tremular do mar
Num perfume de vinho e de roseiras


A sombra da videira há-de poisar
Em nossas mãos e havemos de habitar
O silêncio das luas e do trigo
No instante ameaçado e prometido

E os poemas serão o próprio ar
Canto de ser inteiro e reunido
Tudo será tão próximo do mar 
Como o primeiro dia conhecido

Fado das desgarradas

Manuel Alegre / Popular *fado corrido*
Repertório de João Braga

Fado da nossa partida
E de nunca haver chegada
Foi desgarrada da vida
E a vida à desgarrada

Fado da nossa memória 
E da história por contar
Sabe a derrota e a vitória 
Cheira a porto por achar

Fado do nosso sentir 
Ninguém sabe donde vem
Talvez de Alcácer-Quibir 
E quando chega é ninguém

Fado do tudo e do nada 
Fado que não tem medida
Há sempre uma desgarrada 
Na desgarrada da vida

Maria tripeira

Coelho Júnior / Resende Dias
Repertório de Florência

Texto declamado
Sou a Maria tripeira
Como todas as Marias da cidade
A Maria da Sé, Maria da Ribeira
Miragaia ou Bonfim
Porque afinal, toda a Maria tripeira 
É uma Maria igual a mim

É a Maria 
Que se levanta de madrugada 
Para o trabalho do dia a dia
Alegre, azougada
Na boca uma cantiga sadia
Que aquece a madrugada 
Se a madrugada é fria

Sempre a mesma Maria
Maria das Fontaínhas
Do Bom Sucesso, do Bolhão
E em todas as Marias 
Há sempre o mesmo coração

É o coração da Maria tripeira 
Aberto e generoso à desgraça alheia
E se é preciso fazer bem a alguém
Esta Maria não espera por ninguém
É sempre a primeira
Ou não fosse ela a Maria tripeira

É assim a Maria do Porto 
Que tem por trabalho, brasão
Ama a todos por igual 
E traz o Porto no coração
É assim esta Maria 
Desta invicta cidade
Que gosta de ser livre 
E ama a liberdade

Mas a sua liberdade
Com ordem e alegria a rodos
Com paz e trabalho para todos
Mas se maus ventos soprarem 
De quadrantes que o povo não quer
Mesmo que a ventania 
Venha de longe e agreste
Não tenhas medo, Lisboa
Porque o vento cá do Norte 
Tem mais força que o de Leste
- - - 
Sou assim desta maneira 
Sou do Porto pois então
Sou a Maria tripeira 
A Maria do Bolhão
Pulsa dentro do meu peito 
Um sincero coração
Que só fica satisfeito 
Se todos tiverem pão
Maria Tripeira
Da Sé, da Ribeira
D toda a cidade
Maria mulher 
Que sabe o que quer
Paz e liberdade
Maria Tripeira
Esperança fagueira 
Que todos, um dia
Se dêem as mãos 
E sejam irmãos 
Na paz e alegria
No 31 de Janeiro 
Lutando com fé ao rubro
O nosso burgo tripeiro 
Fez nascer 5 de Outubro
Foi neste Porto cidade 
Que nasceu um grito novo
Foi a voz da liberdade 
Na voz forte deste povo

Fado d’aquém e d’além

Manuel Alegre / Popular *fado mouraria*
Repertório de João Braga

De todo o lado e nenhum
De todo o mundo e ninguém
Somos vários e só um
Fado d’aquém e d’além

Já fomos antes, da Europa 
Europa por sobre o mar
Nosso fado é vento à popa 
Nosso verbo, o verbo amar

O vento canta o seu cântico 
Vem com recados na voz
Onde sabe a sal e Atlântico 
Esse país somos nós

Amor sem mas nem talvez 
Que não tem cor nem tem raça
É este amor português 
Que fica por onde passa

D.Sebastião

Manuel Alegre / João Braga
Repertório de João Braga

Haverá sempre um porto por achar
Em outro mar que não o navegado
Haverá sempre o que não é e o que não vem
Sua verdade está em o sonhar
E D.Sebastião é quem
Conquista em nós o inconquistado

Haverá sempre em nós um além-sul
Um lugar que só é onde não está
Haverá outro espaço e um mais azul
Um buscar sem sentido e sem porquê
Haverá sempre o reino que não há
E D.Sebastião é quem dentro de nós o vê

Haverá sempre em nós um rei perdido
Por seu excesso de saudade e ânsia
Um ser de ainda não ser ou já ter sido
Outro tempo no rempo, outra distãncia

A nossa pátria é sempre outro lugar
E quando alguém voltar, ninguém, ninguém
Haverá sempre um não chegar
E D. Sebastião é quem

Um adeus que me esqueceu

Heitor Campos Monteiro / Fernando Carvalho
Repertório de Florência

Era um nada, era tudo  
P'rá minha alma tão singela
Esse cantinho florido 
Da minha linda janela
 
Esse cantinho tão querido 
Onde o meu olhar absorto
Olhava tempo esquecido
Olhava tempo esquecido 
P'rós telhados do meu Porto
Via o rio, via a serra
Via a ponte, a nossa terra
Via a Sé, o nosso altar
À tardinha ao sol-pôr
Meu amor via chegar

Hoje vou por aí fora 
Sem ao menos saber quando
Virá serena, chegando 
A minha última hora
 
Vou partir mas levo na alma 
Uma dor que me enregela
Não disse adeus aos amigos
Não disse adeus aos amigos 
Que via dessa janela

Samba em prelúdio

Vinícius de Moraes / Baden Powell
Repertório de João Braga e Rita Guerra

Eu sem você não tenho porquê
Porque sem você não sei nem chorar
Sou chama sem luz, jardim sem luar
Luar sem amor, amor sem se dar

Eu sem você sou só desamor
Um barco sem mar, um campo sem flor
Tristeza que vai, tristeza que vem
Sem você meu amor eu não sou ninguém

Ai que saudade
Que vontade de ver renascer nossas vidas
Volta querido
Teus abraços precisam dos meus
Os meus braços precisam dos teus

Estou tão sozinha
Tenho os olhos cansados de olhar para o além
Vem ver a vida
Sem você meu amor eu não sou ninguém